Estação Ferroviária de Portalegre – Wikipédia, a enciclopédia livre

Portalegre
Estação Ferroviária de Portalegre
a estação de Portalegre, em 2008
Identificação: 57000 POR (Portalegre)[1]
Denominação: Estação de Portalegre
Administração: Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3]
Classificação: E (estação)[1]
Tipologia: D [3]
Linha(s):
Linha do Leste(PK 216+559)
Ramal de Portalegre(PK 216+650)
Altitude: 299 m (a.n.m)
Coordenadas: 39°11′56.07″N × 7°27′39.91″W

(=+39.19891;−7.46109)

Mapa

(mais mapas: 39° 11′ 56,07″ N, 7° 27′ 39,91″ O; IGeoE)
Município: border link=Portalegre (Portugal)Portalegre
Serviços:
Estação anterior Comboios de Portugal Comboios de Portugal Estação seguinte
Crato
Entroncam.to
  R   Assumar
Badajoz

Conexões:
Ligação a autocarros
Ligação a autocarros
R
Serviço de táxis
Serviço de táxis
PTG
Equipamentos: Sala de espera Bar ou cafetaria Lavabos
Website:
 Nota: Este artigo é sobre a estação ferroviária que serve Portalegre, em Portugal. Para a principal estação ferroviária de Porto Alegre, Brasil, veja Estação São Leopoldo.

A estação ferroviária de Portalegre é uma interface da Linha do Leste, que serve o concelho de Portalegre, em Portugal, e que funcionou como entroncamento com o encerrado Ramal de Portalegre, que ligava à Linha de Évora em Estremoz.

Antigo complexo da EPAC, situado no interior da estação, em 2008.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Localização e acessos[editar | editar código-fonte]

Esta interface situa-se junto à localidade de Portalegre Gare, na freguesia de Urra; dista da cidade de Portalegre entre 9,3[4] a 11 km,[5] consoante o percurso.

Vista geral da estação, em 2008

Infraestrutura[editar | editar código-fonte]

Esta interface apresenta três vias de circulação, identificadas como I, II, e III, com 585 (I e II) e 398 m de comprimento, e acessíveis por plataformas com 112 m de extensão e 35 cm de altura; existem ainda cinco vias secundárias (identificadas como IV, V, VI, VI, VII, e EPAC), com comprimentos entre 394 e 100 m.[3] O edifício de passageiros situa-se do lado nordeste da via (lado esquerdo do sentido ascendente, para Badajoz).[6][7]

A estação está decorada com dois padrões de azulejos diferentes, sendo o primeiro de flores-de-lis com decoração nos cantos, tendo sido produzido pelas fábricas Devezas, Desterro e Sacavém, entre outras.[8] O segundo padrão é formado por conjunto de 2×2 azulejos com barras a rematar, fabricado possivelmente pela fábrica Lusitânia.[8]

Serviços[editar | editar código-fonte]

Em dados de 2022, esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipo regional, com duas circulações diárias em cada sentido, entre Entroncamento e Badajoz.[9] A ligação entre a estação e a cidade de Portalegre (Tarro) é assegurada por autocarros ao seviço da C.P. num persurso de 15 min. com duas paragens intermédias (Assentos e Navio).[10]

História[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Linha do Leste § História
Antiga estação de Portalegre, na segunda metade do Século XIX.

Inauguração[editar | editar código-fonte]

Insere-se no troço entre as estações de Crato e Elvas da Linha do Leste, que entrou ao serviço no dia 4 de Julho de 1863, pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses.[11]

Século XX[editar | editar código-fonte]

Em 26 de Março de 1907, o rei D. Carlos utilizou esta estação numa visita à cidade de Portalegre.[12]

Em 1913, existia um serviço de diligências ligando a estação à cidade de Portalegre, e a Monforte e Veiros.[13] Em 1914, esta estação era uma das principais exportadoras de cortiça na rede da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, tendo sido abrangida por uma tarifa especial daquela empresa.[14]

Em 8 de Junho de 1936, o Ministério das Obras Públicas e Comunicações ordenou a expropriação de parte dos terrenos da estação, para a construção de três celeiros para a Federação Nacional de Produtores de Trigo.[15]

Ligação ao Ramal de Portalegre[editar | editar código-fonte]

Mapa de 1939, mostrando o futuro troço de Cabeço de Vide a Portalegre, e o projecto cancelado até Fratel, passando por Castelo de Vide e pela cidade de Portalegre.

