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Dinastia cassita da Babilónia

Terceira dinastia da Babilónia

1 595 a.C.1 155 a.C. 

Mapa aproximado do reino da Babilónia no século XIII a.C., durante a dinastia cassita
Coordenadas da capital   32° 32' N 44° 25' E
Continente Ásia
Região Mesopotâmia
Capital Babilónia
País atual Iraque

Língua oficial acádio babilónico
Outras línguas sumério

Forma de governo monarquia

Período histórico Antiguidade
• 2.ª metade
do século XVIII a.C.
  Fundação da dinastia por Gandas
• 1 595 a.C.  Tomada do poder em Babilónia por Agum II, na sequência do saque pelos hititas
• 1 155 a.C.  Conquista de Babilónia pelos elamitas
• 2.ª metade
do século XII a.C.
  Conquista da Babilónia aos elamitas por Nabucodonosor I

A dinastia cassita, também conhecida como terceira dinastia da Babilónia, foi uma linhagem de reis de origem cassita que reinaram a partir da cidade de Babilónia na última metade do 2.º milénio a.C. e que pertenciam à mesma família que dirigiu o reino da Babilónia entre 1 595 e 1 155 a.C., a seguir à primeira dinastia da Babilónia (Império Paleobabilónico; 1 894–1 595 a.C.). Foi a mais longa dinastia conhecida desse estado, que governou durante todo o período conhecido como "médio-babilónico" (1595–1000 a.C.).

Os cassitas eram um povo exterior à Mesopotâmia, cujas origens são desconhecidas, embora muitos autores teorizem que tenham sido originários dos montes Zagros. Os seus reis levaram mais de um século a consolidar o seu poder na Babilónia, em condições que permanecem obscuras. Não obstante a sua origem externa, os reis cassitas não mudaram as tradições ancestrais da Babilónia e, pelo contrário, puseram ordem no país após as turbulências que marcaram o fim da primeira dinastia. Não tendo sido grandes conquistadores, empreenderam numerosos trabalhos de construção, nomeadamente nos grandes templos, contribuíram para a expansão dos terrenos agrícolas e sob os seus auspícios a cultura babilónica floresceu e expandiu-se por todo o Médio Oriente. O período cassita continua a ser muito mal conhecido, devido à escassez de fontes com ele relacionadas, das quais poucas se encontram publicadas. Os aspetos económicos e sociais, em particular, estão muito mal documentados, à exceção do que se relaciona com as doações reais atestadas pelas estelas de doações caraterísticas do período, os cudurrus.

Durante a vigência da dinastia, o poder de Babilónia estabeleceu-se de forma definitiva sobre todos os antigos estados da Suméria e da Acádia, formando-se o país denominado "Cardunias" (Karduniaš). A partir dos cassitas, quem quer que quisesse dominar a Mesopotâmia tinha que reinar em Babilónia. Esta estabilidade é notável pois trata-se da única dinastia babilónica cujo poderio não derivou da herança de um ou dois reinados fundadores brilhantes seguidos de um declínio progressivo.

Fontes históricas[editar | editar código-fonte]

Cudurru que relata a doação de terras pelo rei cassita Melisipaque à sua filha Hunubate-Nanaia, século XII a.C., Museu do Louvre

Não obstante a sua longa duração, o período da dinastia está mal documentado: as fontes são escassas e poucas delas foram publicadas. Os vestígios arquitetónicos e artísticos desse período são também pouco abundantes; provêm essencialmente do sítio de Dur-Curigalzu, onde se encontrou o único complexo monumental do período cassita, constituído por um palácio e vários edifícios de culto. Foram descobertos outros edifícios em vários sítios maiores da Babilónia, como Nipur, Ur e Uruque. Nos montes Hanrim foram também descobertos outros sítios de menor importância pertencentes ao reino cassita: Tel Maomé, Tel Inlie e Tel Zubeidi.[1][2] Mais longe, no sítio de Terca, no Médio Eufrates, e nas ilhas de Failaka (no que é atualmente o Cuaite) e Barém, no golfo Pérsico, há também alguns vestígios da dominação cassita. Os baixos-relevos gravados nos cudurrus e selos-cilindros são os testemunhos melhor conhecidos das realizações dos artistas da época.[3]

No que se refere à epigrafia, J. A. Brinkman, um dos maiores especialistas em fontes da época, estimou que tenham sido encontrados aproximadamente de 12 000 textos do período,[4][nt 1] a maior parte deles pertencentes aos arquivos administrativos provenientes de Nipur, dos quais apenas cerca de 20% foram publicados.[nt 2] Foram encontrados em escavações americanas levadas a cabo sobretudo durante o fim do século XIX e estão guardadas em Istambul e em Filadélfia. Os restantes são provenientes de outros sítios: há quarenta tábuas encontradas em Dur-Curigalzu que foram publicadas,[5][6] outros de Ur,[7][8][9] na cidade de Babilónia foram encontrados conjuntos de tábuas económicas privadas e textos religiosos que não foram publicadas.[10] Nos sítios dos montes Hanrim foram também encontradas tábuas, a maior parte delas não publicadas,[nt 3] e há ainda tábuas cuja proveniência é desconhecida (o "arquivo Peiser").[11][12] A maior parte dessa documentação é de caráter administrativo e económico, mas há igualmente algumas inscrições reais e textos escolares e religiosos.[13]

