Brasil (corveta) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Brasil
Brasil (corveta)
 Brasil
Proprietário Armada Imperial Brasileira
Operador Armada Imperial Brasileira
Fabricante Forges et Chantiers de la Méditerranée,
Custo 1 560 000 francos
Homônimo Brasil
Data de encomenda 5 de janeiro de 1863
Construção 1864-1865
Estaleiro Forges et Chantiers de la Méditerranée, La Seyne-sur-Mer
Batimento de quilha 1864
Lançamento 23 de dezembro de 1864
Batismo 23 de dezembro de 1864
Comissionamento 31 de julho de 1865
Viagem inaugural 1 de julho de 1865
Descomissionamento 1879
Comandante(s) Henrique Antônio Baptista
José Cândido Guillobel
João Mendes Salgado
Vitórias Guerra do Paraguai
Estado Desmontado
Características gerais
Tipo de navio Corveta
Deslocamento 15 518t
Maquinário 2 caldeiras
Comprimento 63,41 m (208 pés)
Boca 10,75 m (35 pés)
Calado 3,81 m (12,5 pés)
Propulsão Velas e vapor
3 mastros
2 caldeiras
Motor à expansão simples
Potência de 250 cavalos
Hélice de 4 pás
- 250 cv (184 kW)
Velocidade 10,5 nós (19,4 km/h)
Armamento 4 canhões Whitorth de 70 cal. de carregamento frontal
4 canhões de 68 cal. de alma lisa
1 canhão de 12 cal. de alma lisa.
Blindagem Cinta do casco - 114 mm à meia nau
90 mm na proa e na popa
Casamata - 102 mm
O casco e casamata com reforço de 230 mm de madeira.
Tripulação 135

O Brasil foi o primeiro navio encouraçado da Armada Imperial Brasileira. Foi construído pelo estaleiro francês Forges et chantiers de la Méditerranée, na cidade de La Seyne-sur-Mer como parte de uma exaltação proveniente da Questão Christie. Concluído em 1864, ficou retido no porto de Toulon após uma tentativa paraguaia de impedir a entrega da embarcação a tempo de entrar em combate. Depois da mediação do governo português, o navio partiu direto do porto francês para o Brasil e em seguida partiu para a Guerra do Paraguai. Durante essa guerra, prestou diversos serviços e esteve em combate, participando do bombardeio à Curupaiti e destruindo o forte de Angostura. Foi descomissionado e subsequentemente desmontado em 1879.

Características gerais[editar | editar código-fonte]

A corveta Brasil foi construída seguindo um projeto francês com adaptações feitas pelo engenheiro naval brasileiro Napoleão Level. A embarcação é reconhecida como o primeiro navio encouraçado a operar pela Armada Brasileira. Ele foi construído para navegar com facilidade tanto no Oceano Atlântico como em rios (especificamente o Prata). Tinha 63,41 metros de comprimento, uma boca de 10,75 metros e um calado de 3,81 metros. O navio deslocava 1 518 toneladas. O Brasil estava equipado com um motor a vapor de expansão única simples, com capacidade estimada de 250 cavalos de potência, que utilizava o vapor gerado por duas caldeiras para acionar uma única hélice de quatro pás. Projetado para uma velocidade de 10,5 nós, o Brasil atingiu 11,7 nós durante suas provas de mar no Rio de Janeiro. O navio tinha capacidade para armazenar 170 toneladas de carvão, embora nada se tenha informações sobre seu alcance ou resistência. Ele estava equipado com três mastros e um gurupés. Sua área vélica era de 550 metros quadrados.[1][2][3][4][5]

A embarcação estava armada com quatro canhões de carregamento por focinho Whitworth de 70 libras e quatro canhões de cano liso de 68 libras. O Brasil tinha uma faixa de blindagem de ferro forjado que variava em espessura indo de 90 milímetros nas extremidades do navio até 114 milímetros a meia nau. A casamata tinha 102 milímetros de espessura. Tanto o cinto quanto a armadura de casamata eram apoiados por 230 milímetros de madeira. Posteriormente, ele sofreu significativas alterações por parte de Henrique Antônio Baptista.[2][4][5][6]

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Em 1863, Brasil e Inglaterra estavam à beira de uma guerra por causa da Questão Christie, os britânicos haviam apreendido cinco navios brasileiros e em resposta o Brasil reforçou suas fortalezas costeiras. Em 10 de janeiro de 1863, o governo brasileiro fechou o contrato com o estaleiro francês Forges et Chantiers de la Mediterranée tendo desembolsado £60 mil provenientes de uma subscrição pública. O batimento de quilha aconteceu no mesmo ano e o lançado ao mar em 23 de dezembro de 1864, a entrega foi feita à Marinha do Brasil em 2 de março de 1865, após mediação de Portugal para liberação no navio que estava retido na França.[7][8]

