Central Nuclear de Fukushima I – Wikipédia, a enciclopédia livre

Usina Nuclear de Fukushima I
福島第一原子力発電所
Estatísticas
Coordenadas 37° 25′ 23″ N, 141° 01′ 59″ L
País  Japão
Status: Descomissionada
Início da construção 25 de julho de 1967
Comissionada 26 de março de 1971
Operadora: Tokyo Electric Power Company
Fonte de água refrigerante: Oceano Pacífico
Unidades descomissionadas: 1 × 460 MWe (Unidade 1 danificada)
4 × 784 MWe (Unidades 2, 3, e 4 danificadas; Unidade 5 pouco danificada)
1 × 1 100 MWe (unidade 6 pouco danificada)
Tipo de reator: 6 BWRs
Fabricantes dos reatores: General Electric
Toshiba
Hitachi
Capacidade elétrica: 4 696 MW
Geração elétrica anual: 0 TWh
Fator capacidade: 0%
Website: tepco.co.jp

Central Nuclear de Fukushima I[1] é uma central nuclear localizada na cidade de Okuma, no distrito de Futaba, na Prefeitura de Fukushima na ilha de Honshu, Japão. Foi a primeira central nuclear construída e administrada pela The Tokyo Electric Power Company (Tepco), e é formada por seis reatores de água fervente. Esses reatores de água leve têm uma capacidade combinada de 4,7 GW, fazendo de Fukushima I uma das 25 maiores centrais nucleares do mundo.[2][3][4]

A Central Nuclear de Fukushima II, situada 11,5 km ao sul, também é a administrada pela Tepco.

Sismo de Sendai de 2011[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Acidente nuclear de Fukushima I
Três dos reatores da Fukushima Daiichi superaqueceram, causando colapsos que eventualmente levaram a explosões, que liberaram grandes quantidades de material radioativo no ar.

Um dos efeitos do sismo e tsunami de Sendai (ou de Tōhoku), ocorrido no dia 11 de março de 2011, foi a explosão ocorrida no dia 12 de março na Central Nuclear de Fukushima I. O tsunami atingiu-a e provocou uma avaria no sistema de refrigeração. O corte de eletricidade impediu a recuperação desse sistema, permitindo que os bastões de combustível continuassem a aquecer, aumentando a pressão e originando uma explosão.

No dia anterior fora declarado estado de emergência na central nuclear e, apesar da informação de que não havia fugas radioativas, evacuaram-se cerca de 3 000 residentes num raio de 3 km do reator.[5] Horas depois o raio de evacuação tinha sido aumentado para 10 km, afetando já 45 000 pessoas.[6]

O reator é refrigerado através da circulação de água através do seu combustível nuclear, tendo sido detectada uma alta pressão de vapor no reator - o dobro do permitido. A empresa Tokyo Electric Power avaliou a possibilidade de liberar parte desse vapor para reduzir a pressão no reator, vapor esse que contém material radioactivo. Os níveis de radiação na sala de controlo da central eram cerca de 1 000 vezes maiores que os níveis normais,[7] e, na entrada da central, foram medidos níveis 8 vezes superiores aos normais,[8][9] existindo a possibilidade de um derretimento nuclear.[10]

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, falou ao país após o sismo, lamentando o sucedido e oferecendo as suas condolências às famílias das vítimas. Indicou igualmente que já estaria em marcha a construção de um quartel-general para as operações de emergência e assegurou que não havia sido detectada nenhuma fuga radioactiva nas centrais nucleares do país.

Em 15 de março o acidente foi classificado como nível 6 (o nível máximo é 7).[11] Em 11 de abril, a classificação subiu para o nível 7, o mesmo do acidente de Chernobyl.[12][13][14]

Usina Nuclear de Fukushima Daiichi em 2013.

Vazamentos de material radioativo[editar | editar código-fonte]

Em 9 de abril de 2013, houve vazamento de água radioativa proveniente dos tanques subterrâneos de armazenamento, contaminando o solo e água nas proximidades. A Tepco informou que o vazamento havia sido mínimo e que fora controlado, sendo que a água radioativa já tinha sido armazenada numa área restrita. Na ocasião, a central de Fukushima já tinha armazenado mais de 270 mil toneladas de água altamente radioativa, consumindo mais de 80% da capacidade de armazenamento da central. A Tepco adiantou que a quantidade de água contaminada deve dobrar nos próximos três anos e que planeja atender a demanda de armazenamento através da construção de centenas de tanques de água adicionais, em meados de 2015.[15]

Três meses depois, a 9 de julho, a Tepco informou que o nível de césio radioativo da água num poço da área da central era 90 vezes superior do que ao de três dias anteriores, e que a água contaminada se poderia espalhar pelo Oceano Pacífico. A Tepco também informou que os níveis de césio 134 na água do poço estavam em 9 000 becquerels por litro, ou seja, 150 vezes acima do nível máximo permitido. Já o nível de césio-137 atingia 18 000 becquerels - 200 vezes o nível permitido. Foram os mais altos níveis de césio apresentados desde o desastre de março de 2011.[16]

Contaminação do Oceano Pacífico[editar | editar código-fonte]

Primeiro-ministro Yoshihide Suga inspecionado a Usina Nuclear Daiichi no dia 26 de setembro de 2020.

