Arte etrusca – Wikipédia, a enciclopédia livre

Afresco etrusco da Tumba dos Leopardos, século VI a.C.

A arte etrusca refere-se à arte da antiga civilização dos etruscos, que viveram na Etrúria, localizada na Itália central (actual Toscana), e que teve o seu apogeu artístico entre os século VIII e II a.C..

As origens deste povo, e consequentemente do estilo, remontam aos povos que habitavam a região (ou a partir dela se deslocaram) da Ásia Menor durante a Idade do Bronze e Idade do Ferro, mas também outras culturas influenciaram a sua arte (por proximidade ou contacto comercial), como a cultura grega, fenícia, egípcia, assíria e a oriental. Mas o seu aparente carácter helenístico simples (visto o seu florescimento coincidir com o período arcaico grego) esconde um estilo único e inovador de características muito próprias que viria a influenciar profundamente a arte romana e pela qual estaria já totalmente absorvido no século I a.C..

História[editar | editar código-fonte]

As origens dos etruscos e, consequentemente, do seu estilo artístico, remonta aos povos que habitavam ou foram expulsos da Ásia Menor durante a Idade do Bronze e da Idade do Ferro. Devido à proximidade ou contato comercial para Etrúria, outras culturas antigas influenciaram a arte etrusca, como a Grécia, Fenícia, Egito, Assíria e no Oriente Médio. O caráter aparentemente simples na era helenista esconde um estilo inovador, e único, cujo auge coincidiu com o período grego arcaico. Os romanos mais tarde viriam a absorver a cultura etrusca a deles, mas também seriam muito influenciados por eles em sua arte.

Expressões e estilo[editar | editar código-fonte]

Casal etrusco
Busto etrusco

De um modo geral pode-se afirmar que os artistas etruscos eram artesãos de grande habilidade. Executavam peças (estatuária, vasos, espelhos, caixas, etc) de grande qualidade e maestria em terracota, barro, bronze e metal, desenvolviam também peças de joalharia (em ouro, prata e marfim) e uma cerâmica negra (designada Bucchero).

Arte funerária[editar | editar código-fonte]

Escavações efetuadas em tumbas subterrâneas revelaram urnas de barro (onde se colocavam os restos mortais) com elementos escultóricos representando elementos anatómicos do falecido (p. ex. tampa em forma de cabeça); bustos (que poderão ter estado na origem dos bustos romanos); esculturas e relevos em sarcófagos onde, numa fase posterior, figuras humanas em tamanho real surgem reclinadas sobre a tampa como se de um leito se tratasse (jacente). Mas aqui, em oposição à escultura grega em pedra, a escultura etrusca toma forma em materiais mais brandos que possibilitam uma modulação mais elástica, fluída e arredondada incutindo nas figuras uma natural espontaneidade.

As câmaras funerárias, que retratam o interior de uma habitação, são de teto em abóbada ou falsa cúpula e são revestidas de pinturas murais (frescos) retratando cenas mitológicas, do quotidiano e rituais funerários com demarcado caráter bi-dimensional, estilizado (formas delineadas a negro), mas de cores vivas e atmosfera jovial. Numa fase posterior, esta atitude de festividade perante a morte sofre alterações, possivelmente pela influência da arte grega do período clássico, e as figuras (onde passam a integrar também os demônios da morte) ou o diabo ganham uma nova atitude pensativa e de incerteza perante o final da vida.

Arquitetura e urbanismo[editar | editar código-fonte]

Além de uma grande variedade de artes decorativas os etruscos desenvolveram também a construção arquitetônica da qual muito pouco sobreviveu. Modelos à escala permitem ter uma ideia do templo religioso (com base de pedra, estrutura de madeira e revestimento em barro na arquitrave e beirais) que em grande parte se assemelharia ao grego simples, mas sem a sua elegância: pelo lado sul e subindo os degraus do podium ganhava-se acesso a um pórtico com duas filas de quatro colunas cada e conseqüentemente à cella no seu interior.

