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Campos de Carvalho
Nome completo Walter Campos de Carvalho
Nascimento 1 de novembro de 1916
Uberaba, Brasil
Morte 10 de abril de 1998 (81 anos)
São Paulo, Brasil
Nacionalidade Brasil Brasileiro
Ocupação Escritor
Género literário Literatura nonsense ou absurda
Magnum opus Obra Reunida

Walter Campos de Carvalho (Uberaba, 1º de novembro de 1916São Paulo, 10 de abril de 1998), foi um escritor brasileiro.[1]

Infância e educação[editar | editar código-fonte]

Filho do comerciante Jonas Carvalho e de Floriscena Cunha Campos Carvalho, foi o caçula de seis irmãos. Aos 16 anos, contrariando a família católica, declarou-se ateu. Em 1938 formou-se em direito na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, tendo se aposentado como procurador do estado de São Paulo, onde permaneceu até a aposentadoria, aos 53 anos.[2][3]

Na faculdade, aproximou-se do movimento anarquista. Em meados da década de 1930, colaborou nos jornais A Plebe e Lavoura e Commercio. No início dos anos 1950, mudou-se a trabalho, junto da esposa Lygia Rosa de Carvalho, para o Rio de Janeiro, retornando a São Paulo somente no final dos anos 1980.

Carreira[editar | editar código-fonte]

Sua vida sempre esteve ligada à literatura, tendo publicado inicialmente Banda forra (ensaios humorísticos), em 1941, e Tribo (romance), em 1954. Mais tarde, escreveu os romances A Lua vem da Ásia (1956), Vaca de Nariz Sutil (1961), A Chuva Imóvel (1963) e O Púcaro Búlgaro (1964), hoje considerados verdadeiros marcos da literatura brasileira. A Lua vem da Ásia e A Chuva Imóvel chegaram a ser traduzidos para o francês. Em 1965, a Civilização Brasileira publicou, em uma antologia temática, o Espantalho habitado de pássaros.[4]

Campos de Carvalho, como ficou conhecido no meio literário, também colaborou com O Pasquim e trabalhou no jornal O Estado de S. Paulo, no período de 1968 a 1978.[5]

Em entrevistas, o escritor adotava sempre uma postura clown.[6]

Nasci clown e morrerei clown, embora a vida toda tenha sido um mero funcionário público. (Todos os funcionários públicos são meros, quando deveriam ser melros). Sou eternamente grato a um crítico que certa vez me chamou de clown (nem a minha própria mãe me chamou assim) — como sou grato aos que me chamaram de palhaço com segundas intenções ou mesmo com terceiras. Antes de morrer ainda hei de armar o meu pavilhão auricular, isto é, dourado, em todas as praças do mundo e dele partir como um bólido rumo a todas as constelações, pregando a hilaridade e a língua de fora à boa maneira de Einstein e dos enforcados: ASSIM!” — Cf. “Os Anais do Campos de Carvalho”. In: O Pasquim

Há quem me tome por louco e eu mesmo já me tomei. Mas basta uma visita ao hospício para me convencer — desgraçadamente — do contrário. É como se fosse um lobo vestido com a pele de um cordeiro: expulsam-me só pelo faro. O título do livro que estou escrevendo no momento é exatamente Maquinação da Máquina, Especulação de Espelho. Assim como a 4ª Sinfonia de Charles Ivens exige a presença de três maestros para ser bem interpretada, assim também penso que esse meu novo livro, para ser bem compreendido, deva ser lido simultaneamente por três leitores”. Revista O Cruzeiro, 30 de outubro de 1969

Obras do autor[editar | editar código-fonte]

  • Banda Forra, ensaios humorísticos (1941)
  • Tribo, romance (1954)
  • A Lua Vem da Ásia, romance (1956)
  • Vaca de Nariz Sutil, romance (1961)
  • A Chuva Imóvel, romance (1963)
  • O Púcaro Búlgaro, romance (1964)

Outras obras[editar | editar código-fonte]

As principais obras de Campos de Carvalho permaneceram na obscuridade durante décadas, virando raridades. Em 1995 (31 anos depois do seu último livro) a Editora José Olympio republicou os quatro títulos prediletos de Campos de Carvalho em um único volume. Mais recentemente foi lançado o livro Cartas de Viagens e Outras Crônicas.

  • Obra Reunida (1995)
  • Cartas de Viagens e Outras Crônicas (2006)

Em 2005, a biografia Quem Tem Medo de Campos de Carvalho, de Juva Batella, foi lançada pela editora 7letras. Em 2012, Augusto Guimaraens Cavalcanti publicou o romance Fui à Bulgária procurar por Campos de Carvalho (7letras), inspirado em O púcaro búlgaro, de Campos de Carvalho.

  • Juva Batella, Quem Tem Medo de Campos de Carvalho, biografia ficcional (2005)
  • Augusto Guimaraens Cavalcanti, Fui à Bulgária Procurar por Campos de Carvalho, ficção (2012)

Adaptações para o teatro[editar | editar código-fonte]

As obras de Campos de Carvalho foram adaptadas para o teatro pelo menos três vezes:

  • Aderbal Freire Filho adaptou O Púcaro Búlgaro para o teatro em 2006.
  • O grupo de teatro Parlapatões adaptou Vaca de Nariz Sutil em 2008.
  • Moacir Chaves adaptou cenicamente o livro A Lua Vem da Ásia em 2011.

Referências

  1. «Campos de Carvalho». www.tirodeletra.com.br. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  2. «O escritor , campos de Carvalho». Super. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  3. Continente, Revista. «Variações sobre o intruso partido: Campos de Carvalho». Revista Continente. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  4. «Memória literária | 100 anos de Campos de Carvalho». Biblioteca Pública do Paraná. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  5. Heck, Caroline Rafaela (30 de julho de 2010). «A CRÍTICA LITERÁRIA E CAMPOS DE CARVALHO: REFLEXOS DA INTELECTUALIDADE» (PDF). X Encontro Estadual de História. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  6. Rosa, Victor da (janeiro–junho de 2018). «CAMPOS DE CARVALHO, CLOWN». Departamento de Letras Vernáculas da Universidade Federal de Sergipe. Travessias Interativas. Vol. 8 (N. 15): 267–275. ISSN 2236-7403. Consultado em 22 de dezembro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]