Heranes II – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para outros significados, veja Heranes.
Heranes II
Heranes II
Selo de Sétimo Herodiano
Nascimento século III
Morte 272 ou depois
Pai Odenato
Mãe Zenóbia
Religião Paganismo palmireno

Heranes II (em latim: Haeranes; em aramaico: Hairan) ou Hereniano (em latim: Herennianus) foi um nobre palmireno do século III, filho do rei de reis Odenato (r. 252–267) e da augusta Zenóbia (r. 267–272). Pouco se sabe sobre ele, e toda informação acerca dele é fruto de especulação. Ele teve um meio-irmão homônimo, Heranes I (r. 251–267), cogovernante com Odenato, com quem é confundido muitas vezes. Não se sabe a data de seu nascimento nem quando faleceu, apenas que sobreviveu à morte de seu pai e estava ativo no início do reinado de seu irmão Vabalato (r. 267–272).

Família[editar | editar código-fonte]

Possível busto de Odenato em calcário. Gliptoteca Ny Carlsberg, Copenhague

Heranes era filho de Odenato e sua segunda esposa Zenóbia, neto de Heranes, bisneto de Vabalato e tataraneto de Nasor.[1] Seu nome, ao contrário do de seu pai, que era árabe, tinha origem aramaica.[2] Era meio-irmão Heranes I, fruto da relação de Odenato com esposa anterior, e irmão de duas moças, cujos nomes não são conhecidos mas se sabe que se casaram, respectivamente, com o imperador Aureliano (r. 270–275) e um senador romano, e Vabalato e Sétimo Antíoco.[3] A História Augusta (HA) menciona outros dois filhos de Zenóbia, Hereniano e Timolau, cuja existência é questionada; alguns pensam que o primeiro era variante do nome de Heranes II, ao passo que o segundo pode ser uma figura fabricada,[4][5] um indivíduo de fato (cujo nome, aqui registrado na forma latinizada, tem a variante palmirena Taimallat) ou uma corrupção do nome de Vabalato.[6]

Vida[editar | editar código-fonte]

Sua existência foi estabelecida pela descoberta de um selo de cobre (RTP 736).[7] Nele há imagens de dois sacerdotes, um de cada lado. Num dos lados, o nome de Vabalato foi gravado sobre a imagem com legenda, enquanto o nome de Heranes aparece no outro lado; o nome de Odenato está registrado em ambas as faces.[8] O nome da mãe deles não está inscrito e o selo não foi datado.[7]

Para Henri Arnold Seyrig, Heranes II era mais velho que Vabalato, mas não reinou após a morte do pai.[8] Andreas Alföldi pensou que Sétimo Herodiano, citado num selo de cobre e comumente associado a Heranes I,[9][10] podia ser Hereniano; outro selo associado a Sétimo Herodiano representa uma mulher coroada com folhas de loureiro e ela, para Alföldi, era Zenóbia.[11] David Stone Potter, por exemplo, concorda com Alföldi,[12] enquanto Udo Hartmann discorda.[13]

Nada se sabe sobre sua vida, tendo sido citado apenas em 267, no contexto do assassinato de Odenato e Heranes I. As versões dos eventos são muitas, mas numa delas, apresentada pela HA (que igualmente cita outras duas versões), o assassino era Meônio, primo ou sobrinho de Odenato, e ele realizou o crime a mando de Zenóbia. Segundo a fonte, Zenóbia ressentia que Heranes (Hereniano na fonte) e Timolau estivessem numa posição inferior àquela de seu afilhado e por isso ordena que Meônio mate-os.[14]

A HA diz que Zenóbia assumiu o trono em nome deles, vestiu-os na púrpura como imperadores e levou-os em reuniões públicas, que assistiu à semelhança de Dido, Semíramis e Cleópatra. A própria HA indica que a forma como morreram é incerta e apresenta duas versões: na primeira, foram mortos por Aureliano à época da conquista do Império de Palmira (272); na segunda, morrem de causas naturais, pois ainda havia no tempo que a obra foi escrita (século IV) descendentes nobres de Zenóbia em Roma.[15]

Referências

  1. Sartre 2005, p. 512.
  2. Stoneman 1994, p. 77.
  3. Southern 2008, p. 9-10.
  4. Southern 2008, p. 10.
  5. Watson 2004, p. 58.
  6. Southern 2008, p. 10, nota 33; 174.
  7. a b Hartmann 2001, p. 111.
  8. a b Seyrig 1963, p. 172.
  9. Martindale 1971, p. 427.
  10. Hartmann 2001, p. 114-115.
  11. Bray 1997, p. 276.
  12. Potter 2004, p. 85.
  13. Southern 2008, p. 9.
  14. Dodgeon 2002, p. 70-71.
  15. Dodgeon 2002, p. 70.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bray, John (1997). Gallienus : A Study in Reformist and Sexual Politics. Kent Town: Wakefield Press. ISBN 1-86254-337-2 
  • Dodgeon, Michael H.; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part I, 226–363 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-00342-3 
  • Hartmann, Udo (2001). «Das palmyrenische Teilreich». Estugarda. Oriens et Occidens (em alemão). 2 
  • Martindale, J. R.; A. H. M. Jones (1971). «Septimius Herodianus 3». The Prosopography of the Later Roman Empire, Vol. I AD 260-395. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press 
  • Potter, David Stone (2004). The Roman Empire at Bay AD 180–395. Londres/Nova Iorque: Routledge. ISBN 0-415-10057-7 
  • Sartre, Maurice (2005). «The Arabs and the desert peoples». In: Bowman, Alan K.; Garnsey, Peter; Cameron, Averil. The Cambridge Ancient History XII - The Crisis of Empire AD 193-337. Cambrígia: Cambridge University Press 
  • Seyrig, Henri Arnold (1963). Les fils du Roi Odainat. Anais Arqueológicos Árabe-Sírios. 13. Damasco: Direção Geral das Antiguidades e dos Museus. ISSN 0570-1554 
  • Stoneman, Richard (1994). Palmyra and Its Empire: Zenobia's Revolt Against Rome. Ann Arbor: University of Michigan Press 
  • Southern, Pat (2008). Empress Zenobia Palmyra’s Rebel Queen. Londres e Nova Iorque: Continuum 
  • Watson, Alaric (2004). Aurelian and the Third Century. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 978-1-134-90815-8