Descoberta dos elementos químicos – Wikipédia, a enciclopédia livre

A descoberta dos 118 elementos químicos conhecidos em 2023 é apresentada em ordem cronológica. Os elementos são listados geralmente na ordem em que cada um foi definido pela primeira vez como elemento puro, pois a data exata da descoberta da maioria dos elementos não pode ser determinada com precisão. Existem planos para sintetizar mais elementos e não se sabe quantos elementos são possíveis.

O nome, o número atômico, de cada elemento, o ano do primeiro relatório, o nome do descobridor e as notas relacionadas à descoberta são listados.

Lista[editar | editar código-fonte]

Z Elemento Primeiro uso Registro de
existência
da amostra
Descobridores Local da mais
antiga
amostra
Notas
29 Cobre 9000 a.C. 6000 a.C. Oriente Médio Anatólia Cobre foi provavelmente o primeiro metal minerado e trabalhado pelo homem.[1] Foi originalmente obtido como um mineral nativo e posteriormente da fundição de minérios. Estimativas iniciais da descoberta do cobre sugerem por volta de 9000 a.C. no Oriente Médio. Foi o mais importante dos materiais da humanidade durante a Era do Cobre e Bronze. Objetos de cobre de 6000 a.C. foram encontrados em Çatal Höyük, Anatolia.[2]
82 Chumbo 7000 a.C. 3800 a.C. Oriente Próximo Egito Acredita-se que a fundição do chumbo começou há 9000 anos e o artefato mais antigo é uma estatueta encontrada no tempo de Osíris e datado em cerca de 3800 a.C..[3]
79 Ouro Antes de 6000 a.C. 3000 a.C. Oriente Médio Egito Arqueologistas sugerem que o primeiro uso do ouro começou com as primeiras civilizações no Oriente Médio. É possível que tenha sido o primeiro metal utilizado pela humanidade. O mais antigo artefato em outro foi encontrado na tumba da Rainha Egípcia Zer.[4][5]
47 Prata Antes de 5000 a.C. Cerca 4000 a.C Desconhecido Ásia Menor Estima-se que tenha sido descoberta pouco depois do cobre e ouro.[6][7]
26 Ferro Antes de 5000 a.C. 4000 a.C. Desconhecido Egito Existem evidências de que o ferro era conhecido antes de 5000 a.C..[8] O mais antigo objeto feito de ferro usado pela humanidade são alguns enfeites de siderito, feitos no Egito em aproximadamente 4000 a.C.. A descoberta da fundição por volta de 3000 a.C. levou ao início da Era do Ferro por volta de 1200 a.C.[9] e o uso proeminente de ferro para ferramentas e armas.[10]
24 Crômio Antes do ano 1 Antes do ano 1 Exército Terracotta China Encontradas vários revestimentos em armas na China, devido a sua alta resistência material e a corrosão.[11]
83 Bismuto 1753 C.F. Geoffroy Identificado por Claude François Geoffroy em 1753.[12]

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A platina foi notada no minério de ouro americano desde o século XVI. Um número de químicos se ocupou da platina no século XVIII:

Platina por volta dos anos 1750
Zinco por volta dos anos 1746
Níquel por volta dos anos 1751
Hidrogênio por volta dos anos 1766
Flúor por volta dos anos 1886
Nitrogênio por volta dos anos 1772

O trabalho de Priestley nos gases atmosféricos resultou na sua preparação do oxigênio. Como ele acreditava no flogíston, ele não percebeu que tinha preparado um novo elemento, e pensou que havia conseguido preparar ar livre do flogíston ("ar de-flogístonizado"). No entanto ele foi o primeiro a isolar o oxigênio, mesmo que não tenha percebido que o fez:

Oxigênio 1771 Joseph Priestley
Cloro 1774 Karl Wilhelm Scheele
Manganês 1780? Hjelm
Molibdênio 1778 Karl Wilhelm Scheele
Telúrio 1782 Mueller von Reichenstein
Tungstênio 1783 Axel Fredrik Cronstedt

A descoberta recente do novo planeta Urano por William Herschel causaram uma sensação, então o recém descoberto elemento metálico foi batizado de urânio em sua honra.

