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Hugh Masekela
Hugh Masekela
Informação geral
Nascimento 4 de abril de 1939
Local de nascimento Witbank
África do Sul
Morte 23 de janeiro de 2018 (78 anos)
Gênero(s) jazz, mbaqanga
Ocupação(ões) cantor, compiositor, bandleader, instrumentista
Instrumento(s) trompete, flugelhorn, trombone, corneta, vocal
Período em atividade 1959-2018
Gravadora(s) Mercury, MGM, Uni, Chisa, Blue Thumb, Casablanca Records, Heads Up, Verve, Polygram

Hugh Ramopolo Masekela (Witbank, 4 de abril de 1939 - Joanesburgo, 23 de janeiro de 2018) foi um compositor, trompetista e cantor sul-africano. Ele é conhecido por suas composições de jazz, bem como por escrever canções anti-apartheid como "Soweto Blues" e "Bring Him Back Home".[1]

Cônjuge: Elinam Cofie (de 1999 a 2018),Chris Calloway (de 1968 a 1968) e Miriam Makeba (de 1964 a 1966)

Filhos: Selema Masekela e Pula Twala

Início da vida[editar | editar código-fonte]

Masekela nasceu em Kwa-Guqa Township, Witbank, África do Sul. Começou a cantar e a tocar piano quando criança. Com 14 anos de idade, depois de ver o filme Young Man with a Horn (em que Kirk Douglas interpreta um personagem inspirado no cornetista de jazz norte-americano Bix Beiderbecke), Masekela passou a tocar trompete. Seu primeiro trompete foi-lhe dado pelo Arcebispo Trevor Huddleston, o capelão anti-apartheid da St. Peter's Secondary School.[2]

Huddleston pediu ao líder da então Johanesburg "Native" Municipal Brass Band, Uncle Sauda, para ensinar a Masekela os rudimentos da trompete. Masekela rapidamente dominou o instrumento. Em breve, alguns de seus colegas de escola também se interessaram em tocar instrumentos, levando à formação da Huddleston Jazz Band, a primeira orquestra juvenil da África do Sul. Em 1956, depois de liderar outros conjuntos, Masekela juntou-se ao African Jazz Revue de Alfred Herbert'.

A partir de 1954 Masekela tocou música que refletia a sua experiência de vida. A agonia, o conflito e a exploração enfrentadas pela África do Sul durante as décadas de 1950 e 1960 inspiraram e influenciaram-no a fazer música e também espalhar mudança política. Ele foi um artista que em sua música vividamente retratou as lutas e dores, bem como as alegrias e paixões de seu país. Sua música protestou contra o apartheid, a escravidão, o governo; as dificuldades que indivíduos estavam vivendo. Masekela atingiu uma grande parte da população que também se sentia oprimida devido à situação do país.[3][4]

Depois de uma turnê dos Manhattan Brothers pela África do Sul, em 1958, Masekela acabou parando na orquestra do musical "King Kong", escrito por Todd Matshikiza. King Kong foi o primeiro blockbuster teatral  de sucesso da África do Sul, em uma turnê de um ano com Miriam Makeba e Nathan Mdledle dos Manhattan Brothers na liderança. O musical depois foi para Londres, ficando em cartaz no West End por dois anos.

Carreira[editar | editar código-fonte]

No final de 1959, Dollar Brand (mais tarde conhecido como Abdullah Ibrahim), Kippie Moeketsi, Makhaya Ntshoko, Johnny Gertze e Hugh formaram o Jazz Epistles, o primeiro grupo de jazz africano a gravar um LP e a tocar para públicos recordes em Joanesburgo e na Cidade do Cabo até o final de 1959 a 1960. Na sequência do massacre de Sharpeville em 21 de março de 1960, onde 69 manifestantes foram mortos a tiros em Sharpeville, e à proibição pelo governo da África do Sul de reuniões de dez pessoas ou mais—e o aumento da brutalidade do estado do Apartheid, Masekela deixou o país. Ele foi ajudado por Trevor Huddleston e amigos internacionais, tais como Yehudi Menuhin e John Dankworth, que o inscreveram na London Guildhall School of Music. Durante esse período, Masekela visitou os Estados Unidos, onde foi acolhido por Harry Belafonte. Ele frequentou a Escola de Música de Manhattan, em Nova York, onde estudou  trompete clássico  de 1960 a 1964. Em 1964, Makeba e Masekela se casaram, divorciando-se dois anos mais tarde.

Ele fez sucesso nos Estados Unidos com as músicas de jazz pop "Up, Up and Away" (1967) e o sucesso número um "Grazing in the Grass" (1968), que vendeu quatro milhões de cópias.[5] Ele também apareceu no Monterey Pop Festival em 1967, e posteriormente foi destaque no filme Monterey Pop por D. A. Pennebaker. Em 1974, Masekela e seu amigo Stewart Levine, organizaram o festival de música Zaire 74 em Kinshasa em conjunto com a luta de boxe Rumble in the Jungle .

Masekela, em Washington, D.C., 2007

Ele tem tocado principalmente em conjuntos de jazz, com participações em gravações de The Byrds ("So You Want to Be a Rock 'n' Roll Star" e "Lady Friend") e Paul Simon ("Further to Fly"). Em 1984, Masekela lançou o álbum Techno Bush; desse álbum, um single intitulado "Don't Go Lose It Baby" chegou ao segundo lugar, por duas semanas nas paradas de dança.[6] Em 1987, seu sucesso "Bring Him Back Home" tornou-se um hino do movimento pela libertação de Nelson Mandela.

Um interesse renovado nas suas raízes africanas levou Masekela a colaborar com músicos da África Ocidental e Central , e, finalmente, a se reconectar com os músicos sul-africanos, quando montou, com a ajuda da Jive Records, um estúdio móvel em Botswana, próximo da fronteira da África do Sul,entre 1980 a 1984. Aqui ele absorveu e reutilizou influências do mbaqanga, um estilo que ele continuou a usar desde o seu retorno à África do Sul no início da década de 1990.

Em 1985 Masekela fundou a Escola Internacional de Música de Botswana (BISM), que realizou sua primeira oficina em Gaborone naquele ano. O evento, ainda existente, continua como o  Botswana Music Camp, dando a músicos locais  de todas as idades e de todas as origens a oportunidade de tocarem juntos. Masekela lecionava o curso de jazz na primeira oficina, e tocava no concerto final.

Também na década de 1980 Masekela esteve na turnê do álbum Graceland, de Paul Simon, que contou com outros artistas sul-africanos, tais como Ladysmith Black Mambazo, Miriam Makeba, Ray Phiri, e outros integrantes da banda Kalahari, com a qual Masekela gravou na década de 1980.[7] Ele também colaborou no desenvolvimento musical da peça da Broadway, Sarafina! que ele gravara com a banda Kalahari.

Masekela, em Cambridge, Massachusetts, 26 de junho de 2013

Em 2003, ele foi destaque no documentário Amandla!. Em 2004 lançou a sua autobiografia, Still Grazing:  The Musical Journey of Hugh Masekela, em co-autoria com o jornalista D. Michael Cheers,[8] que cuidadosamente detalhou  as lutas de Masekela contra o apartheid na sua terra natal, bem como suas lutas pessoais com o alcoolismo, a partir do final da década de 1970 até a década de 1990. Neste período, ele migrou, em suas carreira musical do mbaqanga, jazz/funk, e a mistura de ritmos sul-africanos, através de dois álbuns que ele gravou com Herb Alpert, e gravações solo , Techno-Bush (gravado em seu estúdio em Botswana), Tomorrow (com o hino "Trazê-lo de Volta para Casa"), Uptownship (uma ode à R&B ), Beatin' Aroun de Bush, Sixty, Time e Revival. Sua canção "Soweto Blues", cantada por sua ex-esposa, Miriam Makeba, é uma peça blues/jazz em memória do massacre do Levante de Soweto em 1976. Ele também forneceu interpretações de canções compostas por Jorge Ben, Antônio Carlos Jobim, Caiphus Semenya, Jonas Gwangwa, Dorothy Masuka e Fela Kuti.

