Astrolábio – Wikipédia, a enciclopédia livre

Uma réplica de um astrolábio.
Astrolábio persa do século XVIII

O astrolábio é um instrumento de medida antigo usado na navegação marítima no contexto das Grandes Navegações, que servia para medir a altura e posição (latitude) dos astros no céu em relação ao horizonte; isto é, era instrumento de navegação baseado na posição das estrelas no céu. Seu surgimento é o resultado de várias teorias matemáticas aplicadas desenvolvidas por estudiosos antigos (Euclides, Ptolomeu, Hiparco de Niceia e, Hipátia de Alexandria).[1] Foi aperfeiçoado por Abraão Zacuto (1450-1522).[2] Posteriormente foi substituído pelo instrumento sextante.

Também era utilizado para resolver problemas geométricos, como calcular a altura de um edifício ou a profundidade de um poço.

Característica

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Era formado por um disco de latão graduado na sua borda, um anel de suspensão e uma mediclina (espécie de ponteiro). O astrolábio náutico era uma versão simplificada do tradicional e tinha a possibilidade apenas de medir a altura dos astros, daí calcular a latitude, para ajudar na localização em alto mar.

O disco inicial foi parcialmente aberto para diminuir a resistência ao vento. O manejo do astrolábio exigia a participação de duas pessoas; consistia em grande círculo, por cujo interior corria uma régua; isto é, uma roda dividida em graus que tinha uma seta dulpa móvel presa no centro. A parte superior da seta mostrava a altura do sol acima do horizonte.[1]

Uma pessoa suspendia o astrolábio na altura dos olhos, alinhando a régua com o sol, enquanto outra pessoa lia os graus marcados no círculo.

O desenvolvimento do astrolábio se dá com o passar dos séculos, seu surgimento é padronizado como o resultado prático de várias teorias matemáticas desenvolvidas pelos estudiosos antigos: Euclides, Ptolomeu, Hiparco de Niceia e, Hipátia de Alexandria.[1] Os indivíduos mais influentes da teoria na qual o instrumento se baseia foram Hiparco de Niceia, que definiu a teoria das projeções e a aplicou a problemas astronômicos, e Cláudio Ptolomeu (c. 90 d.C.-168 d.C.) que, em seu trabalho Planisferium, escreve passagens que sugerem que ele possuía um invento semelhante ao astrolábio.[3] Teão de Alexandria, em cerca de 390 d.C., escreveu um tratado dedicado ao astrolábio, o qual foi a base de muitos escritos sobre o assunto na Idade Média; a sua filha Hipátia de Alexandria chegou a criar um astrolábio.[4] Um de seus discípulos, Synesius de Cirene, também possuía um invento de características semelhantes. O astrolábio moderno de metal foi inventado por Abraão Zacuto em Lisboa a partir de versões árabes pouco precisas.[2]

Exploradores e cientistas notáveis que utilizaram o astrolábio

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  • Vasco da Gama, o renomado navegador português do século XV, é amplamente conhecido por sua histórica viagem para a Índia, que marcou a abertura da rota marítima entre a Europa e a Ásia. Um dos instrumentos fundamentais que o auxiliou em suas navegações foi o astrolábio, um dispositivo crucial para a navegação astronômica da época.[5]
  • Nicolau Copérnico: Astrônomo polonês do século XVI que formulou a teoria heliocêntrica. Antes da invenção do telescópio, Copérnico usou o astrolábio para suas observações astronômicas e cálculos.[6]
  • Galileu Galilei: Físico e astrônomo italiano do século XVII. Antes de desenvolver o telescópio, Galileu usou o astrolábio para observações astronômicas e para apoiar suas pesquisas.[7]
  • Cristóvão Colombo: Cristóvão Colombo usou o astrolábio como parte de seu equipamento de navegação. O astrolábio ajudava na determinação da latitude, uma habilidade crucial para a navegação oceânica na época. Apesar de ser mais conhecido por suas descobertas e pela "descoberta" das Américas, seu sucesso também deveu-se ao uso de instrumentos náuticos avançados, como o astrolábio.[8]
  • Pedro Alvares Cabral: Cabral utilizou o astrolábio e outros instrumentos de navegação para orientar sua frota durante sua expedição ao Brasil e para as Índias. O astrolábio era fundamental para medir a altura dos astros e ajudar na determinação da latitude, o que era essencial para a navegação em alto-mar na época.[9]

Referências

  1. a b c «Astrolábio». Museu de Topografia do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Consultado em 13 de novembro de 2023 
  2. a b «Astrolábio: origem e como funciona». Toda Matéria. Consultado em 13 de novembro de 2023 
  3. http://astrolabes.org/history.htm
  4. Hipátia
  5. «Astrolábio de expedição de Vasco da Gama entra para livro dos recordes». Revista Galileu. 18 de março de 2019. Consultado em 5 de setembro de 2024 
  6. «Nicolau Copérnico: biografia e teoria heliocêntrica.». Toda Matéria. Consultado em 6 de setembro de 2024 
  7. «Galileu e sua luneta sacudiram a astronomia no século 17». Jornal da USP. 25 de novembro de 2016. Consultado em 6 de setembro de 2024 
  8. «Descoberta da América: As viagens de Cristóvão Colombo». educacao.uol.com.br. Consultado em 6 de setembro de 2024 
  9. «Encontrado astrolábio que pertencia à esquadra de Vasco da Gama». Super. Consultado em 6 de setembro de 2024 

Ligações externas

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