Amanita ravenelii – Wikipédia, a enciclopédia livre

Como ler uma infocaixa de taxonomiaAmanita ravenelii

Classificação científica
Reino: Fungi
Divisão: Basidiomycota
Classe: Agaricomycetes
Ordem: Agaricales
Família: Amanitaceae
Género: Amanita
Espécie: A. ravenelii
Nome binomial
Amanita ravenelii
(Berk. & M.A. Curtis) Sacc.
Sinónimos[1]
  • Agaricus ravenelii Berk. & M.A. Curtis

Amanita ravenelii é uma espécie de fungo que pertence ao gênero de cogumelos Amanita na ordem Agaricales. Produz um corpo de frutificação cujo píleo ("chapéu") é branco a branco-amarelado, e atinge até 17 cm de diâmetro. Sua superfície é coberta por pequenas verrugas, que, a medida que o cogumelo envelhece, vão ficando mais parecidas com escamas. O tronco, de cor semelhante, mede até 25 cm de altura e 3 cm de espessura. Possui um bulbo na base e que pode enraizar no solo. O véu universal permanece na base do tronco na forma de escamas espessas, muitas vezes formando anéis irregulares. O cheiro do cogumelo foi comparado ao de água sanitária, ou de "tênis velho", e sua comestibilidade referida como desconhecida, "não recomendada", ou venenosa.

A espécie foi descrita em 1859 por Miles Berkeley e Moses Curtis como Agaricus ravenelii. Em 1887, foi movida para o gênero Amanita pelo italiano Pier Andrea Saccardo, formando assim o nome científico atual. O epíteto ravenelli homenageia o micologista norte-americano Henry William Ravenel. Há outras espécies parecidas no mesmo gênero, como A. chlorinosma, A. polypyramis e A. armillariiformis, porém, A. ravenelii pode ser distinguido destas pela presença do bulbo basal e pelo aspecto das escamas da superfífice do chapéu.

Na natureza, os cogumelos podem ser encontrados crescendo sobre o chão, solitários, dispersos ou em grupos, nas florestas mistas de coníferas e decíduas. Embora não se saiba exatamente com quais espécies de árvores prefere se associar, de um modo geral, cogumelos Amanita da seção Lepidella tendem a formar micorrizas com pinheiros do subgênero Pinus, carvalhos, e Carya. A espécie está amplamente distribuída no sudeste dos Estados Unidos, onde sua ocorrência é apontada como "ocasional a frequente" no final do verão e outono, entre agosto e novembro. Foram coletados cogumelos em Maryland, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Indiana, Tennessee, e Virgínia. A espécie também foi registrada no estado mexicano da Baja California.

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A espécie foi descrita cientificamente pela primeira vez por Miles Joseph Berkeley e Moses Ashley Curtis, em 1859, como Agaricus ravenelii.[2] O micologista italiano Pier Andrea Saccardo a transferiu para o gênero Amanita em 1887.[3] Atualmente, ela está classificada na subseção Solitariae, da seção Lepidella no gênero Amanita.[4] Outras espécies desta seção encontradas na América do Norte incluem: A. abrupta, A. atkinsoniana, A. chlorinosma, A. cokeri, A. daucipes, A. mutabilis, A. onusta, A. pelioma, A. polypyramis, e A. rhopalopus.[5]

O epíteto específico ravenelli foi dado em homenagem ao micologista norte-americano Henry William Ravenel.[6] Em língua inglesa, o nome popular do cogumelo é "pinecone Lepidella".[7]

Descrição[editar | editar código-fonte]

A superfície do chapéu é coberta com verrugas cônicas.
As lamelas estão cobertas com restos do véu parcial.

