Carpintaria naval na Amazônia – Wikipédia, a enciclopédia livre

A carpintaria naval na Amazônia é um ofício ancestral de construção artesanal de embarcações por carpinteiros navais (mestres carpinteiros artesões) residentes na Região Norte do Brasil.[1][2]

A carpintaria e a construção naval são importantes nesta região, onde comunidades amazônidas / regiões ribeirinhas são interligadas por muitos rios e igarapés,[1] em uma extensa malha hidroviária de 22 mil quilômetros de rios navegáveis,[3] onde algumas somente podem acessadas com uso de embarcações.[1] Representando assim o meio de transporte mais comum por ser adaptável a este ambiente.[1][3]

No estado do Pará, a região administrativa do "Baixo Tocantins" ou "Amazônia Tocantina" (formada pelas regiões imediatas de Abaetetuba e Cametá[4]) até a década de 1980 foi o centro de Construção Naval do estado, com a produção de embarcações de vários portes, onde os estaleiros eram reconhecidos como escolas.[1] A carpintaria naval é também muito praticada em outros municípios, com destaque para: Bragança;[5] Vigia de Nazaré na Vila do Itapuá;[6][7] Maracanã na Vila da Penha;[8]

No estado do Amazonas, temos como exemplo Manaus.[9]

História[editar | editar código-fonte]

Os primeiros indícios da carpintaria naval na região amazônida encontram-se na época dos nativos da região, que utilizavam diáriamente canoas como meio de transporte fluvial, onde esse processo construtivo primário baseava-se na observação da natureza somado à necessidade de sobrevivência.[10] Passando o tempo, a pequena canoa evoluíu para um modelo de embarcação moderna, mais adaptada às necessidades das novas gerações, que persistem até os dias atuais através do saber tradicional como um importante um item de necessidade básica para a subsistência dos ribeirinhos e indústria pesqueira de pequeno porte.[10] Conforme o pesquisador Sérgio Cardoso de Moraes “a relação entre homens e águas remonta à origem de nossas vidas, dada a importância dos oceanos e rios na evolução da espécie humana”.[10]

Incentivo[editar | editar código-fonte]

Em 2012, o Ministério Brasileiro da Pesca e Aquicultura (MPA) realizou o Programa de Revitalização da Frota Pesqueira Artesanal (Revitaliza) em parceria com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF).[3]

Referências

  1. a b c d e Dias, Robson do Carmo Dutra; Brandemberg, João Claudio (15 de agosto de 2023). «Carpintaria naval e saberes matemáticos: Um estudo sociocultural na Amazônia Tocantina – PA». International Seven Journal of Multidisciplinary (em inglês) (4): 566–581. ISSN 2764-9547. doi:10.56238/isevmjv2n4-007. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  2. Costa, Nivia Maria Vieira Costa; Melo, Lana Gabriela Guimarães; Costa, Norma Cristina Vieira (10 de fevereiro de 2018). «A Etnofísica da Carpintaria Naval em Bragança - Pará - Brasil». Amazônica - Revista de Antropologia (1): 414–436. ISSN 2176-0675. doi:10.18542/amazonica.v9i1.5497. Consultado em 26 de julho de 2023. Resumo divulgativo 
  3. a b c de Oliveira, Luciene Strada (2014). Modernização da Frota Ribeirinha: políticas e estratégias (PDF). [S.l.]: Escola Superior de Guerra. Resumo divulgativo 
  4. «Região de Integração - Tocantins». Navega Pará 
  5. Costa, Nivia Maria Vieira Costa; Melo, Lana Gabriela Guimarães; Costa, Norma Cristina Vieira (10 de fevereiro de 2018). «A Etnofísica da Carpintaria Naval em Bragança - Pará - Brasil». Amazônica - Revista de Antropologia (1): 414–436. ISSN 2176-0675. doi:10.18542/amazonica.v9i1.5497. Consultado em 26 de julho de 2023. Resumo divulgativo 
  6. Pantoja, Ligia Françoise Lemos; Silva, Rodrigo Erasmo da Conceição; Palheta, Dulcilene Freitas; Albuquerque, Silvia Maria Leal (3 de julho de 2017). «Etnomatemática e construção naval: os saberes de geometria dos carpinteiros navais da Vila do Itapuá -Vigia/PA». Revista Cocar (3): 207–224. ISSN 2237-0315. Consultado em 12 de setembro de 2023 
  7. Silva, Francisco José Oliveira da; Lopes, Paulo Roberto do Canto (24 de maio de 2022). «SABERES DE MESTRES CARPINTEIROS NAVAIS DE VIGIA, NO PARÁ: PATRIMÔNIO CULTURAL AMEAÇADO». Ethnoscientia - Brazilian Journal of Ethnobiology and Ethnoecology (2): 64–78. ISSN 2448-1998. doi:10.18542/ethnoscientia.v7i2.12139. Consultado em 12 de setembro de 2023 
  8. Oliveira, Jorge; da Silva Júnior, Carlos Alberto Santos. ESPÉCIES VEGETAIS UTILIZADAS NA CARPINTARIA NAVAL NA LOCALIDADE VILA DA PENHA, MARACANÃ, PARÁ, BRASIL (PDF). [S.l.]: 60º Congresso Nacional de Botânica 
  9. Silva, Jefferson Gil da Rocha (13 de junho de 2016). «Saberes e práticas tradicionais: as condições do trabalho nos estaleiros navais à beira-rio da cidade de Manaus» (PDF). Consultado em 11 de outubro de 2023. Resumo divulgativo 
  10. a b c Costa, Nivia Maria Vieira Costa; Melo, Lana Gabriela Guimarães; Costa, Norma Cristina Vieira (10 de fevereiro de 2018). «A Etnofísica da Carpintaria Naval em Bragança - Pará - Brasil». Amazônica - Revista de Antropologia (1): 414–436. ISSN 2176-0675. doi:10.18542/amazonica.v9i1.5497. Consultado em 26 de julho de 2023. Resumo divulgativo