As inscrições reais dos reis cassitas, pouco numerosas e geralmente breves, aportam poucas informações sobre a história política da sua dinastia. É necessário recorrer às fontes mais tardias, que são as crónicas históricas redigidas no início do 1.º milénio a.C., a História Sincrónica[14] e a Crónica P,[15] as quais fornecem informações principalmente sobre os conflitos entre os reis cassitas e os reis assírios.[16] As inscrições reais destes últimos, muito abundantes, dão informações essenciais sobre as mesmas guerras.[17] As inscrições reais elamitas são um pouco menos fiáveis. A estas fontes juntam-se ainda algumas cartas da correspondência diplomática dos reis cassitas com o Egito[18] e com os hititas.[19] As primeiras fazem parte das chamadas Cartas de Amarna, encontradas em Amarna, a antiga Aquetáton, capital do faraó Aquenáton.[18] As últimas foram encontradas em Boğazköy, no sítio da antiga capital hitita, Hatusa.[19]

O tipo de fonte textual relativo à vida administrativa e económica da Babilónia cassita que atraiu mais a atenção dos estudiosos é uma forma de inscrição real, encontrada nas estelas conhecidas como cudurrus (às quais os babilónios chamavam narû), que comemoram as doações reais. Conhecem-se cerca de quarenta cudurrus da época cassita. Os seus textos são geralmente constituídos por uma descrição breve da doação e dos eventuais privilégios, uma longa lista de testemunhas e por maldições àqueles que não respeitassem o ato.[20][21][22]

História política[editar | editar código-fonte]

O início mal conhecido[editar | editar código-fonte]

Fragmento de tábua da Crónica P, que relata os conflitos entre os reis cassitas e assírios

Em 1 595 a.C., Samsi-Ditana, rei da Babilónia, foi derrotado por Mursilis I, rei dos hititas, que se apoderou da estátua de Marduque guardada no Esagila, o grande templo da cidade de Babilónia, que levou com ele. Esta derrota marcou o fim da dinastia amorita babilónica, já muito enfraquecida pelos vários rivais, entre eles os cassitas. Segundo a lista real babilónica, Agum II ter-se-ia apoderado de Babilónia depois desta cidade ter sido saqueada pelos hititas. De acordo com a mesma fonte, Agum II teria sido o décimo soberano da dinastia dos reis cassitas (fundada por um tal de Gandas), que teria reinado não se sabe onde durante a segunda metade do século XVIII a.C.[23] Possivelmente os cassitas eram aliados dos hititas e apoiaram a campanha destes para tomarem o poder.[24][25]

Não há quaisquer menções à origem exata dos cassitas nos textos antigos.[nt 4] A primeira menção a eles data do século XVIII a.C., na Babilónia, mas também são mencionados na Síria e na Alta Mesopotâmia nos séculos seguintes. No entanto, a maior parte dos especialistas situam a sua origem na cordilheira de Zagros, onde ainda se encontravam cassitas durante a primeira metade do 1.º milénio a.C.[26] O primeiro soberano cassita atestado como rei de Babilónia parece ser Burnaburias I. Esta dinastia teve como rival a do País do Mar, situada a sul da Babilónia, em redor das cidades de Uruque, Ur e Larsa, que foi derrotada no início do século XV a.C. pelos soberanos cassitas Ulamburias e Agum III. Após essa vitória militar, a preponderância da Babilónia na Mesopotâmia meridional não voltou a ser contestada e os soberanos cassitas dominaram a totalidade dos territórios da Suméria e da Acádia, que passaram a constituir o país de Cardunias (Karduniaš; o termo cassita equivalente a Babilónia), que foi uma das grandes potências do Médio Oriente.[27]

O único ganho territorial notável efetuado por governantes cassitas depois disso foi a ilha de Barém, então chamada Dilmum, onde foi descoberto um selo com o nome de um governador babilónio da ilha, apesar de nada se saber sobre a duração deste domínio.[28]

Relações diplomáticas[editar | editar código-fonte]

Mapa político do Médio Oriente no início da período coberto pelas Cartas de Amarna, primeira metade do século XIV a.C.

Os séculos XIV e XIII a.C. marcaram o apogeu da dinastia cassita da Babilónia. Os seus reis igualaram os grandes soberanos seus contemporâneos do Egito, de Hati, Mitani e da Assíria, com os quais mantiveram relações diplomáticas, nas quais têm o privilégio de ostentar o título de "grande rei" (šarru rabû),[29] que envolveram abundante correspondência e trocas de presentes (šulmānu).[nt 5] Este sistema, atestado principalmente pelas Cartas de Amarna[30][31] no Egito e de Hatusa (a capital hitita),[32] era assegurado por emissários chamados mār šipri, envolvia trocas importantes de produtos de luxo, que incluíam muito ouro e outros metais preciosos, num esquema de dons e contradons, mais ou menos respeitado por alguns soberanos, que por vezes se processava com algumas pequenas tensões. Essas trocas eram efetuadas como presentes de amizade ou de homenagens aquando da entronização de um rei. A língua diplomática era o acádio babilónico, na forma dita "médio-babilónica", como acontecia no período precedente.[33][34]

