Bom Jesus da Lapa (devoção católica) – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Bom Jesus da Lapa é uma devoção católica nascida no território hoje correspondente à cidade baiana homônima, de onde se espalhou para várias regiões do Brasil, sobretudo no Nordeste.[1]

Devotos no adro do Santuário do Bom Jesus da Lapa e da Mãe da Soledade.

Histórico[editar | editar código-fonte]

Sua origem remonta ao fim do século XVII, por iniciativa do peregrino, e posteriormente monge, português Francisco de Mendonça Mar. Segundo os relatos históricos, ele teria se estabelecido na gruta em que hoje está situado o Santuário do Bom Jesus da Lapa e da Mãe da Soledade por volta de 1690, após uma longa peregrinação pelo interior da Bahia.[1][2]

Consigo carregava a imagem de Jesus crucificado e de Nossa Senhora da Soledade, trazida por ele de Portugal. Tendo-se fixado no morro da Lapa, nas proximidades do Rio São Francisco, transformou uma reentrância na rocha num oratório para a veneração pessoal dos dois ícones religiosos que trazia.[1] Logo, grupos de pessoas das proximidades começaram a afluir em direção à Lapa, venerar o Bom Jesus, dentre os quais garimpeiros, vaqueiros e escravos alforriados.[3]

Os fama de realização de prodígios por intermédios das duas imagens, em especial a do Bom Jesus, chegaram ao conhecimento do então Arcebispo de Salvador, que, aprovando a devoção, permitiu a construção de uma capela.[2] Em 1709, o eremita Francisco foi ordenado sacerdote, sob o nome de Frei Francisco da Soledade, permanecendo na administração da capela até 1722, ano de sua morte.[4]

A devoção ao Bom Jesus da Lapa tornou-se um aspecto importante da cultura do povo sertanejo, em especial da Bahia e estados vizinhos.[5] As romarias que têm como destino final a cidade ocorrem durante todo o ano, mas em especial no dia 6 de agosto, data consagrada à devoção.[1]

Nascida de forma espontânea, por iniciativa de um então leigo, a devoção tornou-se plenamente reconhecida pela Igreja Católica, que transformou o Santuário na sede da Diocese de Bom Jesus da Lapa.[6] Ainda assim, as práticas oficiais da Igreja Católica seguem dividindo espaço com piedades populares singulares, como a prática de comercializar velas a partir da cera dos ex-votos deixados pelos peregrinos no interior do santuário.[5]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d Sanchis, 1992, 129
  2. a b Mersault, 2010, p. 176
  3. Jorge, 1998, p. 69
  4. Mersault, 2010, p. 177
  5. a b Davidson e Martin, , p. 68
  6. CNBB, 1977, 227

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • CNBB. Anuário Católico. Petrólis: Vozes, 1977.
  • DAVIDSON L. K.; MARTIN M. Pilgrimage: From the Ganges to Graceland: an Encyclopedia. Volume 1. Washington: Library of Congress, 2002.
  • JORGE, J. S. Cultura Religiosa: o homem e o fenômeno religioso. 2 ed. São Paulo: Edições Loyola, 1998.
  • MERSAULT, P. Os Nazarenos. São Paulo: Câmara Brasileira do Livro, 2010.
  • SACHIS, Pierre (org.). Catolicismo: unidade religiosa e pluralismo cultural. São Paulo: Edições Loyola, 1992.
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