A Justiça (escultura) – Wikipédia, a enciclopédia livre

A Justiça, escultura de Alfredo Ceschiatti

A Justiça é uma escultura localizada em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, no Distrito Federal. O monumento representa uma mulher, sentada e vendada, segurando uma espada, um dos símbolos mais usados para caracterizar as deusas greco-romanas das leis e da justiça. Foi feita por Alfredo Ceschiatti e se tornou um dos símbolos da justiça brasileira como um todo.

História e características[editar | editar código-fonte]

A escultura foi feita em 1961 pelo artista plástico mineiro Alfredo Ceschiatti, em um bloco monolítico de granito de Petrópolis, medindo 3,3 metros de altura e 1,48 metros de largura. [carece de fontes?]

A obra foi criada para decorar o Palácio do Supremo Tribunal Federal. Da mesma maneira, Alfredo já colaborava com outros prédios de Oscar Niemeyer, que foi seu colega quando ambos estudaram na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro - são de Alfredo também obras como Os Anjos e Os Evangelistas da Catedral Metropolitana de Brasília e As Banhistas do Palácio da Alvorada. De fato, a estrutura harmoniza com o prédio e é considerada adequada a monumentalidade palaciana.[1]

A obra foi vandalizada no contexto dos atos bolsonaristas em 8 de janeiro de 2023.[2] Nesse contexto, a escultura foi pichada com os dizeres "Perdeu, mané", uma alusão provocadora a uma frase dita por Luís Roberto Barroso, ministro do STF, a apoiadores pró-Bolsonaro, após o resultado da eleição presidencial em 2022.[3]

Simbologia[editar | editar código-fonte]

A escultura já era prevista desde os desenhos do Palácio do STF
A Justiça diante do Palácio do Supremo Tribunal Federal na década de 1960
Uma representação da escultura foi premiada na edição brasileira do Wiki Loves Monuments, em 2022

A escultura representa o poder judiciário como uma mulher com os olhos vendados e espada; os olhos vendados representam a imparcialidade da justiça e a espada representa a força, a coragem, a ordem e a regra necessárias para impor o direito. Porém a escultura não mostra a balança, que representaria sua intenção de nivelar o tratamento jurídico de todos por igual; a ponderação dos interesses das partes em litígio.[1]

A simbologia dessa escultura tem origem na deusa romana Justiça, que corresponde à grega Dice, filha de Zeus com Têmis, a guardiã dos juramentos dos homens. A espada também estava presente na simbologia da deusa egípcia da Justiça, Maat. Diferentemente das representações usuais da Justiça em pé, a escultura brasiliense está sentada num banco, com somente a espada no colo, em vez do conjunto espada e balança ou somente balança. Essa representação é a de uma justiça que acabou de cumprir seu papel, estável, imutável e sólida, e também entronizada, remetendo ao fato de que aquela é a corte superior. Porém, o fato de estar sentada abre a possibilidade de ser interpretada por muitos como símbolo de uma justiça morosa e lenta, o que condiz com a velocidade da justiça brasileira na visão popular.[carece de fontes?]

Quanto ao estilo, Niemeyer gostava da estética abstrata estalinista, e a escultura tem um pouco da monumentalidade e do abstrato que permeavam a arte soviética. Pode também remeter ao art déco. Os pés e seios – único sinal físico de que o monumento é uma mulher – são provavelmente uma referência a representações de deusas greco-romanas (apesar destas geralmente serem nuas por completo) e do classicismo, ou a referências alegóricas da liberdade como a de A Liberdade Guiando o Povo.[4][5][6]

Referências

  1. a b CORREIO BRAZILIENSE, 22 de fevereiro de 2011, Caderno CIDADES, página 36.
  2. «Invasão aos Três Poderes danifica vitral no Congresso e mural de Di Cavalcanti; veja». Folha de S.Paulo. 8 de janeiro de 2023. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  3. «Por que bolsonaristas usaram expressão 'perdeu, mané' em invasão a Brasília». noticias.uol.com.br. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  4. «Por que a justiça é representada de olhos vendados, com balança e espada nas mãos?». Superinteressante. 31 de outubro de 2016. Consultado em 4 de agosto de 2020 
  5. «A justiça sentada: a imagem da justiçabrasileira na escultura de Ceschiatti». Âmbito Jurídico. 1 de maio de 2012. Consultado em 4 de agosto de 2020 
  6. «Há 50 anos, Ceschiatti inaugurou a Têmis do Supremo». Consultor Jurídico. 26 de outubro de 2011. Consultado em 20 de julho de 2020