Alda Lara – Wikipédia, a enciclopédia livre

Alda Lara
Nome completo Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque
Nascimento 9 de junho de 1930
Benguela, Angola
Morte 30 de janeiro de 1962 (31 anos)
Cambambe, Angola
Nacionalidade Angola Angolana
Cônjuge Orlando Albuquerque
Ocupação Poeta e médica
Magnum opus Tempo de chuva

Alda Pires Barreto de Lara e Albuquerque, mais conhecida por Alda Lara, nasceu a 9 de junho de 1930, Benguela, Angola e faleceu a 30 de janeiro de 1962, em Cambambe, Angola. Foi uma poetisa e médica angolana com origem portuguesas. Alda teve um grande papel ao nível da intervenção cultural, ajudando a formar uma consciência política e coletiva. Como reconhecimento pelo seu trabalho, a Câmara Municipal de Sá da Bandeira instituiu o Prémio Alda Lara para a Poesia.[1] Sua produção poética e não só foi reunida e publicada pelo seu marido Orlando Albuquerque.[1][2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Alda Lara nasceu em Benguela, em 1930, onde viveu uma parte da sua infância e pré-adolescência com o irmão, também poeta Ernesto Lara Filho. Frequentou na antiga Sá da Bandeira (Lubango) o Colégio de Paula Frassinetti até ao sexto ano.[1]

Mudou-se para a Lisboa em 1947, onde concluiu os seus estudos no Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho. No ano seguinte, ingressou na Faculdade de Medicina de Lisboa, aí convivendo com outros estudantes oriundos das colónias. Concluiu a sua formação em Coimbra, onde conheceu o moçambicano Orlando de Albuquerque, com quem se casou em 1953 e formou uma família de quatro filhos (João Paulo, Luís Miguel, Orlando José e Pedro).[1]
Em 1948, apresentou uma tese de fim de curso sobre psiquiatria infantil, intitulado Deficiências psíquicas provocadas por carência de cuidados familiares[3], chamando deste modo a atenção de outros estudiosos. O trabalho valeu-lhe um convite para se especializar em Paris, num hospital psiquiátrico. Recusou, porém, o convite, uma vez que já estava definido o seu objetivo de voltar a Angola.[1]

No mesmo ano, em 1948, escreveu o poema “Vida que se perdeu”, onde reflete sobre os seus dias longe da terra de Benguela.[1]

Dedeu vários recitais de poesia em Lisboa e Coimbra, divulgando a poesia dos poetas ultramarinos e a poesia negra. Apesar da sua juventude, a postura de Alda perante a vida e a consciência que tinha dos problemas da sociedade em que vivia, e em cuja resolução se empenhava, rapidamente a levaram a militar nos movimentos estudantis, onde terá adquirido um conhecimento mais aprofundado da literatura dos séculos XIX e XX e das movimentações socioculturais da época.[1]

Durante os anos em que ficou tanto em Lisboa como em Coimbra manteve uma ligação com a Casa dos Estudantes do Império (CEI), tendo sido igualmente colaboradora em jornais e revistas de relevância na época, tais como a Revista Mensagem, Jornal de Benguela, Jornal de Angola, ABC e Ciência.[1]

No que diz respeito ao início das atividades literárias de Alda Lara, os textos «Natal» (1943) e «Salvé Ano Novo!» (1943), e os sonetos «Ressurreição» (1944) e «A Manuel Cerveira Pereira» (1946), publicados no Jornal de Benguela, são os primeiros textos de Alda Lara. Pelas datas, os textos foram publicados anos antes da sua viagem para a metrópole.[4]

Realizou conferências como médica, uma das quais versou sobre a necessidade do auxílio médico nas missões. As suas conferências tiveram uma enorme repercussão e muitas delas foram publicadas.[1]

Regressou a Angola para se juntar aos seus colegas nos dias difíceis de 1961. Veio, contudo, a falecer a 30 de janeiro de 1962, em Cambambe - Cuanza Norte.[1]

Alda teve um grande papel ao nível da intervenção cultural, ajudando a formar uma consciência política e coletiva como reconhecimento do seu trabalho, após a sua morte, a Câmara Municipal de Sá da Bandeira (Lubango) instituiu o Prémio Alda Lara da Poesia, em sua homenagem.[1][2]

Os volumes com os seus textos são todos póstumos: Poemas (1966), Poesia (1979) e Tempo de Chuva (1973), todos com edição de Orlando de Albuquerque.[1]

Obra publicada[editar | editar código-fonte]

Poesia[5][1][editar | editar código-fonte]

Contos[6][1][editar | editar código-fonte]

  • Tempo de chuva. Lobito: Colecção Capricórnio, 1973

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n Hifindaka, Aginaide (2021). A unidade angolana e o amor à Pátria na poesia de Alda Lara (PDF). Covilhã: Universidade da Beira Interior. p. 25 
  2. a b «Alda Lara». Infopédia. Consultado em 5 de fevereiro de 2011 
  3. Lara, Alda (1997). Deficiências psíquicas provocadas por carência de cuidados familiares. Braga: Edições APPACDM Distrital de Braga. p. 8. 248 páginas. ISBN 972-8195-90-7 
  4. Topa, Francisco (Janeiro–junho 2020). «Alda Lara e o que falta fazer: As achegas dos periódicos» (PDF). Revista Abril. ABRIL – Revista do NEPA/UFF. 12 (24): 1617. Consultado em 4 de dezembro de 2023 
  5. «Alda Lara». Lusofonia Poética. Consultado em 5 de fevereiro de 2011 
  6. «Quem é quem - Alda Lara». União dos Escritores Angolanos. Consultado em 5 de fevereiro de 2011 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]