Henrique Capriles Radonski – Wikipédia, a enciclopédia livre

Henrique Capriles
Henrique Capriles Radonski
Henrique Capriles Radonski
Capriles em carreata na cidade de Cumaná durante a campanha presidencial de 2013
Governador de Miranda
Período 29 de novembro de 2008
a 18 de outubro de 2017
Antecessor(a) Diosdado Cabello
Sucessor(a) Héctor Rodríguez
Prefeito de Baruta
Período 30 de julho de 2000
a 26 de novembro de 2008
Antecessor(a) Ivonne Attas
Sucessor(a) Gerardo Blyde
Deputado por Zúlia no Congresso Nacional da Venezuela
Período 23 de janeiro de 1999
a 22 de dezembro de 1999
Dados pessoais
Nascimento 11 de julho de 1972 (51 anos)
Caracas, DC,  Venezuela
Nacionalidade venezuelano
Progenitores Mãe: Mónica Radonski Bochenek
Pai: Henrique Capriles García
Alma mater Universidade Católica Andrés Bello
Cônjuge Valeria Valle
Partido COPEI (1998-2000)
PJ (2000-presente)
Religião Católico romano
Assinatura Assinatura de Henrique Capriles Radonski
Website http://henriquecapriles.com/

Henrique Capriles Radonski (Caracas, 11 de julho de 1972) é um advogado e político venezuelano, membro e fundador do partido Primeiro Justiça (PJ). Ex-prefeito do município de Baruta por 2 mandatos consecutivos entre 2000 e 2008, elegeu-se posteriormente governador do estado de Miranda, igualmente por 2 mandatos consecutivos entre 2008 e 2017.

Em 2012, licenciou-se do cargo de governador para concorrer como candidato oficial da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) à eleição presidencial de 2012, onde obteve 6.591.304 votos (44,31% dos votos válidos), mas acabou sendo derrotado pelo presidente e candidato à reeleição à época Hugo Chávez, que por sua vez, obteve 8.191.132 votos (55,07% dos votos válidos).[1][2]

Após a morte de Hugo Chávez em março de 2013, uma nova eleição presidencial foi realizada neste mesmo ano e Capriles novamente foi o candidato à presidência apoiado pela MUD, dessa vez tendo como concorrente o então vice-presidente e atual presidente da Venezuela Nicolás Maduro. Em uma disputa eleitoral bastante renhida, foi novamente derrotado pelo candidato governista por uma margem mínima de votos, obtendo 7.363.980 votos (49,12% dos votos válidos) frente aos 7.587.579 votos (50,61% dos votos válidos) obtidos por Maduro.[3][4]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascido em 11 de julho de 1972, Capriles possui ascendência judaica: seu pai, Henrique Capriles Garcia, é descendente de uma família de judeus sefarditas de Curaçao e sua mãe, Mônica Cristina Radonski Bochenek, é descendente de uma família judaica russo-polonesa sobrevivente do Holocausto,que se consolidou como uma das mais poderosas da aristocracia caraquenha, estando a frente de empreendimentos na indústria de entretenimento. Sua família, juntamente com outras organizações de oposição tem o controle de 90% do público venezuelano de rádio, imprensa e televisão.[5][6][7]

Apesar da origem judaica, Capriles é católico praticante, tendo até integrado a seção venezuelana da organização católica Tradição, Família e Propriedade na década de 1980.[8] Ainda naquela década, ele concluiria seus estudos básicos nos Institutos Educacionales Asociados El Peñón (IEA). Mais tarde, ingressaria no direito na Universidade Católica Andrés Bello, onde obteve o título de advogado em 1994 e especialização em direito econômico na mesma universidade, em 1997.[5] Também iniciou os estudos de pós-graduação em legislação fiscal na Universidade Central da Venezuela.[9]

Foi membro da Associação Mundial de Jovens Advogados e do Conselho Fiscal da Câmara Americana de Comércio e Indústria da Venezuela e trabalhou nos escritórios de advocacia Nevett & Mezquita Abogados e Hoet, Peláez, Castillo & Duque, além de atuar nos negócios familiares, especialmente nas empresas da família materna, Radonski Bochenek.[10][11]

Carreira política[editar | editar código-fonte]

