Dialeto paulistano – Wikipédia, a enciclopédia livre

Dialeto Paulistano
Falado(a) em:  São Paulo ( Brasil)
Região: Região Metropolitana de São Paulo e parte da Baixada Santista e imediações
Total de falantes: aprox. 25 milhões de pessoas
Posição: Não se encontra entre os 100 primeiros
Família: Indo-europeia
 Itálico
  Românico
   Românico Ocidental
    Ibero-Românico
     Ibero-Ocidental
      Galego-português
       Português
        Português brasileiro
         Dialeto Paulistano
Estatuto oficial
Língua oficial de: sem reconhecimento oficial
Regulado por: sem regulamentação oficial
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---

O dialeto paulistano é um dialeto do português brasileiro, pela primeira vez classificado pelo filólogo Antenor Nascentes. É falado na cidade de São Paulo e também na Macrometrópole de São Paulo.

Influências[editar | editar código-fonte]

O dialeto paulistano é conhecido por englobar termos e palavras oriundas dos diversos idiomas falados por seus imigrantes, sendo tais termos inseridos gradualmente no português brasileiro e transferidos para outros dialetos deste idioma.

É fato conhecido que o dialeto paulistano adquiriu características dos idiomas de imigrantes europeus, que começaram a chegar à cidade nas últimas décadas do século XIX.

Mais de 70% dos italianos que vieram para o Brasil se fixaram no estado de São Paulo, principalmente na capital paulista.[1] No início do século XX, o italiano e seus dialetos eram tão falados quanto o português na cidade. A fala dos imigrantes fundiu-se à dos locais (dando origem a subdialetos no dialeto próprio da cidade de São Paulo. Bairros como os da Mooca e Bixiga, tradicionais por terem recebido muitos imigrantes no passado, preservam até hoje muitos termos e expressões típicas do norte da Itália.

Vale lembrar que imigrantes árabes (sírios e libaneses), japoneses, espanhóis e portugueses, também tiveram grande importância no desenvolvimento do falar paulistano, agregando novos termos ao dialeto local, embora tendo pouco impacto sobre o soar do dialeto paulistano, assim como se deu com a integração do italiano ao dialeto local. O livro "Brás, Bexiga & Barra Funda", de Alcântara Machado, os sambas de Adoniram Barbosa e Demônios da Garoa e os poemas modernistas de Juó Bananere, retrataram historicamente a influência italiana sobre o dialeto Paulistano/Paulista.

Principais características[editar | editar código-fonte]

  • Palatalização de /di/ e /ti/, como na maior parte dos dialetos do português falados no Sudeste, a exemplo dos dialetos carioca, fluminense, mineiro e algumas variantes do dialeto caipira: "tio" ['tʃiw] e "dia" ['dʒiɐ].
  • Nesse dialeto as fricativas /s/ e /z/ nunca são palatalizadas, ocorrendo até mesmo em caso de virem na frente de consoantes alveolares e dentais (/d/ e /t/), à semelhança do que ocorre com os dialetos mineiro, caipira, sertanejo, brasiliense e sulista: "isto" ['istu] e "desde" ['dezdʒi].
  • É frequente o uso do "r" surdo (/ɾ/) assim como ocorre nos dialetos sertanejo e sulista, ao contrário do que ocorre nos dialetos carioca, nortista e nos chamados Dialetos do Nordeste brasileiro, especialmente o cearense e o baiano, o que proporciona a um falante da língua portuguesa de outras regiões perceber um paulista falar como se estivesse "emendando uma ou sílaba ou até uma palavra na outra": "carta" ['kaɾtɐ].
  • A pronuncia do "s" é implosiva tal qual na maioria dos dialetos brasileiros (e em contraste forte com o "s" chiante" do dialeto carioca).[2] Exemplo: véspera ['vɛspeɾa].[3]
  • As palavras "átonas", como as preposições, os artigos e os pronomes oblíquos ficam unidas na forma de palavra fonológica: administração pública [aʤɪministɾa'sɐ͂ʊ̃ 'publika]; vale-refeição ['valɪ xefeɪ'sɐ͂ʊ̃]; ir para-os-ares ['iɾ paɾaʊ'zaɾɪs]; espreguiçar-se [ɪspregi'saɾsɪ].
  • O "o" tônico seguido de consoante nasal não vira nasal como nos outros dialetos do português brasileiro, coisa que faz com que, às vezes, seja pronunciado como vogal aberta.[4] Exemplo: homem ['ɔmẽĩ] (vs. ['õmẽĩ] no padrão geral brasileiro).

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Cópia arquivada». Consultado em 10 de abril de 2014. Arquivado do original em 2 de outubro de 2015 
  2. ALVIM, Ana Flávia Dias. "O falar carioca, paulista e caipira: Análise fonética e fonológica Arquivado em 23 de fevereiro de 2015, no Wayback Machine.." In: Anais do VII Seminário de Iniciação Científica em Estudos Linguísticos e Literários - CLCA - UENP/CJ. Jacarézinho: Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), 2010. Pg 234 - 240.
  3. GALASTRI, Eliane de Oliveira. "Guia para a transcrição fonética do dialeto paulista." Tese de Doutorado. Araraquara: Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), 2014.
  4. «Sotaque paulista influenciado pelo italiano?». WordReference Forums (em inglês). Consultado em 7 de julho de 2019 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • NASCENTES, Antenor - Bases para a elaboração do atlas lingüístico do Brasil - Rio de Janeiro: MEC, 1961.
  • ___________________ - Idioma Nacional - Rio de Janeiro: Valverde, 1944.
  • ___________________ - Tesouro da fraseologia brasileira - Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1945.
  • ___________________ - A gíria brasileira - Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica, 1953.
  • Machado, Alcântara: "Brás, Bexiga & Barra Funda", 1928.