Cigarra-verdadeira – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Cigarra-verdadeira macho em Horto Florestal de São Paulo, Brasil
Cigarra-verdadeira macho em Horto Florestal de São Paulo, Brasil
Cigarra-verdadeira fêmea em Parque Estadual Intervales, São Paulo, Brasil
Cigarra-verdadeira fêmea em Parque Estadual Intervales, São Paulo, Brasil
Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Subordem: Passeri
Família: Emberizidae
Espécie: S. falcirostris
Nome binomial
Sporophila falcirostris
(Temminck, 1820)
Distribuição geográfica
Distribuição da cigarra-verdadeira
Distribuição da cigarra-verdadeira
Sinónimos[2]
  • Sporophila cucullata
  • Fringilla atricapilla (Wied, 1830)
  • Fringilla falcirostris (Wied, 1830)
  • Pyrrhula falcirostris (Temminck, 1820)

A cigarra-verdadeira[3][4] ou cigarra-do-sul (nome científico: Sporophila falcirostris)[5] é uma espécie de ave passeriforme da família dos emberizídeos (Emberizidae).

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

a cigarra-verdadeira é distribuído de forma desconjuntada; no sudeste do Brasil, no sul da Bahia e do Espírito Santo e Minas Gerais ao sul ao longo de uma faixa litorânea ao sul de Santa Catarina; e no leste e sul do Paraguai e extremo nordeste da Argentina (Missiones).[1] Esta espécie é incomum ou rara, e aparentemente nômade, em seu habitat natural: o estrato baixo (sub-bosque) e as bordas das florestas úmidas e montanhosas da Mata Atlântica, geralmente associadas à floração de bambuzais (bambusoideae), quando pode ser temporariamente mais numerosa. Não excede os 1 200 metros de altitude.[6]

Conservação[editar | editar código-fonte]

Em 2018, a cigarra-verdadeira foi classificado como vulnerável pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) porque sua pequena população, estimada entre 2 500 e 10 mil indivíduos maduros, presume-se estar em rápido declínio como resultado da perda de habitat, seu nomadismo, dependência da floração do bambu e captura como ave de gaiola.[1][7] No Brasil, em 2005, foi classificada como criticamente em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[8] em 2010, como em perigo na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais[9] e vulnerável no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná;[10] em 2011, como em perigo na Lista das Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção em Santa Catarina;[11] em 2014, como em perigo no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo[12] e como vulnerável no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); em 2017, como em perigo na Lista Oficial das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção do Estado da Bahia;[13] e em 2018, como vulnerável na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do ICMBio[3][14] e em perigo na Lista das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Estado do Rio de Janeiro.[15]

Dieta[editar | editar código-fonte]

A cigarra-verdadeira alimenta-se especialmente de sementes de bambu, mas quando seu principal alimento não está disponível, se alimenta de outras sementes e insetos.[1]

Sistemática[editar | editar código-fonte]

A espécie S. falcirostris foi descrita pela primeira vez pelo naturalista holandês Coenraad Jacob Temminck em 1820 sob o nome científico de Pyrrhula falcirostris; sua localidade tipo é: "Brasil".[2] O nome popular da a cigarra-verdadeira em inglês, Temminck's seedeater, faz homenagem ao naturalista.[16] O nome feminino do gênero Sporophila é uma combinação das palavras gregas sporos ("semente") e philos ("amante"); e o nome da espécie falcirostris é composto pelas palavras latinas falx, falcis (foice) e rostris (bico).[17]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A cigarra-verdadeira é monotípica. Os dados apresentados por extensos estudos filogenéticos recentes mostraram que a presente espécie é irmã da cigarra-do-norte (Sporophila schistacea), e o par formado por ambas se aproxima de um clado composto por patativa-verdadeira (S. plumbea), golinho (S. albogularis) e coleiro-do-brejo (S. collaris).[18]

Referências

  1. a b c d BirdLife International (2018). «Sporophila falcirostris». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2018: e.T22723403A132163295. doi:10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS.T22723403A132163295.enAcessível livremente. Consultado em 17 de abril de 2022 
  2. a b Allen, Joel Asaph (1890). The West Indian Seal (Monachus Tropicalis Gray). Nova Iorque: Museu Americano de História Natural. p. 284 
  3. a b «Sporophila falcirostris (Temminck, 1941)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira. Consultado em 17 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022 
  4. «Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves da Mata Atlântica». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Consultado em 17 de abril de 2022 
  5. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 316. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  6. Ridgely, Robert; Tudor, Guy (2009). «Sporophila falcirostris». Field guide to the songbirds of South America: the passerines. Col: Mildred Wyatt-World series in ornithology 1.ª ed. Austin: Imprensa da Universidade do Texas. p. 638. ISBN 978-0-292-71748-0 
  7. «Sporophila falcirostris (Temminck, 1820)». ITIS - Integrated Taxonomic Information System - Report. Consultado em 17 de abril de 2022 
  8. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  9. «Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais» (PDF). Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM. 30 de abril de 2010. Consultado em 2 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 21 de janeiro de 2022 
  10. Livro Vermelho da Fauna Ameaçada. Curitiba: Governo do Estado do Paraná, Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná. 2010. Consultado em 2 de abril de 2022 
  11. Lista das Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção em Santa Catarina - Relatório Técnico Final. Florianópolis: Governo do Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Fundação do Meio Ambiente (FATMA). 2010 
  12. Bressan, Paulo Magalhães; Kierulff, Maria Cecília Martins; Sugleda, Angélica Midori (2009). Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo - Vertebrados (PDF). São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA - SP), Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 25 de janeiro de 2022 
  13. «Lista Oficial das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção do Estado da Bahia.» (PDF). Secretaria do Meio Ambiente. Agosto de 2017. Consultado em 1 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de abril de 2022 
  14. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  15. «Texto publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro contendo a listagem das 257 espécies» (PDF). Rio de Janeiro: Governo do Estado do Rio de Janeiro. 2018. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de maio de 2022 
  16. Beolens, Bo; Watkins, Michael (2003). Whose Bird? Men and Women Commemorated in the Common Names of Birds. Londres: Christopher Helm. pp. 335–336 
  17. Jobling, J. A. (2010). «Sporophila, p. 363, falcirostris, p. 157». Helm Dictionary of Scientific Bird Names. Londres: Bloomsbury Publishing. pp. 1–432. ISBN 9781408133262 
  18. Burns, K. J.; Schultz, A. J.; Title, P. O.; Mason, N. A.; Barker, F. K.; Klicka, J.; Lanyon, S. M.; Lovette, I. J. (2014). «Phylogenetics and diversification of tanagers (Passeriformes: Thraupidae), the largest radiation of Neotropical songbirds». Molecular Phylogenetics and Evolution. 75: 41-77. ISSN 1055-7903. Consultado em 17 de abril de 2022