Hibakusha – Wikipédia, a enciclopédia livre

Hibakusha (被爆者 vítima de bomba?), literalmente "pessoas afetadas pela explosão",[1] é uma expressão japonesa usada para se referir às vítimas dos ataques de bomba atômica ocorridos no Japão da Segunda Guerra Mundial (nas cidades de Hiroshima e Nagasaki).

Definição[editar | editar código-fonte]

A palavra hibakusha é japonesa, originalmente escrita em kanji. Embora o termo Hibakusha 被爆者 (hi 被 "afetado" + baku 爆 "bomba" + sha 者 "pessoa") tenha sido usado anteriormente em japonês para designar qualquer vítima de bombas, a sua democratização mundial levou a uma definição relativa aos sobreviventes das bombas atómicas lançadas no Japão pelas Forças Aéreas do Exército dos Estados Unidos a 6 e 9 de agosto de 1945.

Movimentos e associações anti-nucleares, entre outros de hibakusha, difundiram o termo para designar qualquer vítima direta de desastre nuclear, incluindo os da central nuclear de Fukushima.[2] Preferem, por isso, a escrita 被曝者 (substituindo baku 爆 "bomba" pelo homófono 曝 "exposição") ou "pessoa afetada pela exposição", implicando "pessoa afetada pela exposição nuclear".[3] Esta definição passou a ser adotada desde 2011.[4] O estatuto jurídico de hibakusha é atribuído a determinadas pessoas, principalmente pelo governo japonês.

Reconhecimento oficial[editar | editar código-fonte]

A Lei de Socorro aos Sobreviventes da Bomba Atómica define hibakusha como pessoas que se enquadram numa ou mais das seguintes categorias: a poucos quilómetros dos hipocentros das bombas; a menos de 2 km dos hipocentros nas duas semanas seguintes aos bombardeamentos; expostas à radiação da precipitação radioactiva; ou ainda não nascidas, mas carregadas por mulheres grávidas em qualquer uma destas categorias.[5] O governo japonês reconheceu cerca de 650.000 pessoas como hibakusha. Em 31 de março de 2023, 113 649 ainda estavam vivas, a maioria no Japão.[6] O Governo do Japão reconhece que cerca de 1% destas pessoas sofrem de doenças causadas pela radiação.[7] Os hibakusha têm direito a apoio governamental. Os hibakusha têm direito a apoio governamental. Recebem um determinado montante de subsídio por mês e os que foram certificados como sofrendo de doenças relacionadas com a bomba recebem um subsídio médico especial.[8]

Os memoriais em Hiroshima e Nagasaki contêm listas com os nomes dos hibakusha que se sabe terem morrido desde os bombardeamentos. Atualizados anualmente nos aniversários dos bombardeamentos, a partir de agosto de 2023, os memoriais registam os nomes de 535.000 hibakusha; 339.227 em Hiroshima e 195.607 em Nagasaki.[9][10]

Vista panorâmica do monumento que marca o hipocentro, ou marco zero, da explosão da bomba atômica sobre Nagasaki

Em 1957, o Parlamento Japonês aprovou uma lei que prevê cuidados médicos gratuitos para os hibakusha. Durante a década de 1970, os hibakusha não japoneses que sofreram com esses ataques atômicos começaram a exigir o direito a cuidados médicos gratuitos e o direito de permanecer no Japão para esse fim. Em 1978, a Suprema Corte Japonesa decidiu que tais pessoas tinham direito a cuidados médicos gratuitos enquanto permanecessem no Japão.[11][12]

Notas e referências

  1. Hersey, John (1985) Hiroshima. A.A. Knopf, p. 92.
  2. Sink, Bob. «Who Are The Hibakusha? | Hibakusha Stories». hibakushastories.org (em inglês). Consultado em 29 de dezembro de 2023 
  3. Romei, Sayuri (11 de março de 2017). «6 years after the Fukushima disaster, its victims are still suffering». Revista de Prensa (em inglês). Consultado em 29 de dezembro de 2023 
  4. «NUCLEAR-RISKS | Home». www.nuclear-risks.org (em inglês). Consultado em 29 de dezembro de 2023 
  5. «Overseas Atomic Bomb Survivors Support Program». Atomic Bomb Survivors Affairs Division Health And Welfare Department Nagasaki prefectural Government. Arquivado do original em 30 de setembro de 2007 
  6. NEWS, KYODO. «Hiroshima mayor calls nuke deterrence a "folly" at 78th A-bomb anniv.». Kyodo News+ (em inglês). Consultado em 29 de dezembro de 2023 
  7. Author, No (15 de agosto de 2007). «Relief for A-bomb victims». The Japan Times (em inglês). Consultado em 29 de dezembro de 2023 
  8. Author, No (15 de março de 2006). «30 A-bomb survivors apply for radiation illness benefits». The Japan Times (em inglês). Consultado em 29 de dezembro de 2023 
  9. «Hiroshima remembers atomic bomb victims | NHK WORLD-JAPAN News». NHK WORLD (em inglês). Consultado em 29 de dezembro de 2023 
  10. NEWS, KYODO. «Nagasaki urges break from nuke deterrence at scaled-down A-bomb event». Kyodo News+ (em inglês). Consultado em 29 de dezembro de 2023 
  11. «My Life: Interview with former Hiroshima Mayor Takashi Hiraoka, Part 10». 中国新聞ヒロシマ平和メディアセンター (em inglês). Consultado em 29 de dezembro de 2023 
  12. Author, No (2 de novembro de 2007). «Korean hibakusha benefit snub illegal». The Japan Times (em inglês). Consultado em 29 de dezembro de 2023 
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