Chaves (Portugal) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Chaves

Torre de menagem do Castelo de Chaves

Brasão de Chaves Bandeira de Chaves

Localização de Chaves

Gentílico Flaviense
Área 591,23 km²
População 41 243 hab. (2011)
Densidade populacional 69,8  hab./km²
N.º de freguesias 39
Presidente da
câmara municipal
Nuno Vaz (PS, 2021-2025)
Fundação do município
(ou foral)
1258
Região (NUTS II) Norte
Sub-região (NUTS III) Alto Tâmega
Distrito Vila Real
Província Trás-os-Montes
e Alto Douro
Orago Santa Maria Maior
Feriado municipal 8 de Julho (2.ª Incursão Monárquica)
Código postal 5400-150 Chaves
Sítio oficial www.chaves.pt
Município de Portugal

Chaves é uma cidade raiana portuguesa localizada na sub-região do Alto Tâmega, pertencendo à região do Norte e ao distrito de Vila Real.

É sede do Município de Chaves que tem uma área total de 591,23 km2[1], 37.592 habitantes[2] em 2021 e uma densidade populacional de 27 habitantes por km2, subdividido em 39 freguesias[3]. O município é limitado a norte pela região espanhola da Galiza, a leste por Vinhais, a sudeste por Valpaços, a sudoeste por Vila Pouca de Aguiar, a oeste por Boticas e a noroeste por Montalegre.

História[editar | editar código-fonte]

Pré-história[editar | editar código-fonte]

A presença humana na região de Chaves remonta ao Paleolítico, conforme inúmeros testemunhos de Mairos, Pastoria e de São Lourenço, dentre outros locais, e das civilizações proto-históricas, nomeadamente nos múltiplos castros situados no alto dos montes que envolvem toda a região do Alto Tâmega.

A Antiguidade[editar | editar código-fonte]

A Ponte de Trajano em Chaves

À época da invasão romana da Península Ibérica, os romanos instalaram-se no vale do rio Tâmega, onde hoje se ergue a cidade e, construíram fortificações pela periferia, aproveitando alguns dos castros existentes.

Para defesa do aglomerado populacional foram erguidas muralhas e, para a travessia do rio, construíram a ponte de Trajano. Fomentaram o uso das águas quentes mineromedicinais, implantando balneários Termais, exploraram minérios, com destaque para filões auríferos, e outros recursos naturais. Acredita-se que a ponte de Trajano foi construída com o auxílio dos legionários da Sétima Legião (Legio VII Gemina Felix).

Tal era a importância desse núcleo urbano, que foi elevado à categoria de Município no ano 79 d.C. quando dominava Tito Flávio Vespasiano, o primeiro capit da família Flávia. Daqui advém a antiga designação Aquae Flaviae da actual cidade de Chaves, bem como o seu gentílico — flaviense.

Calcula-se pelos vestígios encontrados que o núcleo e centro cívico da cidade se situava no alto envolvente da área hoje ocupada pela Igreja Matriz. Ainda hoje lembra a traça romana, com o Fórum, o Capitólio e o Decumanos, que seria a rua Direita. Foi nessa área que foram e ainda são (2006) encontrados os mais relevantes vestígios arqueológicos, expostos no Museu da Região Flaviense, como o caso de uma lápide alusiva a um combate de gladiadores.

Madalena e o Tâmega — Chaves

O auge da dominação romana verificou-se até ao início do século V, aquando da chegada gradual dos vulgarmente apelidados bárbaros. Eram eles os Suevos, Visigodos e Alanos, provenientes do leste europeu e que puseram termo à colonização romana. As guerras entre Remismundo e Frumário, na disputa do direito ao trono, tiveram como consequência a quase total destruição da cidade, a vitória de Frumário e a prisão de Idácio, notável Bispo de Chaves. O domínio bárbaro durou até que os mouros, oriundos do Norte de África, invadiram a região e venceram Rodrigo, o último monarca visigodo, no início do século VIII. Nestas épocas, aqui tinha sede o bispado flaviense, cujo bispo mais notável foi Idácio, célebre escritor e que muito deixou de informação acerca dos Suevos.