Capriles começou sua carreira na política pelo COPEI. Em 1998, se candidatou à deputado federal pelo estado de Zulia nas eleições parlamentares daquele ano. Eleito, foi nomeado presidente da Câmara dos Deputados, apesar de sua inexperiência política, convertendo-se no deputado mais jovem a dirigi-la, mas deixou o cargo após a dissolução do Congresso venezuelano pela Assembleia Constituinte Nacional em 1999.[5][12] Em 2000, ao lado do conservador Leopoldo López, fundou o partido Primero Justicia. Já naquele ano, disputou as eleições municipais de Baruta, um dos redutos da classe média-alta e alta da Região metropolitana de Caracas, tendo sido eleito prefeito com 60% dos votos.[5][13]

Ainda em 2000, Capriles se aproximou-se do International Republican Institute (IRI), organização vinculada ao Partido Republicano dos Estados Unidos.[14] Desde então, passou a ser conhecido como um dos principais opositores do governo venezuelano. Em 2002, Capriles participou ativamente do Golpe de Estado contra o presidente Hugo Chávez. Acusado de ter se omitido quando partidários anti-Chávez invadiram a embaixada de Cuba, em Baruta, e espancaram Ramón Rodríguez Chacín, então Ministro do Interior e Justiça,[5][15][16] foi preso por quatro meses, de forma preventiva por escapar à justiça, e julgado em 2004, absolvido em 2006, em novembro de 2008, o processo foi reaberto e permanece em curso.[17] Em 2004, seria reeleito com quase 80% dos votos.

Em 2008, disputou as eleições para o governo do estado de Miranda, tendo derrotado o candidato Diosdado Cabello. Em 2012, Capriles conquistaria um novo mandato, após derrotar o candidato Elías Jaua .Após ter anunciado sua intenção de participar nas eleições primárias da Mesa da Unidade Democrática em 12 de fevereiro de 2012, que definiria o candidato presidencial que enfrentaria Hugo Chávez nas eleições presidenciais de outubro daquele ano, Capriles superou o concorrente Pablo Perez para se tornar o candidato da oposição venezuelana.[18][19] No pleito presidencial de 2012, Capriles saiu derrotado por Hugo Chávez, por mais de 10 pontos percentuais (44,31% a 55,07%) dos votos. Apesar da derrota, foi à época, a votação mais expressiva que a oposição ao chavismo recebeu em eleições presidenciais disputadas contra Chávez.[20]

Em 2013, após o anúncio de novas eleições presidenciais, em virtude da morte de Chávez em março do mesmo ano, Capriles confirmou que seria o candidato da oposição.[21] Neste pleito, o candidato governista Nicolás Maduro foi eleito com 50,66% dos votos contra 49,07% de Capriles – uma diferença de cerca de 300 mil votos numa eleição com cerca de 19 milhões de eleitores registrados.[22] A participação eleitoral foi de 78,71%.[23]

Controvérsias[editar | editar código-fonte]

Posição contraditória no reconhecimento de eleições[editar | editar código-fonte]

Nas eleições regionais de 2012, Capriles foi reconduzido ao cargo de governador do estado de Miranda com apertado resultado de 51,86% dos votos, vencendo por uma pequena diferença percentual o ex-vice presidente venezuelano Elías Jaua, que reconheceu a derrota para Capriles. Analistas, entre os quais, a jornalista e escritora Stella Calloni[24] e Salim Lamrani, doutor em Estudos Ibéricos e Latino-americanos da Universidade Sorbonne, criticaram o comportamento de Capriles após a eleição presidencial de 2013:[25]

Acusações do Ministério Público contra Capriles[editar | editar código-fonte]

Em maio de 2013, o promotor do Ministério Público venezuelano Antonio Molina solicitou uma investigação contra Capriles promover atos de violência no país durante protestos de rua convocados pela oposição contra o governo de Nicolás Maduro. Segundo o promotor, durante entrevista concedida à Venezolana de Televisión, Capriles teria supostamente convocado seus apoiadores a praticar atos qualificadas como criminoso que resultaram na morte de 8 civis e em danos à propriedade pública.

