Grupo Gay da Bahia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Grupo Gay da Bahia
História
Fundação
Quadro profissional
Tipo
Domínio de atividade
País
Coordenadas
Organização
Fundador
Presidente
Marcelo Cerqueira (d)
Distinção
Website
Mapa

O Grupo Gay da Bahia (GGB) é uma organização não governamental (ONG) voltada para a defesa dos direitos dos homossexuais no Brasil. Fundada em 1980,[1] é a mais antiga associação brasileira de defesa dos gays ainda em atividade.[2] Sua sede fica em Salvador, no Pelourinho.

O seu atual presidente é Marcelo Ferreira de Cerqueira[3] e a ONG teve como um de seus fundadores o militante gay e professor Luiz Mott do Departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia, o qual aparece ainda como Presidente de Honra do grupo.

A instituição criou, em 1991[4], o Prêmio Triângulo Rosa, tido como a primeira premiação LGBTQIAP+ do Brasil.[5]

História[editar | editar código-fonte]

Na celebração de seu primeiro ano de existência, em 1981, o Grupo Gay da Bahia publicou um texto contendo um resumo das ações realizadas pelo grupo em prol da população LGBT. Entre suas ações, estava uma campanha pelo fim da homossexualidade como "desvio e transtorno mental"; a participação na comemoração do "Dia Internacional do Orgulho Gay", com atividades como palestras, pichações e panfletagens; a realização de caravanas em diferentes cidades do Nordeste, entre outras.

Em 1982, o GGB publicou o primeiro boletim contendo uma lista de pessoas LGBT que haviam sido assassinadas por crime de ódio, intitulado "Pesquisa sobre Homossexuais assassinados no Brasil". A ONG publica anualmente versões destes relatórios contendo as mortes que são consideradas, sob os critérios dos pesquisadores responsáveis, como "mortes motivadas por homofobia".[6]

Os resultados dos relatórios anuais do GGB são amplamente divulgados por diversos meios de comunicação.[7][8][9][10] Como exemplos de mortes consideradas pela ONG como tendo sido motivadas por motivação homofóbica ou transfóbica no Brasil, a lista produzida pelo Grupo Gay da Bahia em 2017[11] incluía Micaela Ferreira Avelino, morta após um assalto onde foi feita refém,[12] Abel Góes, morto em circunstâncias desconhecidas na Itália,[13] Verônica Rios, que faleceu por complicações no uso de silicone industrial[14] e Flávia Luzia da Silva, transexual que faleceu de causas naturais,[15] entre outros assassinatos que sequer aconteceram no Brasil ou onde a motivação homofóbica ou transfóbica são questionáveis.[16][17][18]

No relatório de 2019 foram divulgados 329 casos de mortes motivadas, segundo a ONG, por ódio LGBTfóbico. Como em todas as demais versões anteriores do relatório, parte das mortes contabilizadas foram suicídios. Entre os homicídios classificados como crimes de ódio pelo Grupo Gay da Bahia em 2019.[19] estão casos como o de Tatiana Luz da Costa Faria, que morreu incendiada durante uma discussão com sua namorada Wanessa Pereira de Souza[20] e Gustavo Cristiano Golçalves, morto pelo namorado, a facadas. O motivo do assassinato teria sido o fato de que Gustavo marcou um encontro amoroso com uma mulher. Encontro este que foi descoberto por Charles Israel Bernardo dos Reis, que - enciumado - matou o companheiro[21]

Missões e valores[editar | editar código-fonte]

O Grupo declara ter três objetivos:[1]

  • Lutar contra a homofobia (e a transfobia), denunciando toda e qualquer forma de preconceito contra gays, lésbicas, travestis, etc.
  • Informar sobre a homossexualidade e trabalhar para a prevenção do HIV e da AIDS junto à comunidade LGBT.
  • Conscientizar os homossexuais acerca de seus direitos para que estes possam lutar por sua cidadania, dando cumprimento ao princípio da igualdade, expresso na Constituição Brasileira.

