Ilha do Bananal – Wikipédia, a enciclopédia livre

Ilha do Bananal

Localização no estado do Tocantins
Geografia física
País  Brasil
Localização 11° 20' S 50° 25' O
Área 20 000 (49ºkm²

Imagem de satélite da Ilha do Bananal (à dir.) no encontro do rio das Mortes (esq.) com o rio Araguaia (dir.), localizado logo ao sul da cidade de São Félix do Araguaia (MT). Esta imagem também abrange a Aldeia Tytema, localizada às margens do rio Araguaia, na porção centro-direita da imagem.

A Ilha do Bananal é a maior ilha genuinamente fluvial do mundo,[1][nota 1] com cerca de vinte mil quilômetros quadrados de área (1 916 225 hectares),[4] cercada pelos rios Araguaia e Javaés. Reserva ambiental brasileira desde 1959,[4] é considerada Reserva da Biosfera pela UNESCO desde 1993,[5] sendo também uma das zonas úmidas de importância internacional, classificadas pela Convenção de Ramsar.[5] A ilha localiza-se no estado brasileiro do Tocantins, estando subdividida entre os municípios de Formoso do Araguaia, Lagoa da Confusão e Pium. Bananal está na divisa de Tocantins com os estados do Mato Grosso (no rio Araguaia) e de Goiás (na porção sul do rio Javaés). Na foz do rio Javaés, localizada no extremo norte da ilha, está a tríplice divisa entre os estados de Tocantins, Mato Grosso e Pará. Essa região insular posiciona-se entre as latitudes 9°44'S e 12°49'S e entre as longitudes 49°52'O e 50°44'O.

Parte da ilha é ocupada pela Terra Indígena Parque do Araguaia, a qual abrange toda a porção sul e boa parte da porção oeste de Bananal até a latitude da cidade de Santa Terezinha (MT); pelo Parque Nacional do Araguaia, que abrange as porções norte e nordeste da ilha; pela Terra Indígena Inãwébohona, que se sobrepõe ao Parque Nacional do Araguaia, estando localizada na porção nordeste da ilha;[4] e pela Terra Indígena Utaria Wyhyna/Iròdu Iràna, que também se sobrepõe ao Parque Nacional do Araguaia e está localizada na porção norte da ilha. Deste modo, toda a Ilha do Bananal é considerada pela constituição federal como terra da união, sendo o maior complexo de reservas existente no estado do Tocantins. Os povos indígenas que vivem na Ilha do Bananal, são: os Carajás, os Javaés, os Tapirapés, os Tuxás e os Avá-Canoeiros (mais conhecidos na região pelo apelido de Cara-Preta).

As estradas que dão acesso ao interior da Ilha do Bananal são a rodovia BR-242 (mais conhecida neste trecho como Transbananal), a Transaraguaia (extensão não oficial da TO-255), além de uma estrada sem nome que liga a Aldeia Santa Isabel do Morro ao extremo sul da ilha, margeando o rio Araguaia e o rio Caracol.

Panorama do rio Araguaia na Ilha do Bananal.

Descoberta em 26 de julho de 1773 pelo sertanista José Pinto Fonseca, a ilha recebe inicialmente o nome de "ilha Sant'Ana".[4][6] Posteriormente, passa a se chamar apenas Bananal, em razão da existência de extensos bananais.[4][6]

A ilha abriga cerca de quinze aldeias indígenas, sendo a maior delas a Aldeia Santa Isabel do Morro, localizada bem próximo à cidade de São Félix do Araguaia, Mato Grosso.

Clima e hidrografia

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O clima tropical quente semiúmido, com temperaturas máximas de 38 °C nos meses de agosto a setembro e mínimas de 22 °C em julho, predomina. Duas estações são nitidamente marcadas na ilha: o inverno, de novembro a abril, em que predominam as chuvas, e o verão, de maio a outubro, na qual ocorre o período da seca. A umidade relativa do ar registrada nas estações mais definidas gira em torno dos 60% em julho e 80% nas épocas chuvosas.

Durante os meses de janeiro a março, época de cheia do rio Araguaia, parte da ilha permance inundada. As chuvas desse período correspondem a cerca de 50% do total anual.

A ilha é banhada pelos rios Araguaia, Javaés, Jaburu, Riozinho, Urubu, Randi-Toró, Barreiro, Vinte e Três e Mururé

Fauna e flora

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A ilha é considerada um dos santuários ecológicos mais importantes do país por estar na faixa de transição entre a Floresta Amazônica e o cerrado, apresentando, assim, fauna e flora bastante diversificadas. A fauna tem espécies comuns ao Pantanal Mato-Grossense, como onça-pintada, boto, uirapuru, garça-azul e tartaruga-da-amazônia, entre outros.[4]

Na flora destacam-se vários gêneros de orquídeas terrestres e árvores como maçaranduba, piaçava e canjerana. Na região predominam os campos, conhecidos na região pelo nome de varjões. Aparecem ainda o cerrado, a mata seca de transição, as matas ciliares de igapó, vegetação das encostas secas e de bancos de areia.

