Batalhas de Khalkhin Gol – Wikipédia, a enciclopédia livre

Batalhas de Khalkhin Gol
Conflitos fronteiriços entre a União Soviética e o Japão

Infantaria japonesa durante a batalha
Data 11 de maio a 16 de setembro de 1939
Local Rio Khalkhyn Gol, em Dornod, Mongólia
Desfecho Vitória Soviética e Mongol;
Ataque japonês encerrado
Acordo de cessar-fogo assinado
Mudanças territoriais Status quo ante bellum
Beligerantes
 União Soviética
Mongólia Mongólia
 Império do Japão
Comandantes
União Soviética Grigori Stern
União Soviética Gueorgui Júkov
União Soviética Yakov Smushkevich
Mongólia Khorloogiin Choibalsan
Império do Japão Michitarō Komatsubara
Império do Japão Yasuoka Masaomi
Império do Japão Kōtoku Satō
Forças
61 860 – 73 961[1][2][3]
500 tanques
809 aerovanes[4]
30 000 – 38 000 (incluindo forças Manchu)[5]
135 tanques,
250 aeronaves[6]
Baixas
Soldados:
União Soviética c. 27 000 mortos, feridos ou capturados[7][8]
Mongólia 556[9]-895 mortos[2]
Equipamentos:
250 aeronaves[10]
253 tanques
133 blindados
96 morteiros e artilharia
49 tratores e máquinas motrizes
652 caminhões e outros veículos[7][9]
Soldados
Império do Japão 8 440 mortos
8 766 feridos[11]
Outras estimativas:
17 206 - 63 000 mortos, feridos ou capturados;[12]
45 000 mortos ou feridos,
3 000 capturados[13]
Manchukuo 2 895 mortos, feridos ou capturados[2]
Equipmentos:
162 aeronaves[10]
30 tanques[14]

As Batalhas de Khalkhin Gol (em mongol: Халхын голын дайн; em japonês: ノモンハン事件; Japanese Romaji Nomon-Han Jiken; em russo: бои на реке Халхин-Гол; chinês simplificado: 诺门坎事件, pinyin: Nuò mén kǎn shìjiàn) foram campanhas militares dos conflitos fronteiriços soviético-japoneses não declarados envolvendo a União Soviética, Mongólia, Japão e Manchukuo em 1939. Sua designação está associada ao rio Khalkhin Gol. As batalhas resultaram na derrota do Sexto Exército japonês, reconhecida por um cessar-fogo acordado por soviéticos e japoneses em 15 de setembro.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Depois da ocupação da Manchúria em 1931 pelo Império Japonês, os japoneses iniciaram diversas escaramuças com a URSS na fronteira, usando tropas locais e tropas japonesas.

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

Tropas mongóis lutando contra o contra-ataque japonês na praia ocidental do rio Khalkhin Gol em 1939.
Soldados japoneses cruzando o Khalkhyn Gol

Os primeiro incidentes iniciaram-se em Maio de 1939 entre tropas locais, criando um pretexto para japoneses e soviéticos intervirem em larga escala. As tropas mongóis (pró-URSS) entraram em território disputado sendo afastadas por tropas manchus (pró-Japão). Os mongóis responderam expulsando os manchus da zona.

Em Maio, uma divisão japonesa fez os mongóis recuar.

Os soviéticos responderam trazendo as suas próprias tropas e derrotaram os japoneses neste primeiro embate, obrigando-os a recuar.

Ambos os lados começaram a trazer mais reforços e meios para o campo de batalha. Um dos líderes soviéticos era Gueorgui Júkov. Em Junho os japoneses já dispunham de 30 000 soldados.

Em Junho os japoneses atacaram a base aérea de Tamsak-Bulak mas sem uma autorização formal dos superiores do Exército Imperial Japonês. Para evitar um conflito de larga escala os japoneses pararam com os ataques.

No final de Junho os japoneses lançaram uma ofensiva que falhou parcialmente. Os soviéticos contra-atacaram, infligindo pesadas baixas aos japoneses e obrigando-os a recuar.

