Eclipse lunar – Wikipédia, a enciclopédia livre

Animação mostrando todas as fases de um eclipse lunar.

Eclipse lunar é um fenômeno astronômico que ocorre quando a Lua é ocultada totalmente ou parcialmente pela sombra da Terra, em geral, sendo visível a olho nu.[1] Isto ocorre sempre que o Sol, a Terra e a Lua se encontram próximos ou em perfeito alinhamento, estando a Terra no meio destes outros dois corpos.[2] É como se fosse um eclipse solar porém a Terra encobre a Lua nesse caso.

Por isso o eclipse lunar só pode ocorrer quando coincidem a fase de Lua cheia e a passagem dela pelo seu nodo orbital. Este último evento também é responsável pelo tipo e duração do eclipse.

Fenômeno[editar | editar código-fonte]

Esquema mostrando a posição dos astros durante um eclipse lunar.
Inclinação do plano da órbita lunar em relação ao plano da órbita terrestre.

O eclipse lunar ocorre sempre durante a fase da Lua cheia pois ela precisa estar atrás da Terra, do ponto de vista de um observador no Sol. Como o plano da órbita da Lua está inclinado 5°[3][4] em relação ao plano da órbita que a Terra realiza ao redor do Sol, nem todas as fases de Lua cheia levam à ocorrência do eclipse.[5]

Relação da passagem da Lua pelos seus nodos e a ocorrência de eclipses lunares e solares.

O eclipse ocorre quando a Lua cheia coincide com a passagem da Lua pelo plano da órbita da Terra. Este ponto onde a órbita da Lua se encontra com o plano da órbita da Terra chama-se nodo orbital.[6] O nodo pode ser classificado como ascendente ou descendente, de acordo com a direção que a Lua cruza o plano.

Ao contrário dos eclipses solares que são visíveis apenas em pequenas áreas da Terra, os eclipses lunares podem ser vistos em qualquer lugar da Terra em que seja noite no momento do eclipse.[1]

Classificação[editar | editar código-fonte]

Tipos de eclipse de acordo com a passagem pelo nodo descendente. 2 descreve um eclipse penumbral, 3 um eclipse parcial e 4 um eclipse total.

Os eclipses lunares podem ser classificados de acordo com a parte da Lua que é obscurecida pela sombra da Terra, e por qual parte da sombra da Terra ela está sendo obscurecida.

A sombra projetada pela Terra possui duas partes denominadas umbra e penumbra. A umbra é uma região em que não há iluminação direta do Sol e a penumbra é uma região em que apenas parte da iluminação é bloqueada.[1]

Os eclipses penumbrais ocorrem quando a Lua entra na região de penumbra, o que na prática resulta numa variação do brilho da Lua que dificilmente é notada.[7] Se a Lua entra inteiramente na região de penumbra ocorre o raro eclipse penumbral total que pode gerar um gradiente de luminosidade visível, estando a Lua mais escura na região que se aproxima mais da umbra.

Quando a Lua entra na região da umbra, podem ocorrer os eclipses lunares parcial e total. O eclipse parcial ocorre quando apenas parte da Lua é obscurecida pela sombra da Terra e o total, quando toda a face visível da Lua é obscurecida pela umbra.[7] Este obscurecimento total pode durar até 107 minutos e é mais longo quando a Lua está próxima de seu apogeu, ou seja, quando sua distância da Terra é o maior possível.

Um último tipo de eclipse lunar raro é denominado eclipse horizontal. Ele ocorre quando o Sol e a Lua, em eclipse, estão visíveis ao mesmo tempo. Este tipo de eclipse só é visível quando o eclipse lunar ocorre perto do poente ou antes do nascente.[8]

Aparência[editar | editar código-fonte]

Esquema demonstrando a variação de tons da Lua durante a fase de totalidade.
Composição fotográfica mostrando todos os níveis de um eclipse lunar.

A Lua não desaparece completamente na sombra da Terra, mesmo durante um eclipse total, podendo então, assumir uma coloração avermelhada ou alaranjada. Isto é consequência da refração e da dispersão da luz do Sol na atmosfera da Terra[7] que desvia apenas certos comprimentos de onda para dentro da região da umbra. Este fenômeno é conhecido como dispersão de Rayleigh.

