Bombardeios de Roma na Segunda Guerra Mundial – Wikipédia, a enciclopédia livre
Os Bombardeios de Roma na Segunda Guerra Mundial ocorreram em diversas ocasiões entre 1943 e 1944, primordialmente pelos Aliados e, em menor escala, pelo Eixo, antes da cidade ser invadida e tomada pelos aliados em 4 de junho de 1944. O papa Pio XII tentou, inicialmente sem sucesso, declarar Roma uma cidade aberta, através das negociações com Franklin D. Roosevelt via o cardeal Francis Spellman. Roma foi finalmente declarada cidade aberta em 14 de agosto de 1943 — um dia depois do último bombardeio aliado — pelas forças defensoras.[1]
Nas 110 000 missões que compuseram a campanha aérea aliada, 600 aeronaves foram abatidas e 3 600 pilotos e tripulantes foram mortos; 60 000 toneladas de bombas foram jogadas nos 78 dias anteriores à captura de Roma.[2]
Correspondência entre Pio XII e Roosevelt[editar | editar código-fonte]
Depois do primeiro bombardeio aliado de Roma em 16 de maio de 1943 (três meses antes do exército alemão ocupar a cidade, o papa Pio XII escreveu a Roosevelt pedindo que Roma "fosse poupada tanto quanto possível de mais dor e devastação, e seus muitos adorados santuários...de irreparável ruína".[3]
Em 16 de junho de 1943, Roosevelt respondeu:
“ | Ataques contra a Itália são limitados, na medida do humanamente possível, aos alvos militares. Não fizemos e não faremos guerra contra civis ou outros objetivos não militares. Na hipótese de ser necessário para os aviões aliados operarem sobre Roma, nossos pilotos foram amplamente informados sobre a localização do Vaticano e foram especificamente instruídos a evitarem que bombas caiam sobre a Cidade do Vaticano | ” |
O bombardeio de Roma era controverso e o general Henry H. Arnold descreveu a Cidade do Vaticano como uma "batata quente" por causa da importância dos católicos para as forças armadas norte-americanas.[5] A opinião pública britânica, porém, estava mais disposta a bombardear a cidade, principalmente por causa da participação de aviões italianos na Blitz sobre Londres.[5] H. G. Wells era um dos mais ativos defensores desta estratégia.[6]
Raides notáveis[editar | editar código-fonte]
19 de julho de 1943[editar | editar código-fonte]
Em 19 de julho de 1943, Roma foi bombardeada novamente, desta vez com mais força, por 521 aviões aliados que tinham três alvos principais, provocando baixas civis. Depois do raide, o papa Pio XII, juntamente com o monsenhor Montini (futuro papa Paulo VI), viajaram até San Lorenzo fuori le Mura, que havia sido duramente atingida e distribuíram 2 milhões de liras ao povo.[7][8] Entre onze da manhã e meio-dia, 150 B-17 Flying Fortress atacaram a siderúrgica e o pátio de carga em San Lorenzo. À tarde, um segundo raide atacou o "Scalo del Littorio", do lado norte de Roma. O terceiro alvo foi o aeroporto de Ciampino, a sudeste de Roma.
13 de agosto de 1943[editar | editar código-fonte]
Três semanas depois, em 13 de agosto, aviões aliados novamente bombardearam a cidade, principalmente San Lorenzo e Scalo del Littorio.[9]
Vaticano[editar | editar código-fonte]
O Vaticano manteve uma política oficial de neutralidade durante a guerra.[10] Bombardeiros aliados e do Eixo se esforçaram para não atacar o Vaticano em seus ataques a Roma. Porém, ainda assim, o Vaticano foi bombardeado pelo menos duas vezes, uma pelos britânicos e outra pelos alemães.
5 de novembro de 1943[editar | editar código-fonte]
Em 5 de novembro de 1943, um único avião jogou quatro bombas sobre o Vaticano, destruindo um estúdio de mosaicos perto da estação de trem do Vaticano, quebrando as janelas da cúpula da Basílica de São Pedro e quase destruindo a Rádio Vaticano.[11] Ninguém morreu.[11] Danos deste raide ainda são visíveis.[12][13]
1 de março de 1944[editar | editar código-fonte]
Em 1 de março de 1944, aviões alemães jogaram seis bombas sobre o Vaticano, enchendo a praça de São Dâmaso de entulho.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ Döge, p. 651–678
- ↑ Lytton, p. 55 & 57
- ↑ Roosevelt et al., p. 90
- ↑ Roosevelt et al., p. 91
- ↑ a b Murphy and Arlington, p. 210
- ↑ H.G. Wells. Crux Ansata: An Indictment of the Roman Catholic Church (em inglês). [S.l.: s.n.]
- ↑ Murphy and Arlington, p. 212–214
- ↑ Trevelyan, p. 11
- ↑ Murphy and Arlington, p. 214–215
- ↑ «Vatican City in World War II». WW2DB. Consultado em 13 de julho de 2021
- ↑ a b Murphy and Arlington, p. 222
- ↑ Sonnen, John Paul (31 de maio de 2008). «ORBIS CATHOLICVS: WWII: when the Vatican was bombed...». ORBIS CATHOLICVS. Consultado em 13 de julho de 2021
- ↑ «Loading...». battlefieldseurope.co.uk. Consultado em 13 de julho de 2021
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Döge, F.U. (2004) "Die militärische und innenpolitische Entwicklung in Italien 1943-1944", Chapter 11, in: Pro- und antifaschistischer Neorealismus. PhD Thesis, Free University, Berlin. 960 p. (em alemão)
- Jackson, W.G.F. (1969) The Battle for Rome. London: Batsford. ISBN 0-7134-1152-X (em inglês)
- Katz, R. (2003) The Battle for Rome: The Germans, the Allies, the Partisans, and the Pope, September 1943 – June 1944. New York : Simon & Schuster. ISBN 0-7432-1642-3(em inglês)
- Kurzman, D. (1975) The Race for Rome. Garden City, New York: Doubleday & Company. ISBN 0-385-06555-8(em inglês)
- Lytton, H.D. (1983) "Bombing Policy in the Rome and Pre-Normandy Invasion Aerial Campaigns of World War II: Bridge-Bombing Strategy Vindicated – and Railyard-Bombing Strategy Invalidated". Military Affairs. 47 (2: April). p. 53–58(em inglês)
- Murphy, P.I. and Arlington, R.R. (1983) La Popessa: The Controversial Biography of Sister Pasqualina, the Most Powerful Woman in Vatican History. New York: Warner Books Inc. ISBN 0-446-51258-3(em inglês)
- Roosevelt, F.D. Pius XII, Pope and Taylor, M.C. (ed.) [1947] (2005) Wartime Correspondence Between President Roosevelt and Pope Pius XII. Whitefish, MT: Kessinger. ISBN 1-4191-6654-9(em inglês)
- Trevelyan, R. 1982. Rome '44: The Battle for the Eternal City. New York: Viking. ISBN 0-670-60604-9(em inglês)
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- «Bombing of Rome» (em inglês). FDR presidential library
- «Collection of documents related to Australian bishops and the bombing of Rome» (em inglês)