Encadernação – Wikipédia, a enciclopédia livre

Instruções de encadernação japonesa

Encadernar, no sentido estrito, é unir, ordenadamente, por meio de costura sólida, os cadernos de uma obra, para formar um volume compacto, cobrindo-o com uma capa para proteção e embelezamento[1] ou simplesmente juntar as folhas de forma a que seja mais fácil manuseá-las.[2] Genericamente, o termo "encadernação" pode designar qualquer junção de folhas (ou cadernos) por qualquer processo. À arte da encadernação de livros dá-se o nome bibliopegia.[3]

Há uma variedade de processos, largamente utilizados comercial e industrialmente, tais como brochura, canoa, wire-o, espiral e outros.

A finalidade mais conhecida da encadernação é a confecção de livros, apostilas e afins. Mas também é comum que empresas encadernem folhas avulsas de notas fiscais e outros documentos, a fim de preservá-los organizados por um longo tempo. Também se usa a encadernação para reunir anotações ou textos avulsos, sobre determinado assunto, para que não se percam ou para facilitar o manuseio e a consulta.

Tecnicamente, chama-se blocagem o processo de juntar folhas soltas, seja por serrotagem (isto é, mediante a execução de um sulco transversal, com serrote apropriado, no dorso do livro, para receber as cordas da costura), por perfuração ou por simples colagem.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

A palavra 'encadernação' deriva de 'caderno', do latim quaternus, que significa 'de quatro em quatro'. Em português, a palavra evoluiu para a forma 'quaderno', que quer dizer 'quádruplo' ou 'constante de quatro elementos', pois tomavam-se, tradicionalmente, as quatro partes em que se dobrava um fólio para constituir um caderno.[4][5] Cada caderno é costurado a outros iguais, para compor o miolo ou corpo do livro.

O substantivo «bibliopegia»[3], por seu turno, provém da aglutinação dos étimos gregos clássicos βιβλίον (biblíon)[6], «livro; tira de papiro», e πήγνυμι[7] (pēgnumi), «cingir, colar, juntar».

Tipos de encadernação[editar | editar código-fonte]

Brochura[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Brochura

Brochura é a encadernação na qual os cadernos (que constituem o miolo do livro ou revista) são costurados na lombada em forma de acabamento, e colados a uma capa mole, normalmente de papel grosso, ou apenas colados e fresados (sem costura).[8]

Canoa[editar | editar código-fonte]

Encadernação canoa

A encadernação do tipo canoa ou dobra é aquela usada em revistas e panfletos, na qual os cadernos são grampeados[9][10].

Espiral[editar | editar código-fonte]

Encadernação espiral

O método de encadernação com arame em espiral é muito utilizado para encadernação com qualquer quantidade de páginas, em cadernos escolares, apostilas, monografias, etc. Neste modo de encadernação, as folhas são furadas mecanicamente. Os furos são circulares.[11] Normalmente a capa é de cartolina ou plástico.

Wire-o[editar | editar código-fonte]

Encadernação wire-o

O sistema de encadernação wire-o é uma evolução do processo de encadernação em espiral. Utiliza garras metálicas em duplo anel. As folhas de papel onde serão inseridas devem ter furos quadrados ou retangulares[11] É muito usado na confecção de agendas, calendários e cadernos escolares pois permite a utilização de várias gramaturas de papéis, vários tipos de plásticos e outros materiais. A encadernação wire-o é uma ótima opção para artistas e designers, na produção de catálogos e portfólios. Este método de encadernação também é muito utilizado em calendários de mesa.

Termoencadernação[editar | editar código-fonte]

Termoencadernação refere-se aos processos de encadernação que utilizam algum tipo de cola ativada termicamente, sem necessidade de perfurar os materiais a encadernar. Na sua variante mais simples, são utilizadas capas com uma tira de um material colante que é ativada através de equipamento próprio, que aquece a cola, selando assim os conteúdos a encadernar.

Encadernação industrial[editar | editar código-fonte]

Os métodos industriais são aqueles utilizados pela indústria gráfica, para produzir grandes quantidades de exemplares. No entanto, as gráficas rápidas vêm gradativamente incorporando tecnologias que permitem produzir pequenas tiragens a um custo acessível, o que antes era impossível. Existe, também, nos orçamentos das gráficas, um briefing contendo informações que auxiliam a decisão do cliente na escolha do formato, número de cores, tipo de papel, quantidade e acabamento de cada peça. Este último, traduz o tipo de processo de encadernação : dobras, grampos, lombadas, faca de corte especial, verniz, relevo, bolso, etc.

Encadernação artesanal[editar | editar código-fonte]

Encadernação artesanal

A encadernação artesanal é feita manualmente, sem o uso de máquinas de encadernar. Existem muitos estilos de encadernação manual. Apesar de ser um processo simples, o trabalho de encadernação exige capacitação e habilidade do indivíduo.

Alguns encadernadores famosos[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. CASTELLO BRANCO, Zelina. Encadernação. São Paulo: Hucitec, 1978.
  2. Baer, Lorenzo. Senac, ed. Produção gráfica. 1995. [S.l.: s.n.] pp. 219 e 220 – 857359005X. ISBN 9788573590050 
  3. a b «bibliopegia». Infopédia. Consultado em 15 de fevereiro de 2022. Cópia arquivada em 25 de agosto de 2023 
  4. Dicionário Houaiss: "caderno" (etimologia).
  5. ROSARIVO, Raúl Mario. Historia general del libro impreso; desde el orígen del alfabeto hasta nuestros días. Buenos Aires: Ediciones Aureas, 1964, p. 201.
  6. «βιβλίον - WordSense Dictionary». www.wordsense.eu (em inglês). Consultado em 15 de fevereiro de 2022 
  7. «πήγνυμι - WordSense Dictionary». www.wordsense.eu (em inglês). Consultado em 15 de fevereiro de 2022 
  8. Baer, Lorenzo. Senac, ed. Produção gráfica. 1995. [S.l.: s.n.] p. 857359005X. ISBN 9788573590050 
  9. João Gomes Filho (2006). Design do objeto: bases conceituais, design do produto/design gráfico/design de moda/design de ambientes/design conceitual. [S.l.]: Escrituras Editora. 206 páginas. ISBN 8575312219, ISBN 9788575312216 
  10. Henry Petroski (2007). A Evolução das coisas úteis: clipes, garfos, latas, zíperes e outros objetos. [S.l.]: Jorge Zahar Editor. pp. 102 a 105. ISBN 8537800295, ISBN 9788537800294 
  11. a b Gomes Filho, João. Escrituras Editora, ed. Design do objeto: bases conceituais, design do produto/design gráfico/design de moda/design de ambientes/design conceitual. 2006. [S.l.: s.n.] 8575312219 páginas. ISBN 9788575312216 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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