Este fenômeno também é responsável pela coloração avermelhada que o céu assume durante o poente e o nascente. De fato se nós observássemos o eclipse a partir da Lua, nós veríamos o Sol se pondo atrás da Terra.[9]

Escala de Danjon[editar | editar código-fonte]

O astrônomo André-Louis Danjon criou uma escala que veio a receber seu nome para classificar o obscurecimento durante um eclipse lunar. Esta escala vai de 0 a 4ː[10]

  • L=0: Eclipse muito escuro, a Lua se torna quase invisível durante a totalidade.
  • L=1: Eclipse escuro de cor acinzentada ou próximo do marrom.
  • L=2: Eclipse com cor vermelha. A sombra central é muito escura mas as bordas são mais claras.
  • L=3: Eclipse cor amarronzada. A borda da sombra é brilhante ou amarela.
  • L=4: Eclipse muito brilhante com cor alaranjada. A borda da sombra é brilhante ou azul.

Ciclos de eclipse[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Saros

Todos os anos ocorrem pelo menos dois eclipses lunares.[11] A partir da data de um eclipse é possível prever os próximos através de um ciclo de eclipses como o Saros.

Eclipses lunares 2011-2030[editar | editar código-fonte]

Esta é uma tabela com os eclipses lunares previstos para ocorrer entre os anos 2011 e 2030.[12]

Data Tipo Série Saros Magnitude umbral Visibilidade
15 de junho de 2011 total 130 1,700 América do Sul, Europa, África, Ásia, Austrália
10 de dezembro de 2011 total 135 1,106 Europa, leste África, Ásia, Austrália, Oceano Pacífico,
4 de junho de 2012 parcial 140 0,370 Ásia, Austrália, Oceano Pacífico, Américas
28 de novembro de 2012 penumbral 145 -0,187 Europa, leste África, Ásia, Austrália, Oceano Pacífico,
25 de abril de 2013 parcial 112 0,015 Europa, África, Ásia, Austrália
25 de maio de 2013 penumbral 150 -0,934 Américas, África
18 de outubro de 2013 penumbral 117 -0,272 Américas, Europa, África, Ásia
15 de abril de 2014 total 122 1,291 Austrália, Oceano Pacífico, Américas
8 de outubro de 2014 total 127 1,166 Ásia, Austrália, Oceano Pacífico, Américas
4 de abril de 2015 total 132 1,001 Ásia, Austrália, Oceano Pacífico, Américas
28 de setembro de 2015 total 137 1,276 leste Oceano Pacífico, Américas, Europa, África, oeste Ásia
23 de março de 2016 penumbral 142 -0,312 Ásia, Austrália, Oceano Pacífico, oeste Américas
16 de setembro de 2016 penumbral 147 -0,064 Europa, África, Ásia, Austrália, oeste Oceano Pacífico
11 de fevereiro de 2017 penumbral 114 -0,035 Américas, Europa, África, Ásia
7 de agosto de 2017 parcial 119 0,246 Europa, África, Ásia, Austrália
31 de janeiro de 2018 total 124 1,315 Ásia, Austrália, Oceano Pacífico, oeste América do Norte
27 de julho de 2018 total 129 1,609 América do Sul, Europa, África, Ásia, Austrália
21 de janeiro de 2019 total 134 1,195 Oceano Pacífico, Américas, Europa, África
16 de julho de 2019 parcial 139 0,653 América do Sul, Europa, África, Ásia, Austrália
10 de janeiro de 2020 penumbral 144 -0,116 Europa, África, Ásia, Austrália
5 de junho de 2020 penumbral 111 -0,405 Europa, África, Ásia, Austrália
5 de julho de 2020 penumbral 149 -0,644 Américas, Europa, África
30 de novembro de 2020 penumbral 116 -0,262 Ásia, Austrália, Oceano Pacífico, Américas
26 de maio de 2021 total 121 1,009 leste Ásia, Austrália, Oceano Pacífico, Américas
19 de novembro de 2021 parcial 126 0,974 Américas, Europa, leste Ásia, Austrália, Oceano Pacífico
16 de maio de 2022 total 131 1,414 Américas, Europa, África
8 de novembro de 2022 total 136 1,359 Ásia, Austrália, Oceano Pacífico, Américas
5 de maio de 2023 penumbral 141 -0,046 África, Ásia, Austrália
28 de outubro de 2023 parcial 146 0,122 leste Américas, Europa, África, Ásia, Austrália
25 de março de 2024 penumbral 113 -0,132 Américas
18 de setembro de 2024 parcial 118 0,085 Américas, Europa, África
14 de março de 2025 total 123 1,178 Oceano Pacífico, Américas, oeste Europa, oeste África
7 de setembro de 2025 total 128 1,362 Europa, África, Ásia, Austrália
3 de março de 2026 total 133 1,151 leste Ásia, Austrália, Oceano Pacífico, Américas
28 de agosto de 2026 parcial 138 0,930 leste Oceano Pacífico, Américas, Europa, África
20 de fevereiro de 2027 penumbral 143 -0,057 Américas, Europa, África, Ásia
18 de julho de 2027 penumbral 110 -1,068 leste África, Ásia, Austrália, Oceano Pacífico
17 de agosto de 2027 penumbral 148 -0,525 Oceano Pacífico, Américas
12 de janeiro de 2028 parcial 115 0,066 Américas, Europa, África
6 de julho de 2028 parcial 120 0,389 Europa, África, Ásia, Austrália
31 de dezembro de 2028 total 125 1,246 Europa, África, Ásia, Austrália, Oceano Pacífico
26 de junho de 2029 total 130 1,844 Américas, Europa, África,
20 de dezembro de 2029 total 135 1,117 Américas, Europa, África, Ásia
15 de junho de 2030 parcial 140 0,502 Europa, África, Ásia, Austrália
9 de dezembro de 2030 penumbral 145 -0,163 Américas, Europa, África, Ásia