Com os árabes, também o islamismo invadiu o espaço ocupado pelo cristianismo, o que causou uma azeda querela religiosa e provocou a fuga das populações residentes para as montanhas a noroeste, com inevitáveis destruições. As escaramuças entre mouros e cristãos duraram até ao século XI. A cidade começou por ser reconquistada aos mouros no século IX, por D. Afonso, rei de Leão que a reconstruiu parcialmente. Porém, logo depois, no primeiro quartel do século X, voltou a cair no poder dos mouros, até que no século XI, o rei Afonso III de Leão resgatou-a, e ordenou a sua reconstrução e povoação, assim como a edificação de novas muralhas. Já aqui prosperava uma importante judiaria, cuja sinagoga se situava num edifício entre a Travessa da Rua Direita, e a Rua 25 de Abril, onde se lê em antiga inscrição na soleira da porta o nome "Salomão".

O edifício existe, de grande portal encoberto e em degradação (aqui chamado "casa de rebuçados da espanhola"), em lugar cimeiro do típico casario das "muralhas novas".

Foi por volta de 1160 que Chaves integra o país, que já era Portugal, com a participação dos lendários Ruy Lopes e Garcia Lopes, tão intimamente ligados à história da terra.

Pela sua situação fronteiriça, Chaves era vulnerável ao ataque de invasores e como medida de proteção D. Dinis (1279–1325), mandou levantar o castelo e as muralhas que ainda hoje dominam grande parte da cidade e a sua periferia. Cenário de vários episódios bélicos no século XIX celebra a 20 de setembro de 1837, a Convenção de Chaves, após o combate de Ruivães, que pôs termo à revolta Cartista de 1837, ou revolta dos marechais.

Neste concelho, na freguesia de Calvão, aconteceram várias aparições Marianas na década de 1830, foi aí construído o Santuário da Senhora Aparecida.

A 8 de julho de 1912 travou-se um combate entre as forças monárquicas de Paiva Couceiro e as do governo republicano, chefiadas pelo coronel Ribeiro de Carvalho, do qual resultou o fim da 2.ª incursão monárquica. Os intervenientes republicanos desse combate foram homenageados na toponímia de Lisboa, com a designação de uma avenida, a Avenida Defensores de Chaves, entre a Avenida Casal Ribeiro e o Campo Pequeno. A 12 de março de 1929 Chaves foi elevada à categoria de cidade.

Evolução da população do município[editar | editar código-fonte]

Os Recenseamentos Gerais da população portuguesa tiveram lugar a partir de 1864, regendo-se pelas orientações do Congresso Internacional de Estatística de Bruxelas de 1853. Encontram-se disponíveis para consulta no site do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Número de habitantes [4]
1864 1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011 2021
31 815 35 159 42 109 36 781 37 913 36 745 40 702 47 527 54 406 57 243 43 520 45 883 40 940 43 667 41 243 37 590

(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste município à data em que os censos se realizaram.)

Número de habitantes por Grupo Etário [5]
1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011 2021
0-14 Anos 12 403 13 562 12 556 13 978 17 017 18 284 19 888 15 320 12 507 8 236 6 269 5 030 3 737
15-24 Anos 6 998 6 730 6 976 7 750 8 654 10 636 9 918 6 755 8 662 6 626 6 251 4 253 3 330
25-64 Anos 15 410 15 242 14 909 16 137 18 741 21 818 23 897 17 665 19 446 19 671 22 511 21 863 18 432
= ou > 65 Anos 1 765 2 265 2 255 2 476 2 831 3 149 3 540 3 780 5 268 6 407 8 636 10 097 12 091

(Obs: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no município à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente)

Evolução da população — 1864 a 1991[editar | editar código-fonte]

Analisando a evolução da população do concelho de Chaves, nestes 127 anos, verifica-se uma subida de, aproximadamente, 29% no seu total, o que significa que o valor da população passou de 31.815 em 1864 para 40.940 em 1991 (INE).

Esta subida não é homogénea nem gradual, especialmente nos períodos de 1878 a 1890 (em que se regista um acréscimo de 19,6%), e 1960 a 1970 em que houve uma quebra aproximada de 24%. É notório que o período de 1864 a 1920 tem ritmos de evolução idênticos aos de 1920 a 1991, embora os volumes dessa variação sejam distintos. Por outro lado, tal como a partir de 1920 se quebrou o ciclo da emigração transatlântica (crise económica), configura-se a partir de 1991 a quebra do ciclo da emigração europeia, já que novos horizontes se desenharam para a Europa com o Tratado de Maastricht.

No que respeita às freguesias do concelho, é interessante verificar que, das 45 que o constituíam em 1864 (e para um período de mais de cem anos), 31 apresentam valores de população mais baixos em 1991 do que os registados no primeiro recenseamento.

