Contribuição para a Crítica da Economia Política – Wikipédia, a enciclopédia livre

Contribuição à Crítica da Economia Política
File:A Contribution to the Critique of Political Economy, German edition.jpg
1859
Autor(es) Karl Marx
Idioma alemão
Género Economia
Cronologia
Grundrisse der Kritik der Politischen Ökonomie (1857)
Theorien über den Mehrwert (1863)

Contribuição à Crítica da Economia Política (em alemão: Kritik der Politischen Ökonomie) (1859) foi o livro de Marx anterior a O Capital (1867). Marx escreveu no prefácio da primeira edição de O Capital que a longa pausa foi devida a uma longa enfermidade.

O livro trouxe apenas dois capítulos: A mercadoria e A moeda. O plano inicial era fazer uma série: os livros seguintes abordariam o capital, propriedade fundiária, trabalho assalariado, Estado, comércio exterior e mercado mundial.

Anos depois, essa série foi abandonada, foi procurada uma outra editora e assim nasceu a nova série inconclusa O Capital de 4 livros (sendo o último as Teorias da Mais-Valia), que incorporou os temas do plano inicial e colocou Crítica da Economia Política como subtítulo.

Conteúdo[editar | editar código-fonte]

Há pequenas diferenças entre este livro e a primeira seção de O Capital: "Mercadoria e Dinheiro" que condensou o conteúdo de Contribuição à Crítica da Economia Política.[1]

Marx começa falando da diferença entre valor-de-uso e valor-de-troca, enquanto que O Capital começa a partir da diferença entre valor-de-uso e valor (na verdade o valor-trabalho), para depois comentar do valor-de-troca.

Trata-se de diferença de ordem na hora de expor: em Contribuição, a mercadoria tem valor-de-uso, e quando é trocada por outras mercadorias (ou dinheiro), então está dentro de relações de troca consequentemente relações sociais. E dentro da sociedade as pessoas trabalham, e assim nasce o valor (valor-trabalho) que é mais importante que o valor-de-uso e valor-de-troca.

Isso porque valor-de-uso é determinado pela utilidade, e isso depende de quem fará o uso: para aquela pessoa apenas aquela mercadoria tem aquela utilidade, e portanto é insubstituível e único, dificultando comparação com demais mercadorias.

Por outro lado, valor-de-troca oscila a todo momento no comércio, dependendo de oferta e procura, de justeza ou barganha entre comerciantes e consumidores. Mas dessa forma, se um vendedor de ferramentas vende caro, o comprador compra caro as ferramentas e com elas produz sua engenhoca, que também ficará mais caro por conta das ferramentas caras que comprou, e assim quem comprar a engenhoca também revenderá mais caro seu produto ou serviço, de forma que o aumento de preços mais cedo ou mais tarde atinge aquele que inicialmente aumentou o preço das ferramentas. Sendo assim, o valor-de-troca é volátil demais.

Para constatar o preço mínimo para começar a venda, ou, depois de muitas vendas e compras, constatar que existe uma média em torno da qual oscilam os preços, é necessário então um valor que não varie apesar dos preços nominais aumentarem ou abaixarem nas trocas, mas que também não seja tão único e difícil de comparar como o valor-de-uso.

Fisiocratas falaram do valor que veio da natureza e portanto as mercadorias valem mais ou menos dependendo do quão próximos ou afastados da natureza. Já Adam Smith e David Ricardo falaram do valor que veio do trabalho, o que é mais apropriado para o capitalismo, e explica a geração de valor mesmo dentro de indústrias que desde a matéria-prima lidam com elementos bastante afastados da natureza. Eis antão o valor-trabalho, ou simplesmente valor, tal como chama Marx.

Possivelmente, foi para ressaltar a importância do valor que em O Capital começou com a diferença entre valor-de-uso e valor: o valor-de-uso de refere à satisfação de necessidades "do estômago ou da fantasia" (1ª página de O Capital), mas a substância de um produto enquanto mercadoria está no valor, pois se excluindo o valor-de-uso da mercadoria, o que sobra é uma "gelatina de trabalho" (O Capital traduzido pela equipe de Paul Singer) ou uma "objetividade impalpável, a massa pura e simples do trabalho humano" (O Capital traduzido por Reginaldo Sant'anna) e uma forma desse valor se manifestar é pelo valor-de-troca.

Curiosamente, Compendio de O Capital de Carlo Cafiero, que é um resumo escrito para ser mais fácil de compreender começa a partir de valor-de-uso e valor-de-troca, tal como em Contribuição.