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Fat Man

A bomba Fat Man após ser construída, antes de ser lançada em Nagasaki
Tipo Arma nuclear
Local de origem  Estados Unidos
História operacional
Em serviço 9 de agosto de 1945
Utilizadores  Estados Unidos
Guerras Segunda Guerra Mundial
Histórico de produção
Quantidade
produzida
1
Especificações
Peso 4,545 ton
Comprimento 2,34 m
Diâmetro 1,52 m
Carga explosiva plutónio-239
Peso da carga
explosiva
6,4kg
Poder explosivo 21 quilotons de TNT

Fat Man (em português, "Homem Gordo") é código da bomba atómica lançada sobre Nagasaki, Japão, pelos Estados Unidos, em 9 de agosto de 1945. Foi a segunda das duas bombas atómicas utilizadas em guerras. O nome refere-se mais genericamente ao primeiro design de bombas norte-americanas baseadas no tipo "Fat Man".

esquema da estrutura interna do Fat Man, mostrando os explosivos rápidos (1); explosivos lentos (2); o impulsor, parte oca entre os explosivos e o plutônio (3); o núcleo de plutônio (5); e a área de iniciação por nêutrons (4).

O artefato de 2,34 metros de comprimento, 1,52 metro de diâmetro e 4 545 kg foi detonada a uma altitude de cerca de 550 metros sobre a cidade de Nagasaki após ter sido lançada do bombardeiro B-29 nomeado Bockscar, pilotado pelo Major Charles Sweeney. A bomba tinha uma potência de 21 kilotons, 8,4×1013 joule = 84 TJ. O curioso é que, tendo uma potência praticamente duas vezes maior que a da bomba conhecida como "Little Boy", lançada em Hiroshima três dias antes, os danos foram menores e menos extensivos que os do ataque anterior, pois as condições climáticas de Nagasaki no dia estavam desfavoráveis, fazendo com que a Fat Man não atingisse o alvo com precisão, caindo em um vale ao lado da cidade. Como o terreno de Nagasaki é montanhoso, parte da energia da explosão foi contida. Ainda assim, cerca de 40 mil pessoas foram mortas e mais de 25 mil ficaram feridas. Milhares morreram nos anos posteriores ao ataque devido a cânceres e doenças causadas pela radiação.

Tecnologia[editar | editar código-fonte]

O dispositivo foi a segunda bomba atômica usada em guerra e, diferentemente do modelo Little Boy, possuía o desenho de implosão, bem como a primeira experiência implosiva, o Trinity. Consistia em uma esfera oca (fosso e subcrítica de plutônio-859, que era fortemente pressionada por 32 explosivos hexagonais e pentagonais, que eram detonados simultaneamente fazendo pressão igual em todos os lados do fosso, fazendo ele encolher o seu volume de 2 a 4 vezes, isso deixava a massa crítica e começava a liberar nêutrons, estes nêutrons liberados começaram a reação em cadeia que culminavam com a detonação da arma.

1. Fusível de segurança;
2. Radar;
3. Bateria usada para fornecer energia aos detonadores da explosão;
4. X-Unit , uma unidade que gerencia os detonadores;
5. Dobradiças para movimentar a bomba;
6. Explosivo pentagonal (12 unidades ao redor do núcleo, formado por explosivos rápidos e lentos);
7. Explosivo hexagonal (20 unidades ao redor do núcleo, formado por explosivos rápido e lento);
8. Cauda de alumínio estabilizadora;
9. Carcaça Dural com diâmetro de 140 cm;
10. Cones contendo o núcleo;
11. Células rápidas (explosivo rápidos e lentos);
12. A calçadeira de U-238, o fosso de Plutônio-239 e o iniciador de berílio-polonio
13. Placa com os instrumentos (barômetro, radar e relógios);
14. Coletor Barotube.

A detonação[editar | editar código-fonte]

Nagasaki antes e após o ataque

Na manhã de 9 de agosto de 1945, a tripulação do avião dos E.U.A. B-29 Superfortress, baptizado de Bockscar, pilotado pelo Major Charles W. Sweeney e carregando a bomba nuclear de nome de código Fat Man, deparou-se com o seu alvo principal, Kokura, obscurecido por nuvens. Após três voos sobre a cidade e com baixo nível de combustível devido a problemas na sua transferência, o bombardeiro dirigiu-se para o alvo secundário, Nagasaki - a maior comunidade cristã do Japão. Cerca das 7h 50min (fuso horário japonês) soou um alerta de raide aéreo em Nagasaki, mas o sinal de "tudo limpo" (all clear, em inglês) foi dado às 8h 30min. Quando apenas dois B-29 foram avistados às 10h 53min, os japoneses aparentemente assumiram que os aviões se encontravam em missão de reconhecimento, e nenhum outro alarme foi dado.

Alguns minutos depois, às 11h 00min, o B-29 de observação, batizado de The Great Artiste (em português "O Grande Artista"), pilotado pelo Capitão Frederick C. Bock, largou instrumentação amarrada a três paraquedas. Esta continha também mensagens para o Professor Ryokichi Sagane, um físico nuclear da Universidade de Tóquio que tinha estudado na Universidade da Califórnia com três dos cientistas responsáveis pelo bombardeamento atómico. Estas mensagens, encorajando Sagane a falar ao público acerca do perigo destas armas de destruição maciça, foram encontradas pelas autoridade militares, mas nunca entregues ao académico.[1]

Às 11h 02min, uma abertura de última hora nas nuvens sobre Nagasaki permitiu ao artilheiro do Bockscar, Capitão Kermit Beahan, ter contacto visual com o alvo. A arma Fat Man, contendo um núcleo de aproximadamente 6,4 kg de plutónio-239, foi largada sobre o vale industrial da cidade. Explodiu a 469 metros sobre o solo, a cerca de meio caminho entre a Mitsubishi Steel and Arms Works (a sul) e a Mitsubishi-Urakami Ordnance Works (a norte), os dois principais alvos na cidade. De acordo com a maior parte das estimativas, cerca de 40 mil dos 240 mil habitantes de Nagasaki foram mortos instantaneamente, e entre 25 mil e 60 mil ficaram feridos. No entanto, crê-se que o número total de habitantes mortos poderá ter atingido os 80 mil, incluindo aqueles que morreram, nos meses posteriores, devido a envenenamento radiativo.

Evolução[editar | editar código-fonte]

Depois da guerra ficou claro que o design implosivo era o mais eficiente, então melhoraram o fosso, impregnaram a técnica do fosso levitado, deixaram mais fácil de se fabricar, entre outras modificações e então criaram a arma sucessora do Fat Man: o Mark 4.

Relatos[editar | editar código-fonte]

Foto da cidade dias após a explosão.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Lillian Hoddeson, et al, Critical Assembly: A Technical History of Los Alamos During the Oppenheimer Years, 1943-1945 (New York: Cambridge University Press, 1993), on 295.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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