Cerco de Segúsio – Wikipédia, a enciclopédia livre

Cerco de Segúsio
Guerra Civil de Constantino e Magêncio

À esquerda: cabeça do Colosso de Constantino, nos Museus Capitolinos, em Roma; à direita: Busto de Magêncio, no Museu Pushkin, em Moscou
Data Primavera de 312
Local Susa, Piemonte, Itália
Coordenadas 45° 08' N 7° 03' E
Desfecho Vitória de Constantino
Beligerantes
Constantino, o Grande Magêncio
Comandantes
Constantino, o Grande Desconhecido
Forças
Vide artigo Desconhecidas
Baixas
Desconhecidas Desconhecidas
Segúsio está localizado em: Itália
Segúsio
Localização de Segúsio no que é atualmente a Itália

O cerco de Segúsio (em latim: Segusium) ou Susa foi o primeiro confronto travado durante a Guerra Civil entre os imperadores romanos Constantino, o Grande (r. 306–337) e Magêncio (r. 306–312) na primavera de 312. Magêncio naquele ano havia declarado guerra a Constantino sob alegação de pretender vingar a morte de seu pai Maximiano (r. 285-308; 310) que suicidara-se após ser derrotado por ele. Constantino responderia com uma invasão maciça à Itália.

O cerco de Segúsio foi a primeira de muitas batalhas ocorridas na península Itálica naquele ano, todas elas vitórias de Constantino. Com a tomada da cidade após um breve cerco, o imperador vitorioso pôde prosseguir marcha pelo interior peninsular até encontrar-se com nova oposição nas imediações de Augusta dos Taurinos (atual Turim).

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Desde 293, o Império Romano está dividido em duas metades, cada qual governada por um Augusto (imperador sênior) e um César (imperador júnior). Em 306, o augusto do Ocidente Constâncio Cloro (r. 293–306) falece em Eboraco (atual Iorque, Inglaterra)[1] e seus soldados elevam seu filho Constantino, o Grande (r. 306–337) como seu sucessor.[2] O augusto do Oriente Galério (r. 293–311), no entanto, eleva Valério Severo (r. 305–307) à posição de augusto, pois pelas prerrogativas do sistema tetrárquico vigente, sendo ele o césar ocidental, deveria suceder o augusto morto. Após algumas discussões diplomáticas, Galério demoveu Constantino para a posição de césar, o que ele aceitou, permitindo assim que Severo assumisse sua posição.[3]

Magêncio (r. 306–312), filho de Maximiano (r. 285-305; 310), o augusto antecessor de Constâncio Cloro, com inveja da posição de Constantino, declara-se imperador na Itália com o título de príncipe e chama seu pai da aposentadoria para co-governar consigo. Por 307, ambos sofrem invasões de Valério Severo, que é derrotado e morto, e Galério, que decide retirar-se.[3][4] Em 308, na Conferência de Carnunto convocada por Galério, o oficial Licínio (r. 308–324) foi nomeado augusto do Ocidente e deveria, portanto, lidar com o usurpador, porém nada fez.[5] No mesmo ano, em algum momento antes da conferência, Maximiano tentara depor seu filho num fracassado plano, o que forçou-o a fugir para a corte de Constantino na Gália.[4][6]

Em 310, contudo, Maximiano também tentaria depor Constantino, mas seria derrotado e forçado a suicidar-se.[7][8][9][10][11][12] No ano seguinte, Magêncio, conclamando vingança pela morte de seu pai, declara guerra a Constantino, que responde com uma invasão ao norte da Itália com 40 000 soldados;[13][14] Zósimo alega que o exército invasor era de 90 000 infantes e 8 000 cavaleiros provenientes de germânicos e celtas subjugados e de parte do exército estacionado na Britânia.[15]

Batalha e rescaldo[editar | editar código-fonte]

A primeira localidade que o exército de Constantino encontrou foi Segúsio (atual Susa, Itália), uma cidade pesadamente fortificada durante o programa de refortificação das cidades do norte da Itália no ano anterior.[16] Em vez de auxiliarem o exército invasor, os cidadãos de Segúsio fecharam suas portas para Constantino. O imperador então ordenou a seus homens que ateassem fogo em suas grandes portas e escalassem seus muros. A cidade foi rapidamente tomada, porém Constantino impediu que suas tropas a saqueassem, preferindo avançar com eles para o interior da Itália.[17][18]

Com a conquista de Segúsio, o exército invasor marcha em direção a Augusta dos Taurinos (atual Turim), onde um exército composto principalmente de cavalaria estava acampado.[17][19][20] Uma importante e decisiva batalha ocorre nas imediações da cidade, e Constantino consegue nova vitória,[14][21][22][23] o que abriu-lhe caminho em direção as demais cidades importantes da Planície Padana.[24][25]

Referências

  1. DiMaio 1996c.
  2. Eutrópio século IV, 10.1–2.
  3. a b DiMaio 1996b.
  4. a b DiMaio 1997a.
  5. DiMaio 1997c.
  6. DiMaio 1997b.
  7. Pohlsander 2004, p. 17.
  8. Barnes 1981, p. 34–35.
  9. Elliott 1996, p. 43.
  10. Lenski 2006, p. 65–66.
  11. Odahl 2004, p. 93.
  12. Potter 2004, p. 352.
  13. Anônimos século III-IV, (9)5.1–3.
  14. a b MacMullen 1969, p. 71.
  15. Zósimo, II.15.1..
  16. Odahl 2004, p. 96.
  17. a b Barnes 1981, p. 41.
  18. Odahl 2004, p. 101.
  19. Jones 1978, p. 70.
  20. Odahl 2004, p. 101–2.
  21. Anônimos século III-IV, (9)5–6.
  22. Jones 1978, p. 70–71.
  23. Odahl 2004, p. 102, 317–18.
  24. Barnes 1981, p. 41–42.
  25. Odahl 2004, p. 103.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Barnes, Timothy D. (1981). Constantine and Eusebius. Cambridge, MA: Harvard University Press. ISBN 978-0-674-16531-1 
  • Elliott, T. G. (1996). The Christianity of Constantine the Great. Scranton, PA: University of Scranton Press. ISBN 0-940866-59-5 
  • Jones, A. H. M. (1978). Constantine and the Conversion of Europe. Buffalo: University of Toronto Press 
  • Lenski, Noel Emmanuel (2006). The Cambridge companion to the Age of Constantine. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-52157-2 
  • MacMullen, Ramsay (1969). Constantine. Nova Iorque: Dial Press. ISBN 0-7099-4685-6 
  • Odahl, Charles Matson (2004). Constantine and the Christian Empire. Nova Iorque: Routledge. ISBN 0-415-38655-1 
  • Pohlsander, Hans (2004). The Emperor Constantine. Londres & Nova Iorque: Routledge. ISBN 0-415-31937-4 
  • Potter, David Stone (2004). The Roman Empire at Bay AD 180–395. Londres/Nova Iorque: Routledge. ISBN 0-415-10057-7 
  • Zósimo. História Nova  In Ridley, R.T. (1982). Zosimus: New History (em inglês). Camberra: Byzantina Australiensia 2