Verificamos ainda que o aumento de 29% no total do concelho para o período referido se deve, essencialmente, ao crescimento das freguesias urbanas registado durante as décadas de 1970 e 1980. As freguesias da periferia montanhosa assistem a partir de 1960 a constantes recidivas na sua população. Este fenómeno é bem conhecido pois, as cidades, crescem com a particularidade de as populações se acumularem progressivamente na periferia contígua (uma periferia cada vez mais ampla), enquanto nos seus limites administrativos, algumas aglomerações urbanas, registam mesmo decréscimo demográfico.

Este abandono do meio rural montanhoso e excêntrico não é exclusivo de hoje, já Estrabão havia referido que os povos da Península habitavam lugares montanhosos e dispersos por pequenas povoações; depois, César, obrigou-os a abandonar esses locais para habitarem nas planícies. Isto, ao que parece, foi naturalmente uma estratégia dos romanos para mais facilmente os dominarem e controlarem hoje, contudo, as motivações são outras. As gentes da montanha são novamente obrigadas a habitarem as planícies, conduzidas agora pela necessidade de sobrevivência económica. Assiste-se na atualidade a um fenómeno semelhante ao descrito por Estrabão por volta do ano de 58 a.C.

Densidade populacional[editar | editar código-fonte]

Madalena e o Tâmega — Chaves

No concelho de Chaves, desde 1900 a 1960, a densidade populacional tem vindo a aumentar e, aos 62,3 hab./km2 no início do século, sobrepõem-se em 1960, 96,9 hab./km2, o que é superior à média nacional, que neste mesmo ano foi de 93,8 hab./km2. Estes números traduzem claramente o aumento da população verificado neste período.

Na década de 1960, registou-se uma queda geral nas densidades, não só do concelho, como também do distrito e mesmo do continente. Assim, Chaves (concelho) passou de 96,9 hab./km2 no início desta mesma década para 73,7 hab./km2 em 1970. O distrito de Vila Real, em 1970 registou apenas uma densidade populacional de 62,6 hab./km2 e o continente de 91,9 hab./km2. Neste período, as densidades embora tenham sido superiores às do distrito foram, todavia, inferiores à média nacional devido ao saldo migratório negativo (-21 448 pessoas no concelho).

No que respeita às freguesias nota-se em algumas, valores mais baixos que os registados em 1900 (é o caso de Vilarelho da Raia). Na década seguinte, devido à menor saída da população (saldo migratório negativo de 1 432 indivíduos), a densidade voltou a aumentar no concelho, sendo de 77,7 hab./km2 valor que é superior ao do distrito (62,3 hab./km2). É claro que a densidade aumentou mais no centro urbano e freguesias contíguas em detrimento da zona rural do concelho que registou decréscimo em várias freguesias .

Este crescimento verificado no núcleo urbano deve-se, fundamentalmente, à expansão do sector terciário, tanto na área dos serviços como na do comércio. Isto revela claramente a atracção que o centro exerce sobre as populações vizinhas. Assim, a Norte do centro urbano e ao longo do rio, as densidades populacionais são mais elevadas que na região análoga a sul. No entanto, regista-se como excepção Vidago (vila) que, em 1981, possuía 219 hab./km2, sendo a freguesia com maior densidade logo a seguir a Chaves (hoje dividida em três, Santa Maria Maior, Madalena e Santa Cruz-Trindade), e que contava, no mesmo ano, com 1.170,3 hab./km2.

Política[editar | editar código-fonte]

Eleições autárquicas [6][editar | editar código-fonte]

Data % V % V % V % V % V % v % V % V % V % V Participação
PPD/PSD PS CDS-PP FEPU/APU/CDU PCTP/ MRPP GDUP UDP/BE IND PSD/CDS CH
1976 50,38 5 25,56 2 7,76 4,41 2,49 1,59
56,44 / 100,00
1979 69,30 6 18,21 1 5,99 1,19 1,75
67,45 / 100,00
1982 53,17 4 22,33 2 11,37 1 6,38 1,16
64,16 / 100,00
1985 63,95 6 14,73 1 8,68 7,23 0,85
58,34 / 100,00
1989 43,64 3 47,74 4 2,90 1,98
62,21 / 100,00
1993 35,74 3 54,42 4 4,95 1,35
63,76 / 100,00
1997 42,89 3 48,92 4 2,64 1,84
61,18 / 100,00
2001 51,12 4 41,26 3 1,88 2,39
63,22 / 100,00
2005 48,10 4 40,47 3 2,54 4,89
62,66 / 100,00
2009 58,18 5 31,10 2 2,71 4,82
57,55 / 100,00
2013 39,41 3 29,71 3 3,15 6,24 14,95 1
53,77 / 100,00
2017 34,95 3 51,43 4 2,39 5,65 1,34
55,37 / 100,00
2021 CDS–PP 54,55 4 PPD/PSD 3,19 36,43 3 2,10
55,51 / 100,00