Louis Nicolas Vauquelin
Urânio 1789 Martin Heinrich Klaproth
Zircônio 1789 Martin Heinrich Klaproth
Estrôncio 1793 Martin Heinrich Klaproth
Titânio 1797 Martin Heinrich Klaproth
Ítrio 1794 Johan Gadolin
Crômio 1797 Louis Nicolas Vauquelin
Colúmbio 1801 Charles Hatchett
Tântalo 1802 Anders G. Ekeberg

O elemento seguinte foi descoberto logo depois de uma nova classe de objetos astronômicos: o novo elemento recebeu um nome inspirado no recém descoberto asteroide, Ceres. O elemento foi descoberto quase que simultaneamente em dois laboratórios, embora mais tarde tenha sido mostrado que o cério de Jakob Berzelius e Wilhelm Hisinger era na verdade uma mistura de cério, lantânio e didímio.

Cério 1803 Martin Heinrich Klaproth; Jöns Jacob Berzelius e Hisinger
Ródio 1803 William Hyde Wollaston
Paládio 1803 William Hyde Wollaston
Ósmio 1803 Agnes Smithson Tennant
Irídio 1803 Agnes Smithson Tennant
Magnésio 1755 Joseph Black

Nesse ponto, Sir Humphry Davy explorou o uso da eletricidade da pilha voltaica para decompor os sais de metais alcalinos, e vários desses metais foram primeiro preparados como o elemento puro: o começo do campo da eletroquímica.

Potássio 1807 Humphry Davy
Cálcio 1808 Humphry Davy
Sódio 1807 Humphry Davy
Bário 1808 Humphry Davy
Iodo 1811 Bernard Courtois
Lítio 1817 Arfvedson (metal preparado por Bunsen usando eletrólise em 1855)

[Isso não está claro]

Cádmio 1817 Friedrich Stromeyer Descoberto de maneira independente por K.S.L Hermann
Selênio 1817 Jöns Jacob Berzelius
Silício 1823 Jöns Jacob Berzelius
Alumínio 1825 Hans Christian Ørsted
Bromo 1826 Antoine Jerome Balard
Tório 1828 Jöns Jacob Berzelius
Berílio 1828 Friedrich Wöhler Descoberto de maneira independente por A.A.B. Bussy
Vanádio 1801 Andres Manuel del Rio

O elemento seguinte foi descoberto quando Mosander mostrou que o cério isolado em 1803 por Berzelius na verdade era uma mistura de cério, lantânio e um assim-chamado didímio (que na verdade não um elemento, e foi separado em dois em 1885).

Lantânio 1839-41 Carl Mosander
Térbio 1843 Carl Mosander
Érbio 1843 Carl Mosander
Rutênio 1844 Karl Klaus

Descobertas da Espectroscopia[editar | editar código-fonte]

Um grande número de elementos foram inicialmente identificados por suas linhas de emissão espectroscópicas: césio e rubídio foram descobertos por Bunsen e Kirchhoff analisando o espectro de sais alcalinos. O elemento desconhecido com linhas de emissão azuis foi chamado de césio; purificando os sais desse novo elemento, outro elemento foi descoberto com uma linha de emissão vermelha; esse foi chamado de rubídio. Eles foram pouco tempo depois preparados como sais puros por Bunsen. A linha verde brilhante do tálio fez com que ele fosse nomeado a partir do grego, thallos, significando um tiro verde, e a linha índigo-azul de certos tipos de ligas de zinco deu o nome de índio ao novo elemento então descoberto:

Césio 1860 Bunsen
Rubídio 1860 Bunsen
Tálio 1861 Sir William Crookes
Índio 1863 Reich e Richter

Outro elemento descoberto pela espectroscopia, Hélio, foi inicialmente encontrado por astrônomos como uma linha de emissão do espectro solar. Seu nome vem do grego helios, que significa Sol. Primeiro pensou-se que seria um elemento metálico desconhecido, e entào o nome em inglês foi dado com a terminação -ium (Helium) para indicar um metal. No momento que foi encontrado na Terra e descobriu-se ser o mais leve dos gases nobres, o nome foi mantido; por analogia com outros gases nobres, o nome deveria terminar em -on.