As cortes das potências regionais desse período ligaram-se através de casamentos dinásticos, tendo os reis cassitas participado ativamente nesse processo, estabelecendo laços em várias gerações com algumas cortes, como a dos hititas (que possivelmente estão na origem da sua tomada do poder na cidade de Babilónia) e dos elamitas. Burnaburias II (ca. 1359–1333 a.C.) casou uma das suas filhas com o faraó Aquenáton (3.º quartel do século XIV a.C.)[35] e outra com o rei hitita Supiluliuma II, enquanto ele próprio desposou a filha do rei assírio Assurubalite I.[36] Houve também princesas babilónias que casaram com soberanos elamitas.[37] Estas práticas tinham como objetivo reforçar os laços entre as diferentes casas reais, que nos dois últimos casos se tratavam de vizinhos diretos, a fim de evitar tensões políticas. Com os parceiros mais longínquos, como os hititas, eram essencialmente uma forma de prestígio e de influência, pois as princesas babilónias e os especialistas (médicos e escribas) que foram enviados para a corte hitita foram protagonistas de influências culturais babilónicas no reino hitita.[38]

Diz a Niburrereia (Tutancâmon?), rei do Egito, meu irmão: assim (fala) Burnaburias, rei de Cardunias (Babilónia), teu irmão. Para mim tudo vai bem. Para ti, para a tua casa, tuas mulheres, teus filhos, teu país, teus grandes, teus cavalos, teus carros, que tudo vá bem! Desde que os meus antepassados e os teus proclamaram mutuamente a sua amizade, foram enviados sumptuosos presentes, e nunca foi recusado um pedido qualquer que fosse a magnitude. O meu irmão enviou-me agora como presente duas minas de ouro. Agora, se o o ouro está em abundância, envia-me tanto quanto os teus antepassados (enviavam), mas se há falta dele, envia-me metade do que os teus antepassados (enviavam). Porque me enviaste (só) duas minas de ouro? Neste momento as minhas obras num templo são muito onerosas, e tenho problemas para as concluir. Envia-me muito ouro. E pela tua parte, o que quer que queiras para o teu país, escreve-me de forma a que te possa ser enviado.
 
Testemunho de uma amizade lucrativa entre monarcas babilónios e egípcios numa carta de Amarna (EA 9).

Conflitos com a Assíria e Elão[editar | editar código-fonte]

Mapa político do Médio Oriente após a expansão dos hititas e dos assírios

A Babilónia envolveu-se numa série de conflitos com a Assíria quando Assurubalite I, o soberano assírio, se libertou do domínio de Mitani em 1 365 a.C., o que assinalou o início de um confronto plurissecular entre o norte e o sul da Mesopotâmia. Burnaburias II (r. ca. 1359–1333 a.C.) inicialmente viu com maus olhos a independência da Assíria, pois considerava esta região uma das suas vassalas, mas acabou por desposar a filha do rei assírio, com a qual teve um filho, Caracardas. Este último subiu ao trono em 1 333 a.C., mas foi assassinado pouco depois, sendo sucedido por Nazi-Bugas. Assurubalite reagiu ao assassinato do seu neto e invadiu a Babilónia para colocar no trono o seu outro neto, Curigalzu II (r. 1332–1308 a.C.). Este manteve a sua fidelidade ao avô até morrer, mas provocou o rei assírio seguinte Enlilnirari, o que esteve na origem de uma série de conflitos que se prolongaram durante mais de um século e que culminaram no confronto entre o Castilias IV (r. 1232–1225 a.C.) da Babilónia e Tuculti-Ninurta I (r. ca. 1243–1207 a.C.) da Assíria. Este invadiu e devastou a Babilónia, saqueando a capital, de onde deportou milhares de pessoas.[39][40]

A situação tornou-se então cada vez mais confusa, pois os assírios não conseguiram estabelecer uma dominação durável na Babilónia, não obstante a vontade de Tuculti-Ninurta, que mandou descrever a sua vitória num longo texto épico (a Epopeia de Tuculti-Ninurta) e se autoproclamou rei da Babilónia. Os conflitos continuaram e agravaram-se quando o rei elamita Quidim-Hutrã (r. 1245–1215 a.C.) se envolveu, possivelmente em solidariedade com os reis cassitas, ao qual estava ligado pelo casamento. Quidim-Hutrã devastou Nipur e tornou a situação difícil para os governantes impostos pelos assírios na Babilónia, os quais foram depostos um após outro até 1 217 a.C.[41]

Após o assassinato de Tuculti-Ninurta em 1 208 a.C. e os tumultos internos que se seguiram na Assíria, os reis da Babilónia lograram retomar a sua autonomia, ao ponto de ser o rei babilónio Merodaque-Baladã I (r. 1171–1159 a.C.) que ajudou o rei assírio Ninurta-apil-Ecur a tomar o poder no reino do norte, antes deste se voltar contra ele sem sucesso.[42] Pouco depois do fim destes conflitos, os exércitos elamitas entraram na Mesopotâmia, comandados pelo seu rei Sutruque-Nacunte (r. 1185–1160 a.C.), numa altura em que a Babilónia e a Assíria se encontravam enfraquecidas devido à guerra recente. A intervenção do rei elamita na Babilónia pode ter sido motivada pela sua vontade de fazer valer os seus direitos sobre o trono babilónio resultantes dos seus laços familiares com a dinastia cassita, numa época ondes os conflitos sucessórios tinham enfraquecido a legitimidade dos soberanos babilónios.[43][44]

Queda da dinastia[editar | editar código-fonte]