Eleições legislativas[editar | editar código-fonte]

Data %
PSD PS CDS PCP UDP AD APU/

CDU

FRS PRD PSN BE PAN PSD
CDS
L CH IL
1976 42,09 23,69 15,68 3,28 0,95
1979 AD 21,19 AD APU 1,65 60,74 6,18
1980 FRS 0,77 65,55 5,15 20,43
1983 49,61 29,20 8,80 0,72 5,19
1985 50,87 19,75 8,34 0,86 6,12 6,94
1987 65,79 17,44 4,63 CDU 0,45 4,10 1,18
1991 62,29 26,43 3,76 2,28 0,32 1,07
1995 47,87 38,92 6,66 0,33 2,02 0,33
1999 46,82 39,98 6,07 2,40 0,39 0,84
2002 58,49 28,41 6,72 2,12 0,92
2005 41,87 41,85 6,37 2,79 2,46
2009 45,21 32,52 8,97 2,90 5,83
2011 54,77 25,32 8,18 3,09 2,45 0,58
2015 CDS 30,63 PSD 3,05 5,53 0,72 51,63 0,38
2019 38,34 37,07 4,16 3,14 6,16 1,84 0,61 0,80 0,32
2022[7] 38,13 41,57 1,48 1,86 2,37 0,75 0,62 8,85 1,61

Freguesias[editar | editar código-fonte]

O município é subdividido em 39 freguesias:

Demografia[editar | editar código-fonte]

Com os Censos 2021, o município de Chaves registou 37 592 habitantes, menos 3651 habitantes comparado com os Censos de 2011, quando foram registados 41 243 habitantes. Uma das 39 freguesias registou um crescimento populacional, enquanto a média foi de –8,9%.

Freguesia Habitantes (2021) Habitantes (2011) Variação
Águas Frias 607 746 –18,6%
Anelhe 444 476 –6,7%
Bustelo 449 519 –13,5%
Calvão e Soutelinho da Raia 431 503 –14,3%
Cimo da Vila de Castanheira 338 479 –29,4%
Curalha 416 469 –11,3%
Eiras, São Julião de Montenegro e Cela 850 970 –12,4%
Ervededo 595 646 –7,9%
Faiões 831 873 –4,8%
Lama de Arcos 291 316 –7,9%
Loivos e Póvoa de Agrações 586 739 –20,7%
Madalena e Samaiões 2 416 2 669 –9,5%
Mairos 271 344 –21,4%
Moreiras 216 273 –20,9%
Nogueira da Montanha 461 529 –12,9%
Oura 515 602 –14,5%
Outeiro Seco 849 938 –9,5%
Paradela 216 262 –17,6%
Planalto de Monforte 260 299 –13,0%
Redondelo 455 527 –13,7%
Sanfins 200 236 –15,3%
Santa Cruz/Trindade e Sanjure 3 381 3 430 –1,4%
Santa Leocádia 254 324 –21,6%
Santa Maria Maior 11 410 12 019 –5,1%
Santo António de Monforte 397 454 –12,6%
Santo Estêvão 543 607 –10,5%
São Pedro de Agostém 1 323 1 419 –6,8%
São Vicente 185 227 –18,5%
Soutelo e Seara Velha 461 515 –10,5%
Travancas e Roriz 454 566 –19,8%
Tronco 202 218 –7,3%
Vale de Anta 1 625 1 543 +5,3%
Vidago 1 728 1 991 –13,2%
Vila Verde da Raia 815 993 –17,9%
Vilar de Nantes 1 898 2 084 –8,9%
Vilarelho da Raia 464 558 –16,8%
Vilas Boas 164 195 –15,9%
Vilela do Tâmega 353 409 –13,7%
Vilela Seca 238 276 –13,8%
Chaves 37 592 41 243 –8,9%

Clima[editar | editar código-fonte]

Chaves possui um clima mediterrânico do tipo Csa, na fronteira com Csb, ou seja, com verões quentes, mas a aproximar-se de verões amenos. Dias com mais de 30 °C ocorrem frequentemente, cerca de 58 por ano em média, e os verões são secos, mas as noites de verão são bastante frescas. Os invernos são frios e mais chuvosos, sendo que dias abaixo de 0 °C ocorrem com frequência, cerca de 54 por ano, e mais de metade dos dias de janeiro em média.

