Estas casas são mui altas – Wikipédia, a enciclopédia livre

"Estas casas são mui altas" é uma cantiga de janeiras tradicional portuguesa originária da antiga freguesia de Monsanto (incluída desde 2013 na União das Freguesias de Monsanto e Idanha-a-Velha) no concelho de Idanha-a-Nova.

História[editar | editar código-fonte]

Casas na Aldeira Velha de Monsanto.

A letra desta cantiga de janeiras adapta quadras muito vulgarizadas e típicas de janeiras. Trovas semelhantes existem nos aguinaldos espanhóis, onde recebem o nome de Las Casas Nobles[1]. Este tipo de quadras estão atestadas desde os primeiros anos do século XVII, contudo, a sua presença na tradição sefardita permite deduzir a sua existência já no final do século XV[1]:

Tradição portuguesa Tradição castelhana Tradição sefardita

Estas casas são mui altas
Forradinhas de alegria,
Viva quem nelas passeia
Que é a senhora Maria!

Estas casas son muy altas,
Y aquí vive un labrador;
Tiene la mujer muy guapa,
Y las hijas como un sol.[1]

Estas casas altas son,
Para bodas, buenas son.[1]

Apesar desta possível origem secular, a composição em questão só surge publicada em 1939 pela mão do folclorista António Joyce que a recolheu na localidade de Monsanto no âmbito do concurso do Estado Novo "A Aldeia Mais Portuguesa de Portugal"[2].

Entre os anos de 1945 e 1950, "Estas casas são mui altas" foi harmonizada pelo compositor português Fernando Lopes-Graça para a sua Primeira Cantata do Natal[3].

Letra[editar | editar código-fonte]

Os filhós, referidos na cantiga, são uma sobremesa tradicional de Natal.

A letra da cantiga é bastante comum. Os janeireiros pedem esmola, elogiando eloquentemente os donos da casa que visitam e os seus haveres.

Estas casas são mui altas
Forradinhas de alegria,
Viva quem nelas passeia
Que é a senhora Maria!

Estas casas são mui altas
Mas não lhe chegamos nós,
Viva quem nelas passeia
Quem está a fazer filhós!

Levante-se lá, senhora
Desse tão lindo assento,
Venha-nos dar as janeiras
A boda do nascimento![4]

Discografia[editar | editar código-fonte]

  • 1956Cantos Tradicionais Portugueses da Natividade. Coro de Câmara da Academia de Amadores de Música. Radertz. Faixa 16.
  • 1978Primeira Cantata do Natal. Grupo de Música Vocal Contemporânea. A Voz do Dono / Valentim de Carvalho. Faixa 16.
  • 1985Lá Vai Jeremias. Terra a Terra. Rádio Triunfo. Faixa 5 (face A).
  • 1994Lopes Graça. Grupo de Música Vocal Contemporânea. EMI / Valentim de Carvalho. Faixa 16.
  • 20001ª Cantata do Natal Sobre Cantos Tradicionais Portugueses de Natividade. Coral Públia Hortênsia. Edição de autor. Faixa 16.
  • 2012Fernando Lopes-Graça - Obra Coral a capella - Volume II. Lisboa Cantat. Numérica. Faixa 19.
  • 2013Fernando Lopes-Graça - Primeira Cantata de Natal. Coro da Academia de Música de Viana do Castelo. Numérica. Faixa 16.[3]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d José Manuel Pedrosa (1995). "Las casas nobles: documentos, historia y paralelos de una canción de aguinaldo navarra" (Castelhano). 1. Universidad de Alcalá.
  2. Joyce, António A. (1939). «Concurso da Aldeia Mais Portuguesa: relatório do júri provincial da Beira Baixa». Ocidente - Revista Portuguesa Mensal 
  3. a b Paula de Castro; Miguel Azguime, et al. «Primeira Cantata do Natal». Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa. Consultado em 7 de agosto de 2015 
  4. Coro da Academia de Música de Viana do Castelo; Vítor Lima. «Primeira Cantata de Natal» (pdf). Consultado em 13 de novembro de 2015 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]