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Antonio Nóbrega

Nóbrega em 2010, na abertura da
II Conferência Nacional de Cultura.
Informação geral
Nome completo Antonio Carlos Nóbrega de Almeida
Nascimento 2 de maio de 1952 (71 anos)
Origem Recife, PE
País  Brasil
Gênero(s) Frevo, MPB, samba
Instrumento(s) violino
Página oficial Página oficial

Antonio Nóbrega OMC (Recife, 2 de maio de 1952), conhecido também como Antonio Carlos Nóbrega e de nome completo Antonio Carlos Nóbrega de Almeida,[1] é um ator, dançarino, violinista, cantor e pesquisador das manifestações culturais populares do Brasil.[2]

Junto com sua esposa, Rosane Almeida, coordena o Instituto Brincante, em São Paulo.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho de médico, estudou no Colégio Marista do Recife. Aos 12 anos ingressou na Escola de Belas Artes do Recife. Foi aluno do violinista catalão Luís Soler e estudou canto lírico com Arlinda Rocha.

Com sua formação clássica, começou sua carreira na Orquestra de Câmara da Paraíba em João Pessoa, onde atuou até o final dos anos 60. Na mesma época participava da Orquestra Sinfônica do Recife, onde fazia também apresentações como solista.

Como contraponto à sua formação erudita, Antonio Nóbrega participava de um conjunto de música popular com suas irmãs. "Só que a música popular que eu compunha e tocava era a das rádios e da televisão: Beatles, Jovem Guarda, a nascente MPB, Caetano Veloso, Edu Lobo".

Em 1971 Ariano Suassuna procurava um violinista para formar o Quinteto Armorial e, após ver Antônio Nóbrega tocando um concerto de Bach no violino, o convidou para participar do grupo. [3]

Antônio Nóbrega, que até aquela ocasião tinha pouco conhecimento da cultura popular, passou a manter contato intenso com todas suas expressões, como os brincantes de caboclinho, de cavalo-marinho e tantos outros, que passou a conhecer e pesquisar.

Nóbrega revelou-se um fenômeno, ao conseguir unir a arte popular com a sofisticação. É, literalmente, um homem dos sete instrumentos, capaz de cantar, dançar, tocar bateria, rabeca, violão etc. Realizou espetáculos memoráveis em teatros do Rio de Janeiro e de São Paulo, com destaques para Figural[nota 1] (1990) e Brincante (1992).

Antônio Nóbrega mudou-se para São Paulo em 1983, com o espetáculo O maracatu misterioso.[4]

Antonio Nóbrega no samba de parelha de Dona Nadir, do Quilombo da Mussuca, em Laranjeiras, Sergipe, em gravação do programa "Danças Brasileiras", da TV Cultura, em 2004.

Terminou em 12 de novembro de 2006 a temporada paulistana do espetáculo 9 de Fevereiro, e, em seguida, iniciou a temporada carioca. Este espetáculo, cujo nome é uma alusão ao carnaval pernambucano e um trocadilho com frevo, explora várias formas de se tocar frevo: com uma orquestra de sopro, com um regional, com violino e percussão etc. Também há várias das formas de se dançar frevo: com apenas um dançarino (Nóbrega) em passos estilizados de dança moderna, com vários dançarinos em passos de frevo, com e sem sombrinha e até o público todo, em ciranda de frevo. Como não poderia faltar em um espetáculo enciclopédico sobre o frevo, há pelo menos dois momentos didáticos: em um a orquestra explica várias modalidades e costumes do frevo, e Antonio Nóbrega ensina uma pessoa da platéia a dançar frevo (fazer o passo).

Em 30 de junho de 2008, Antonio Nóbrega recebeu das mãos do político Chico Macena, em cerimônia realizada na Câmara Municipal de São Paulo, o Título de Cidadão Paulistano, em reconhecimento por toda sua obra.[5] Instituição da cultura pernambucana, Antônio Nóbrega e também o homenageado do Carnaval do Recife 2014 (junto com o frevo, recentemente reconhecido patrimônio imaterial da humanidade, frevo do qual ele é uma figura chave).

Em 2022, por vias da comemoração de seus 50 anos de carreira, Antonio foi convidado pela Universidade Estadual de Campinas para retornar a ministrar aulas no Programa “Hilda Hilst” do Artista Residente, em um ciclo de doze encontros.[6][7]

Prêmios e condecorações[editar | editar código-fonte]

  • Prêmio APCA, pelo espetáculo "O Reino do Meio-Dia" (1989)[8]
  • Prêmio Shell, pelo conjunto da obra (1994)[8]
  • Troféu Mambembe, pelo conjunto da obra (1996)[8]
  • Prêmio APCA, pelo espetáculo "Na Pancada do Ganzá" (1996)[8]
  • Prêmio Sharp, melhor música e Cd na Categoria Regional (1996)[8]
  • 1 ° Prêmio Multicultural Estadão, um dos vencedores (1996)[8]
  • Prêmio TIM de Música de melhor disco, na categoria "Regional", por Nove de Frevereiro (2006)[9]
  • Prêmio APCA, pelo espetáculo "Naturalmente", na área de Dança - Categoria Pesquisa (2009)[3]