Dados climatológicos para Chaves
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Temperatura máxima média (°C) 10,7 13,7 17,4 18,2 21,8 26,8 30,7 30,6 26,9 20,5 14,8 11,6 20,3
Temperatura média (°C) 5,8 7,6 10,3 12 15,1 19,1 22 21,7 18,9 14 9,9 7,2 13,6
Temperatura mínima média (°C) 0,8 1,5 3,1 5,8 8,3 11,4 13,4 12,8 10,9 7,8 4,9 2,9 7
Precipitação (mm) 73 47,1 27,2 65,2 56,5 26,7 18,4 19,8 38,7 73,3 88,8 102,1 636,8
Fonte: Instituto Português do Mar e da Atmosfera[8] 13 de maio de 2020

Recursos hídricos[editar | editar código-fonte]

A diversidade do recurso natural água existente no concelho de Chaves, que tem vindo a ser potenciado na região, resulta da conjugação feliz de processos que ocorrem quer à superfície quer em profundidade. As águas minerais são uma evidência clara da tectónica de fraturação ativa e recente. O grande acidente tectónico que passa em Chaves é o fator principal. Esta falha de PenacovaRéguaVerín, é uma falha ativa com movimento de desligamento e uma extensão longitudinal de cerca de 500 km, permitindo a sua interligação com outras falhas, a ocorrência de fenómenos hidrogeológicos, tais como nascentes minerais e termais. De referir, a exploração das águas de Campilho e de Salus Vidago na Vila de Vidago, e a exploração das águas das Caldas ou Termas, bicarbonatadas, sódicas, gasocarbónicas, silicatadas e levemente fluoretadas que brotam a uma temperatura de 73 °C , na cidade de Chaves, dotando o concelho de potencialidades hídricas ímpares no contexto nacional e de projeção no plano internacional.

Bibliografia destacada[editar | editar código-fonte]

O primeiro livro impresso em português[editar | editar código-fonte]

Em 1488 foi impressa, provavelmente em Chaves, uma versão portuguesa do Sacramental de Clemente Sánchez de Vercial, considerado o primeiro livro impresso em língua portuguesa, e em 1489 e na mesma cidade, foi impresso o Tratado de Confissom.

O Sacramental é uma obra de pastoral redigida por Clemente Sánchez de Vercial em 1423. Teve uma grande expansão na Península Ibérica, quer manuscrita, quer impressa. Conhecendo-se mais de uma dezena edições entre finais do século XV e meados do XVI, altura em que foi colocada no Index dos livros proibidos. O Sacramental é um relato pormenorizado da forma de vida do homem medieval em todos os momentos, com temas como a alimentação, as relações familiares e sociais, a relação com o mistério de Deus e o sagrado, o trabalho, o descanso, a saúde, a doença e a sexualidade, tornando-o um documento precioso para o estudo da sociedade medieval.

O Tratado de Confissom[editar | editar código-fonte]

O Tratado de Confissom (1489) é um manual instrutório do clero, na tarefa de ministrar o sacramento da penitência aos fiéis cristãos. O Tratado de Confissom, outra obra impressa em Chaves e um dos primeiros livros em língua portuguesa, é uma obra de cariz pastoral. Desconhece-se o seu autor, talvez pelo facto de no único exemplar existente na (Biblioteca Nacional de Lisboa) lhe faltar a página de rosto. O Tratado de Confissom, foi descoberto em 1965 por Pina Martins, que o publicou em edição diplomática em 1973, com um estudo introdutório. Em 2003, José Barbosa Machado publicou uma nova edição e um estudo linguístico, propondo a hipótese de a obra ser uma tradução do castelhano feita entre finais do século XIV e princípios do XV, contrariando assim a opinião comum de que a obra fora redigida pouco antes da sua impressão.

Desta forma a impressão tipográfica ou mecânica, em língua portuguesa entrava em Portugal por Chaves. Só na década de noventa do século XV seriam impressos livros em Lisboa, no Porto e em Braga.

Titus Flavius Vespasiano[editar | editar código-fonte]

Estoria de Vespasiano, 1496

Titus Flavius Vespasiano

O segundo livro ilustrado e impresso em Portugal é a "Estoria de muy nobre Vespesiano emperador de Roma", que saiu do prelo em Lisboa, em 1496; as gravuras são de origem alemã. Em 20 de abril de 1496, foi concluída a impressão desta novela de cavalaria, obra em língua portuguesa.