Em agosto de 2013, quase dois anos e meio após o acidente nuclear, verificaram-se vários vazamentos de material radioativo e, ainda, a possibilidade de um grande transbordamento de água contaminada com material radioativo para o oceano Pacífico, colocando em estado de emergência o complexo nuclear de Fukushima e acirrando as pressões sobre a Tepco. O governo do Japão acredita que os vazamentos de água estejam ocorrendo há dois anos.[17][18]

A Tepco havia construído uma barreira subterrânea junto ao mar, mas a água proveniente dos reatores danificados está passando por cima da estrutura de contenção. Segundo um dirigente do Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão, o volume de água despejado diariamente no Pacífico é de aproximadamente 300 toneladas por dia. Segundo o jornal Asahi Shimbun, uma força-tarefa do governo japonês calculou em três semanas o prazo para a água contaminada chegar à superfície.[19][20]

Nos últimos dois meses, a Tepco tem trabalhado com o Governo numa solução que consiste em congelar o solo em volta dos reatores, para impedir a saída de água radioativa e o contato com a água limpa que vem das montanhas. Para isso, será necessário fazer perfurações no solo e injetar um fluido refrigerante, num perímetro de 1,4 km. A metodologia nunca foi testada nessa escala e poderá custar 40 000 milhões de ienes (310 milhões de dólares).[20]

Até pouco tempo atrás, a Tepco dizia que mantinha a água radioativa na região da usina e que havia sido bem-sucedida em evitar que essa água fosse para o oceano. Tal afirmação foi contestada, e a Tepco afinal admitiu que provavelmente parte da água contaminada estaria vazando para o mar.[21]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. dn.pt. «Japão faz soar alarme nuclear no mundo». Consultado em 17 de março de 2011 
  2. «Nuclear Reactor Maps: Fukushima-Daiichi». Council for Security Cooperation in the Asia Pacific. Consultado em 12 de março de 2011 
  3. "Reactors in operation". IAEA. Reatores em operação, por país, em 31 de dezembro de 2009.
  4. "Nuclear Power in Japan". World Nuclear Association
  5. Reuters América Latina. «Emergencia en planta nuclear de Japón, sin pérdida». Consultado em 11 de março de 2011 
  6. El Mundo. «Personal de la Agencia Japonesa de Seguridad Industrial y Nuclear han informado que los niveles de radiactividad son mil veces superiores a los normales». Consultado em 11 de março de 2011 
  7. Kyodo Reports Radiation Eight Times Normal Near Fukushima Nuclear Plant, 1,000 Times Normal In Control Room. Zero hedge, 11 de março de 2011.
  8. «Official: 2 Japanese plants struggling to cool radioactive material». Consultado em 12 de março de 2011 
  9. «News blog on earth quake events, CNN». Consultado em 12 de março de 2011 
  10. «Fukushima vive el peor accidente nuclear desde Chernóbil». Consultado em 6 de agosto de 2013 
  11. elmundo.es (15 de março de 2011). «Así son los niveles de alerta nuclear». 15-3-2011. Consultado em 15 de março de 2011 
  12. Le Japon élève au niveau 7 l’accident nucléaire de Fukushima. Ouest France, 12 de abril de 2011.
  13. Fukushima : accident au niveau 7. Europe1.fr / Reuters, 12 de abril de 2011.
  14. Fukushima au même niveau que Tchernobyl. Europe1, 12 de abril de 2011.
  15. Russia Today. Radioactive water leaks from Fukushima nuclear plant
  16. Radioactive cesium level soars 90-fold at Fukushima in just 3 days. RT, 9 de julho de 2013.
  17. Usina de Fukushima libera água contaminada no mar "há 2 anos", diz Japão. Reuters, 7 de agosto de 2013.
  18. Premiê japonês diz que intervirá para consertar Fukushima. Técnicos admitem que vazamento contínuo de água radioativa já gera contaminação no oceano Pacífico. Plano para interromper o vazamento que parte do subterrâneo inclui o congelamento da terra ao redor de Fukushima. Folha de S. Paulo/ NY Times', 8 de agosto de 2013.
  19. Vazamento de água radioativa cria nova emergência em Fukushima. Agência reguladora denuncia gestora do complexo por contaminação do lençol freático. O Globo, 5 de agosto de 2013.
  20. a b Governo japonês vai intervir em Fukushima para conter água radioactiva. Público, 7 de agosto de 2013.
  21. Fukushima libera 300 ton de água contaminada no mar. Estadão, 7 de agosto de 2013.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Central Nuclear de Fukushima I
Ícone de esboço Este artigo sobre engenharia (genérico) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.