Estigma social da obesidade – Wikipédia, a enciclopédia livre

O estigma social da obesidade refere-se à assunção preconceituosa de características de personalidade baseada no julgamento de uma pessoa por ter excesso de peso ou por ser obesa. É também conhecido como fat-shaming ou gordofobia. Ativistas alegam que o preconceito contra gordos pode ser encontrado em muitas facetas da sociedade,[1] e culpam os média pela penetração deste fenómeno.[2][3]

Este viés tem criado impactos psicossociais negativos e causado desvantagens para pessoas com sobrepeso ou obesas. Estigma de peso é similar e tem sido amplamente definido como viés ou comportamentos discriminatórios direcionados a indivíduos por causa de seu peso.[4][5] Tais estigmas sociais podem estender-se durante a vida de alguém, contanto que o excesso de peso esteja presente, a começar de uma idade jovem e a durar até a vida adulta.[6] Vários estudos de todo o mundo (ex. Estados Unidos, Universidade de Marburgo, Universidade de Leipzig) indicam que indivíduos com sobrepeso ou obesos experienciam níveis mais altos de estigma em relação a indivíduos mais magros. Ademais, casam-se menos frequentemente, experienciam menos oportunidades educacionais e de carreira, e em média possuem uma renda menor que a de indivíduos de peso normal.[6] Embora o apoio público quanto a serviços de deficiência, direitos civis e leis antidiscriminatórias no ambiente de trabalho tenham ganhado apoio ao longo dos anos indivíduos com sobrepeso e obesos ainda experenciam discriminação, o que pode ter implicações na saúde fisiológica e psicológica. Estas questões são combinadas com os significativos efeitos fisiológicos negativos associados a obesidade.[7]

De acordo com o artigo “joint international consensus statement for ending stigma of obesity”, divulgado pela revista Nature Medicine em 2020, pessoas obesas são comumente associadas à preguiça, gula, falta de “força de vontade” e autodisciplina. Essas associações se dão pelo fato de sociedades ocidentais contemporâneas entenderem a saúde como uma questão moral individual[8] e que a “obesidade” é uma escolha pessoal que pode ser revertida por decisões voluntárias de alimentação e exercício físico. Essa percepção social tem impacto negativo na criação de políticas públicas, no acesso a tratamentos e em pesquisas[9]

Referências

  1. Puhl, Rebecca; Brownell, Kelly D. (2001). «Bias, Discrimination, and Obesity». Obesity Research (em inglês). 9 (12): 788–805. ISSN 1550-8528. doi:10.1038/oby.2001.108 
  2. Ahern, Amy L.; Bennett, Kate M.; Hetherington, Marion M. (2008). «Internalization of the ultra-thin ideal: positive implicit associations with underweight fashion models are associated with drive for thinness in young women». Eating Disorders (em inglês). 16 (4): 294–307. ISSN 1532-530X. PMID 18568920. doi:10.1080/10640260802115852. Consultado em 22 de dezembro de 2018 
  3. Hawkins, Nicole; Richards, P. Scott; Granley, H. Mac; Stein, David M. (2004). «The impact of exposure to the thin-ideal media image on women». Eating Disorders (em inglês). 12 (1): 35–50. ISSN 1064-0266. PMID 16864303. doi:10.1080/10640260490267751 
  4. Puhl, R. M.; Brownell, K. D. (2003). «Psychosocial origins of obesity stigma: toward changing a powerful and pervasive bias». Obesity Reviews (em inglês). 4 (4): 213–227. ISSN 1467-789X. doi:10.1046/j.1467-789X.2003.00122.x 
  5. Puhl, Rebecca M.; Heuer, Chelsea A. (2009). «The Stigma of Obesity: A Review and Update». Obesity (em inglês). 17 (5): 941–964. ISSN 1930-739X. doi:10.1038/oby.2008.636 
  6. a b «Dicke sind faul und dumm» (em alemão). Süddeutsche Zeitung. 11 de agosto de 2008. Consultado em 22 de dezembro de 2018 
  7. «The Health Effects of Overweight and Obesity» (em inglês). Centros de Controle e Prevenção de Doenças. 11 de agosto de 2011. Consultado em 22 de dezembro de 2018 
  8. Crawford, Robert (29 de março de 2019). «Salutarismo e medicalização da vida cotidiana». Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde (1). ISSN 1981-6278. doi:10.29397/reciis.v13i1.1775. Consultado em 3 de novembro de 2020 
  9. Rubino, Francesco; Puhl, Rebecca M.; Cummings, David E.; Eckel, Robert H.; Ryan, Donna H.; Mechanick, Jeffrey I.; Nadglowski, Joe; Ramos Salas, Ximena; Schauer, Phillip R. (4 de março de 2020). «Joint international consensus statement for ending stigma of obesity». Nature Medicine (em inglês) (4): 485–497. ISSN 1078-8956. doi:10.1038/s41591-020-0803-x. Consultado em 3 de novembro de 2020 
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