Em 1 160 a.C., numa altura em que Merodaque-Baladã tinha conseguido estabilizar o poder na Babilónia, o monarca elamita Sutruque-Nacunte invadiu a Babilónia e saqueou as suas principais cidades.Foi neste período que vários monumentos maiores da história mesopotâmica foram levados para Susa, a capital elamita. Entre as peças saqueadas estavam várias estátuas e estelas, como a da vitória de Narã-Sim da Acádia ou do Código de Hamurabi, bem como outras estelas de diversas épocas, entre as quais cudurrus cassitas. Depois de vários anos de resistência liderados por soberanos cassitas, o rei elamita seguinte, Cutir-Nacunte III, desferiu o golpe de misericórdia na dinastia cassita em 1 155 a.C. e levou a estátua do deus Marduque para Elão, como símbolo da submissão da Babilónia.[42]

Instituições do reino cassita[editar | editar código-fonte]

A documentação sobre o período cassita é pouco abundante comparado ao do período precedente, concentrando-se essencialmente nos séculos XIV e XIII a.C. Além disso, foi também pouco estudado e por isso sabe-se pouco sobre os aspetos socioeconómicos da Babilónia dessa época. O maior conjunto de documentação é constituído por um lote de 12 000 tábuas encontradas em Nipur, das quais só uma pequena pequena parte foi publicada e estudada. Foram também encontrados alguns arquivos noutros sítios, mas em pequena quantidade. A estas fontes juntam-se os cudurrus (ver mais abaixo) e algumas inscrições reais.[33][45]

O rei[editar | editar código-fonte]

Bloco de calcedónia com uma inscrição do rei Nazi-Marutas (r. 1307–1282 a.C.) proclamando-se "rei da totalidade"; Museu do Louvre

O rei cassita era designado por vários títulos. Além dos mais tradicionais "rei das quatro regiões" ou "rei da totalidade" (šar kiššati), foi usado o novo título "rei de Cardunias" (šar māt karduniaš), ou ainda o original "xacanacu de Enlil[nt 6][nt 7] usado pelos dois reis chamados Curigalzu.[47] Os primeiros títulos indicam que o rei se considerava governante de um território que incluía toda a região babilónica. Os reis cassitas retomaram todos os atributos tradicionais das monarquias mesopotâmicas: reis guerreiros,[48] juízes supremos do reino e empreendedores de obras, nomeadamente de manutenção e restauro dos templos das divindades tradicionais da Mesopotâmia.[36] Toda a família real estava envolvida no exercício dos altos cargos: há exemplos de um irmão de um rei que comandou um exército ou de um filho de um rei que se tornou o grande sacerdote do deus Enlil.[49]

Não obstante a sua origem étnica, as influências cassitas nos usos políticos e religiosos da corte parecem ter sido limitadas. Os nomes dos soberanos são cassitas no início da dinastia, fazendo referência a deuses desse povo, como Burias, Harbe ou Marutas, mas posteriormente misturam termos cassitas e acádios. A dinastia real colocou-se sob a proteção de um par de divindades cassitas, Sucamuna e Sumalia, as quais tinham um templo na cidade de Babilónia no qual os reis eram coroados.[50] Apesar de, segundo um texto da época, a capital oficial ter sido depois transferida para Dur-Curigalzu, os reis continuaram a ser homenageados em Babilónia, que preservou o estatuto de capital principal. Dur-Curigalzu foi uma nova cidade fundada por Curigalzu II (r. 1332–1308 a.C.), onde os reis cassitas recebiam a homenagem dos chefes das tribos cassitas. Aparentemente, esta capital secundária parece estar mais ligada à dinastia, sem que tenha realmente feito sombra a Babilónia, cujo prestígio se manteve intacto.[51]

As elites da administração real[editar | editar código-fonte]

No período cassita surgiram alguns novos títulos para dignitários próximos do rei, como o de šakrumaš, um termo de origem cassita que aparentemente designava um chefe militar, ou o kartappu, que originalmente era um condutor de cavalos. Embora a organização do exército cassita seja muito mal conhecida, sabe-se que durante esse período se assistiu a inovações importantes nas técnicas militares, com a aparição do carro ligeiro e o emprego de cavalos, que aparentemente era uma das especialidades cassitas. Entre os altos dignitários, os sukkallu (um termo vago que pode traduzir-se por "ministro") ainda estavam presentes. As funções de todos esses personagens são mal definidas e provavelmente instáveis. Conhece-se mal a nobreza cassita, mas geralmente admite-se que ela ocupava os cargos mais importantes e que dispunha de grandes propriedades.[52]

Sabe-se um pouco mais sobre a administração provincial.[53][54] O reino estava dividido em províncias (pīhatu), dirigidas por governadores, geralmente chamados šakin māti ou šaknu, aos quais se podem juntar os eventuais territórios tribais dirigidos por um bēl bīti, um cargo sobre o qual se fala mais abaixo. O governador de Nipur ostentava o título particular de šandabakku (em sumério: GÚ.EN.NA) e dispunha de mais poder do que os restantes. Só se conhece bem este cargo de governador de Nipur, devido à abundâncias dos arquivos encontrados nessa cidade sobre o período cassita. É frequente que os governadores se sucedessem dentro da mesma família. Ao nível local, as aldeias e cidades eram administradas por um "prefeito" (hazannu), cujas funções tinham uma componente judiciária, apesar de existirem juízes (dayyānu).[55] Os postos administrativos subalternos eram ocupados por babilónios, bem formados para esse género de tarefas. Os cassitas não parecem ter tido grande inclinação para a profissão de escriba-administrador. Todos os súbditos eram obrigados a pagar impostos ao poder real, que em alguns casos podia ser pago com trabalhos: por vezes acontecia que a administração requisitasse certos bens de privados. Estas contribuições fiscais são conhecidas principalmente porque são mencionadas nos cudurrus, que registam a isenção para certas terras.[55]

