Duarte Pacheco – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Se procura o navegador português do século XVI, veja Duarte Pacheco Pereira.
 Nota: Para o político nascido em 1965, veja Duarte Pacheco (político).
Duarte Pacheco
Duarte Pacheco
Nascimento 19 de abril de 1900
Loulé
Morte 16 de novembro de 1943
Setúbal
Cidadania Portugal
Alma mater
Ocupação engenheiro
Prêmios
  • Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo
  • Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada
Empregador(a) Universidade Técnica de Lisboa
Causa da morte acidente rodoviário
Monumento a Duarte Pacheco em Loulé.

Duarte José Pacheco GCCGCSE (Loulé, São Clemente, Rua Nova, 19 de abril de 1900[1]Setúbal, 16 de novembro de 1943) foi um engenheiro e estadista português.

Vida[editar | editar código-fonte]

Último de quatro filhos e sete filhas de José de Azevedo Pacheco (Loulé, São Clemente, 18 de Janeiro de 1864 - 1914), Comissário da Polícia de Loulé, e de sua mulher Maria do Carmo Pontes Bota (Loulé, São Clemente - 1905), doméstica, e sobrinho paterno de Marçal de Azevedo Pacheco.

Ingressou aos 17 anos no Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, onde se forma em 1923 em Engenharia Eletrotécnica. Um ano depois é contratado como assistente e em 1925 já era professor catedrático, ensinando a cadeira de Matemáticas Gerais. Em 1926 torna-se diretor interino do IST e, em 10 de agosto de 1927, o Conselho Escolar determinava por unanimidade a sua nomeação como Diretor efetivo.[2]

Em 1928, com apenas 29 anos, ocupa pela primeira vez um cargo político, ao ser nomeado para Ministro da Instrução Pública, exercendo estas funções apenas durante uns curtos meses. A 18 de abril toma posse e a 10 de novembro demite-se. Era o primeiro governo de José Vicente de Freitas, estando Óscar Carmona na presidência da república.

Nesse tempo teve uma missão que se veio a revelar de uma importância decisiva para o século XX português: vai a Coimbra convencer Salazar a regressar à pasta das Finanças. Salazar encontrava-se desiludido com a experiência anterior dos amargos cinco dias que participou do Governo de Mendes Cabeçadas e pela desgraça política financeira do General João Sinel de Cordes, com quem tinha tentado colaborar. É Duarte Pacheco que negoceia as condições extraordinárias que Salazar pretende para voltar a ocupar o cargo. A missão foi bem sucedida, tanto que Salazar toma posse a 28 de abril desse mesmo ano.

É sob a orientação de Duarte Pacheco, que se dá início à construção dos edifícios do Instituto Superior Técnico em Lisboa, construindo-se aquele que viria a ser o primeiro campus universitário português. Existe uma história curiosa quanto à origem dos vidros do edifício do Instituto. Diz-se que foram enviados por diversas indústrias vidreiras como amostras solicitadas pelo próprio Ministro, a fim de determinar o de melhor qualidade, sendo utilizadas nas janelas do edifício sem se terem informado as indústrias solicitadas e sem ter havido nenhum tipo de remuneração dos vidros usados.

Mas é com 33 anos que Duarte Pacheco encontra o seu próprio destino. Em 1932 volta a ser convidado por Salazar, que admirava o seu carácter, para participar no seu Governo, na pasta de Ministro das Obras Públicas e Comunicações. A 5 de julho assume pela primeira vez a pasta das Obras Públicas e Comunicações no Governo de Salazar, até 18 de janeiro de 1936, altura em que abandona as funções. Entretanto, a 1 de julho de 1933, é agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo.[3]

Em 1936, com uma reforma da corporação política, Duarte Pacheco é afastado do Governo, regressando ao Instituto Superior Técnico, mas ferido politicamente e profetiza que "hão de vir em peregrinação pedir-me desculpas e suplicar-me que regresse". Profecia que sai certa. Porque no dia 1 de janeiro de 1938 Duarte Pacheco é nomeado presidente da Câmara Municipal de Lisboa, e meses depois, a 25 de maio, em acumulação, novamente ministro do Governo, passando a ocupar a pasta das Obras Públicas e Comunicações, pasta que desta vez só abandonará com a morte ao serviço da Nação Portuguesa. A 18 de dezembro de 1940 é agraciado com a Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico.[3]

