Aplastodiscus lutzorum – Wikipédia, a enciclopédia livre

Aplastodiscus lutzorum
Macho
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Amphibia
Ordem: Anura
Família: Hylidae
Gênero: Aplastodiscus
Espécies:
A. lutzorum
Nome binomial
Aplastodiscus lutzorum
Berneck, Giaretta, Brandão, Cruz, and Haddad, 2017[1]
The blue squares correspond to their distribution

Aplastodiscus lutzorum é uma espécie de perereca da família Hylidae, endémica do bioma do Cerrado, no Brasil.

É a única espécie endémica de um só bioma no género Aplastodiscus. Possui de 30 a 36 milímetros de comprimento, sendo a menor do clado da espécie, e é diferenciada das outras espécies pela duração de sua vocalização e pela cor da íris.

A descrição da espécie foi publicada no dia 3 de janeiro de 2017, por cinco pesquisadores brasileiros. Recebeu o nome de Aplastodiscus lutzorum em homenagem aos pesquisadores Adolfo e Bertha Lutz, pioneiros nos estudos das espécies do género. Ainda não foi catalogada pela IUCN, mas possivelmente será categorizada como espécie pouco preocupante.

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A espécie foi descrita no dia 3 de janeiro de 2017, por Bianca Berneck, Ariovaldo Giaretta, Reuber Brandão, Carlos Cruz e Célio Haddad na revista científica ZooKeys.[3] Após as análises, foi possível descobrir que a espécie fazia parte do gênero Aplastodiscus, mais especificamente ao clado Aplastodiscus perviridis. Os indivíduos coletados para foram encontrados em Minas Gerais, Distrito Federal e Goiás, tendo machos e fêmeas. Os espécimes usados como referência no estudo foram encontrados em Unaí, Minas Gerais em fevereiro e março de 2007 e todos eram machos. Já o holótipo era um macho e foi encontrado em 12 de dezembro de 2011 na Fazenda São Bento, em Alto Paraíso de Goiás, Goiás, numa altitude de 1 150 metros. Trata-se de uma nova espécie devido a seu tamanho reduzido em relação aos outros representantes do clado, trinta a 36 milímetros, por apresentar a íris bicolorida e também por apresentar uma vocalização mais de duas vezes mais longa que a dos outros indivíduos. Também foram feitos exames genéticos nos Estados Unidos e na Coreia do Sul que atestaram a especialização.[4][5] Foi nomeada Aplastodiscus lutzorum em homenagem aos cientistas brasileiros Adolfo e Bertha Lutz, que foram os pioneiros na descoberta e estudo do género Aplastodiscus.[6] Com a descoberta da espécie, são totalizados 15 espécies no género.[7]

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

Vista de uma floresta de galeria, local onde a espécie ocorre.

Actualmente, não se tem certeza exata sobre sua área de distribuição, sabendo se apenas que a espécie é endêmica do Cerrado,[8] com indivíduos encontrados nos estados de Goiás e Minas Gerais e no Distrito Federal. Todos os indivíduos encontrados foram avistados em florestas de galerias, com buritis (Mauritia flexuosa) esparsos. Todos os locais estão acima dos mil metros de altitude. Espécies que ocupam o mesmo local são Hypsiboas ericae e H. albopunctatus. A espécie ainda não foi catalogada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), mas devido a sua área de distribuição ser englobada por parques ambientais, como o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, e pelas espécies locais serem categorizadas da mesma maneira, os taxonomistas sugerem que seja catalogada como espécie pouco preocupante (LC).[4]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Os indivíduos da espécie possuem tamanho entre 30 a 36 milímetros. A largura da cabeça é 20% maior do que seu comprimento, o focinho é arredondado quando visto de perfil, sendo um pouco menos quando visto pelo dorso, o canthus rostralis é curvo e a região loreal é côncava, com as narinas ovais, com a região entre as narinas preenchidas por estrias. A dobra supratimpânica é distinta, vindo do ângulo posterior da órbita a inserção do antebraço. O tímpano também é distinto, quase circular, tendo como diâmetro 48,5% do diâmetro do olho. A pálpebra superior é suave, assim como o dorso. A dobra torácica também é perceptível. Possui apenas um saco vocal, sendo externo, subgular e extensível. Seus dedos são finos e longos, sem margens laterais, terminando em pequenos discos arredondados. Não possui prepollex, almofada nupcial e dobra supracloacal. A maior diferença entre os indivíduos da mesma espécie são o tamanho e a quantidade de cromatóforos marrons pela pele, podendo ser ser mais esparsos ou densos.[4]

