Confusa, perdida – Wikipédia, a enciclopédia livre

"Confusa, perdida" ou "Triste pastora" é uma canção de Natal tradicional portuguesa originária da Beira Litoral.

História[editar | editar código-fonte]

Pastora distraída em anunciação aos pastores do livro de horas de Carlos VIII de França

Esta cantiga é um fragmento musical que fazia, originalmente, parte de um auto popular de Natal representado em várias povoações do litoral português.[1] Era cantada pela personagem Pastora, uma do grupo dos zagais de Belém que após receber a notícia do nascimento de Jesus pelo anjo vão apressados procurá-Lo para O adorar. Contudo, esta acaba por se perder, sozinha nos bosques, pedindo por isso ajuda aos anjos para chegar à lapinha e assim achar a cura dos seus "males". A este aparente impasse foi dada uma conclusão por João Maria de Santiago Prezado para o seu Auto da Pastora Perdida e da Velha Gaiteira de 1944.[2] Adiciona duas quadras em que chega, finalmente, o auxílio celestial, mas a pastora, que não consegue lutar mais contra o sono e o cansaço, deixa-se adormecer, pedindo aos anjos que velem o seu sono.[3]

Esta canção surge pela primeira vez publicada em 1919 pelo etnomusicólogo português Pedro Fernandes Tomás na sua obra Cantares do Povo.[1]

Partindo desta publicação, "Confusa, perdida" foi harmonizada pelo compositor português Fernando Lopes-Graça que a incluiu na sua Primeira Cantata do Natal, terminada no ano de 1950.[4] Em 2011, também o compositor Vasco Azevedo escreveu um arranjo a que deu o nome de "Triste pastora".[5]

Letra[editar | editar código-fonte]

Partitura de "Confusa, perdida" tal como surge nos Cantares do Povo de Pedro Fernandes Tomás.
Recolha de Fernandes Tomás

Confusa, perdida,
Sem alma, sem vida;
Remédio aos meus males;
Onde o acharia?

Sozinha nos bosques
Se um anjo me guia,
Em tantos enleios
Alívio teria.[1][2]

Remate de Santiago Prezado

Ai, triste pastora,
Neste ermo sozinha,
Que os anjos me ensinem
Onde é a lapinha.

Mas, ai, que eu não posso
Mais longe seguir…
Velai o meu sono,
Deixai-me dormir…[2]

Discografia[editar | editar código-fonte]

  • 1956Cantos Tradicionais Portugueses da Natividade. Coro de Câmara da Academia de Amadores de Música. Radertz. Faixa 10.
  • 1978Primeira Cantata do Natal. Grupo de Música Vocal Contemporânea. A Voz do Dono / Valentim de Carvalho. Faixa 10.
  • 1994Lopes Graça. Grupo de Música Vocal Contemporânea. EMI / Valentim de Carvalho. Faixa 10.
  • 20001ª Cantata do Natal Sobre Cantos Tradicionais Portugueses de Natividade. Coral Públia Hortênsia. Edição de autor.Faixa 10.
  • 2008Compositores Portugueses XX/XXI Volume 2. Lisboa Cantat. MU Records / Arte das Musas. Faixa 12.
  • 2012Canções de Natal Portuguesas. Pequenos Cantores do Conservatório de Lisboa. Numerica. Faixa 4: "Triste Pastora".
  • 2012Fernando Lopes-Graça - Obra Coral a capella - Volume II. Lisboa Cantat. Numérica. Faixa 14.
  • 2013Fernando Lopes-Graça - Primeira Cantata de Natal. Coro da Academia de Música de Viana do Castelo. Numérica. Faixa 10.[4]
  • 2017Primeira Cantata de Natal: Fernando Lopes-Graça. Coral de Letras da Universidade do Porto. Tradisom. Faixa 10.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c Tomás, Pedro Fernandes (1919). Cantares do Povo 1 ed. Coimbra: F. França Amado - Editor 
  2. a b c Coro da Academia de Música de Viana do Castelo. «Fernando Lopes-Graça: Primeira Cantata de Natal» (PDF). Consultado em 15 de agosto de 2015 
  3. Jorge Carvalho Alves, Manuel (25 de dezembro de 2012). «O Natal de Lopes-Graça» (entrevista). Vilas Boas 
  4. a b Paula de Castro; Miguel Azguime; et al. «Segunda Cantata do Natal». Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa 
  5. Paula de Castro; et al.; Miguel Azguime,. «Triste Pastora». Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa