Hoxhaísmo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Enver Hoxha

Hoxhaismo ou enverismo[1] é uma variante antirrevisionista do marxismo-leninismo que se desenvolveu no final da década de 1970 devido a uma cisão no movimento maoista, surgindo após a ruptura ideológica entre o Partido Comunista da China e o Partido do Trabalho da Albânia em 1978. [2] Foi uma tendência internacional distinta dentro do marxismo-leninismo, e às vezes é comparado com o titoísmo. [3]

Hoxhaismo demarca-se por uma defesa estrita do legado de Josef Stalin, da organização da União Soviética sob Stalin, [4] e pela feroz crítica do Titoísmo, Trotskismo e do Khrushchevismo "revisionistas", além de intrigas com o Partido Comunista Chinês.

Crítico dos Estados Unidos, da União Soviética, da China e da Iugoslávia, Enver Hoxha rotulava os três últimos como "social imperialistas" e condenou a invasão soviética da Tchecoslováquia em 1968, antes de se retirar do Pacto de Varsóvia como resposta. O Hoxhaismo, assim como o titoísmo, afirma o direito das nações de buscarem o socialismo por diferentes caminhos, ditado pelas condições nesse país [5]— apesar de Hoxha pessoalmente considerar que o titoísmo, na prática, era em geral "anti-marxista".[6]

Hoxha declarou que a Albânia era o único Estado legitimamente aderente ao marxismo-leninismo depois de 1978, embora seus seguidores contemporâneos muito se inspirem na experiência cubana.[carece de fontes?] Os albaneses conseguiram conquistar ideologicamente uma grande parte dos maoístas, principalmente na América Latina (como o Exército Popular de Libertação e o Partido Comunista Marxista-Leninista do Equador, bem como o Partido Comunista do Brasil), mas também tiveram partidários internacionais significativos no geral.

Ideologia[editar | editar código-fonte]

O Hoxhaismo acredita principalmente em duas coisas distintamente: o anti-revisionismo, e que cada nação tem o direito de decidir suas próprias rotas de desenvolvimento.[7] A primeira dessas crenças é única porque vê o maoísmo como uma forma de revisionismo. Este último foi desenvolvido principalmente em resposta à política soviética em relação às nações do Pacto de Varsóvia, e também ao comportamento imperialista de organizações como a OTAN.

Hoxha também via a URSS pós-Stálin e o Socialismo de mercado da Jugoslávia como formas de revisionismo. Hoxhaistas também sustentam que a União Soviética, aproximadamente de 1917-1956 (durante as eras Lenin e Stalin) e a Albânia de 1941-1990, foram as únicas nações verdadeiramente socialistas existentes: Lenin, Stalin e Hoxha representavam as visões do Partido e da classe trabalhadora. Tem muitas opiniões específicas, às vezes inerentemente impopulares entre outros esquerdistas. Além da aprovação de Stalin e, obviamente, de Hoxha, os Hoxhaistas acreditam que o Vietnã é um movimento nacionalista quase vermelho.[7]

Críticas[editar | editar código-fonte]

Uma crítica é em relação as 750.000 casamatas que foram construídos na Albânia ao longo da liderança de Enver Hoxha. A acusação é que isso de alguma forma demonstrou domínio militar ou algo ao longo dessas linhas. Tal acusação é infundada considerando que a Albânia existiu entre numerosos inimigos. A Iugoslávia, a Itália, a Grécia e outros semelhantes tiveram relações tensas. Além disso, os bunkers constituíam uma porcentagem extremamente pequena da renda da Albânia.[7]

O uso de táticas maoístas é uma crítica, porque supostamente ilustra a hipocrisia. Esta é também uma alegação infundada, no entanto, pelo que as táticas maoístas, como a revolução cultural e a guerra de guerrilha na Albânia, ocorreram antes da constatação de que Mao era um revisionista. Além disso, eles eram diferentes de como Mao os instituiu. A revolução cultural de Mao foi um exemplo de aventureirismo e idealismo que levou a uma total perda de controle. O de Hoxha era menos aventureiro e o Partido desempenhou um papel maior, então o caos e as políticas anti-intelectuais não ocorreram. O uso de guerra de guerrilha por Hoxha não era estritamente rural e camponês; as cidades urbanas foram atacadas simultaneamente, o que foi mais efetivo.

Outra crítica é que Hoxha proibiu a homossexualidade. Esta é uma crítica de Hoxha com a qual a maioria dos Hoxhaistas concorda, mas em extensão e por diferentes razões. Primeiro, deve-se ter em mente que pouquíssimos lugares no mundo entendiam a homossexualidade como fazem hoje. A razão para isso era que os socialistas, como Hoxha, viam a homossexualidade como algo do “mundo tradicional” e um produto da "decadência burguesa", baseada principalmente no fato de que os homens de classe alta da sociedade romana e grega se engajariam em comportamento homossexual. Há, no entanto, alguns relatos de que o próprio Hoxha pode ter sido homossexual.[8]

Lista de Partidos Hoxhaistas Ativos[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Rodrigues, Francisco Martins (1986). «A Fracção Permanente». Politica Operária (4). Consultado em 19 de fevereiro de 2019 
  2. Communism for Know-It-Alls. [S.l.]: Filiquarian Publishing, LLC. 2008. p. 23 
  3. Ascoli, Max (1961). The Reporter, Volume 25. [S.l.: s.n.] p. 30 
  4. Pridham, Geoffrey (2000). The Dynamics of Democratization: A Comparative Approach. [S.l.]: Bloomsbury Publishing. p. 70 
  5. «A Brief Guide to Hoxhaism». The Red Star Vanguard 
  6. Hoxha, Enver. «Enver Hoxha: Eurocommunism is Anticommunism» 
  7. a b c Vanguard, Red Star (11 de junho de 2011). «A Brief Guide to Hoxhaism.». Red Star Vanguard (em inglês). Consultado em 1 de agosto de 2019 
  8. «Enver Hoxha is a gay, paranoid and killer - the dictator's telegram translator». Oculus News. Consultado em 1 de agosto de 2019 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Hoxhaism».