Helenização – Wikipédia, a enciclopédia livre

Helenização é um termo usado para descrever a difusão da cultura da Grécia Antiga e, em menor escala, de seu idioma. É usado principalmente para descrever a difusão da civilização helenística durante o período homônimo, que se seguiu às campanhas de Alexandre, o Grande, rei da Macedônia. O resultado do processo de helenização foi que elementos de origem grega combinaram-se, de diversas maneiras e intensidades, com elementos locais, formando o que recebe o nome de helenismo. Em tempos modernos, a helenização foi associada com a adoção da cultura grega moderna e a homogenização étnica e cultural da Grécia.[1][2]

Utilização histórica do termo[editar | editar código-fonte]

Período clássico[editar | editar código-fonte]

O termo é utilizado em diversos outros contextos históricos antigos, começando com a helenização dos primeiros habitantes da Grécia, como os pelasgos, os léleges, os lêmnios, os eteocipriotas, os eteocretenses e minoicos de Creta (anteriores à Antiguidade Clássica), bem como os sicélidas, os elímios e os sícanos da Sicília e os enótrios, brútios, lucanos, messápios e muitos outros que habitavam os territórios que formavam a Magna Grécia.

Período helenístico[editar | editar código-fonte]

Mapa do Império Alexandrino, circa 323 a.C.
Ver artigo principal: Civilização helenística

Durante o período helenístico, após a morte de Alexandre, o Grande, um número considerável de assírios, judeus, egípcios, persas, partas, armênios e outros grupos étnicos por todo o Oriente Médio e Ásia Central foram helenizados. Os báctrios, um grupo étnico iraniano que habitava a Báctria (norte do Afeganistão), foram helenizados a partir das campanhas de Alexandre nessa região em 329 a.C., e logo em seguida diversas tribos nas regiões do noroeste do subcontinente indiano (atual Paquistão), durante o Reino Indo-Grego. Também houve helenização de trácios, dárdanos, peônios e ilírios,[3][4][5][6] a sul da Linha Jireček, e até mesmo getas.[7]

Durante o período helenístico em si, no entanto, o processo de helenização foi limitado. No sul da Síria, por exemplo, foram afetados pela cultura grega apenas os centros urbanos selêucidas nos quais o grego era comumente falado. No interior da província, no entanto, quase não foi afetado pela presença helênica, já que a maior parte de seus habitantes falava o siríaco, e manteve suas tradições nativas.[8] Além disso, o processo de helenização não envolvia necessariamente a assimilação de grupos étnicos não-gregos, já que os gregos helenísticos de regiões como a Ásia Menor tinham uma consciência clara de suas linhagens ancestrais.[9]

Idade Média[editar | editar código-fonte]

O termo 'helenização' também pode se referir ao processo ocorrido durante a fundação da cidade de Constantinopla pelo imperador romano Constantino, na parte oriental do Império Romano, helenizada, ou em seu sucesso, o Império Bizantino, na Idade Média. Também pode designar a supremacia da cultura e idioma gregos após o reinado do imperador bizantino Heráclio, no século VII.

Domínio otomano[editar | editar código-fonte]

A helenização também é resultado do status mais elevado que a cultura grega e a Igreja Ortodoxa Grega tiveram entre a população cristã ortodoxa dos Bálcãs durante o domínio otomano.

Utilização moderna[editar | editar código-fonte]

Em 1909, uma comissão indicada pelo governo grego relatou que um terço das vilas da Grécia teriam que mudar seu nome, devido à sua origem não-grega.[1] O processo de mudança dos topônimos na Grécia atual foi descrito como um processo de helenização.[1] A utilização moderna do termo está associada a políticas que visam "harmonização cultural e educação das minorias linguísticas residentes no estado grego moderno" (a República Helênica), ou seja, a helenização de grupos minoritários da Grécia moderna.[2] O termo tem, nos dias de hoje, um sentido fortemente negativo em determinados círculos da sociedade grega, já que significa dar cidadania, por vezes de maneira ilegal, a imigrantes não-gregos.[10]

O termo "helenístico" também é usado para se referir à antiga religião grega ou seus adeptos nos dias de hoje.

Referências

  1. a b c Zacharia 2008, p. 232.
  2. a b Koliopoulos & Veremis 2002, pp. 232–241.
  3. Basil Lanneau Gildersleeve, et. al. 1977, p. 263: "It seems that the original home of the Albanians was in Northern Albania (Illyricum) rather than in the partly Hellenic and partly Hellenized Epirus Nova."
  4. Hammond 1976, p. 54: "The line of division between Illyricum and the Greek area, 'Epirus Nova', in terms of Roman provincial administration ran somewhere between Scodra and Dyrrachium and then eastwards on the north side of the Shkumbi and Lake Ochrid..."
  5. Lewis & Boardman 1994, p. 423: "Through contact with their Greek neighbors some Illyrian tribe became bilingual (Strabo VII.7.8. diglottoi) in particular the Bylliones and the Taulantian tribes close to Epidamnus."
  6. Pomeroy et al. 2008, p. 255.
  7. Webber & McBride 2001, p. 14: "Reconstruction of the procession drawn on the lunette (back wall) of the 3rd century BC Sveshtari tomb; the original is in charcoal, as the tomb was unfinished. It shows a Hellenised king of the Getai being crowned by the Thracian mother goddess."
  8. Boyce & Grenet 1975, p. 353: "South Syria was thus a comparatively late addition to the Seleucid empire, whose heartland was North Syria. Here Seleucus himself created four cities—his capital of Antiochia-on-the-Orontes, and Apamea, Seleucia and Laodicia—all new foundations with a European citizen body. Twelve other Hellenistic cities are known there, and the Seleucid army was largely based in this region, either garrisoning its towns or settled as reservists in military colonies. Hellenization, although intensive, seems in the main to have been confined to these urban centers, where Greek was commonly spoken. The country people appear to have been little affected by the cultural change, and continued to speak Syriac and to follow their traditional ways. Despite its political importance, little is known of Syria under Macedonian rule, and even the process of Hellenization is mainly to be traced in the one community which has preserved some records from this time, namely the Jews of South Syria."
  9. Isaac 2004, p. 144: "Apparently the best and most pleasing compliment one could pay to a Hellenistic establishment in Asia Minor was to insist on the lineage of its ancestors: they were not a city of nondescript migrants but of Greeks and Macedonians of true blood. Once again, we see that such views were very common, but there were critics."
  10. Lambropoulos, Vasilis G. (22 de agosto de 1999). «Οι παράνομες ελληνοποιήσεις και τα κόλπα της ρωσικής μαφίας». ΤΟ ΒΗΜΑ Online. Consultado em 9 de dezembro de 2009 [fonte confiável?]
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Hellenization».

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]