No período cassita foram feitas algumas inovações no campo da organização administrativa, que em parte se devem a tradições cassitas. Alguns territórios foram chamados "casas" (em acádio: bītu), dirigidas por um chefe (bēl bīti, "chefe de casa"), que geralmente reivindicava ser descendente de um antepassado comum epónimo do grupo. Esse facto foi durante muito tempo interpretado como um modo de organização tribal cassita, com cada tribo dispondo de um território que administrava. Esta perspetiva tem vindo a ser contestada recentemente, tendo sido proposto que essas "casas" das propriedades familiares herdadas de um antepassado seriam uma forma de província que complementava a grelha administrativa descrita acima, nas quais os chefes eram nomeados pelo rei.[56][57]

Doações reais[editar | editar código-fonte]

Cudurru reportando uma doação feita por Merodaque-Baladã I, século XII a.C., Museu do Louvre

As instituições económicas dominantes na Babilónia continuaram a ser os "grandes organismos", os palácios e os templos. Mas à exceção do caso das terras do governador de Nipur, há pouca documentação sobre essas instituições. Um dos raros aspetos da organização económica do período cassita sobre o qual há muita documentação é o das doações de terras feitas pelos reis: há milhares de tábuas inéditas que aguardam ser publicadas para que o conhecimento sobre este período possa ser expandido. Trata-se de um fenómeno particular que parece ter sido iniciado neste período, pois durante o período precedente as terras eram concedidas de forma não definitiva.[20][21][22][58]

Essas doações estão registadas em cudurrus,[20][21][22][58] tendo sido encontrados 40 da dinastia cassita. Trata-se de estelas divididas em várias secções: a descrição da doação, com os direitos e deveres do beneficiário (impostos, corveias, isenções), as maldições divinas a que estava sujeito quem não respeitasse a doação e, frequentemente, baixos-relevos esculpidos. Os cudurrus eram colocados em templos, sob a proteção divina. Geralmente as doações envolviam propriedades muto vastas, com 80 a 1 000 hectares (250 ha em média) e os beneficiários eram altos dignitários próximos do rei: altos funcionários, membros da corte, nomeadamente da família real, generais ou sacerdotes. Constituíam uma recompensa pela lealdade da pessoas ou por atos pelos quais se tinham distinguido. Os grandes templos da Babilónia também receberam propriedades importantes: o Esagila, o templo de Marduque de Babilónia, recebeu 5 000 ha durante o período. As terras eram concedidas com trabalhadores agrícolas, que passavam a ficar dependentes do templo. Por vezes, as doações eram acompanhadas de isenções de impostos ou de corveias. Em casos extremos, os beneficiários dispunham de poder sobre a população local, que se substituía à da administração provincial, em relação à qual estavam protegidos por cláusulas especiais.[nt 8]

Alguns estudiosos vêm algumas semelhanças dessa prática com o feudalismo,[nt 9] o que é refutado liminarmente pela maior parte dos estudos mais recentes, segundo os quais essas doações não puseram em causa o sistema económico tradicional babilónico, que nunca foi feudal propriamente dito, apesar de poderem ter existido poderes locais fortes em algumas ocasiões. As doações não incidiram sobre a maior parte das terras, que o soberano não podia alienar e que continuaram a ser administradas nos mesmos moldes anteriormente descritos dos períodos precedentes.[60][61]

Economia[editar | editar código-fonte]

Agricultura[editar | editar código-fonte]

Sabe-se muito pouco sobre a economia da Babilónia cassita. A situação no mundo rural é obscura pois as fontes são muito limitadas à parte do que se sabe através dos cudurrus e de algumas tábuas económicas do período provenientes principalmente de Nipur. As prospeções arqueológicas levadas a cabo em várias áreas da planície da Baixa Mesopotâmia indicam que a retoma económica foi lenta após a crise do fim do período paleobabilónico, durante a qual o número de áreas ocupadas decresceu fortemente. É evidente que se assistiu a uma reocupação de habitats, mas este fenómeno incidiu principalmente nas pequenas aldeias e povoados rurais, que se tornaram então predominantes, enquanto que os sítios urbanos que antes eram predominantes viram a sua área reduzir-se, o que pode indicar um processo de "ruralização" que marcou uma rutura na história da região.[62] Essa situação pode ter sido acompanhada por um declínio da produção agrícola, possivelmente agravada em algumas regiões (como a de Uruque, por exemplo) por deslocamentos de cursos de água.[63]

As doações de terras efetuadas pelos reis parecem ter incidido sobretudo sobre terras situadas nas imediações de espaços cultivados, o que pode refletir uma vontade de retomar os espaços tornados incultos depois do fim do período precedente. Nota-se igualmente que a administração real se empenhou na exploração de zonas de cultura intensiva nos arredores de Nipur.[64] No entanto, sabe-se pouco até sobre as culturas de regadio, o principal setor económico da Babilónia.[65]

Artesanato e intercâmbios comerciais[editar | editar código-fonte]

Carta de correspondência diplomática entre o rei cassita Burnaburias II e o faraó Niburrereia (Tutancámon?) encontrada em Amarna (EA 9)

Sabe-se igualmente muito pouco sobre o artesanato e o comércio local. Nos arquivos de Dur-Curigalzu há registo de entregas de matérias-primas como metal e pedra a artesãos que trabalhavam para um templo,[6] uma situação comum na organização do artesanato na Mesopotâmia antiga. Aparentemente, o comércio a longa distância estaria bastante desenvolvido, nomeadamente com o golfo Pérsico (Dilmun, no atual Barém) e com o Levante mediterrânico. As Cartas de Amarna mostram que o rei se interessava pelos destinos dos mercadores babilónicos até à Palestina, mas não pode afirmar se isso seja uma indicação de que esses mercadores (sempre chamados tamkāru) trabalhassem para o palácio real de forma parcial ou total.[66] As trocas de bens realizadas no âmbito da diplomacia entre as cortes reais, embora não possam ser identificadas como comércio propriamente dito, contribuíam para a circulação de bens a uma escala internacional para as elites. Dessa forma, as relações diplomáticas cordiais mantidas pelos cassitas com o Egito parecem ter proporcionado um afluxo de ouro importante à Babilónia, o que teria permitido basear os preços no padrão-ouro e não na prata, pela primeira vez na história da Mesopotâmia.[67]

A Babilónia exportava para os seus vizinhos ocidentais (Egito, Síria, e Anatólia) lápis-lazúli, que era importado do Afeganistão, e também cavalos cuja criação parece ter sido uma especialidade dos cassitas, bem atestada nos textos de Nipur, apesar destes animais serem provenientes das regiões montanhosas do leste e nordeste da Mesopotâmia.[68]

Religião e cultura[editar | editar código-fonte]

Panteão e locais de culto[editar | editar código-fonte]

Representações dos símbolos das principais divindades do panteão mesopotâmico no período cassita, no reverso de um cudurru do reinado de Melisipaque (1186–1172 a.C.), representando uma procissão de deuses músicos e animais; Museu do Louvre

O panteão mesopotâmico do período cassita não sofreu modificações profundas em relação ao período precedente. Isso é visível no baixo-relevo de um cudurru de Melisipaque (1186–1172 a.C.) conservado atualmente no Museu do Louvre.[69] As divindades invocadas como garantes da doação de terras que é consagrada nessa estela são representadas segundo uma organização funcional e hierárquica. Na parte superior há símbolos das divindades que tradicionalmente dominavam o panteão mesopotâmico: Enlil, que continuou a ser o rei dos deuses, Anu, Sim, Samas, Istar e Ea. Os soberanos cassitas adotam os usos e tradições religiosas mesopotâmicas, mas a preponderância cultural da cidade de Babilónia e o crescimento da importância do clero do seu templo principal, o Esagila, tenderam a fazer do deus tutelar da cidade, Marduque, uma divindade cada vez mais importante no panteão babilónico no final do período cassita.[70] O seu filho Nabu, deus da sabedoria, e Gula, deusa da medicina, gozaram também de grande popularidade.[3]

As divindades cassitas originais não adquiriram um lugar importante no panteão babilónico. As principais são conhecidas através de algumas menções nos textos: o casal patrono da dinastia Sucamuna-Sumalia já referido, o deus das tempestades Burias, o deus guerreiro Marutas, o deus solar Surias e Harbe, que parece ter tido uma função de soberania.[3]

As várias obras patrocinadas nos templos pelos monarcas cassitas são mal conhecidas ao nível arquitetónico, mas há indícios de que tenham sido realizadas algumas inovações.[71] Conhece-se um pequeno templo com decoração original construído no interior da Eanna, o principal complexo religioso de Uruque, durante o reinado de Caraindas (século XV a.C.), e de obras realizadas no Ebabar, o templo do deus Samas em Larsa, durante o reinado de Burnaburias II (ca. 1359–1333 a.C.). No entanto, é sobretudo um dos dois reis de nome Curigalzu (provavelmente o primeiro, que reinou no início do século XIV a.C.) que é conhecido, entre outras obras, pela construção ou reconstrução de vários templos das principais cidades da Babilónia, nomeadamente nos grandes centros religiosos (Babilónia, Nipur, Acádia, Quis, Sipar, Ur e Uruque), além da cidade por ele fundada, Dur-Curigalzu, onde foi construído um zigurate dedicado ao deus Enlil. Além destas obras, Curigalzu patrocinou o culto das divindades veneradas nesses diferentes templos. Retomando o papel tradicional dos reis babilónios protetores e financiadores do culto dos deuses, os reis cassitas tiveram um papel crucial no restabelecimento do funcionamento normal de muitos desses santuários que tinham deixado de funcionar na sequência do abandono de vários sítios maiores do sul da Babilónia no fim do Período Paleobabilónico, como Nipur, Ur, Uruque e Eridu.[63]

Escritos do período cassita[editar | editar código-fonte]

Detalhe de um cudurru "inacabado" atribuído ao reinado de Melisipaque (1186–1172 a.C.)

Os textos escolares da época cassita encontrados em Nipur mostram que as estruturas de aprendizagem dos escribas e dos letrados continuaram similares às do período paleobabilónico.[72][73] Porém, deu-se uma grande mudança: foram incluídos nos currículos escolares textos em acádio, o que acompanhou a evolução da literatura mesopotâmica, que cada vez mais passou a ser escrita nessa língua, apesar do sumério continuar a ser usado. Durante o período cassita assistiu-se também ao desenvolvimento do "babilónico padrão", uma forma literária do acádio que permaneceu fixa nos séculos seguintes nas obras literárias e que se pode por isso considerar uma forma "clássica" dessa língua. A partir de então, as novas obras literárias mesopotâmicas passaram a ser escritas exclusivamente nesse dialeto.[33]