O Impressor Valentim Fernandes é figura mais destacada da prototipografia em Portugal. Impressor alemão obteve privilégios de impressão em Portugal a partir de 1495. Conhecem-se dezoito livros por ele impressos, seis dos quais produzidos no século XV.

Património[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Património edificado em Chaves
  • Paços do concelho

Igrejas e capelas[editar | editar código-fonte]

  • Igreja Matriz
  • Igreja da Misericórdia
  • Capela de Santa Catarina
  • Capela de Santa Cabeça
  • Capela de São Bento
  • Igreja da Madalena
  • Igreja da domus flavie
  • Santuário de São Caetano
  • Santuário de Nossa senhora da Aparecida, calvão
  • Santuário da Senhora do Engaranho, em castelões

Zonas arqueológicas[editar | editar código-fonte]

Espaços públicos[editar | editar código-fonte]

Árvores centenárias do Jardim Público na Madalena
  • Jardim Público
  • Termas da cidade

Jardim das Freiras[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Jardim das Freiras

O Jardim das Freiras foi um emblemático jardim, no centro da cidade de Chaves, que, durante mais de 70 anos, coloriu e animou o coração da cidade. Já na primeira década do século XXI, o jardim foi reconvertido em espaço para algumas iniciativas culturais. O Jardim das Freiras permanece como um espaço de memórias e lazer transversais a dezenas de gerações.

Gastronomia[editar | editar código-fonte]

Entre os pratos típicos e os produtos gastronómicos de Chaves e do Alto Tâmega podem-se referir o presunto de Chaves e Barroso, o salpicão, as linguiças, as alheiras, a posta barrosã, o cabrito assado ou estufado, o cozido à transmontana, a feijoada à transmontana, os milhos à romana, as trutas recheadas com o famoso presunto de Chaves, os pastéis de Chaves e o folar, uma iguaria à base de massa fofa recheada de carne de porco, presunto, salpicão e linguiça, o pão de centeio, couve penca, batata de Trás-os-Montes, mel e o seu apreciado vinho.

Tanto o presunto como os enchidos são secos e curados ao fumo das lareiras, sendo ingredientes fundamentais para a confecção do Folar de Chaves, especialidade culinária, característica da Páscoa, que é famosa, tal como os pastéis de Chaves, uma especialidade local feita de massa folhada, com carne picada no interior. Os peixes mais típicos são os do rio Tâmega, barbos, escalos, bogas e trutas, sendo estas últimas recheadas habitualmente com presunto. Outros pratos da cozinha regional merecem ser destacados, como o cabrito estufado, a feijoada e o cozido à transmontana, os milhos e as rabanadas.

Escola Superior de Enfermagem[editar | editar código-fonte]

A Escola Superior de Enfermagem Dr. José Timóteo Montalvão Machado, é uma instituição reconhecida de interesse público pelo Decreto-Lei n.º 99/96 de 19 de julho. Enquadrada no Ensino Superior Particular e Cooperativo, é regulamentado pelo Decreto-Lei n.º 16/94 de 22 de janeiro. Criada em 1993, pela Associação Promotora do Ensino de Enfermagem em Chaves, é uma Instituição sem fins lucrativos constituída pelas Câmaras Municipais do Alto Tâmega e Barroso e respectivas Santa Casa de Misericórdia, e ainda pela Santa Casa da Misericórdia de Cerva. Atualmente, a universidade localiza-se no seu novo polo, em Outeiro Seco.

  • Curso de Licenciatura em Enfermagem (CLE).
  • Curso de Complemento de Formação em Enfermagem (CCFE); dirigido a enfermeiros detentores do Grau de Bacharelato em Enfermagem.
  • Curso de Formação Complementar em Enfermagem (CFCE), frequentado pelos alunos que concluíram o Bacharelato em Enfermagem no ano Lectivo 2000/2001.