Mais longo eclipse lunar total entre 1900 e 2029[editar | editar código-fonte]

Data Duração da fase total
16 de Julho de 2000 1h47m01s
6 de Julho de 1982 1h46m20s
27 de Julho de 2018 1h43m34s
26 de Junho de 2009 1h42m32s
4 de Agosto de 1906 1h41m48s
7 de Julho de 2007 1h41m29s
25 de Junho de 1964 1h41m25s
26 de Julho de 1953 1h41m22s
28 de Junho de 2001 1h41m16s
15 de Junho de 2011 1h40m52s
16 de Junho de 2006 1h40m49s
15 de Julho de 1935 1h40m16s
6 de Agosto de 1971 1h40m04s

O eclipse lunar total mais longo entre 1000 a.C. e 300 d.C. ocorreu em 31 de Maio de 318. Sua fase total teve uma duração de 1h47m14s.

História[editar | editar código-fonte]

Os astrônomos da Grécia Antiga notaram que durante o eclipse lunar, a borda da sombra era sempre circular. Deduziram, assim, que a Terra poderia ser esférica ou redonda.[13]

Referências

  1. a b c Fred Espenak (2007). «Lunar Eclipses for Beginners». Consultado em 1 de julho de 2012 
  2. «Why aren't there eclipses at every full and new moon?». 31 de maio de 2012. Consultado em 1 de julho de 2012 
  3. «Moon's orbit betrays its violent birth». BBC News. 16 de fevereiro de 2000. Consultado em 1 de julho de 2012 
  4. John Walker (1997). «Inconstant Moon». Fourmilab. Consultado em 1 de julho de 2012 
  5. Ker Than (1 de junho de 2012). «Partial Lunar Eclipse Monday—During a "Supermoon"». National Geographic. Consultado em 1 de julho de 2012 
  6. «Science: Eclipse Cycles». hermit.org. Consultado em 1 de julho de 2012 
  7. a b c «Eclipses». Astronomia e Astrofísica. Consultado em 2 de julho de 2012 
  8. «Total Lunar Eclipse Casts Eerie Red And Orange Glow». Science Daily. 1 de agosto de 2007. Consultado em 1 de julho de 2012. Arquivado do original em 12 de maio de 2012 
  9. «Moon to blush red during total lunar eclipse». News Scientist. 2 de março de 2007. Consultado em 2 de julho de 2012 
  10. Fred Espenak. «Danjon Scale of Total Lunar Eclipses». NASA Eclipse Website. Consultado em 1 de julho de 2012 
  11. «Total lunar eclipse: 10 December 2011». Australian Geographic. Consultado em 2 de julho de 2012. Arquivado do original em 26 de maio de 2012 
  12. Fred Espenak (2012). «Lunar Eclipse Preview: 2011 - 2020». Consultado em 1 de agosto de 2012 
  13. «Os astrônomos da Grécia antiga». Consultado em 11 de novembro de 2011 
  • Alan MacRobert, "October's Ideal Lunar Eclipse", Sky and Telescope (October 2004), p. 74. (números Danjon)

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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Ficção