Planeamento[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Ramal de Portalegre § História

Em 1898, Quando se realizaram os estudos para a elaboração do Plano da Rede ao Sul do Tejo, um documento oficial para organizar os futuros planos ferroviários na região Sul de Portugal, foi proposta uma linha ligando a Estremoz, então término da Linha de Évora, à cidade de Portalegre, cruzando a Linha do Leste no Crato.[16][17][18] Desta forma, também se resolvia o problema da estação ficar demasiado longe da cidade de Portalegre, o que criava problemas de acesso.[19] Com efeito, foram feitas várias reivindicações para prolongar o caminho de ferro até à cidade, que nunca chegaram a ser cumpridas.[5] A ligação entre a estação e a cidade era feita por via rodoviária, tendo chegado a existir carreiras de diligência,[5] sendo comum o transporte de mercadorias por tracção animal, especialmente durante as feiras.[20]

No entanto, a linha a partir de Estremoz não foi inserida no Plano da Rede, quando este foi publicado em 1902,[21] tendo sido adicionado no ano seguinte, mas com o traçado modificado, sendo o ponto de cruzamento com a Linha do Leste alterado para esta estação.[17][22] Considerava-se que esta linha seria de elevada importância, uma vez que permitiria ligar directamente a cidade de Portalegre à rede ferroviária, e uniria a rede ferroviária no Sul à Linha do Leste.[22][23]

A linha foi adjudicada em 1903,[24] mas vários problemas de ordem política e financeira impediram o concessionário de completar a construção, pelo que a construção passou para a responsabilidade do Estado, tendo sido desta forma que o primeiro lanço, entre Estremoz e Sousel, entrou ao serviço em 23 de Agosto de 1925.[17][25] Neste período, estava a ser modificado o plano para a Linha de Portalegre, tendo-se programado a realização de grandes obras nesta estação, de forma a melhor servir de cruzamento com a nova linha.[17]

Em 1932, já tinha sido esboçado o projecto para o quarto lanço da linha, entre Cabeço de Vide e o entroncamento com a Linha do Leste.[26]

Feixe de vias na estação, sendo visível o antigo começo do Ramal de Portalegre no fundo à direita, passando por baixo do viaduto.

Construção e inauguração[editar | editar código-fonte]

Em Fevereiro de 1937, já estava em construção o lanço até à gare de Portalegre, estando ainda cerca de quatro quilómetros em estudo, incluindo a nova estação de Portalegre.[17] As principais modificações na estação consistiram na instalação de uma nova plataforma de passageiros, na ampliação da antiga gare e numa profunda alteração do esquema das vias, tendo sido necessário construir uma variante na Linha do Leste.[27] Por um diploma publicado no Diário do Governo n.º 176, II Série, de 1 de Agosto de 1938, o Ministério das Obras Públicas e Comunicações aprovou o plano para a variante, entre os PK 215+086,82 e PK 217+450,57, e para a primeira fase das obras de ampliação e adaptação desta interface, para servir de entroncamento com a Linha de Portalegre, tendo o orçamento sido de 3:474.30$00 escudos.[28] Por um outro diploma publicado no Diário do Governo n.º 185, II Série, de 11 de Agosto do mesmo ano, o Ministério das Obras Públicas adjudicou à firma alemã Joseph Vögele A. G. o fornecimento de quatro placas para inversão de locomotivas, estando uma destinada a esta estação.[28] A variante entrou ao serviço em 22 de Dezembro de 1948.[27]

Vista da estação, em 1993.

O troço entre Portalegre e Cabeço de Vide foi aberto à exploração em 21 de Janeiro de 1949, tendo a cerimónia de inauguração sido aqui realizada.[27] Porém, as obras de modificação ainda não tinham sido concluídas, e a Junta Autónoma das Estradas ainda estava a construir os dois viadutos sobre a estação e a Linha de Portalegre.[27]

O lanço entre Portalegre e Estremoz foi uma das várias linhas encerradas pela operadora Caminhos de Ferro Portugueses em 2 de Janeiro de 1990, no âmbito de um programa de reestruturação daquela empresa.[29]

Sala de espera da estação de Portalegre, 2008.

