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Ary Barroso
Ary Barroso
Ary Barroso em 1954
Informação geral
Nome completo Ary Evangelista Barroso
Nascimento 7 de novembro de 1903
Local de nascimento Ubá, MG
Morte 9 de fevereiro de 1964 (60 anos)
Local de morte Rio de Janeiro, GB
Nacionalidade brasileiro
Gênero(s) MPB, choro, xote, marchinha, foxtrote, samba
Instrumento(s) Piano
Período em atividade c. 1922 - 1964
Outras ocupações Compositor, músico
Gravadora(s) Odeon
Victor
Copacabana
Página oficial AryBarroso.com.br

Ary Evangelista Barroso (Ubá, 7 de novembro de 1903Rio de Janeiro, 9 de fevereiro de 1964) foi um compositor brasileiro de música popular. Ficou famoso por seus sambas, sendo conhecido como autor de Aquarela do Brasil, considerada uma expressão dos chamados "samba-exaltação",[1] foi também indicado ao Oscar de melhor canção original com a música Rio de Janeiro do filme Brasil (1944).[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho do deputado estadual e promotor público João Evangelista Barroso e Angelina de Resende. Aos 6 anos, órfão de pai e mãe, Ary foi criado pela avó materna, Gabriela Augusta de Resende e sua tia, que lhe ensinou piano.

Realizou estudos curriculares na Escola Pública Guido Solero, Externato Mineiro do prof. Cícero Galindo, Ginásios: São José, Rio Branco, de Viçosa, de Leopoldina e de Cataguases.

Estudou teoria, solfejo e piano com a tia Ritinha. Com doze anos já trabalhava como pianista auxiliar no Cinema Ideal, em Ubá. Aos treze anos trabalhou como caixeiro da loja "A Brasileira" e com quinze anos fez a primeira composição, um cateretê "De longe".

Em 1920, com o falecimento do tio Sabino Barroso, ex-ministro da Fazenda, recebeu uma herança de 40 contos (milhões de reis). Então, aos 17 anos mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar Direito, ali permanecendo sob a tutela do Dr. Carlos Peixoto.

Foto do casamento de Ary Barroso com Yvonne em 26 de fevereiro de 1930

Aprovado no vestibular, ingressa em 1921 na então Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A Faculdade seria importante na consolidação da veia artística, esportiva e política. Quando calouro, foram colegas de Faculdade mais chegados: Luís Galotti (jurista, dirigente esportivo e posteriormente ministro do STF), João Lira Filho (jurista e professor), Gastão Soares de Moura Filho (dirigente esportivo), João Martins de Oliveira, Nonato Cruz, Odilon de Azevedo (ator), Taques Horta e Anésio Frota Aguiar (jurista, político e escritor).

Adepto da boemia, é reprovado na Faculdade, abandonando os estudos no segundo ano. Suas economias exauriram o que o fez empregar-se como pianista no Cinema Íris, no Largo da Carioca e, mais tarde, na sala de espera do Teatro Carlos Gomes com a orquestra do maestro Sebastião Cirino. Tocou ainda em muitas outras orquestras.

Em 1926 retoma os estudos de Direito, sem deixar a atividade de pianista. Dois anos depois é contratado pela orquestra do maestro J. Spina, de São Paulo, para uma temporada em Santos e Poços de Caldas. Nessa época, Ary resolve dedicar-se à composição. Compõe "Amor de mulato", "Cachorro quente" e "Oh! Nina", em parceria com Lamartine Babo, seu contemporâneo na Faculdade de Direito.

Em 1929 obtém, finalmente, o bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais. Seu colega de Faculdade e grande incentivador, Mário Reis, grava "Vou a Penha" e "Vamos deixar de intimidades", que se tornou o primeiro sucesso popular.

Em 1930, Ary Barroso venceu o " Grande Concurso de Música Popular", para escolha de canções carnavalescas, promovido pela Casa Edison e pelo jornal Correio da Manhã, com a marchinha "Dá Nela", com o prêmio de cinco contos de réis.[3]

Nos anos 1930, escreveu as primeiras composições para o teatro musicado carioca. Aquarela do Brasil teve a primeira audição na voz de Aracy Cortes e regravada diversas vezes no Brasil e no exterior. Recebeu o diploma da Academia de Ciências e Arte Cinematográfica de Hollywood pela trilha sonora do longa-metragem Você já foi à Bahia? (1944),[4] de Walt Disney.