Desde antes da descoberta do Brasil, Bananal é habitada por nativos. No presente, existem alguns grupos indígenas presentes nas aldeias da ilha, especialmente das etnias Karajá-Javaé, Avá-Canoeiro e Tapirapé, que ocupam a Terra Indígena Parque do Araguaia e a Terra Indígena Inãwébohona.

No interior da "Mata do Mamão", imensa floresta localizada no centro-norte da ilha, existe um pequeno grupo de Avá-Canoeiros que rejeitam qualquer tipo de contato com a civilização, inclusive com os indígenas das aldeias mais próximas. Esse é o único grupo de indígenas que até hoje permanece isolado da sociedade brasileira no Tocantins.

As seguintes aldeias do subgrupo Karajá estão dispostas às margens do rio Araguaia:

As aldeias a seguir são do subgrupo Javaé e estão dispostas às margens do rio Javaés e do Riozinho:

Áreas protegidas

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Parque Nacional

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Terras indígenas

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Transbananal e Transaraguaia

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Foto do rio Javaés

Bananal é cortada de leste a oeste pela rodovia BR-242, que neste trecho é apenas uma precária estrada de terra em leito natural (sem revestimento primário ou aterro) que fica completamente intransitável no período de chuvas. O trecho da BR-242 que atravessa a Ilha do Bananal é popularmente conhecido na região como Transbananal.[7] Na Ilha do Bananal, a BR-242 faz a ligação entre a Aldeia Txuiri (no rio Javaés), a Aldeia Imotxi (no rio Riozinho) e as aldeias Watau e JK (no rio Araguaia), havendo ainda uma pequena extensão não oficial que segue até a Aldeia Santa Isabel do Morro. Nos últimos anos, a Transbananal vem se tornando alvo de uma grande polêmica, já que há um projeto orçado em 650 milhões de reais para pavimentar este trecho da BR-242 que passa por dentro da Terra Indígena Parque do Araguaia.[7]

Além da BR-242, há ainda a Transaraguaia, que na verdade é uma extensão não oficial da rodovia TO-255. Esta estrada possui apenas 13 km de extensão, estando totalmente localizada dentro da Terra Indígena Inãwébohona e do Parque Nacional do Araguaia, na porção nordeste da ilha. A Transaraguaia se inicia na travessia do rio Javaés na Fazenda Barreira da Cruz; passa pelo entroncamento de acesso à Aldeia Boto Velho, e segue margeando o rio Mururé até acabar abruptamente no interior da ilha. A construção da Transaraguaia foi iniciada em 1984 pelo então Governo de Goiás, tendo terminado logo após, devido aos protestos organizados pelos índios da região e por funcionários do antigo IBDF. Segundo o seu projeto original, a Transaraguaia deveria ligar a cidade de Lagoa da Confusão (TO) ao município de Santa Terezinha (MT).

Notas

  1. A Ilha de Marajó, apesar de fluviomarinha, às vezes é citada como maior ilha fluvial do mundo.[2] A ilha Tupinambarana vem logo após Bananal.[3]

Referências

  1. Editores da Britannica (2008). «Bananal Island». Encycl. Britannica. Consultado em 3 de setembro de 2015 
  2. Da redação (2015). «Ilha do Marajó». Guia Fodor's travel – Brazil. Consultado em 4 de setembro de 2015 
  3. Editores do sítio web (2015). «Tupinambá». Britannica Escola online. Consultado em 4 de setembro de 2015 
  4. a b c d e f g Adm. Itamaraty (2013). «O estado de Tocantins» (PDF). Arquivos do Itamaraty. Consultado em 4 de setembro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 3 de março de 2016 
  5. a b Adm. da Unesco (24 de agosto de 2009). «List of Biosphere Reserves which are wholly or partially World Heritage sites and Ramsar Wetlands» (PDF). Unesco. Consultado em 3 de setembro de 2015 
  6. a b Manoel Rodrigues Ferreira (1950). Terras e índios do Alto Xingu. [S.l.]: Edições Melhoramentos. 158 páginas 
  7. a b Da redação (18 de dezembro de 2011). «TO e MT assinam protocolo de intenções sobre a pavimentação da Transbananal». Conexão Tocantins. Consultado em 3 de setembro de 2015 

Ligações externas

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