A 18 de Setembro de 1941 foi inaugurada a Ponte Eng. Duarte Pacheco entre o Torrão atualmente fazendo parte da freguesia de Alpendorada, Várzea e Torrão (Marco de Canaveses) e o lugar de Entre-os-rios na freguesia da Eja (Penafiel) pelo Presidente da República Óscar Carmona. Assistiu à cerimónia, entre outros, o Eng.º Duarte Pacheco, Ministro das Obras Públicas e Comunicações, que viria a dar nome à ponte[4].

Morte[editar | editar código-fonte]

Na manhã de 15 de novembro de 1943, Duarte Pacheco foi a Vila Viçosa, inteirar-se dos trabalhos em curso para a construção da estátua de D. João IV, mas queria chegar a tempo ao Conselho de Ministros, marcado para a tarde. Ao regressar a Lisboa, na Estrada Nacional n.º 4, no lugar da Cova do Lagarto, entre Montemor-o-Novo e Vendas Novas, o veículo oficial seguia a alta velocidade e despistou-se, embatendo com o lado direito num sobreiro. Um acompanhante teve morte imediata. Os outros sofreram ferimentos relativamente ligeiros. Os de Duarte Pacheco foram graves. O ministro foi transportado para o Hospital da Misericórdia em Setúbal. Mal foi informado, Salazar seguiu para lá, fazendo-se acompanhar de um grupo de médicos reputados. De nada puderam valer e, na madrugada de 16, era confirmado o óbito de Duarte Pacheco, devido a uma hemorragia interna.

Obra[editar | editar código-fonte]

Viaduto Duarte Pacheco.

Em 1933, o engenheiro Duarte Pacheco inicia uma profunda modernização dos serviços dos Correios e Telecomunicações por todo o país. Neste mesmo ano, nomeia uma Comissão Técnica para estudar e elaborar um plano que pudesse levar à construção de uma ponte sobre o rio Tejo, ligando Lisboa, pela zona do Beato a Montijo. Chega mesmo, no ano de 1934, a propor a construção de uma ponte rodo-ferroviária, em Conselho de Ministros.

É o grande impulsionador da construção dos "novos Bairros Sociais" de Alvalade, com autoria do Arq. Faria da Costa, Encarnação, com autoria do Arq. Paulino Montês, Madredeus e Caselas, estes dois últimos à conta dos Serviços Técnicos da C.M.de Lisboa, bem como do grande Plano da Encosta do Restelo da autoria do Arq. Faria da Costa, tudo isto em Lisboa. Lançou o traçado da atual Avenida de Roma, em Lisboa, da forma como ainda hoje permanece, do ponto de vista imobiliário.

Ao longo da sua carreira, quer como professor ou estadista, Duarte Pacheco promoveu, e revolucionou, o sistema rodoviário de Portugal, para além das inúmeras construções de obras públicas que mandou executar, tais como a marginal Lisboa-Cascais, o Estádio Nacional, e a Fonte Luminosa, em Lisboa. Foi sua, também, a criação do Parque de Monsanto, e contribuiu para a construção do aeroporto da cidade de Lisboa. Foi também, o grande responsável pela Organização da Exposição do Mundo Português, realizada em 1940 em Lisboa, acontecimento singular do século XX que influenciou em muitos aspetos o ritmo cultural das décadas que se seguiram.

O seu nome consta na lista de colaboradores da Revista Municipal da Câmara Municipal de Lisboa[5] (1939-1973).

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • História de Portugal, Dicionário de Personalidades, José Hermano Saraiva (coordenação de), Volume XVIII, Ed. Quidnovi-Edição e Conteúdos, S.A., 2004

Referências

  1. O assento de batismo, por lapso, indica como ano de nascimento "1899".
  2. «IST». 100.ist.utl.pt 
  3. a b «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Duarte Pacheco". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 27 de fevereiro de 2015 
  4. «Ponte Duarte Pacheco» 
  5. «Revista Municipal (1939-1973), Índice de colaboradores» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 30 de junho de 2015 
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Ligações externas[editar | editar código-fonte]