O píleo (o "chapéu" do cogumelo) mede de 8 a 17 cm de diâmetro e é inicialmente hemisférico a quase redondo, tornando-se posteriormente convexo ou achatado. É carnudo, branco a branco-amarelado, geralmente seco, mas por vezes algo pegajoso quando maduro. O véu universal permanece como uma camada amarela pálida a marrom-alaranjada que se fragmenta em diversas verrugas grosseiras, apinhadas, cônicas ou truncadas. As verrugas atingem até 6 milímetros (mm) de largura e 4 mm de altura, e vão ficando mais parecidas com escamas em direção a borda do chapéu a medida que o cogumelo envelhece. A margem não é estriada (sem ranhuras), e apendicular (com restos do véu parcial pendurados ao longo da margem do píleo). As lamelas não se aderem à estipe. Elas são apinhadas, moderadamente largas e de cor branco-amarelado a amarelo pálido. Intercaladas entre as lamelas é possível notar a presença de lamelas curtas (lamélulas) que não se estendem completamente até a estipe; elas são um pouco truncadas (terminam abruptamente) a atenuadas (diminuem gradualmente).[5]

A estipe (o "tronco" do cogumelo) possui 10 a 25 cm de comprimento e 1 a 3 cm de largura, e diminui ligeiramente em espessura próximo ao ápice. É sólida (ou seja, não é oca), branca a amarelo pálido, e coberta com tufos de pelos lanosos macios ou fibrilas. Tem um grande bulbo basal, inchado no meio, que enraíza no solo a uma profundidade de até 5,5 cm. O véu parcial é branco-amarelado a amarelo pálido, formando um anel grosso, lanoso, delicado, e que logo desaparece. O véu universal permanece na base do tronco na forma de escamas espessas e encurvadas para baixo, muitas vezes formando anéis irregulares. A carne é firme, e de tonalidade branca a amarelo pálido. O tecido do cogumelo tem um cheiro descrito como de água sanitária,[5] ou de "tênis velho".[8] A comestibilidade dos cogumelos de Amanita ravenelii foi descrita como desconhecida,[6] "não recomendada",[7] ou venenosa.[8]

Características microscópicas[editar | editar código-fonte]

Os esporos são elipsoides, ocasionalmente ovoides ou obovoides, de paredes finas, hialinos, amiloides (o que significa que absorvem o iodo quando expostos ao reagente de Melzer), e medem 8 a 11 por 5,5 a 7,5 micrômetros (µm). A impressão de esporos, técnica utilizada na identificação de fungos, é branca. Os basídios (células que carregam os esporos) medem 40 a 65 por 7 a 11,5 µm, possuem quatro esporos cada, com fíbulas em suas bases. Os queilocistídios (cistídios nas bordas das lamelas) são vistos ocasionalmente como células pequenas, em forma de trevo, medindo 15 a 35 por 10 a 15 µm, sobre as hifas de paredes finas que têm 3 a 7 µm de diâmetro. A cutícula que reveste o píleo, que não está claramente diferenciada do tecido do próprio píleo, é constituída por hifas de paredes finas, entrelaçadas, com 2,5 a 9 µm de diâmetro. O tecido do véu universal sobre o chapéu consiste de fileiras eretas e mais ou menos paralelas de células aproximadamente esféricas, elipsoides a amplamente elipsoides, de até 78 por 65 µm. Há também células em forma de fuso ou trevo que chegam a medir 125 por 30 µm. Estas últimas são terminais ou aparecem em cadeias curtas; são moderadamente abundantes, de paredes finas, ramificadas, entrelaçadas, às vezes quase coraloides, com 3 a 9,5 µm de diâmetro e com algumas hifas oleosas dispersas de 5 a 12,5 µm de diâmetro. A distribuição das hifas na base da estipe é semelhante a que acontece no píleo, porém com mais hifas filamentosas. Fíbulas estão presentes.[5]

Espécies semelhantes[editar | editar código-fonte]

O bulbo basal é uma característica de A. ravenelii que pode ajudar a diferencia-lo de outros cogumelos.

Os corpos de frutificação de A. ravenelii distinguem-se dos de A. chlorinosma pela presença de verrugas cônicas, grandes e de cor amarelo-pálido a laranja-amarronzado na superfície do chapéu e no grande bulbo basal. O cogumelo A. polypyramis é parecido, mas é inteiramente branco, e não possui as verrugas cônicas amarelas e laranja amarronzadas típicas de A. ravenelii.[5] A espécie norte-americana A. armillariiformis possui a superfície do chapéu de aspecto similar, porém, ao contrário de A. ravenelii, não tem um bulbo basal distinto, e é encontrada em regiões semi-áridas associada a choupos e árvores velhas de Pseudotsuga menziesii.[9] Também da América do Norte, A. mutabilis tem tons de rosa no píleo e no tronco, sua carne quando cortada fica rosada; ela cheira a erva-doce.[8]