Críticas[editar | editar código-fonte]

Críticos da atuação do Grupo Gay da Bahia acusam a ONG de produzir dados exagerados sobre o número real de mortes por homofobia no Brasil, através da classificação generalizada de mortes de homossexuais como sendo exemplos de "mortes motivadas por ódio aos gays". Em 2015 o jornalista Dario Di Martino produziu uma revisão caso-a-caso do relatório do Grupo Gay da Bahia de 2013;[22] em 2017 o funcionário público Daniel Reynaldo iniciou um blog especializado - inicialmente - na revisão dos casos tratados pelo GGB como sendo de mortes motivadas por ódio LGBTfóbico;[23] posteriormente, o geneticista Eli Vieira comandou uma revisão caso-a-caso dos dados do relatório de 2016[24]

Todos os três concordam, em suas produções textuais sobre o tema, que existem casos reais de mortes motivadas por homofobia; mas sustentam que a maioria dos casos identificados como crimes de ódio pelo Grupo Gay da Bahia não guardam honesta correlação com a sexualidade das vítimas.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b «O que é o GGB (nossa história)». Grupo Gay da Bahia. Consultado em 10 de maio de 2020 
  2. Bahia é pioneira em defesa dos direitos gay[ligação inativa], site do governo da Bahia
  3. «Quadro Diretor do GGB». Grupo Gay da Bahia. Consultado em 10 de maio de 2020 
  4. GGB-Bahia (18 de junho de 2021). «GGB divulga Oscar Gay e troféu Pau de Sebo 2021.». GRUPO GAY DA BAHIA. Consultado em 26 de janeiro de 2022 
  5. Miller, Victor (26 de janeiro de 2022). «Conheça a história do "Troféu Triângulo Rosa", premiação LGBTQIA+ do Brasil que acontece desde 1991». GAY BLOG BR @gayblogbr. Consultado em 26 de janeiro de 2022 
  6. «População LGBT morta no Brasil – Relatório 2018» (PDF). Grupo Gay da Bahia. Consultado em 10 de maio de 2020 
  7. «A cada 25h, uma pessoa LGBT é assassinada no país, revela pesquisa». O Globo. 17 de maio de 2017. Consultado em 18 de maio de 2021 
  8. Brasil, Agência. «Uma pessoa LGBT é morta a cada 25 horas no Brasil». Correio do Povo. Consultado em 18 de maio de 2021 
  9. «No Brasil, uma pessoa LGBT é assassinada a cada 25 horas». Revista Fórum. 17 de maio de 2017. Consultado em 18 de maio de 2021 
  10. «A cada 25 horas, uma pessoa LGBT é assassinada no Brasil, aponta ONG». Correio Braziliense 
  11. «GGB: Registros - 2017» (PDF). Grupo Gay da Bahia 
  12. «Homenagens marcam último adeus à barbeira morta em assalto a carro-forte na Grande Natal». G1. Consultado em 18 de maio de 2021 
  13. «Produtor de moda alagoano é encontrado morto em hospital na Itália». Alagoas 24 Horas 
  14. «Travesti morre no interior de SP, após complicações por uso de silicone industrial». observatoriog.bol.uol.com.br. Uol. Consultado em 18 de maio de 2021 
  15. «Brasileira morre durante voo para Paris». O Povo 
  16. «Jovem morre atropelado na rodovia Brigadeiro Faria Lima - O Diário Interativo». O Diário. Consultado em 18 de maio de 2021 
  17. «Pai é assassinado pelo filho ao tentar impedi-lo de cometer crime em MT, diz PM». G1. Consultado em 18 de maio de 2021 
  18. «Over de moord op Bianca, die volgens de Gelderlander een man zou zijn» 
  19. «MORTES VIOLENTAS DE LGBT+ NO BRASIL – 2019 Relatório do Grupo Gay da Bahia». Observatório de Mortes Violentas de LGBTI+ no Brasil. Consultado em 19 de maio de 2021 
  20. «Acusada de matar a companheira passará por exame de sanidade mental no IML». Correio Braziliense. Consultado em 19 de maio de 2021 
  21. «Enciumado, homem mata namorado a facadas no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte». Portal Rádio Itatiaia de Minas Gerais. Consultado em 19 de maio de 2021 
  22. «A farsa dos crimes homofóbicos no Brasil» (PDF). Consultado em 19 de maio de 2021 
  23. «Relembre alguns dos casos mais marcantes da longa história de fraude do Grupo Gay da Bahia». Quem a homotransfobia não matou hoje. Consultado em 19 de maio de 2021 
  24. «Estatísticas sobre morte provocada por homofobia são infladas, conclui estudo». Gazeta do Povo. Consultado em 19 de maio de 2021 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • MOTT, Luiz. O Imprescindível GGB, Grupo Gay da Bahia. In: GREEN, James N. et al. (orgs.) História do movimento LGBT no Brasil. São Paulo: Alameda, 2018. p. 211-225.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]