Ary com a esposa, Walt Disney e esposa, Rio, 1942
Enterro de Ary Barroso, em 1964

A partir de 1943, manteve durante vários anos o programa A hora do calouro, na Rádio Cruzeiro do Sul do Rio de Janeiro, no qual revelou e incentivou novos talentos musicais.

Também trabalhou como locutor esportivo (proporcionando momentos inusitados ao sair para comemorar os gols do seu time, o CR Flamengo), iniciando na profissão quando substituiu o locutor oficial da Rádio Cruzeiro do Sul, que se ausentou do microfone por problemas de saúde.[5]

Autor de centenas de composições em estilos variados, como choro, xote, marcha, foxtrote e samba, foi o compositor de No Tabuleiro da Baiana (1936) e Na Baixa do Sapateiro (1938), Os Quindins de Yayá (1941), Boneca de piche e Rio de Janeiro (1945), que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor canção original.

Durante os a década de 1940 e a década de 1950 compôs vários dos sucessos consagrados por Carmen Miranda no cinema. Ao compor Aquarela do Brasil, inaugurou o gênero samba-exaltação.

No centenário do compositor Ary Barroso (2003), a Rede STV SESC SENAC foi a única a produzir um documentário especial de 60 minutos sobre a vida deste brasileiro único, intitulado "O Brasil Brasileiro de Ary Barroso", com depoimentos de Sérgio Cabral (biógrafo), Dalila Luciano, Carminha Mascarenhas, Carmélia Alves, Roberto Luna, e a filha de Ary Barroso, Mariúza. A direção foi de Dimas Oliveira Junior e produção de WeDo Comunicação.

Morreu no Rio de Janeiro, em 1964, de cirrose hepática decorrente do alcoolismo, e está enterrado no Cemitério de São João Batista.[6]

Legado[editar | editar código-fonte]

Estátua do compositor no bairro do Leme

Ary Barroso foi o artista mais gravado por Carmen Miranda, com 30 músicas. Ao todo são conhecidas cerca de 264 composições de sua autoria. Aquarela do Brasil, por exemplo, teve centenas de gravações mundo afora e, até hoje, é uma das músicas que mais produz direitos autorais no exterior.[7] Dentre as homenagens póstumas ao compositor, estão estátuas em sua homenagem na sua cidade natal, Ubá, e no Rio de Janeiro, onde morou boa parte de sua vida. A família de Barroso tenta montar um museu em sua homenagem com seu acervo, dividido entre as duas cidades.[8][9]

Em 1988, Ary Barroso inspirou o enredo "Aquarylha do Brasil" apresentado pela Escola de Samba União da Ilha do Governador. Em um desfile alegre e muito bonito a escola cantou a história do compositor e de suas paixões.[10]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. (FARIAS 2010, p. 4, 41)
  2. Káritha Bernardo de Macedo. «O Museu Carmen Miranda e a baiana» (PDF). ceart.udesc.br/. Consultado em 27 de agosto de 2015 
  3. «O Que É Nosso». Correio da Manhã. 10 de janeiro de 1930 
  4. «Ary Barroso». IMDb. Consultado em 9 de fevereiro de 2016 
  5. Biblioteca Nacional (ed.). «Rádio Revista - edição de 1950». Consultado em 10 de outubro de 2021 
  6. Ary Barroso (em inglês) no Find a Grave
  7. Ary Barroso do Brasil
  8. Entretenimento, Portal Uai; Entretenimento, Portal Uai (21 de fevereiro de 2016). «Família de Ary Barroso guarda o piano em que o compositor mineiro aprendeu a tocar». Portal Uai Entretenimento. Consultado em 7 de novembro de 2022 
  9. Entretenimento, Portal Uai; Entretenimento, Portal Uai (9 de fevereiro de 2014). «Ubá guarda documentos e relíquias de Ary Barroso, que morreu há 50 anos». Portal Uai Entretenimento. Consultado em 7 de novembro de 2022 
  10. Lp dos Sambas de Enredo das Escolas de Samba do Grupo 1-A. Rio de Janeiro: 1988.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • CABRAL, Sérgio - No tempo de Ari Barroso. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, s/d.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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