Em 2009 Masekela lançou o álbum Phola (que significa "ficar bem, curar"), a sua segunda gravação para os 4 Quarters Entertainment/Times Square Records. Ele inclui algumas canções que ele escreveu em 1980, mas nunca foram concluídas, bem como uma releitura de "The Joke of Life (Brinca de Vivre)", que ele gravou em meados da década de 1980. Desde outubro de 2007, ele tem sido um membro do conselho de administração da Woyome Foundation for África.[9][10]

Em 2010 Hugh Masekela foi destaque, com seu filho Selema Masekela, em uma série de vídeos na ESPN. A série, chamada de Umlando – Através do olhar de Meu Pai, foi ao ar em 10 partes durante a cobertura da ESPN da Copa do Mundo da FIFA na África do Sul. A série focou nas viagens de Hugh e Selema pela África do Sul. Hugh trouxe seu filho para os lugares em que ele cresceu. Foi a primeira viagem Selema ao país natal do pai.[11]

Em 3 de dezembro de 2013 Masekela foi músico convidado da Dave Matthews Band, em Joanesburgo, África do Sul. Ele se juntou a Rashawn Ross no trompete em Proudest Monkey" e "Grazing in the Grass".[12]

Faleceu em 23 de janeiro de 2018 em Joanesburgo.[13] Após uma longa batalha contra o câncer na próstata, O músico foi diagnosticado com a doença há quase uma década. Seu último show aconteceu em Joanesburgo, em 2010. Depois disso, ele fez apenas participações em concertos especiais.

Iniciativas sociais[editar | editar código-fonte]

Masekela esteve envolvido em diversas iniciativas de carácter social, e serve, por exemplo, como diretor na diretoria da the Lunchbox Fund, uma organização sem fins lucrativos que fornece uma refeição diária aos alunos das escolas municipais em Soweto.

Prêmios e homenagens[editar | editar código-fonte]

Grammy[editar | editar código-fonte]

  • Vitórias:2
  •  Indicações: 7[14]
 Histórico de Hugh Masekela nos Grammy Awards 
Ano Categoria Título Gênero Gravadora Resultado
1968 Melhor Performance Pop Instrumental

Contemporânea

Grazin' na Grama Pop Uni Records Nomeado

Honras[editar | editar código-fonte]

  • University of KwaZulu-Natal: Doutor em Música (honoris causa), 2018[15]
  • Rhodes University: Doutor em Música (honoris causa), 2015[16]
  • Universidade de York: Doutorado Honorário em Música 2014[17]
  • Ordem de Ikhamanga:Cerimônia Nacional de Ordens Sul-Africanas, 27 de abril de 2010.
  • Ghana Music Awards: 2007 Prêmio de Lenda da Música Africana[18]
  • 2005 Channel O Music Video Awards: Lifetime Achievement Award[19]
  • 2002 Radio BBC Jazz Awards: Prêmio Internacional do Ano[20]
  • Indicado para o Prêmio Tony de Melhor Composição (Musical) de 1988, com o colaborador de lmusica e letra Mbongeni Ngema, po Sarafina![21]

Discografia[editar | editar código-fonte]