Os soviéticos entretanto conseguiram criar uma linha de abastecimento com mais de 748 km usando milhares de caminhões, enquanto que os japoneses começaram a sofrer de falhas severas no abastecimento devido à falta de veículos.

Em Julho os japoneses lançam outra ofensiva de larga escala, usando aviação e artilharia pesada, mas os ataques pouco ou nada fizeram para quebrar as linhas soviéticas. Apesar de baixas superiores a 5 000 soldados e de falta de munições para a artilharia, os restantes 75 000 japoneses e uma força aérea relevante conseguiram suster a contra-ofensiva soviética, gerando-se um impasse.

Ofensiva de Júkov[editar | editar código-fonte]

O comandante do 149º Regimento de Rifle antes da ofensivo

Depois de duas ofensivas falhadas, os japoneses reagrupavam-se para tentar uma terceira ofensiva em Agosto. No entanto, os soviéticos que até ali se tinham mantido na defensiva, perante o perigo duma guerra europeia, decidiram tomar a iniciativa de modo a terminar o conflito rapidamente. Deste modo, juntou as suas brigadas mecanizadas, incluindo as tropas locais numa ofensiva de larga escala. Os japoneses falharam em reconhecer o poderio dos soviéticos. Em agosto mais de 50 000 soldados atacaram as posições japonesas. Júkov iniciou aqui as manobras clássicas soviéticas de duplo envolvimento com tanques. Com diversas unidades japonesas cercadas, os japoneses tentam uma contra-ofensiva para se libertarem, mas sem sucesso. Os japoneses cercados recusaram-se a se render e são totalmente aniquilados, dando uma vitória aos soviéticos e obrigando os japoneses a sair da Mongólia.

Os japoneses preparavam uma contra-ofensiva para recuperar terreno mas chega a informação de que foi decretado um cessar-fogo entre os dois países.

Com este cessar-fogo, Stalin libertava unidades militares importantes a leste para assegurar mais força militar a oeste. E Setembro a Polônia era invadida na sequência do Pacto Molotov-Ribbentrop.

Consequências[editar | editar código-fonte]

Planos do grupo de ataque no norte

Os japoneses tiveram entre 8 440 mortos e 8 766 feridos.[11] Há no entanto suspeitas que os mortos poderão ter sido na ordem dos 45 000 mortos. Entre os soviéticos, registos oficiais divulgados recentemente indicam 9 703 mortos e 15 251 feridos.[8]

O ataque aéreo de Nomonhan foi primeiro registro de utilização de força aérea para alcançar um objetivo militar.[15]

Este conflito foi em parte responsável pela mudança estratégica dos japoneses. Fez os militares japoneses desviarem o foco do continente, onde pretendiam capturar os recursos naturais na Sibéria e outras regiões.

De igual modo, o cessar-fogo libertou Stalin duma preocupação a leste, podendo assim concentrar-se no que se passava na Europa. A invasão da Polónia e outras regiões europeias foi mais fácil por isso.

Em Agosto de 1941 a URSS e o Império Japonês assinaram o Pacto nipónico soviético, libertando os japoneses da frente oeste. Em Dezembro de 1941 lançaram um ataque a Pearl Harbour, abrindo assim uma guerra com os EUA.

Na cultura popular[editar | editar código-fonte]

As batalhas foram retratadas no filme sul-coreano "My Way" de 2011, no qual um coreano foi recrutado à força para combater a URSS na Mongólia. Depois de capturado, é mais tarde recrutado à força para combater os nazis na Europa, sendo aprisionado pelos nazis também.