Durante o período cassita foram escritas várias obras fundamentais da literatura mesopotâmica e assistiu-se sobretudo à canonização e à uniformização de obras dos períodos precedentes que até então circulavam sob várias variantes. Foram também elaboradas versões em acádio de alguns mitos sumérios.[74] Aparentemente, o período cassita parece ter gozado de prestígio entre os letrados dos períodos seguintes, que por vezes procuraram um ancestral entre os letrados que se supunha terem estado ativos durante esse período.[75] Entre as realizações importantes desse período podem mencionar-se a redação de versões canónicas de numerosas listas lexicais,[76] a redação de um “Hino a Samas, um dos mais notáveis da antiga Mesopotâmia, bem como um outro dedicado a Gula. É frequente atribuir-se a versão padrão da Epopeia de Gilgamexe, que segundo a tradição é da autoria do exorcista Sinlequiunini, a esse mesmo período. No entanto, a datação precisa das obras literárias é frequentemente impossível: na melhor das hipóteses, podem situar-se essas realizações no período entre 1 400 e 1 000 a.C.[77][78]

Um dos aspetos mais notáveis da literatura do período médio-babilónico é o facto de várias obras refletirem um aprofundamento das reflexões sobre o destino humano, em particular as relações entre os deuses e os homens. Isso encontra-se em várias obras maiores da literatura sapiencial mesopotâmica, um género que já existia desde há um milénio, mas que conheceu então a sua plena maturidade e propôs reflexões mais profundas.[79] O Ludlul bel nemeqi ("Louvarei o Senhor da Sabedoria"; também conhecido como "Poema do Justo Sofredor" e "Monólogo do Justo Sofredor", "Elogio ao Senhor da Sabedoria" ou "Job babilónico") apresenta um homem justo e piedoso que se lamenta dos seus infortúnios cuja causa ele não compreende, pois respeita os deuses. O Diálogo do Pessimismo, redigido depois do período cassita, propõe uma reflexão similar sob a forma de um diálogo satírico. As alterações que conduzem à versão padrão da Epopeia de Gilgamexe também refletiriam essas evoluções: enquanto que a versão precedente acentuava principalmente o aspeto heroico de Gilgamexe, a nova versão parece introduzir uma reflexão sobre o destino humano, em particular sobre a inevitabilidade da morte[77][78]

Realizações arquitetónicas e artísticas[editar | editar código-fonte]

Ruínas do zigurate de Dur-Curigalzu (atualmente o sítio de Acar Cufe, após o restauro da base

À semelhança do que sucedeu com os restantes aspetos culturais, a chegada dos cassitas não alterou as tradições arquitetónicas e artísticas babilónicas, não obstante terem ocorrido algumas evoluções.[3][80]

Foram postas a descoberto poucos quarteirões de habitação desta época nos sítios babilónicos, em Ur, Nipur e Dur-Curigalzu, onde não se notam grandes mudanças em relação ao período precedente. Em contrapartida, a arquitetura religiosa, apesar de mal conhecida, parece testemunhar algumas inovações.[71] O pequeno santuário construído sob o Caraindas do complexo da Eanna, em Uruque, tem uma fachada decorada com tijolos cozidos moldados, representando divindades protetoras das águas, um tipo de ornamentação que é uma inovação do período cassita. No entanto, a arquitetura oficial é representada sobretudo em Dur-Curigalzu, uma nova cidade mandada construir por um dos reis chamados Curigalzu, onde a grande dimensão dos edifícios principais mostra que se entrou numa nova fase da monumentalidade.[81][82]

Naquela cidade foi posto a descoberto uma parte de um vasto complexo palaciano com 420 000  de área, organizado em redor de oito unidades.[83] Cada um dos setores desse edifício pode ter estado atribuído ás principais tribos cassitas. Segundo um texto da época, o palácio de Dur-Curigalzu era o local onde essas tribos reconheciam formalmente o poder dos novos reis quando estes subiam ao trono, o que acontecia depois da coroação ter sido realizada na cidade de Babilónia, a qual continuou a ser a capital principal.[51] Algumas das salas eram decoradas com pinturas, das quais se encontraram fragmentos, nomeadamente cenas de procissões de personagens masculinos, que são identificados como dignitários das tribos cassitas.[84] A sudeste do palácio encontrava-se um conjunto religioso dedicado a Enlil, dominado por um zigurate cujas ruínas ainda se erguem a mais de 57 metros de altura. Nesse local foram também construídos outros templos.[85]

Baixo-relevo de um cudurru do século XII a.C. mostrando o rei Melisipaque apresentando a sua filha à deusa Nanaia; Museu do Louvre

A escultura em pedra do período cassita é representada principalmente pelos baixos-relevos que decoram os cudurrus já mencionados várias vezes, cuja iconografia é particularmente interessante.[86] Neles se encontram símbolos das divindades que garantem os atos jurídicos registados na estela, que são consideravelmente desenvolvidos pelos artistas deste período e que substituem as representações antropomórficas das divindades, o que permite que fossem representadas muitas divindades num espaço mínimo. Não obstante, os escultores continuam a fazer representações figuradas de personagens sobre estas estelas, como era corrente nos períodos precedentes. Um cudurru de Melisipaque representa este rei dando a mão à sua filha, a quem fez a doação de uma propriedade registada no texto da estela, e apresentando-a à deusa Nanaia, garante do ato, que está sentada num trono. Acima são representados os símbolos das divindades astrais Sim (Quarto Crescente), Samas (disco solar) e Istar (estrela da manhã, Vénus).[69]