Século XXI[editar | editar código-fonte]

Em Janeiro de 2011, possuía três vias de circulação, duas com 430 m de comprimento, e uma com 398 m; as plataformas tinham todas 112 m de comprimento e 35 cm de altura,[30] configuração assaz reduzida em comparação com a de décadas anteriores,[31] e posteriormente[quando?] ampliada para os valores atuais.[3]

Os serviços ferroviários de passageiros foram terminados em Janeiro de 2012,[32] tendo sido reatados, de forma provisória, em 25 de Setembro de 2015.[33] Em Setembro de 2017, os serviços regionais até Badajoz foram definitivamente repostos.[34]

Pormenor das vias na estação, em 2006.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
  3. a b c Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
  4. «Cálculo de distância pedonal (39,1986; −7,4579 → 39,2803; −7,4344)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 22 de novembro de 2023 : 9300 m: desnível acumulado de +125−53 m
  5. a b c VENTURA, 2010:13
  6. (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  7. Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
  8. a b SAPORITI, 2006:288
  9. Horário Comboios Regionais : Linha do Leste : Entroncamento ⇄ Badajoz (em vigor desde 2022.10.09)
  10. REGIONAL : Horário dos autocarros de ligação («Mod_80-021»)
  11. TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 28 de Julho de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  12. VENTURA, 2010:28
  13. «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 9 de Abril de 2018 
  14. «Viagens e Transportes» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 27 (647). 1 de Dezembro de 1914. p. 359. Consultado em 16 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  15. «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 48 (1167). 1 de Agosto de 1936. p. 418-420. Consultado em 16 de Setembro de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  16. «Aviz a Coruche» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (369). 1 de Maio de 1903. p. 144-145. Consultado em 21 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  17. a b c d e SOUSA, José Fernando de (1 de Fevereiro de 1937). «Abertura do novo troço da Linha de Portalegre» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 49 (1179). p. 75-77. Consultado em 21 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  18. SOUSA, José Fernando de (1 de Dezembro de 1902). «A rêde ferro-viaria ao Sul do Tejo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (356). p. 354-356. Consultado em 7 de Junho de 2010 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  19. VENTURA, 2010:7
  20. VENTURA, 2010:14
  21. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (371). 1 de Junho de 1903. p. 178-190. Consultado em 21 de Junho de 2013 
  22. a b «Linhas do Valle do Sorraia» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (370). 16 de Maio de 1903. p. 164. Consultado em 21 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  23. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (375). 1 de Agosto de 1903. p. 263-274. Consultado em 21 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  24. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (382). 16 de Novembro de 1903. p. 377-378. Consultado em 21 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  25. TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1684). p. 91-95. Consultado em 28 de Julho de 2016 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  26. SOUSA, José Fernando de (1 de Março de 1934). «Direcção Geral de Caminhos de Ferro: Relatório de 1931-1932» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1109). p. 127-130. Consultado em 21 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  27. a b c d «Novos melhoramentos ferroviários» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1467). 1 de Fevereiro de 1949. p. 123-129. Consultado em 21 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  28. a b «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 50 (1216). 16 de Agosto de 1938. p. 391-393. Consultado em 12 de Dezembro de 2013 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa 
  29. «CP encerra nove troços ferroviários». Diário de Lisboa. Ano 69 (23150). Lisboa: Renascença Gráfica. 3 de Janeiro de 1990. p. 17. Consultado em 16 de Março de 2021 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares 
  30. «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85 
  31. Sinalização da estação de Portalegre” (diagrama anexo à I.T. n.º 28), 1977
  32. «Comboios deixam de passar na Linha do Leste a partir de 1 de Janeiro». Jornal de Notícias. 17 de Dezembro de 2011. Consultado em 25 de Setembro de 2015 
  33. CIPRIANO, Carlos (17 de Setembro de 2015). «Comboios de passageiros regressam à linha do Leste mas só ao fim-de-semana». Público. Consultado em 25 de Setembro de 2015 
  34. «ENTRONCAMENTO – Já há comboio directo até Badajoz. CP promove duas viagens diárias (ida e volta)». Rádio Hertz. 30 de Agosto de 2017. Consultado em 12 de Outubro de 2018 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • SAPORITI, Teresa (2006). Azulejaria no Distrito de Portalegre. Lisboa: Dinalivro, Distribuidora Nacional de Livros, Lda. 381 páginas. ISBN 972-97653-3-2 
  • VENTURA, António (2010). Portalegre: Roteiros Republicanos. Matosinhos: Quidnovi, Edição e Conteúdos, S. A. 127 páginas. ISBN 978-989-554-732-6 
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Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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