Fernando I da Bulgária – Wikipédia, a enciclopédia livre

Fernando I
Czar da Bulgária
Fernando I da Bulgária
Tsar da Bulgária
Reinado 5 de outubro de 1908
a 3 de outubro de 1918
Predecessor Ele mesmo (Príncipe da Bulgária)
Sucessor Bóris III
Príncipe da Bulgária
Reinado 7 de julho de 1887
a 5 de outubro de 1908
Predecessor(a) Alexandre I
Sucessor(a) Ele mesmo (Czar da Bulgária)
 
Nascimento 26 de fevereiro de 1861
  Palácio Coburgo, Viena, Áustria
Morte 10 de setembro de 1948 (87 anos)
  Coburgo, Baviera, Alemanha
Sepultado em Igreja de Santo Agostinho, Coburgo, Baviera, Alemanha
Nome completo  
Fernando Maximiliano Carlos Leopoldo Maria
Esposas Maria Luísa de Parma (1893–1899)
Leonor de Reuss-Köstritz (1908–1917)
Descendência Bóris III da Bulgária
Cirilo, Príncipe de Preslav
Eudóxia da Bulgária
Nadezhda da Bulgária
Casa Saxe-Coburgo-Koháry
Pai Augusto de Saxe-Coburgo-Koháry
Mãe Clementina de Orléans
Religião Catolicismo
Assinatura Assinatura de Fernando I

Fernando I (Viena, 26 de fevereiro de 1861Coburgo, 10 de setembro de 1948) foi o Príncipe da Bulgária de sua eleição em 1887 até 1908 quando o país foi elevado a reino, continuando a reinar como Czar da Bulgária até sua abdicação em 1918.[1] Sob seu governo, a Bulgária entrou na Primeira Guerra Mundial ao lado dos Impérios Centrais em 1915.[2] Era filho do príncipe Augusto de Saxe-Coburgo-Gota e sua esposa a princesa Clementina de Orléans.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Descendente do ramo católico de Koháry, Fernando era o filho mais novo do príncipe Augusto de Saxe-Coburgo-Gota e da princesa Clementina de Orléans. Seus avós paternos foram Fernando de Saxe-Coburgo-Gota e Maria Antônia de Koháry e seus avós maternos foram o rei Luís Filipe I de França e Maria Amélia de Bourbon-Duas Sicílias. Tinha entre seus familiares boa parte dos soberanos europeus, como Ernesto I de Saxe-Coburgo-Gota, Leopoldo I da Bélgica, Fernando II de Portugal, Vitória do Reino Unido e seu marido, o príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota. Estas relações familiares ajudaram na eleição de Fernando para príncipe da Bulgária.

No dia 7 de julho de 1887, Fernando proclamou-se Príncipe Regente do território autônomo da Bulgária, dez meses depois do seu antecessor abdicar.

A Bulgária, liderada então por um partido liberalista, cujo líder era Stefan Stambolov, aceitou Fernando como rei, pois seria a única forma de se desfazerem de uma possível ocupação russa.

Fernando I pôs a Bulgária na Primeira Guerra Mundial ao lado da Alemanha almejando territórios nos Bálcãs e se livrar da influencia russa, mas abdicou ao trono em 1918, após a derrota na Primeira Guerra Mundial para evitar uma dominação estrangeira de seu país. Sucedeu-lhe o seu filho mais velho Boris, futuro Bóris III.

Morreu em 1948 em Coburgo, na Alemanha, aos 87 anos.

Casamentos e sexualidade[editar | editar código-fonte]

Fernando com sua primeira esposa Maria Luísa, 1893

Fernando casou-se por conveniência[3] com a princesa Maria Luísa de Bourbon-Parma, filha de Roberto I, duque de Parma e da princesa Maria Pia das Duas Sicílias, em 20 de abril de 1893 na Villa Pianore em Lucca. O casal teve quatro filhos:

  • Boris III (1894–1943)
  • Kyril (1895–1945)
  • Eudoxia (1898–1985)
  • Nadezhda (1899–1958). Casou-se com o Duque Albrecht Eugen de Württemberg.
O segundo casamento de Fernando, 1908

Maria Luísa morreu em 31 de janeiro de 1899, após dar à luz sua filha mais nova. Fernando não pensou em se casar novamente até que sua mãe, a princesa Clementina, morreu em 1907. Para satisfazer as obrigações dinásticas e fornecer a seus filhos uma figura materna, Fernando casou-se pela segunda vez com a princesa Leonor de Reuss-Köstritz, em 28 de fevereiro de 1908.[4] O casal não nutria amor romântico ou atração física, e Fernando a tratava como nada mais do que um membro da família e mostrava pouca consideração.[5]

Fernando c. 1900

Em suas relações privadas, Fernando era um indivíduo um tanto hedonista. Bissexual ao longo de sua vida, até o início da meia-idade sua inclinação era mais para as mulheres.[6] Ele teve relacionamentos com várias mulheres de posição humilde, gerando vários filhos ilegítimos que ele então sustentou financeiramente.[5] Mais tarde, espalharam-se os rumores sobre os encontros íntimos de Fernando com tenentes e criados. Suas férias regulares em Capri, então um popular destino de férias para ricos homossexuais, eram de conhecimento nas cortes reais de toda a Europa.[6] Em 1895, uma entrevista concedida pelo amargurado ex-primeiro-ministro Stefan Stambolov ao jornal alemão O Frankfurter Zeitung rebentou um escândalo de nove dias em toda a Europa, quando se concentrou fortemente em seu testemunho pessoal os interesses homossexuais de Fernando.[7]

Devido a sua orientação sexual, a capacidade de governar de Fernando foi por vezes questionada. Sua prima a rainha Vitória do Reino Unido declarou sobre Fernando: "Ele é totalmente inadequado...muito sensível, excêntrico e afeminado...ele deveria ser impedido de subir ao trono."[8] Para espanto de todos, a elevação do principado da Bulgária provou ser uma das grandes realizações políticas de Fernando.[8]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «Fernando I da Bulgária». Biblioteca Nacional da Alemanha (em alemão). Consultado em 11 de janeiro de 2020 
  2. Stephen Constant, Foxy Ferdinand, 1861-1948, Tsar of Bulgaria (Sidgwick & Jackson, 1979).
  3. Constant, 1986, ‘’Foxy Ferdinand’’, p 143
  4. Aronson, p 85.
  5. a b Stéphane Groueff, ‘’Crown of Thorns: The Reign of King Boris III of Bulgaria, 1918-1943’’, Madison Books, 1998.
  6. a b Constant, Stephen Foxy Ferdinand, 1861–1948, Tsar of Bulgaria, Sidgwick and Jackson, 1979, pp. 96, 266.
  7. Perry, Duncan M. Stefan Stambolov and the Emergence of Modern Bulgaria: 1870-1895, Duke University, 1993, p216.
  8. a b Aronson, 1986, Crowns In Conflict, p 83
Casa de Saxe-Coburgo-Gota
Fernando I da Bulgária
Nascimento: 26 de fevereiro de 1861; Morte: 10 de setembro de 1948
Precedido por
Alexandre de Battenberg

Príncipe Regente da Bulgária
18871908
Sucedido por
novo título
Precedido por
novo título

Czar da Bulgária
19081918
Sucedido por
Bóris III