A utilização de materiais vítreos desenvolveu-se muito durante a segunda metade do 2.º milénio a.C., com a técnica de esmalte vidrado em várias cores (azul, amarelo, laranja e castanho), que foi usada para produzir vasos e elementos arquitetónicos em argila cobertos de esmalte, dos quais os azulejos e tijolos encontrados em Acar Cufe são um bom exemplo. As primeiras formas de vidro surgiram igualmente neste período, encontrando-se representado no campo artístico por vasos decorados com mosaicos.[87][88][89]

Os temas da glíptica conheceram várias evoluções durante a segunda metade do 2.º milénio a.C., que os especialistas dividem em três ou quatro tipos mas cuja cronologia e distribuição geográfica estão ainda mal determinados. O tipo de selo que predominou no início retomou a tradição do período precedente; associa uma divindade sentada e outra orante, com o texto a acompanhar a imagem, muito desenvolvido, que consiste numa oração votiva; o material gravado é geralmente uma pedra dura. O tipo seguinte do período cassita é mais original; é representada uma personagem central, frequentemente uma espécie de figura ctónica, um deus sobre uma montanha ou a sair das águas, ou um herói, um demónio ou árvores rodeadas de génios. O terceiro tipo cassita é caraterizado por influências assírias e pela presença de animais reais ou híbridos. O estilo mais tardio (também chamado "pseudo-cassita"), desenvolvido no fim do período cassita ou pouco depois, era gravado em pedras macias e as imagens eram dominadas por animais associados a árvores e emolduradas com frisos de triângulos.[90][91][92][93]

Difusão da cultura babilónica[editar | editar código-fonte]

Selo cilíndrico do período cassita em pedra, com figuras humanas e inscrições; Museu de Arte Walters, Baltimore

O período cassita marcou o apogeu da difusão da cultura mesopotâmica na história do antigo Próximo Oriente, que se manifestou sobretudo pela difusão da escrita cuneiforme e do acádio na forma dita "médio-babilónica", que era então usada pelos escribas da Babilónia e imitada noutras regiões do Médio Oriente. O acádio era a língua franca de todo esse espaço geográfico, o que é ilustrado pela correspondência diplomática encontrada em Amarna (Egito), Ugarite (Síria) e em Hatusa (Anatólia) maioritariamente redigida nessa língua, que apesar de ser frequentemente acompanhada de barbarismos, era o único idioma comum compreendido pelos escribas do espaço que se estendia desde as margens do Nilo até ao Elão.[34]

Essa difusão do uso do cuneiforme e do acádio requeria a formação de escribas nessa forma de escrita e nessa língua, sendo também frequente o uso do sumério. Isso explica a existência em diversos locais de cursos de formação de escribas similares aos que eram professados na Babilónia, frequentemente recorrendo ao uso de textos literários mesopotâmicos, nomeadamente a Epopeia de Gilgamexe. A existência de tais cursos está comprovada em Ugarit,[94] Emar[95], de forma mais generalizada e em mais larga escala em todo o Levante,[96][97] no Egito, com os textos escolares de el-Amarna[98][99] e na Anatólia, onde foram identificados escribas vindos diretamente da Babilónia e da Assíria na corte hitita que desempenharam um papel direto na transmissão da cultura mesopotâmica, que já tinha chegado aquelas paragens por intermédio da Síria.[100] A Assíria, já anteriormente próxima em termos culturais da Mesopotâmia meridional, abriu-se igualmente às influências culturais babilónicas, por exemplo introduzindo o culto do deus Marduque e a festa do Akitu, típica da Baixa Mesopotâmia.[101] A influência babilónica encontra-se igualmente nas realizações artísticas dos países com os quais a corte cassita teve relações, em particular no Elão[102][103] e possivelmente no Império Hitita.[104]

Lista dos reis da dinastia cassita[editar | editar código-fonte]

Nota: a lista é incerta até Agum II, pelo menos. As datas são aproximadas.[27]

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

  1. Brinkman 1974 é uma obra atualmente datada, mas continua a ser fundamental para a apresentação das fontes deste período.
  2. A publicação de grande parte dos textos publicados encontra-se em Sassmannshausen 2001, a única publicação recente de um corpus de fontes provenientes de Nipur, que duplicou o número de textos do período cassita publicados.
  3. Essas tábuas dos montes Hanrim são mencionadas, por exemplo, em Kessler 1982.
  4. Sobre o povo cassita e a sua história, ver Zadok 2005.
  5. Sobre as relações internacionais deste período ver as sínteses de Liverani 1990 e Bryce 2003.
  6. xacanacu foi um título usado originalmente no Império Acádio (séculos XXIV–XXI a.C.) que significa "governador". Os soberanos de Mari (atualmente na Síria) do período que se seguiu à independência dessa cidade durante o colapso do Império Acádio adotaram-no como o seu título real, pelo que é frequente associar o termo com esses soberanos, cuja linhagem, reinante até ao fim do 3.º milénio a.C., é chamada "Dinastia dos xacanacus".[46]
  7. Enlil era um dos principais deuses do panteão mesopotâmico.
  8. Sobre a análise económica e social do teor destas doações, ver Oelsner 1981, pp. 403-410 e Oelsner 1982, pp. 279-284.
  9. Kemal Balkan refere-se explicitamente ao alegado paralelismo entre o feudalismo e o sistema de doações cassitas na sua obra “Studies in Babylonian Feudalism of the Kassite Period”,[59] que continua a ser um dos estudos mais extensos sobre a situação social e económica desse período.

Referências

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