Habitat e distribuição[editar | editar código-fonte]

Como a grande maioria das espécies do gênero Amanita, A. ravenelii é uma espécie micorrízica, formando portanto uma associação simbiótica mutuamente benéfica com várias espécies de plantas.[10][11] As ectomicorrizas garantem ao cogumelo compostos orgânicos importantes para a sua sobrevivência oriundos da fotossíntese do vegetal; em troca, a planta é beneficiada por um aumento da absorção de água e nutrientes graças às hifas do fungo. A existência dessa relação é um requisito fundamental para a sobrevivência e crescimento adequado de certas espécies de árvores, como alguns tipos de coníferas.[12] Os corpos de frutificação crescem sobre o chão solitários, dispersos ou em grupos, nas florestas mistas de coníferas e decíduas.[6] Embora não se saiba exatamente quais espécies de árvores o A. ravenelii prefere se associar, de um modo geral, cogumelos Amanita da seção Lepidella tendem a formar micorrizas com pinheiros do subgênero Pinus, carvalhos, e Carya.[5]

Amanita ravenelii está amplamente distribuída no sudeste dos Estados Unidos, onde sua ocorrência é apontada como "ocasional a frequente" no final do verão e outono, nos meses de agosto a novembro;[6] foram coletados cogumelos nos estados de Maryland, Carolina do Norte, Carolina do Sul, Indiana, Tennessee, e Virgínia.[13] A espécie também foi registrada crescendo no norte do estado de Baja California, no México.[14]

Referências

  1. «Amanita ravenelii (Berk. & Broome) Sacc. 1887». MycoBank. International Mycological Association. Consultado em 13 de setembro de 2010 
  2. Berkeley, MJ; Curtis MA. (1859). «Centuries of North American fungi». Annals and Magazine of Natural History. III. 4: 284–96 
  3. Saccardo PA. (1887). «Sylloge Hymenomycetum, Vol. I. Agaricineae». Sylloge Fungorum (em latim). 5: 15 
  4. Singer R. (1986). The Agaricales in Modern Taxonomy 4ª ed. Koenigstein: Koeltz Scientific Books. p. 452. ISBN 3-87429-254-1 
  5. a b c d e f Bhatt, RP; Miller OK Jr. (2004). «Amanita subgenus Lepidella and related taxa in the southeastern United States». In: Cripps CL. Fungi in Forest Ecosystems: Systematics, Diversity, and Ecology. [S.l.]: New York Botanical Garden Press. pp. 33–59. ISBN 978-0-89327-459-7 
  6. a b c d Bessette, AE, Roody WC, Bessette AR. (2007). Mushrooms of the Southeastern United States. Syracuse, NY: Syracuse University Press. p. 112. ISBN 978-0-8156-3112-5. Consultado em 21 de setembro de 2010 
  7. a b McKnight VB, McKnight KH. (1987). A Field Guide to Mushrooms: North America. Boston: Houghton Mifflin. p. 208. ISBN 0-395-91090-0. Consultado em 13 de setembro de 2010 
  8. a b c Miller HR, Miller OK. (2006). North American Mushrooms: a Field Guide to Edible and Inedible Fungi. Guilford, CN: Falcon Guide. p. 45. ISBN 0-7627-3109-5. Consultado em 21 de setembro de 2010 
  9. Miller, OK; Trueblood E, Jenkins DT (1990). «Three new species of Amanita from southwestern Idaho and southeastern Oregon». Mycologia. 82 (1): 120–28. JSTOR 3759971. doi:10.2307/3759971 
  10. Jenkins, 1986, pp. 5–6.
  11. Kuo M. (Junho de 2013). «The Genus Amanita». MushroomExpert.Com (em inglês). Consultado em 21 de fevereiro de 2014 
  12. Giachina AJ, Oliviera VL, Castellano MA, Trappe JM. (2000). «Ectomycorrhizal fungi in Eucalyptus and Pinus plantations in southern Brazil». Mycologia. 92 (6): 1166–77. doi:10.2307/3761484 
  13. Jenkins, 1986, p. 100.
  14. Ayala, N; Manjarrez I, Guzman G, Thiers HS. (1988). «Fungi from the Baja California Peninsula Mexico III. The known species of the genus Amanita». Revista Mexicana de Micologia (em espanhol). 4: 69–74 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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