Mateus 9 – Wikipédia, a enciclopédia livre

"Chamado de Mateus", um dos eventos de Mateus 9.
Entre 1599 e 1600. Por Caravaggio, na igreja de San Luigi dei Francesi, em Roma.

Mateus 9 é o nono capítulo do Evangelho de Mateus no Novo Testamento da Bíblia. Este capítulo abrange diversos episódios do ministério de Jesus na Galileia antes da morte de João Batista, principalmente milagres.

Paralítico em Cafarnaum[editar | editar código-fonte]

No início deste capítulo, Jesus foi para Cafarnaum, encontrou ali um paralítico e o curou. Os escribas e doutores da lei presentes acusaram Jesus de blasfêmia, que respondeu reafirmando sua autoridade para curar na prática por ser o Filho do Homem. Ele ordenou então que o homem fosse para casa e a multidão, admirada, louvou a Deus. Este trecho (Mateus 9:1–8) aparece também em Marcos 2 (Marcos 2:1–12) e Lucas 5 (5 17:26).

Chamado de Mateus[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Chamado de Mateus

Logo depois, Jesus viu Mateus, um publicano, o chamou e ele o seguiu. Eles todos se sentaram juntos para comer e os fariseus perguntaram aos discípulos «Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?» (Mateus 8:11) Jesus então respondeu que veio em busca de enfermos e não de sãos, de pecadores e não de justos.

Este episódio (Mateus 9:9–13) aparece também em Marcos 2 (Marcos 2:13–17) e Lucas 5 (Lucas 5:27–28).

Jejuns[editar | editar código-fonte]

Em Mateus 9:14–15, os discípulos de João Batista perguntaram a Jesus por que ele e os fariseus jejuavam e Jesus e seus discípulos, não. A resposta foi:

«Podem, porventura, estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Porém dias virão, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias jejuarão.» (Mateus 9:15)

Um trecho similar aparece ainda em Marcos 2 e Lucas 5.

Vinho novo em odres velhos[editar | editar código-fonte]

"Ressurreição da Filha de Jairo", um dos eventos de Mateus 9.
1895. Por George Percy Jacomb-Hood, na Guildhall Art Gallery, em Londres.
"Jesus libertando um mudo", um dos eventos de Mateus 9.
Entre 1886 e 1894. Por James Tissot, atualmente no Brooklyn Museum, em Nova Iorque.
Ver artigo principal: Vinho novo em odres velhos

A resposta à crítica sobre o jejum é imediatamente seguida por uma parábola (Mateus 9:14–17) nas quais Jesus compara o "antigo" e o "novo": um remendo novo não serve para uma roupa velha e um vinho novo não serve para velhos odres. As razões são claras: rasgar uma nova peça de roupa para consertar uma antiga irá destruir a nova e pode não servir e utilizar velhos odres que já podem ter sido alargados pelo uso podem não conseguir acomodar o vinho novo que irá expandir ainda mais durante a fermentação e acabará estourando. Estas parábolas aparecem também em Lucas 5 (Lucas 5:36–39) e Marcos 2 (Marcos 2:21–22).

Uma interpretação tradicional desta parábola dupla é que os novos ensinamentos de Jesus não podem ser acomodados pelos antigos padrões de pensamento[1]: seu ministério é diferente da tradição judaica[2]. Esta interpretação da aparente incompatibilidade entre o "novo" e o "velho" pode ser um resquício da doutrina de Marcião e foi utilizado depois como argumento por futuros reformadores da igreja[3].

A interpretação preferida de João Calvino indica que as roupas velhas e os odres velhos são representações dos discípulos de Jesus. Em seu "Comentário sobre Mateus, Marcos e Lucas"[4], ele explica que o vinho novo e o odre não alargado representam a prática de jejuar duas vezes por semana. Jejuar assim seria um incômodo para os novos discípulos e seria mais do que eles poderiam suportar.

Milagres[editar | editar código-fonte]

Filha de Jairo e a mulher com sangramento[editar | editar código-fonte]

Este milagre está presente nos três evangelhos sinóticos: além de Mateus 9:18–26, aparece ainda em Lucas 8 (Lucas 8:40–56) e Marcos 5 (Marcos 5:21–43). Segundo o relato em Mateus, Jesus encontrou um "chefe da sinagoga" que gostava de Jesus e que pediu para que Ele salvasse sua filha que acabara de morrer. Jesus se propôs a segui-lo. No caminho (Mateus 9:20–22), uma mulher que padecia já havia doze anos de um sangramento tocou-lhe a capa por acreditar que assim se curaria. Jesus então devolveu-lhe uma resposta que tornar-se-ia muito comum: «a tua fé te sarou» (Mateus 9:22). Este milagre intermediário aparece ainda em Marcos 5:25–29 e Lucas 8:43–48. Chegando na casa do chefe da sinagoga, Jesus pediu que todos se retirassem, pois a garota estaria apenas dormindo, o que provocou risos. Depois que todos saíram, Jesus a tocou e ela se levantou, uma notícia que correu por toda a região.

Dois cegos[editar | editar código-fonte]

Este milagre só aparece no Evangelho de Mateus (Mateus 9:27–31) e conta que dois cegos procuraram Jesus chamando-o de "filho de Davi". Jesus perguntou-lhes se eles acreditavam e, quando eles responderam que sim, Jesus curou-lhes, mas pediu-lhes que mantivessem segredo, o que não adiantou de nada, pois eles «saíram e lhe divulgaram a fama por toda aquela terra.» (Mateus 9:31).

Mudo[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Jesus exorcizando um mudo

A cura do mudo é outro milagre que só está relatado em Mateus (Mateus 9:32–34). Jesus teria novamente expulsado um demônio de um mudo e a multidão, espantada, afirmava que Jesus era único em Israel. Já os fariseus afirmavam que «É pelo príncipe dos demônios que ele expele os demônios.» (Mateus 9:34).

A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos[editar | editar código-fonte]

Pregando por toda a Galileia sobre o Reino de Deus e realizando muitas curas, Jesus proferiu uma de suas famosas frases:

«A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara, que envie trabalhadores para a sua seara.» (Mateus 9:37–38)

Ver também[editar | editar código-fonte]


Precedido por:
Mateus 8
Capítulos do Novo Testamento
Evangelho de Mateus
Sucedido por:
Mateus 10

Referências

  1. Evans, p. 96
  2. James R. Edwards, The Gospel According to Mark, Eerdmans, 2002, ISBN 0-85111-778-3, pp. 91-92. (em inglês)
  3. «Luke 5:33-39» (em inglês). Grace Commentary. Consultado em 19 de outubro de 2015. Arquivado do original em 14 de setembro de 2015 
  4. João Calvino. «Comentário sobre Mateus, Marcos e Lucas» (em inglês). Sacred Texts 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]