Amom de Judá – Wikipédia, a enciclopédia livre

Amom
Rei de Judá

Amom em Promptuarii Iconum Insigniorum.
Reinado 643/642 – 641/640 a.C.[1][2]
Rainha Jedida[3]
Antecessor(a) Manassés
Sucessor(a) Josias
Nascimento ca. 664 a.C.
  Judá
Morte ca. 641 a.C. (23 anos)
  Jerusalém
Sepultado em Jardim de Uzá[4]
Casa Casa de Davi
Pai Manassés
Mãe Mesulemete[5]

Amom de Judá (em hebraico: אָמוֹן; em grego: Αμων; em latim: Amon) foi o soberano do Reino de Judá durante um curto período no século VII a.C. Sucedeu a seu pai Manassés de Judá e tal como ele, idolatrava e promovia a adoração de figuras pagãs, o que, de acordo com relatos bíblicos, terá motivado o seu provável assassinato em consequência de uma revolta entre os seus súditos, eventualmente no ano 641 a.C.

Vida[editar | editar código-fonte]

Amom, cujo nome deriva do deus egípcio Amon,[6] nasceu da união entre o seu pai Rei Manassés de Judá e de Mesulemete, filha de Harus de Jotba.[5] Casou com Jedida, filha de Adaías de Bozcate, segundo relatos constantes na Bíblia Hebraica, embora se desconheça a data exata da celebração. Tinha vinte e dois anos de idade quando iniciou o seu breve reinado de dois anos.[7] Segundo o arqueólogo e erudito em assuntos Bíblicos William Foxwell Albright, a data do seu reinado foi estabelecida entre os anos 642 a 640, enquanto o professor Edwin R. Thiele avaliou as mesmas datas entre 643/642 a 641/640.[8] As datas estimadas por Thiele estão intimamente ligadas com final do reinado do filho de Amom, Josias, que sucumbiu no verão de 609, às mãos do faraó Necao II. A morte de Josias é ainda confirmada de forma independente na História Egípcia,[9] que coloca o fim no reinado de Amom, 31 anos antes em 641 ou 640 e o início de seu governo em 643 ou 642.[8]

A Bíblia Hebraica documenta que Amom continuou a idolatrar e a criar imagens pagãs, como anteriormente seu pai o tinha feito.[4] II Reis (um dos livros históricos do Antigo Testamento) cita que: "(Amom)[...] fez o que era maléfico aos olhos do Senhor, trilhou os mesmos caminhos, como fizera Manassés seu pai, serviu e adorou seus ídolos." [7] A mesma citação é documentada em outro dos livros do antigo testamento II Crônicas: "[…] fez o que era maléfico aos olhos do Senhor, como fizera Manassés seu pai; porque (Amom) realizou sacrifícios em honra de todas as imagens (esculturas) que Manassés seu pai tinha feito, as serviu e adorou."[10]

A tradição relatada no Talmude revela que "Amom queimou a Torá, e permitiu que teias de aranha cobrissem o altar [pelo desuso completo]... Amom pecou muito".[11] Assim como em outras fontes textuais, Flávio Josefo também critica o reinado de Amom, descrevendo o seu reinado de forma semelhante à Bíblia.[12]

Depois de reinar dois anos, Amom foi assassinado pelos servos que conspiraram contra ele e foi sucedido por seu filho Josias, que, na época, tinha oito anos de idade.[13] Após o assassínio de Amom, os seus executantes tornaram-se impopulares entre a população e acabaram sendo mortos.[14] Alguns estudiosos, como Abraham Malamat, afirmam que Amom foi assassinado, porque as pessoas não gostavam da forte influência que o Império Assírio, um antigo inimigo de Judá, responsável pela destruição do Reino de Israel, exercia sobre ele.[15]

Contexto histórico[editar | editar código-fonte]

O reinado de Amom aconteceu no meio de uma época de transição para o Levante mediterrânico e toda a região da Mesopotâmia. Para o leste de Judá, o Império Assírio estava começando a se desintegrar, enquanto o Império Babilônico em expansão, ainda não o tinha sucedido. Para oeste o Egito ainda estava se recuperando da ocupação assíria, sob a égide de Psamético I,[16] executando a transformação de um estado vassalo em um aliado autônomo.[17] Neste vácuo de poder, muitos estados menores como Judá foram capazes de se governar sem intervenção e cobiça dos grandes impérios.[18]

Referências

  1. Edwin R. Thiele (1944). «The Chronology of the Kings of Judah and Israel». The University of Chicago Press. Journal of Near Eastern Studies. III: 137–186 
  2. Leslie McFall (1991). «A Translation Guide to the Chronological Data in Kings and Chronicles» (PDF). Dallas Theological Seminary. Bibliotheca Sacra. 148: 3–45. Consultado em 19 de Julho de 2010. Arquivado do original (PDF) em 6 de Julho de 2008 
  3. Andrew Wood (1896). «The Kingdom of Judah». The Hebrew Monarchy: A Commentary, with a Harmony of the Parallel Texts and Extracts from the Prophetical Books. [S.l.]: Eyre and Spottiswoode. ISBN 1-149-80041-0 
  4. a b Charles J. Mendelsohn; Kaufmann Kohler and Morris Jastrow (1906). «Amon, King of Judah». Jewish Encyclopedia. I. Funk & Wagnalls. pp. 526–527 
  5. a b Flavius Josephus (c. 93 CE). Antiquities of the Jews. Livro X, capítulo 3, Seção 2. Traduzido do Latim por William Whiston a partir do The Christian Classics Ethereal Library.
  6. Amihai Mazar (1993). Archaeology of the Land of the Bible: 10,000-586 B.C.E. [S.l.]: Lutterworth Press. p. 168. ISBN 0-7188-2890-9 
  7. a b II Reis 21:18-26
  8. a b Edwin R. Thiele (1983). «9». The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings 3ª ed. Grand Rapids: Kregel Publications. ISBN 0-8254-3825-X 
  9. D.J. Wiseman (1956). Chronicles of Chaldean Kings. [S.l.]: Trustees of the British Museum. pp. 94–95 
  10. II Crônicas 33:22
  11. Tratado de Sinédrio, Folio 103a. 1902 Tradução pelo Rabino Isisdore Epstein.
  12. Christopher Begg (1996). «Jotham and Amon: Two Minor Kings of Judah According to Josephus» (PDF). The Catholic University of America. Bulletin for Biblical Research. 3. 13 páginas 
  13. II Reis 22:1
  14. Henry Fowler (1920). Great leaders of Hebrew history from Manasseh to John the Baptist. [S.l.]: The Macmillan Company. p. 11 
  15. Nili S. Fox (2002). «History of Biblical Israel: Major Problems and Minor Issues». American Schools of Oriental Research. Bulletin of the American Schools of Oriental Research. II: 90–92. ISSN 0003-097X 
  16. Kenneth Kitchen (1986). The Third Intermediate Period in Egypt, 1100-650 B.C. 2ª ed. [S.l.]: Aris & Phillips Ltd. ISBN 978-0-85668-298-8 
  17. James Allen and Marsha Hill (2004). «Egypt in the Late Period (ca. 712–332 B.C.)». The Metropolitan Museum of Art. Consultado em 9 de abril de 2012 
  18. Bernd Schipper (2010). «Egypt and the Kingdom of Judah under Josiah and Jehoiakim». Maney Publishing. Journal of the Institute of Archaeology of Tel Aviv University. 37: 200–226 

Notas[editar | editar código-fonte]

Precedido por
Manassés
Rei de Judá
2 anos
Sucedido por
Josias
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