Durante a jornada de protestos de 2014 convocada pela oposição, apoiadores da oposição queimaram Centros de Diagnóstico em Imagem (CDI), a sede do Produtor Alimentos e Distribuidor (PDVAL), além de vários escritórios do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).[26] Por conta disso, Capriles e outros líderes da direita venezuelana, como Leopoldo López, foram acusados ​​de "homicídio qualificado, crime de conspiração, desobediência contra as leis e danos à propriedade pública".[27]

Referências

  1. Capriles é eleito candidato da oposição para enfrentar Chávez em outubro - O Estado de S.Paulo, 13 de fevereiro de 2012
  2. O Globo. Reeleito, Chavez convida oposicao trabalhar junto - O Globo, 08 de outubro de 2012
  3. G1, Do; Paulo, em São (15 de abril de 2013). «Herdeiro de Chávez, Maduro é eleito na Venezuela; rival não reconhece». Morte de Hugo Chávez. Consultado em 5 de março de 2022 
  4. «Chavismo vence eleição apertada e tensa na Venezuela». BBC News Brasil. 15 de abril de 2013. Consultado em 5 de março de 2022 
  5. a b c d e Capriles, o rosto da nova oposição - O Público, 02 de outubro de 2012
  6. (em castelhano) Henrique Capriles, el abogado que pretende ser el nuevo Lula - El Publico, 06 de outubro de 2012
  7. Langner, Ana. «En Venezuela se ha dado un madurazo: Capriles». El Economista. Consultado em 7 de julho de 2021 
  8. (em inglês) High stakes in Venezuelan election - Guardian, 16 de setembro de 2012
  9. «Sobre el Politico». eleccionesvenezuela.com. Consultado em 8 de outubro de 2012 
  10. (em castelhano) baruta.gov.ve, ed. (2004). «Henrique Capriles Radonski». Consultado em 14 de outubro de 2011 
  11. (em castelhano) baruta.gov.ve, ed. (2007). «Página de la Alcaldía de Baruta». Consultado em 14 de outubro de 2011 
  12. (em inglês)«Capriles cruises to victory in Venezuela's primary election». CNN. 13 de fevereiro de 2012. Consultado em 8 de maio de 2012 
  13. (em castelhano) Paullier, Juan (13 de fevereiro de 2012). «Así es Capriles Radonski, el hombre que espera derrotar a Hugo Chávez». BBC Mundo. Consultado em 15 de fevereiro de 2012 
  14. (em inglês)Did Henrique Capriles have a falling out with his US handlers? Arquivado em 20 de março de 2013, no Wayback Machine. - Radio The Voice of Russia, 14 de março de 2013
  15. (em castelhano) Ex embajador de Cuba en Venezuela: Capriles violó leyes internacionales - TeleSur, 12 de abril de 2012
  16. (em castelhano)«Embajador Germán Sánchez Otero: "Querían incendiar la embajada"» (em espanhol). Aporrea/Diario Panorama. Consultado em 16 de março de 2009 
  17. (em castelhano) «Reabren juicio a Capriles Radonski por hechos de la embajada de Cuba» (em espanhol). El Nacional. Consultado em 16 de março de 2009 
  18. Partidos de oposição na Venezuela se reúnem para definir candidato contra Chávez - Agência Brasil, 11 de fevereiro de 2012
  19. Candidato único da oposição quer despolitizar disputa com Chávez, dizem analistas - BBC Brasil, 13 de fevereiro de 2012
  20. Capriles Radonski aceita derrota e felicita Hugo Chávez pela vitória eleitoral - Diário de Notícias, 8 de Outubro 2012
  21. Capriles confirma que será candidato da oposição à Presidência da Venezuela - UOL Notícias, 10 de março de 2013
  22. «Official: Maduro wins Venezuelan presidency». CNN. Consultado em 15 de abril de 2013 
  23. «Nicolás Maduro é o novo presidente da Venezuela». O Globo. Consultado em 15 de abril de 2013 
  24. Stella Calloni: Maduro não venceu só Capriles, mas os EUA [1]. Vermelho.org. Página visitada em 24/04/2013.
  25. «O jogo perigoso de Henrique Capriles e da oposição venezuelana». operamundi.uol.com.br. Consultado em 7 de julho de 2021 
  26. Esta quinta-feira | Queixas contra Capriles por atos violentos são apresentadas ao MP correodelorinoco.gob.ve
  27. «Cópia arquivada». Consultado em 22 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 3 de março de 2016 
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