Hélio 1868 Pierre Janssen, Norman Lockyer
Boro 1868 Joseph Louis Gay-Lussac & L.J. Thenard

A Tabela Periódica e a previsão de novos elementos[editar | editar código-fonte]

Em 1871, Mendeleev previu, a partir de espaços vazios em sua tabela periódica, que devia haver ainda pelo menos 3 elementos não descobertos, aos quais ele nomeou eka-boron, eka-aluminium, e eka-silicon. Com a previsão de Mendeleev da existência desses espaços e suas propriedades químicas aproximadas, os elementos correspondentes foram encontrados por químicos franceses, escandinávios e alemães, e foram nomeados por seus países de descoberta, como Gálio, Escândio e Germânio:

Gálio 1875 Paul Émile Lecoq de Boisbaudran
Itérbio 1878 Jean Charles Galissard de Marignac
Túlio 1879 Per Teodor Cleve
Escândio 1879 Lars Fredrick Nilson
Hólmio 1879 Marc Delafontaine e Jacques Louis Soret
Samário 1879 Paul Émile Lecoq de Boisbaudran
Gadolínio 1880 Jean Charles Galissard de Marignac

O 'didímio' isolado por Mosander em 1839 mostrou ser na verdade dois elementos separados, praseodímio e neodímio:

Praseodímio 1885 Carl Auer von Welsbach
Neodímio 1885 Carl Auer von Welsbach
Disprósio 1886 Paul Émile Lecoq de Boisbaudran
Germânio 1886 Winkler

A tecnologia de refrigeramento avançou consideravelmente durante o século XIX, a ponto de ser possível liquefazer gases atmosféricos. Uma observação curiosa foi feita: nitrogênio preparado por química significa que este composto tem o massa molecular um pouco menor que o do nitrogênio preparado por liquefação do ar. Isso foi atribuído à presença de um gás até então inesperado, batizado de argônio. Este gás foi o primeiro representante encontrado de um novo grupo inesperado na tabela periódica, primeiro conhecido como gáses inertes, atualmente mais conhecido como gáses nobres.

Argônio 1894 Rayleigh & Sir William Ramsay
Európio 1901 Eugene Demarcay

Uma vez líquido, o argônio podia ser preparado em quantidade a partir do ar. Pequenas quantidades de outros três gáses nobres puderam ser separadas pela diferença entre os pontos de ebulição. Estes novos elementos foram nomeados a partir das palavras gregas para, respectivamente, "novo", "escondido" e "estrangeiro".

Neônio 1898 Sir William Ramsay
Criptônio 1898 Sir William Ramsay
Xenônio 1898 Sir William Ramsay

Com a descoberta da radioatividade, tivemos o clássico trabalho dos Curie, que isolaram um número de elementos até então desconhecidos:

Rádio 1898 Marie Curie e Pierre Curie
Polônio 1898 Marie Curie e Pierre Curie
Actínio 1899 A Debierne

O radônio, outro gás nobre, não pôde ser descoberto porque sua curta meia-vida radioativa levava sua presença no ar a estar em quantidades insignificantes. Quando o rádio passou a estar disponível em quantidades macroscópicas, a produção deste gás nobre radioativo foi prontamente detectada como produto do decaimento do rádio.

Radônio 1898 Fredrich Ernst Dorn que o chamou de nitrônio
Lutécio 1907 Georges Urbain
Protactínio 1917 Kasimir Fajans, O. Göhring, Fredrich Soddy, John Cranston, Lise Meitner and Otto Hahn
Háfnio 1923 Dirk Coster
Rênio 1925 Walter Noddack e Ida Tacke

A essa altura, todos os elementos estáveis existentes na Terra já haviam sido descobertos, e a maior parte da tabela periódica já estava preenchida. Alguns espaços em branco ainda restavam entre os elementos de alta massa, mas um incômodo estava no espaço do elemento de número 43, bem abaixo do manganês na tabela. Os espaços foram preenchidos por elementos sintéticos. en:Walter Noddack e en:Ida Tacke (mais tarde Ida Noddack) acreditaram terem encontrado o Tecnécio, chamado por eles de Masurium (depois Masurien, uma região da Alemanha). Mais tarde, provou-se que eles estavam errados.