Em indivíduos vivos, a parte dorsal da cabeça é verde escuro, quase oliva. O dorso e a lateral são verde amarelados, com pequenos e dispersos melanóforos. A parte superior de sua glândula pineal é dourada, enquanto 2/3 da parte inferior é vermelho cobre. O saco vocal é verde azulado. Já em indivíduos em preservativo, a cor muda para o bege pálido, com o dorso repleto de manchas marrom escuras, sendo mais escuras que qualquer outra parte do corpo. O abdômen é amarelo pálido.[4]

Comportamento[editar | editar código-fonte]

Espectro sonoro e oscilograma de uma sequência de três vocalizações de advertência.

Os cientistas que descobriram esta espécie encontraram uma fêmea com oócitos em meados de dezembro, sendo visíveis devido a serem grandes e pela transparência da pele. Os machos vocalizam entre dezembro e março, fazendo isso em florestas ribeirinhas, em galhos e folhas a cinco metros de altura do corpo d'água. Às vezes a espécie coaxa em solos húmidos e lamacentos, e com uma grande quantidade de arbustos, quando a floresta primária é removida e já possui uma secundária em desenvolvimento. Seus girinos são desconhecidos.[4]

As vocalizações de advertência são longas, com repetições regulares, respeitando um padrão médio de 39 vocalizações por minuto. O coaxar parece um apito sendo usado por 0,26 a 0,40 segundos. A frequência mínima varia entre os 1 494 a 1 732 Hz, e a máxima entre 2 334 a 2 647 Hz. Costuma ter uma modulação frequencial ascendente, atingindo o ápice entre os 49 e 70% da vocalização.[4]

Ver também[editar | editar código-fonte]

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Referências

  1. Berneck, B. V. M.; Giaretta, A. A.; Brandão, R. A.; Cruz, C. A. G.; Haddad, C. F. B. (2017). «The first species of Aplastodiscus endemic to the Brazilian Cerrado (Anura, Hylidae)». ZooKeys (642): 115–130. PMC 5240532Acessível livremente. PMID 28138301. doi:10.3897/zookeys.642.10401Acessível livremente  Verifique o valor de |name-list-format=amp (ajuda)
  2. Frost, Darrel R. (2018). «Aplastodiscus lutzorum Berneck, Giaretta, Brandão, Cruz, and Haddad, 2017». Amphibian Species of the World: an Online Reference. Version 6.0. American Museum of Natural History. Consultado em 11 de outubro de 2018 
  3. «Aplastodiscus lutzorum Berneck, Giaretta, Brandão, Cruz, and Haddad, 2017» (em inglês). AMNH. Consultado em 3 de abril de 2017. Cópia arquivada em 4 de Abril de 2017 
  4. a b c d e f Berneck, Bianca V.M.; Giaretta, Ariovaldo A.; Brandão, Reuber A.; Cruz, Carlos A. G.; Haddad, Celio F.B. (1 de março de 2017). «The first species of Aplastodiscus endemic to the Brazilian Cerrado (Anura, Hylidae)». ZooKeys (em inglês). 642: 115–130. ISSN 1313-2970. PMID 28138301. doi:10.3897/zookeys.642.10401 
  5. «The first species of canebrake tree frog endemic to the Brazilian Cerrado» (em inglês). Awe of Nature. Consultado em 3 de abril de 2017. Arquivado do original em 4 de abril de 2017 
  6. «Galeria». Setor de Herpetologia do Museu Nacional. Consultado em 3 de abril de 2017. Cópia arquivada em 4 de Abril de 2017 
  7. «Aplastodiscus» (em inglês). Amphibiaweb. Consultado em 3 de abril de 2017. Cópia arquivada em 3 de Abril de 2017 
  8. «Aplastodiscus lutzorum» (em inglês). Amphibiaweb. Consultado em 25 de janeiro de 2017. Cópia arquivada em 4 de Abril de 2017