Guido de Vico – Wikipédia, a enciclopédia livre

Guido de Vico (em italiano Guido da Vico; Pisa,? - 15 de Agosto de 1150), foi um religioso italiano, cardeal da Igreja Católica e legado pontifício à Península Ibérica.

O Papa Inocêncio II fê-lo cardeal-diácono em 1130, com o título dos Santos Cosme e Damião.

Em 1143, ante as incessantes disputas entre Afonso VII de Leão e Castela, imperador das Espanhas, e seu primo Afonso Henriques, autoproclamado rei de Portugal desde a sua esmagadora vitória na Batalha de Ourique, quatro anos antes, o Papa enviou Guido como legado da Santa Sé à Península Ibérica, a fim de acabar com as dissensões entre os cristãos - o que apenas contribuiria para enfraquecer a sua posição face aos muçulmanos do Al-Andalus.

Por meio de uma conferência realizada na cidade leonesa de Zamora, nos dias 4 e 5 de Outubro de 1143, chegou-se enfim a um acordo, mediado pelo cardeal de Vico: Afonso VII reconhecia, tacitamente, o título de rei ao primo (julgando ser possível ainda invadir e aniquilar o reino nascente em ocasião mais oportuna), mediante o seu reconhecimento, por parte de Afonso Henriques, como Imperador das Espanhas e, como tal, dentro da escala hierárquica do feudalismo, seu suserano (de resto, à semelhança dos demais soberanos cristãos da Ibéria, que já lhe haviam prestado menagem como imperator). Para acentuar o carácter feudo-vassálico da relação, o imperador cedia ao primo a posse da fortaleza de Astorga, que constituía assim o vínculo formal da vassalidade que lhe era devida.

O rei português, contornou a situação de dependência a que ficava sujeito face a Castela, fazendo-se vassalo de São Pedro, isto é, da Santa Sé, pagando-lhe um tributo anual de quatro onças de ouro e a promessa de defender a cristandade e o Papa dos Infiéis. Isto conferia-lhe a vantagem de se colocar sob a protecção da mais respeitada instituição do Ocidente cristão medieval (e desligar-se assim da obediência formal ao imperador castelhano, dado colocar-se debaixo da protecção de um suserano ainda mais elevado), e, ao mesmo tempo, dada a sua distância face a Roma, ter margem de manobra suficientemente lata para acabar por se eximir ao pagamento do tributo. De qualquer forma, o papa não lhe reconheceria o título de rei acordado entre os dois Afonsos e o cardeal Guido de Vico, mas apenas o de dux (o de rei chegaria apenas trinta e seis anos mais tarde, em 1179).

Guido de Vico regressou depois a Itália, onde deverá ter falecido em 1150.

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