Referências

  1. Kotelnikov p. 109 (2002)
  2. a b c Khalkhin Gol Battle: the Revision of Statistics. Retrieved 21 June 2015.
  3. Bellamy and Lahnstein (1990)The New Soviet Defensive Policy: Khalkhin Gol 1939 as Case Study p. 24
  4. Kotelnikov p. 109
  5. Bellamy and Lahnstein (1990) The New Soviet Defensive Policy: Khalkhin Gol 1939 as Case Study p. 24
  6. «Áèîãðàôèÿ Ãðèãîðèé Øòåðí». Consultado em 4 de março de 2015 
  7. a b M. Kolomiets "Boi u reki Khalkhin-Gol" Frontovaya Illyustratsia (2002)
  8. a b Россия и СССР в войнах ХХ века. Книга потерь. Москва, Вече, 2010 ISBN 978-5-9533-4672-6 pp. 158–59, 162
  9. a b Soviet Losses in the Khalkhin Gol Battle. Retrieved 21 July 2015.
  10. a b Кондратьев В. Халхин-Гол: Война в воздухе. — М.: Библиотека журнала «Техники – Молодежи». Серия «Авиация», 2002. — 64 с. Тираж 1000 экз.ISBN 5–88573–009–1.
  11. a b Coox, p. 1176
  12. Glantz, David M.; and House, Jonathan. When Titans Clashed: How the Red Army Stopped Hitler. Lawrence, KS: UP of Kansas, 1995. ISBN 0-7006-0899-0 p. 14.
  13. "Nomonhan: Japanese-Soviet Tactical Combat, 1939. Leavenworth Papers №2. by Edward J. Rea""Nomonhan: Japanese-Soviet Tactical Combat, 1939. Leavenworth Papers №2. by Edward J. Rea" Combat Studies Institute, fort Leavenworth, Kansas, 1981
  14. Yotaro Oda, 田端 元 『ノモンハン事件の真相と戦果』原史集成会 (2002) p. 51
  15. Nedialkov p. 144

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Baabar, B. (1999). From world power to Soviet satellite: History of Mongolia. University of Cambridge Press. OCLC 318985384
  • Coox, Alvin D.: Nomonhan: Japan Against Russia, 1939. Two volumes; 1985, Stanford University Press. ISBN 0-8047-1160-7
  • Drea, Edward: Nomonhan: Japanese-Soviet Tactical Combat, 1939. Leavenworth Papers study for the Combat Studies Institute of the U.S. Army.
  • Drea, Edward J. (1998). «Tradition and Circumstances: The Imperial Japanese Army's Tactical Response to Khalkhin-Gol, 1939». In the Service of the Emperor: Essays on the Imperial Japanese Army. Nebraska: University of Nebraska Press. ISBN 0-8032-1708-0 
  • Erickson, John: The Soviet High Command: A Military-Political History, 1918–1941. Routledge, 2001. ISBN 0-7146-5178-8.
  • Goldman, Stuart D. Nomonhan, 1939; The Red Army's Victory That Shaped World War II. 2012, Naval Institute Press. ISBN 978-1-59114-329-1. online review
  • Kotelnikov, Vladimir R. Air War Over Khalkhin Gol, The Nomonhan Incident. 2010; SAM publications. ISBN 978-1-906959-23-4.
  • Kuromiya, Hiroaki. "The Mystery of Nomonhan, 1939," Journal of Slavic Military Studies (2011) 24#4 pp. 659–677
  • Moses, Larry W. "Soviet-Japanese Confrontation in Outer Mongolia: The Battle of Nomonhan-Khalkin Gol," Journal of Asian History (1967) 1#1 pp. 64–85.
  • Nedialkov, Dimitar. In The Skies of Nomonhan, Japan vs Russia, May–September 1939. (2nd edition, 2011) Crecy Publishing Limited. ISBN 978-0-859791-52-6.
  • Neeno, Timothy: Nomonhan: The Second Russo-Japanese War. MilitaryHistoryOnline.com essay. Uses the Coox book and Drea paper as sources.
  • Sella, Amnon. "Khalkhin-Gol: The Forgotten War," Journal of Contemporary History (1983) 18#4 pp. 651–687 in JSTOR
  • Snow, Philip. "Nomonhan – the unknown victory," History Today (1990) 40#7 pp. 22–28
  • Snyder, Timothy (2010). «Final Solution». Bloodlands: Europe between Hitler and Stalin. New York: Basic Books. ISBN 9780465002399 
  • Young, Katsu H. "The Nomonhan Incident: Imperial Japan and the Soviet Union," Monumenta Nipponica (1967) Vol. 22, No. 1/2 (1967), pp. 82–102 in JSTOR
  • Zaloga, Steven J. Japanese Tanks 1939–45. (2007) Osprey. ISBN 978-1-84603-091-8.

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