Guerra do Paraguai[editar | editar código-fonte]

Brasil e Inglaterra não entraram em guerra, restabelecendo suas relações em 1865, mas em 1 de março de 1864, após a apreensão do vapor brasileiro Marquês de Olinda por forças paraguaias e a consequente invasão do território brasileiro, teve início a Guerra do Paraguai. Em 1865, os paraguaios tentaram impedir que os navios brasileiros em construção, incluindo o Brasil que já estava quase pronto, fossem entregues ao Brasil retendo-os na Europa. O Brasil foi rebocado e atracado perto de uma pequena frota francesa, como parte de um embargo francês. O Barão de Penedo, que era o embaixador brasileiro na Europa, conseguiu liberar a entrega dos navios e em 1 de julho de 1865, o Brasil partiu de Toulon, sendo saudado por tiros de canhão dos navios franceses no porto. Um vapor acompanhou a corveta brasileira até a Ilha da Madeira de onde levou os trabalhadores de volta para a França após estes realizarem os testes navais. A viagem dele para o Brasil foi muito conturbada devido às péssimas condições de higiene. Durante essa viagem, ele passou pela Ilha de São Vicente, em Cabo Verde chegando ao Recife em 12 de julho e no porto do Rio de Janeiro em 29 de julho.[5][7][1]

Primeiras ações[editar | editar código-fonte]

O Brasil, já sem mastros e seriamente danificado após o ataque ao Forte de Curupaiti em 1866.

No dia 9 de setembro de 1865, passou pela mostra do armamento na Província Santa Catarina. Findada a cerimônia, foi enviado para o campo de batalha da Guerra do Paraguai, fazendo, em 20 de novembro, escala em Montevidéu, Uruguai, antes de entrar em combate. Passados alguns meses, ele navegou para o Porto de Constitución para alguns exames preliminares. Em 23 de março de 1866, foi incorporado á Segunda Divisão da Esquadra em Operações de Guerra. Sua primeira participação significativa na guerra foi um ataque ao vapor Gualeguaí, esse vapor refugiou-se em Itapiru após algumas horas de combate. Porém, a tripulação do Brasil, não desistiu do ataque, destruindo a fortaleza no dia 28 desse mesmo mês. No dia 20 de maio, ele protegeu a corveta Magé enquanto estava sendo desencalhada. Seguiu-se um combate penoso de cerca de seis meses no qual a fortaleza de Curupaiti foi destruída. Terminada essa batalha, navegou para o Rio de Janeiro para verificações e reparos de rotina.[7][1]

Últimas ações[editar | editar código-fonte]

Findados os reparos, em 28 de março, partiu da capital se juntando à Esquadra em 6 de maio. Em 2 de março de 1868, forneceu suporte aos encouraçados Lima Barros e Cabral, que haviam sido atacados e abordados de surpresa. Em 10 de abril, participou no bombardeio de Humaitá. Entre 30 de julho e 1 de agosto, tomou parte nos combates do Lago Verá. Em 16 de agosto, atacou a passagem do Timbó. Em 10 de outubro, atacou o Passo de Angostura. Este ataque teve a duração de um mês, nos combates o comandante foi ferido e um praça foi morto. O referido passo foi destruído em 26 de novembro. Após o término da guerra, o Brasil foi realocado para o Mato Grosso ficando assim até 1879, quando foi classificado como bateria flutuante e parcialmente desarmado. Ele foi desmontado nesse mesmo ano.[7][1]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d «Brasil, Encouraçado (1864-1879)» (PDF). Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha. Ministério da Marinha. Consultado em 9 de junho de 2021 
  2. a b Gratz 1999, p. 141
  3. Serviço de Documentação Geral da Marinha do Brasil (1975). História Naval Brasileira. 5. Brasil: O Serviço. p. 41 
  4. a b Chesneau, Roger; Koleśnik, Eugène M.; Campbell, N. J. M. (1979). Conway's all the world's fighting ships, 1860-1905 1st American ed. Nova Iorque: Mayflower Books. p. 404. OCLC 4775646 
  5. a b c Martini, Fernando Ribas de (2014). Construir navios é preciso, persistir não é preciso (Dissertação de Mestrado). Universidade de São Paulo. p. 114. doi:10.11606/D.8.2014.tde-23012015-103524. Consultado em 27 de junho de 2021 
  6. Gardiner 1979, p. 405
  7. a b c d «Corveta Encouraçada Brasil». Navios de Guerra do Brasil. Consultado em 22 de novembro de 2018 
  8. Silveira, Mauro César (2003). Adesão fatal: a participação portuguesa na Guerra do Paraguai. Brasil: EDIPUCRS. p. 188. ISBN 9788574303741 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]