Cultura e desporto[editar | editar código-fonte]

Associações locais[editar | editar código-fonte]

  • Associação "S. Lourenço Desporto e Cultura"
  • Associação dos Amigos dos Animais de Chaves
  • Associação cultural e recreativa da torre de Ervededo
  • Associação Transmontana de Airsoft
  • Banda musical da torre de Ervededo
  • Clube desportivo e cultural de Faiões
  • Banda musical flaviense "os pardais"
  • Banda musical de Loivos
  • Banda musical de Rebordondo
  • Banda musical da casa da cultura de Outeiro Seco
  • BTT Clube de Chaves
  • Casa da cultura popular de Outeiro Seco
  • Casa de Cultura de Vidago
  • Confraria de Chaves
  • Grupo Recreativo e Cultural da Freguesia da Cela
  • Banda musical de Vila Verde da Raia
  • Associação cultural e recreativa da Abobeleira
  • Associação recreativa e cultural de Vilela Seca
  • Associação recreativa e cultural de agrela de Ervededo
  • Associação Direção Vidago Futebol Clube
  • Veteranos do Grupo Desportivo de Chaves
  • Ténis Clube de Chaves Tabolado
  • Ribeirense Futebol Clube de Loivos
  • Clube Flaviense de Caça e Pesca Desportiva — Cando — Vale de Anta
  • Clube de Golfe de Vidago
  • Clube de Caça e Pesca de Vidago
  • Associação Portuguesa O Samurai
  • Associação Regional de Ténis de Vila Real
  • Karaté Clube do Alto Tâmega
  • Grupo Desportivo de Ribeira d'Oura
  • Associação de Futebol de Vila Real(Delegação de Chaves) Pavilhão Gimnodesportivo
  • Hóquei Clube Flaviense
  • Mundo da Música Flaviense (Futebol de 5)
  • Sociedade Columbófila de Chaves
  • Sociedade Flaviense
  • Associação de Paraquedistas do Alto Tâmega Aeródromo Municipal de Chaves
  • Motor Clube de Chaves
  • Associação de Atletas Veteranos de T.O.M.A.D.
  • Escola Futebol Chambila
  • Ginásio Clube de Chaves
  • Associação Desportiva de Santo Estêvão
  • Natação Clube de Chaves
  • Associação Cultural, Recreativa e Desportiva de Santo António de Monforte
  • Grupo Desportivo, Recreativo e Cultural dos Ases da Madalena
  • ADAF — Associação Desportivo do Aquae Flavie
  • Coral de Chaves
  • Federação Portuguesa de Luta Galhofa e Desportos Interculturais — O Guerreiro Lusitano

Eurocidade Chaves–Verín[editar | editar código-fonte]

Verín

É um projeto que contou com o apoio dos Governos de Portugal e da Galiza, inequívoca e explicitamente confirmado nas intervenções dos respectivos representantes, aquando da cerimónia de apresentação oficial da Eurocidade Chaves–Verín, realizada a 18 de dezembro de 2007, em Chaves.

Este projeto conta com apoios múltiplos, quer dos Governos de ambos os lados da fronteira, quer da EU, beneficiando das oportunidades decorrentes de ser reconhecido como um projeto pioneiro que se inscreve programação dos fundos estruturais e ter um efeito multiplicador em ambas as economias a longo-prazo".

Consubstanciando a construção de uma cidadania europeia a partir da base, muito próxima das necessidades efetivas dos cidadãos, a Eurocidade Chaves–Verín, segundo o responsável económico do Governo da Galiza, "constitui-se como verdadeiro laboratório de práticas de cooperação" a nível europeu, que vai ensaiar formas inovadoras de relacionamento transfronteiriço e de partilha de recursos em novas áreas como a Saúde, a Educação e a Formação, os Transportes e Comunicações, o Planeamento Urbano e as infra-estruturas empresariais e industriais.[9]

Laços de cooperação históricos[editar | editar código-fonte]

O projeto da iniciativa das duas autarquias fronteiriças faz a convergência e mobiliza a vontade política e os meios e apoios de um conjunto de redes institucionais dos dois países, em que se incluem o Governo de Portugal e da Galiza, o Eixo-Atlântico, a CCRDN (Comissão Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte), não esquecendo as associações regionais de municípios do Alto-Tâmega, em Portugal, e a Mancomunidade, na Galiza. Nos termos do Programa Estratégico de Cooperação Galiza–Norte de Portugal — em que a Eurocidade Chaves–Verín se inscreve, destinado a dinamizar o desenvolvimento, a competitividade, a cooperação e as condições de vida nos dois territórios, prevê-se não só a criação de redes institucionais de cooperação territoriais e urbanas, mas também a convergência de Agências de Desenvolvimento, Universidades e Sistemas de Ciência e Tecnologia no sentido de impulsionar as vertentes de inovação, formação e qualificação do emprego como pilares da criação de uma Sociedade do conhecimento na Euroregião.