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Em 2013, o artista foi homenageado com uma exposição sobre sua vida no espaço "Ocupação" do Instituto Itaú Cultural, em São Paulo. A exposição descreveu os detalhes biográficos e a trajetória artística, apresentando fotos, documentos e entrevistas, disponíveis a posteriori em versão digital. [11]

Em 2023, a escola de samba Unidos do Porto da Pedra escolheu o enredo Lunário Perpétuo: A profética do saber popular para o carnaval de 2024, inspirado em espetáculo de Antônio Nóbrega e homenageando o artista.[12][13]

Discografia[editar | editar código-fonte]

Carreira solo
Extras

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Televisão[editar | editar código-fonte]

Ano Título Personagem Nota
1990 A História de Ana Raio e Zé Trovão Tonheta
1995 A Farsa da Boa Preguiça Joaquim Simão Telefilme

Documentário[editar | editar código-fonte]

Ano Filme Personagem Nota
2014 Brincante - O Filme Ele mesmo / João Sidurino / Tonheta

Espetáculos[editar | editar código-fonte]

O artista criou e apresentou uma série de espetáculos de palco em sua carreira, mesclando elementos de dança, teatro e música. De acordo com Luís Adriano Mendes Costa, em cada espetáculo uma das artes se faz mais presente, além de criar aulas-espetáculo: [3]

Ano Título Personagem Arte Principal
1982 Maracatu Misterioso teatro
1985 Mateus Presepeiro teatro
1989 Reino do Meio Dia - A dança das onças dança
1990 Figural dança
1992 Brincante Tonheta / João Sidurino teatro
1992 Circorama teatro
1992 Romance música
1994 Segundas Histórias Tonheta / João Sidurino teatro
1995 Na Pancada do Ganzá música
1997 Madeira que cupim não rói música
1998 Pernambuco falando para o mundo música
1998 Sol a Pino aula-espetáculo
1999 Pernambouc música
2000 O Marco do Meio-Dia música
2002 Lunário Perpétuo música
2006 Nove de Frevereiro música
2008 Passo dança
2009 Naturalmente - Teoria e jogo de uma dança brasileira dança
2011 Mátria aula-espetáculo
2012 Lua música
2015 Um recital para Ariano[14] música

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas e referências

Notas

  1. Figural é um espetáculo em que Nóbrega, sozinho no palco, muda de roupa e de máscaras para fazer uma das mais ricas demonstrações da cultura popular brasileira e mundial.

Referências

  1. «Centro de Memória - Câmara Municipal de São Paulo». www.saopaulo.sp.leg.br. Consultado em 8 de agosto de 2023 
  2. a b «Dois instrumentos». revistapesquisa.fapesp.br. Consultado em 27 de março de 2023 
  3. a b c Costa, Luís Adriano Mendes (17 de junho de 2015). «Antonio Carlos Nóbrega em cartografias (pós) armoriais». Consultado em 18 de novembro de 2023 
  4. Coelho, Marco Antônio; Falcão, Aluísio (abril de 1995). «Antônio Nóbrega: um artista multidisciplinar». Estudos Avançados: 59–70. ISSN 0103-4014. doi:10.1590/S0103-40141995000100005. Consultado em 27 de março de 2023 
  5. Vereador homenageou Antônio Nóbrega
  6. «Brasisbrasil – ciclo de encontros com Antonio Nóbrega». IDEA. Consultado em 18 de novembro de 2023 
  7. Vieira, Cibele (5 de setembro de 2022). «Multiartista pernambucano faz palestra e apresentação musical nesta terça na Unicamp». Correio. Consultado em 18 de novembro de 2023 
  8. a b c d e f Rezende, Mauro Sérgio Guimarães (2007). Antônio Nóbrega: um brincante. [S.l.]: Universidade Federal de Uberlândia 
  9. Ne10 (26 de julho de 2006). «Pernambucanos erguem troféus no Prêmio TIM de Música». JC. Consultado em 18 de novembro de 2023 
  10. PE, Do G1 (10 de novembro de 2011). «Sete pernambucanos recebem a medalha da Ordem do Mérito Cultural». Pernambuco. Consultado em 27 de março de 2023 
  11. «Antonio Nóbrega». Ocupação. Consultado em 30 de novembro de 2023 
  12. Gomes, Gabriel (1 de junho de 2023). «No retorno ao Grupo Especial, Porto da Pedra aposta na sabedoria popular brasileira para mostrar as garras na avenida». Carnavalesco. Consultado em 30 de novembro de 2023 
  13. Dia, O. (28 de novembro de 2023). «Samba-enredo da Porto da Pedra ganha versão na voz de Antônio Nóbrega | São Gonçalo». O Dia. Consultado em 30 de novembro de 2023 
  14. «Antônio Nóbrega apresenta 'Um Recital para Ariano'». EBC Rádios. 11 de novembro de 2016. Consultado em 25 de novembro de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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