Os elementos sintéticos[editar | editar código-fonte]

Os elementos tidos como sintéticos são instáveis, com uma meia-vida tão "curta" em comparação com a idade da Terra, que qualquer átomo deste elemento que possa ter estado presente quando a Terra foi formada já decaiu completamente. Sendo assim, eles são apenas conhecidos como produto de reatores nucleares ou aceleradores de partículas. A descoberta do Tecnécio finalmente preencheu o quebra-cabeça da tabela periódica, e a descoberta de que não existem isótopos estáveis desse elemento justificou sua ausência na Terra: sua meia-vida de 4,2 milhões de anos indica que nada sobrou do período de formação do planeta.

Tecnécio 1937 Carlo Perrier (Synthetic)
Frâncio 1939 Marguerite Derey

Todos os elementos após estes são sintéticos:

Astato 1940 Dale R. Corson, K.R.Mackenzie, Emilio Segre'

Os dois próximos elementos foram os primeiros dos transurânicos (além do urânio) e foram chamados como os planetas além de Urano, Neptuno (Netuno, no Brasil) e Plutão:

Neptúnio 1940 E.M. McMillan & Philip H. Abelson,

University of California, Berkeley

Plutônio 1941 Glenn T. Seaborg, Arthur C. Wahl, Joseph W. Kennedy Emilio

Segré

Cúrio 1944 Glenn T. Seaborg
Amerício 1945 Glenn T. Seaborg
Promécio 1945 J.A. Marinsky
Berquélio 1949 Stanley. Albert Ghiorso, Kennerth Stret Jr., Glenn T. Seaborg
Califórnio 1950 Stanley. Albert Ghiorso, Kennerth Stret Jr., Glenn T. Seaborg
Einstênio 1952 Argonne Laboratory, Los Alamos Laboratory, University of California e Glenn T. Seaborg
Férmio 1953 Argonne Laboratory, Los Alamos Laboratory, University of California e Glenn T. Seaborg
Mendelévio 1955 Glenn T. Seaborg, Evans G. Valens
Nobélio 1958 Glenn T. Seaborg
Laurêncio 1961 Albert Ghiorso, Torbjorn Sikkeland, Almon E. Larsh e Robert M. Latimer
Ruterfórdio 1964 G. N. Flevor e CIA
Dúbnio 1970 Albert Ghiorso
Seabórgio 1974 Glenn T. Seaborg
Bório 1976 Y. Oganessian et al, Dubna e confirmado em GSI (1982)
Hássio 1984 Peter Armbruster e Gottfried Münzenberg
Meitnério 1982 Peter Armbruster and Gottfried Münzenberg, GSI
Darmstádio 1994 S. Hofmann, V. Ninov et al, GSI
Roentgênio 1994 S. Hofmann, V. Ninov et al, GSI
Copernício 1996 S. Hofmann, V. Ninov et al, GSI
Ununtrio 2004
Ununquadio 1999
Ununpentio 2004

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Copper History». Rameria.com. Consultado em 12 de setembro de 2008. Arquivado do original em 17 de setembro de 2008 
  2. CSA – Discovery Guides, A Brief History of Copper
  3. «The History of Lead – Part 3». Lead.org.au. Consultado em 12 de setembro de 2008 
  4. «Gold History». Bullion.nwtmint.com. Consultado em 12 de setembro de 2008 
  5. «The Turquoise Story». Indianvillage.com. Consultado em 12 de setembro de 2008 
  6. 47 Silver
  7. «Silver Facts – Periodic Table of the Elements». Chemistry.about.com. Consultado em 12 de setembro de 2008 
  8. «26 Iron». Elements.vanderkrogt.net. Consultado em 12 de setembro de 2008 
  9. Weeks, Mary Elvira; Leichester, Henry M. (1968). «Elements Known to the Ancients». Discovery of the Elements. Easton, PA: Journal of Chemical Education. pp. 29–40. ISBN 0-7661-3872-0. LCCCN 68-15217 
  10. «Notes on the Significance of the First Persian Empire in World History». Courses.wcupa.edu. Consultado em 12 de setembro de 2008 
  11. Cotterell, Maurice. (2004). The Terracotta Warriors: The Secret Codes of the Emperor's Army. Rochester: Bear and Company. ISBN 1-59143-033-X. Page 102.
  12. «Bismuth». Los Alamos National Laboratory. Consultado em 3 de março de 2013