Construíram também palácios, edifícios públicos, aquedutos, pontes, esgotos, muralhas defensivas e desenvolveram projetos de urbanismo onde a cidade se articulava a partir de um centro resultado da intersecção das duas vias principais (cardo, sentido norte-sul e decúmano, sentido leste-oeste).

Também importante de referir é a utilização do arco de volta perfeita (semicírculo) a novas tipologias que não sejam as de carácter puramente utilitário, como já tinha acontecido anteriormente na Mesopotâmia, Egipto e naturalmente na Grécia, como em túmulos, outras estruturas subterrâneas ou portas de cidades. Agora, pela primeira vez, o arco surge inserido no vocabulário das ordens arquitetônicas gregas.

Pintura etrusca[editar | editar código-fonte]

Tumba de Triclínio, Tarquínia
Tumba dos Touros, Tarquínia
Afresco da Tumba do Mergulhador, Museu Arqueológico Nacional de Nápoles

A pintura etrusca teve grande importância não apenas por atingir um alto nível artístico, mas pelo fato de que ela é o mais importante exemplo pré-romano de arte figurativa. A técnica de pintura foi utilizada principalmente pelos etruscos, o afresco.

Esta técnica, conhecida pelos egípcios, mas desconhecida em Creta e na Grécia, consiste em pintura sobre argamassa fresca relativo ao assunto escolhido, de modo que quando a seca de gesso, a pintura, amalgamar com ele, torna-se parte integrante da parede e dura por muitos anos (isso explica por que quase todas as expressões figurativas e etruscas afrescos romanos são encontrados até agora). Para fazer com que as cores para pintar, pedras e minerais são usadas em várias cores que foram esmagados e misturados.

Escovas eram feitas de pelos de animais e foram extremamente precisos (ainda a melhor escovas são feitas de cabelo boi) do BC meados do século quarto começou a ser usado para sugerir os efeitos claro-escuro de profundidade e volume. As cenas raramente pintadas com representações da vida real, são mais tradicionais representações de cenas mitológicas.

Havia ainda o conceito de proporção (ou se ainda há respeitada nos afrescos encontrados) é comum encontrar animais ou homens com algumas partes do corpo fora de proporção com os outros. Um dos mais famosos afrescos na tumba etrusca é a do Leoas em Tarquínia.

Outro exemplo é a pintura de vasos etruscos.

Linha temporal[editar | editar código-fonte]

  • 800-650 a.C.: cunho oriental. Devido às trocas culturais entre as civilizações do Mediterrâneo, especialmente a civilização grega, a arte etrusca era semelhante à arte grega.
  • 650-500 a.C.: influência jónica e coríntia. Alto desenvolvimento da pintura.
  • 500-300 a.C.: apogeu; ainda demarcada influência grega. Devido às turbulências internas, a arte se reduz.
  • 300-100 a.C.: fase tardia; absorção romana.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • CALADO, Margarida, PAIS DA SILVA, Jorge Henrique. Dicionário de Termos da Arte e Arquitectura, Editorial Presença, Lisboa, 2005, ISBN 20130007.
  • JANSON, H. W. História da Arte, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1992, ISBN 972-31-0498-9.
  • Ramage, Nancy H. & Andrew (2009). Roman Art: Romulus to Constantine. New Jersey: Pearson Prentice Hall.
  • Richter, Gisela M.A. (1940). The Metropolitan Museum of Art: Handbook of the Etruscan Collection. New Tork: Metropolitan Museum of Art.4
  • Spivey, Nigel (1997). Etruscan Art. London: Thames and Hudson.
  • Turfa, Jean Macintosh (2005). Catalogue of the Etruscan Gallery of the University of Pennsylvania Museum of Archaeology and Anthropology. Philadelphia: University of Pennsylvania Press.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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