A Eurocidade[editar | editar código-fonte]

É um projeto de coesão social dos dois territórios fronteiriços vizinhos cuja fronteira e Tâmega não separa, antes pelo contrário forma um corredor natural entre as duas cidades e países"

Na base destas relações de redes regionais de cooperação, a Eurocidade Chaves–Verín alarga os impactos e oportunidades a um quadro territorial e populacional mais vasto que os dois concelhos. O concelho de Chaves conta com 45 mil habitantes, enquanto Verín soma 15 mil, somando os dois 60 mil habitantes. Mas ao se contabilizar o Alto-Tâmega, que abrange 105 mil habitantes, e a Mancomunidade VerínMonterrei, que agrupa sensivelmente 27 mil residentes, a área de influência conjunta dos dois concelhos que formam a Eurocidade estende a influência a um total de mais de 132 mil pessoas.

Destaca-se pelos dois municípios da raia o estudo, dinamização e viabilização de uma rede de transportes públicos de ligação directa entre Chaves e Verín. A área cultural avança de imediato através de uma Agenda Cultural comum Chaves–Verín. O mesmo acontecerá com o intercâmbio estudantil.

Geminações[editar | editar código-fonte]

A cidade de Chaves é geminada com as seguintes cidades:[10]

Tradições e festividades[editar | editar código-fonte]

Festas e Romarias
Dia do Município
  • Celebração do dia da cidade: 8 de julho
  • Feira dos santos em Chaves: 30, 31 de outubro e 1 de novembro
  • Nossa Senhora das Brotas, Forte S. Neutel — Santa Maria Maior: fim de semana depois da Páscoa
  • São Bernardino — Casas Novas, Redondelo: 20 de maio
  • Santo André — Curalha: 30 de novembro
  • Senhora da Saúde — São Pedro de Agostém: 7 semanas depois da Páscoa
  • São Caetano — Ervededo: 2.º domingo de agosto
  • Nossa Senhora da Assunção — Vilela Seca: 15 de agosto
  • Nossa Senhora da Aparecida — Sanjurge: 15 de agosto
  • Senhor das Almas — Vilarelho da Raia: Penúltimo sábado de agosto
  • Nossa Senhora da Azinheira — Outeiro Seco: 8 de setembro
  • Nossa Senhora da Aparecida — Calvão: 2.º domingo de setembro
  • Nossa Senhora das Neves — Paradela de Monforte: 5 de agosto
  • Feira Anual — São Simão, Vidago: 28 de outubro
  • São Sebastião — Torre de Ervededo: 20 de janeiro
  • Nossa Senhora da Conceição — Faiões: 20 de agosto
  • Nossa Senhora do Engaranho — Castelões: 1.º domingo de setembro
  • Dia do Idoso — Chaves: maio/junho
  • Festa da ACR da Torre de Ervededo: 2.ª/ 3.ª semana de maio
  • São Tiago e São Caetano — Mairos: 3.º domingo de agosto

Imprensa local e regional[editar | editar código-fonte]

Jornais e publicações[editar | editar código-fonte]

  • A Voz de Chaves (publica online no Diário Atual)
  • Diário de Trás-os-Montes
  • Notícias de Chaves
  • Semanário Transmontano
  • Jornal Intransigente

Rádios[editar | editar código-fonte]

  • Chaves FM

Flavienses ilustres[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Instituto Geográfico Português, Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013 Arquivado em 9 de dezembro de 2013, no Wayback Machine. (ficheiro Excel zipado)
  2. «Conheça o seu Município». www.pordata.pt. Consultado em 29 de janeiro de 2022 
  3. Diário da República, Reorganização administrativa do território das freguesias, Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro, Anexo I.
  4. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  5. INE - http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos_quadros
  6. «Concelho de Chaves : Autárquicas Resultados 2021 : Dossier : Grupo Marktest - Grupo Marktest - Estudos de Mercado, Audiências, Marketing Research, Media». www.marktest.com. Consultado em 30 de dezembro de 2021 
  7. «Eleições Legislativas 2022 - Chaves». legislativas2022.mai.gov.pt. Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  8. «Ficha Climatológica - 1971-2000 - Chaves» (PDF). Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Consultado em 13 de maio de 2020 
  9. [1]
  10. http://www.anmp.pt/anmp/pro/mun1/gem101l0.php?cod_ent=M5400
  11. http://www.anmp.pt/anmp/pro/mun1/gem101l0.php?cod_ent=M3000

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Chaves (Portugal)