Carta Pascoal – Wikipédia, a enciclopédia livre

Cartas Pascoais ou Cartas Festivas são séries de cartas enviadas anualmente através das quais os bispo de Alexandria, seguindo uma decisão do Primeiro Concílio de Niceia, anunciam a data na qual a Páscoa deve ser celebrada (vide data da Páscoa). A escolha de Alexandria deu-se principalmente por causa de sua famosa escola de astronomia[1].

As mais famosas foram as de Atanásio, cuja coleção foi redescoberta numa tradução síriaco em 1842[2]. Mas cartas de outros bispos alexandrinos também sobreviveram, incluindo as de São Cirilo de Alexandria.

39ª Carta Pascoal de Atanásio[editar | editar código-fonte]

Das 45 Cartas Pascoais de Atanásio, a 39ª, escrita para a Páscoa de 367, é importante por sua ligação com a consolidação do cânon da Bíblia[3].

Nela, Atanásio lista os livros do Antigo Testamento como sendo 22, seguindo a tradição judaica. Aos livros da Tanakh, acrescenta o Livro de Baruque e Carta de Jeremias, mas exclui o Livro de Ester. A carta lista também os livros do Novo Testamento como os tradicionais 27: os 4 Evangelhos, os Atos dos Apóstolos, as 7 Epístolas Gerais (listadas na ordem que aparecem nas edições modernas) e as 14 Epístolas Paulinas (com a Epístola aos Hebreus entre II Tessalonicenses e as Epístolas Pastorais), terminando com o Apocalipse. Embora a ordem de Atanásio seja diferente da moderna, trata-se da mais antiga referência ao cânone moderno do Novo Testamento[4].

Atanásio reconhece, não como parte do cânon da Bíblia, mas como livros "nomeados pelos Padres para serem lidos pelos recém-chegados e que desejam se instruir nas palavras de Deus", a Sabedoria de Salomão, os livros de Ester, Judite e Tobias, além da Didaquê e o Pastor de Hermas (apesar disso, ele os trata como "canonizados" ou "canônicos")[5][6].

Além destes, Atanásio lista também os livros que devem ser rejeitados, chamando-os de apócrifos (apocrypha) e descrevendo-os como "uma invenção dos heréticos, que os escrevem quando querem, aprovando-os e inventando para eles uma data para que, fazendo-os passar por obras antigas, encontrem formas de afastar os mais simplórios [da verdade]".

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências