Cabo de Santo Agostinho (acidente geográfico) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Cabo de Santo Agostinho
Cabo de Santo Agostinho (acidente geográfico)
Praia de Calhetas, situada na face norte do cabo de Santo Agostinho.
País Brasil
Região Cabo de Santo Agostinho,
Pernambuco
Mar(es) Oceano Atlântico

O cabo de Santo Agostinho é um promontório (cabo composto por rochas elevadas) localizado no município de Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, estado brasileiro de Pernambuco. Foi o local exato do descobrimento do Brasil pelo navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón, no dia 26 de janeiro de 1500.[1][2][3]

A formação rochosa, caracterizada por uma extrusão vulcânica que avança sobre o mar, é também um marco geológico mundial por representar o último ponto de ruptura entre a América do Sul e a África — que até então eram unidas em uma única e imensa massa continental denominada Gondwana (a parte sul da Pangeia).[4]

História[editar | editar código-fonte]

De acordo com diversos historiadores, o cabo de Santo Agostinho foi o local exato do descobrimento do Brasil.[5][1][2][6][3]

Pormenor do extremo oriental da América do Sul no Mapa de Juan de la Cosa, de 1500. A leste do cabo de Santo Agostinho aparece, desconectada do continente, a Ilha de Vera Cruz (Ysla descubierta por Portugal).

Entretanto, a navegação de navios castelhanos ao longo da costa brasileira não produziu consequências. A chegada de Pinzón pode ser vista como um simples incidente da expansão marítima espanhola. Por isso, considera-se que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil.[7]

Uma esquadra espanhola composta por quatro caravelas zarpou de Palos de la Frontera no dia 19 de novembro de 1499. Após cruzar a linha do Equador, o navegador Vicente Yáñez Pinzón enfrentou uma forte tempestade, e então, no dia 26 de janeiro de 1500, avistou o cabo e ancorou suas naus num porto abrigado e de fácil acesso a pequenas embarcações, com 16 pés de fundo, segundo as indicações da sonda. O referido porto era a enseada de Suape, localizada na encosta sul do promontório, que a expedição denominou cabo de Santa María de la Consolación. A Espanha não reivindicou a descoberta, minuciosamente registrada por Pinzón e documentada por importantes cronistas da época como Pietro Martire d'Anghiera e Bartolomeu de las Casas, devido ao Tratado de Tordesilhas, assinado com Portugal.[5][1]

O mapa de Juan de la Cosa, carta do século XV, mostra a costa sul-americana enfeitada com bandeiras castelhanas do cabo da Vela (na atual Colômbia) até o extremo oriental do continente. Ali figura um texto que diz "Este cavo se descubrio en año de mily IIII X C IX por Castilla syendo descubridor vicentians" ("Este cabo foi descoberto em 1499 por Castela sendo o descobridor Vicente Yáñez") e que muito provavelmente se refere à chegada de Pinzón em finais de janeiro de 1500 ao cabo de Santo Agostinho.[8]

Em 1501, partiu de Portugal uma expedição de reconhecimento da costa brasileira, expedição esta confiada a Américo Vespúcio e comandada por Gonçalo Coelho. A frota atingiu o cabo em 28 de agosto, dia da morte de Agostinho de Hipona. O promontório foi então batizado como "cabo de Santo Agostinho".[9]

Em 5 de setembro de 1501, Vicente Yáñez Pinzón foi condecorado pelo rei Fernando II de Aragão por ter descoberto o Brasil.[10]

O cabo foi a primeira porção de terra avistada pelo aventureiro alemão Hans Staden em sua viagem ao Brasil no ano de 1549, cujo desembarque se deu no porto do Recife.[11]

Divisão da Pangeia e de Gondwana.

Características[editar | editar código-fonte]

Acidente geográfico com mais de 100 milhões de anos, o cabo de Santo Agostinho representa, geologicamente, a única região onde afloram rochas graníticas de idade cretácica em todo o Brasil. Constitui ainda o último ponto de ruptura entre a América do Sul e a África, que até então eram unidas em uma única e imensa massa continental denominada Gondwana (a parte sul da Pangeia).[3][6][4]

Neste local encontram-se construções datadas do período colonial, com destaque para a Igreja de Nossa Senhora da Nazaré e as ruínas do Convento Carmelita, do Forte Castelo do Mar e do Forte São Francisco Xavier, bem como as praias de Gaibu, Calhetas, Paraíso e Suape.[3][6]

Por muito tempo se achou que o cabo de Santo Agostinho era o ponto mais oriental do Brasil e das Américas, porém medições cartográficas recentes, feitas com o uso de tecnologias modernas, atestaram que a Ponta do Seixas na Paraíba é o extremo leste do continente americano.[3][6]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c Henri Beuchat. «Manual de arqueología americana» (em espanhol). p. 77. Consultado em 23 de abril de 2019 
  2. a b «Martín Alonso Pinzón and Vicente Yáñez Pinzón» (em inglês). Encyclopædia Britannica. Consultado em 3 de fevereiro de 2020 
  3. a b c d e «Geoparque Litoral Sul de Pernambuco - CPRM». Serviço Geológico do Brasil. Consultado em 14 de abril de 2019 
  4. a b «Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, já foi vizinho da África». UOL. Consultado em 16 de junho de 2019 
  5. a b Antonio de Herrera y Tordesillas. «Historia general de los hechos de los Castellanos en las islas y tierra firme de el Mar Oceano, Volume 2». p. 348. Consultado em 22 de abril de 2019 
  6. a b c d «Uma história do litoral pernambucano e o porto dos caminhos sinuosos» (PDF). Unicap. Consultado em 14 de abril de 2019 
  7. «Primeira Missa». Enciclopédia Delta de História do Brasil. [S.l.]: Editora Delta S/A. 1969. p. 1439 
  8. DAVIES, Arthur (1976). «The Date of Juan de la Cosa's World Map and Its Implications for American Discovery». The Geographical Journal. 142 (1). págs. 111-116 
  9. «Amerigo Vespucci: narrativas, mapas e aventuras marítimas». Diário do Nordeste. Consultado em 23 de abril de 2019 
  10. «Capitulación otorgada a Vicente Yáñez Pinzón» (em espanhol). El Historiador. Consultado em 23 de abril de 2019 
  11. Hans Staden. «Duas Viagens ao Brasil». L&PM. Consultado em 19 de abril de 2019 
Sequência de acidentes geográficos
Oceano Atlântico
precedida por:

Praia de Suape

Cabo de Santo Agostinho sucedida por:

Praia de Gaibu