Year Title Label (original issue)
1962 Trumpet Africaine Mercury (Aug)
1966 Grrr Mercury MG-21109, SR-61109 (Apr)
1966 The Americanization of Ooga Booga MGM E/SE-4372 (Jun)
1966 Hugh Masekela's Next Album MGM E/SE-4415 (Dec)
1966 The Emancipation of Hugh Masekela Chisa Records CHS-4101
1967 Hugh Masekela's Latest Uni 3010, 73010
1967 Hugh Masekela Is Alive and Well at the Whisky Uni 3015, 73015
1968 The Promise of a Future Uni 73028
1968 Africa '68 Uni 73020
1968 The Lasting Impression of Hugh Masekela MGM E/SE-4468 (Dec)
1969 Masekela Uni 73041
1970 Reconstruction Chisa CS 803 (Jul)
1971 Hugh Masekela & The Union of South Africa Chisa CS 808 (May)
1972 Home Is Where the Music Is (aka The African Connection) Blue Thumb Chisa BTS 6003
1973 Introducing Hedzoleh Soundz Blue Thumb Chisa BTS 62
1974 I Am Not Afraid Blue Thumb Chisa BTS 6015
1975 The Boy's Doin' It Casablanca NBLP-7017 (Jun)
1976 Colonial Man Casablanca NBLP-7023 (Jan)
1976 Melody Maker Casablanca NBLP-7036
1977 You Told Your Mama Not to Worry Casablanca NBLP-7079
1978 Herb Alpert / Hugh Masekela Horizon SP-728
1978 Main Event Live (with Herb Alpert) A&M SP-4727
1982 Home Moonshine/Columbia
1984 Techno-Bush Jive Afrika
1985 Waiting for the Rain Jive Afrika
1987 Tomorrow Warner Bros.
1989 Uptownship Jive/Novus Records
1992 Beatin' Aroun de Bush Novus Records
1994 Hope Triloka Records
1994 Stimela Connoisseur Collection
1996 Notes of Life Columbia/Music
1998 Black to the Future Shanachie Records
1999 The Best of Hugh Masekela on Novus RCA
2000 Sixty Shanachie
2001 Grazing in the Grass: The Best of Hugh Masekela Sony
2002 Time Columbia
2003 The Collection Universal/Spectrum
2003 Hope Triloka Records
2004 Still Grazing Blue Thumb
2005 Revival Heads Up
2005 Almost Like Being in Jazz Chissa Records
2006 The Chisa Years: 1965–1975 (Rare and Unreleased) BBE
2007 Live at the Market Theatre Four-Quarters Ent
2009 Phola Four-Quarters Ent
2011 We Are One (Black Coffee featuring Hugh Masekela) Vega Records
2012 Playing @ Work House of Masekela
2012 Friends (Hugh Masekela & Larry Willis) House of Masekela

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • H. Masekela, D. Michael Cheers, Ainda Pastoreio: A Jornada Musical de Hugh Masekela, Coroa, 2004. ISBN 978-0-609-60957-6

Referências

  1. Diário de Notícias (23 de janeiro de 2018). «Morreu Hugh Masekela, o "pai" do jazz sul-africano». 23-1-2018. Consultado em 23 de janeiro de 2018 
  2. Fairweather, Digby, The Rough Guide to Jazz, St. Martin's Press (2004), p. 13 – ISBN 0-312-27870-5
  3. Stanley Niaah, Sonjah.
  4. Hugh Masekela Arquivado em 14 de fevereiro de 2010, no Wayback Machine. – Home Page.
  5. Yanow, Scott.
  6. Whitburn, Joel. Hot Dance/Disco: 1974–2003. [S.l.: s.n.] 
  7. Tobler, John (1992). NME Rock 'N' Roll Years 1st ed. London: Reed International Books Ltd. p. 427. CN 5585 
  8. Masekela, Hugh.
  9. Board members, Woyome Foundation for Africa.
  10. "Trumpet player and so much more, Hugh Masekela", African American Registry.
  11. «ESPN – Umlando – Through My Father's Eyes». Consultado em 5 de junho de 2017. Arquivado do original em 21 de junho de 2010 
  12. DMBAlmanac.com 12-3-2013 Johannesburg
  13. «Jazz trumpeter Hugh Masekela dies». BBC News (em inglês). 2018. Consultado em 23 de janeiro de 2018 
  14. «Hugh Masekela Grammy History». theenvelope.latimes.com 
  15. "Tribute to Hugh Masekela Doctor of Music (honoris causa)", Yiba, 23 de Janeiro de 2018.
  16. "Rhodes gives Hugh Masekela an honorary doctorate", Times Live, 1 de Abril de 2015.
  17. "University of York honours 16 for their contribution to society", University of York, 11 de Julho de 2014.
  18. «The Ghana Music Awards 2007.». Consultado em 5 de junho de 2017. Arquivado do original em 13 de fevereiro de 2008 
  19. «2005 Channel O Music Video Awards.». Consultado em 5 de junho de 2017. Arquivado do original em 13 de fevereiro de 2008 
  20. «BBC Radio Jazz Awards». Consultado em 5 de junho de 2017. Arquivado do original em 13 de fevereiro de 2008 
  21. Hugh Masekela biography, IMDb.