Imigração tcheca no Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre

República Checa Tcheco-brasileiros Brasil
Otto GottliebJuscelino Kubitschek
Vladimir Brichta
Lavínia Vlasak
Francisco Lorenz
Notáveis tcheco-brasileiros::
Otto Gottlieb  · Juscelino Kubitschek  · Vladimir Brichta  · Lavínia Vlasak  · Francisco Lorenz  ·
População total
Regiões com população significativa
Brasil, principalmente na Região Sul, Região Centro-Oeste,Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo[carece de fontes?]
Línguas
Predominantemente português e tcheca[carece de fontes?]
Religiões
Predominantemente cristianismo[carece de fontes?]

A imigração tcheca no Brasil foi o movimento migratório ocorrido principalmente nos séculos XIX e XX de tchecos para várias regiões do Brasil.

Embora os checos (na língua portuguesa) ou tchecos (na língua portuguesa-brasileira) representem proporcionalmente uma pequena parcela do total de imigrantes que desembarcaram no Brasil, a imigração tcheca é significativa quando considerada em valores absolutos. O peso da imigração tcheca ainda é marcante em vários aspectos do dia a dia de certas regiões do país.[1][2] Há aproximadamente 5 mil tchecos e descendentes no Brasil.[3]

Os primeiros tchecos[editar | editar código-fonte]

Os primeiros tchecos de etnia eslava a pisar o solo brasileiro foram, provavelmente, membros da Companhia de Jesus, ainda no século XVII como, por exemplo, o jesuíta Valentin Stansel da cidade de Olomouc.[4] Os primeiros imigrantes a desembarcar no Brasil se dirigiram para Minas Gerais no ano de 1823.[5] Dentre eles, encontrava-se um carpinteiro de Třeboň, Jan Nepomuk Kubíček, um dos bisavós maternos do ex-presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira.[6][7][8]

Já os tchecos de etnia alemã oriunda dos Sudetos,[9] incentivados pela Imperatriz do Brasil, a Arquiduquesa do Império Austríaco Dona Leopoldina, passaram a migrar para o Brasil posteriormente, com os primeiros registros apontando meados do Século XIX, deixando as margens do Reino da Boêmia (atual República Tcheca) em direção ao sul do Brasil. A exemplo de família tcheca de etnia germânica natural do Reino da Boêmia, está a bem documentada migração da família Lammel (por vezes documentada como Lammelová).

Em 1893 foi organizado um grupo de imigrantes para o Brasil e cerca de 8 famílias desembarcaram no Rio de Janeiro, vindos principalmente das regiões das cidades de Roveň e Madějov. A intenção do grupo era se dirigir para Santa Catarina e se juntar com demais colonos, mas as famílias se decidiram se fixar em São Paulo. Logo fundaram uma escola tcheca e em 1895 esses imigrantes fundaram também uma associação tcheca em São Paulo, sendo que em 1993 recebeu o nome de União Cultural Tcheco Brasileira.[5]

Século XX[editar | editar código-fonte]

Ao longo do século XX, chegaram ao Brasil três grandes ondas de imigrantes tchecos. A primeira ocorreu nos anos de 1930. Novos imigrantes entraram no país a partir de 1948, aquando do golpe comunista na Tchecoslováquia. Por fim, uma terceira onda iniciou-se a partir de 1968, após a invasão da Tchecoslováquia pelas tropas do Pacto de Varsóvia.

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

A maioria dos tchecos que chegaram ao Brasil fixaram-se na região sul do país. Nesses estados, os primeiros imigrantes começaram a chegar ainda no século XIX, tornando-se, frequentemente, uma minoria em áreas de colonização majoritariamente alemã ou polonesa.

Em Santa Catarina, os tchecos ocuparam principalmente as mesorregiões do Vale do Itajaí e Norte Catarinense, incluindo as microrregiões de Joinville, São Bento do Sul e Mafra, entre outras.[10][11][12]

No Rio Grande do Sul, distribuíram-se principalmente na região da Serra Gaúcha (notavelmente no município de Nova Petrópolis), no Litoral Norte, na região das Missões e na Depressão Central.[13] Em Ijuí no noroeste gaúcho, a principal figura tcheca para a história da imprensa do interior do estado foi Robert Löw, fundador do jornal Die Serra-Post. No noroeste gaúcho, muitos tchecos acabaram por imigrar com passaporte austríaco, principalmente na década de 1890[14].

No Paraná, os tchecos estabeleceram-se principalmente na região norte do estado, nos municípios de Londrina, Rolândia e Cambé, entre outros. Na região de Londrina, destaca-se o distrito rural de Warta, onde tchecos e polacos disputaram as terras disponíveis para o cultivo de café entre os anos de 1932 até a década de 1940, ao passo que, em Cambé, fixaram-se na parte alta da Colônia Bratislava entre os anos de 1931 e 1932. [15][16]

No século XX, muitos tchecos migraram também para a região centro-oeste do Brasil. Esses imigrantes chegaram principalmente nas décadas de 1940 e 1950, liderados por Jan Antonín Baťa, irmão de Tomáš Baťa, ambos empresários da indústria de calçados que haviam deixado a Tchecoslováquia após a ocupação dos Sudetos pelos nazistas em 1938. Jan Baťa fundou várias cidades no Brasil: Batayporã, Bataguassu, Batatuba e Mariápolis.

A colonização de parte da região sudeste do Mato Grosso do Sul foi possível graças à Companhia Viação São Paulo-Mato Grosso do Sul, propriedade de Baťa administrada por Vladimir Kubik.[17]

Cultura[editar | editar código-fonte]

Carne de porco assado com chucrute.

Muitos dos imigrantes trouxeram consigo tradições culturais. Algumas tradições ainda são mantidas por algumas famílias, como a culinária, a arte e a música.[18] A culinária tcheca é marcada pelo uso de carne suína em diferentes pratos, bem como pratos servidos com ganso, pato e coelho. Os imigrantes também era apreciadores de enchidos, como salsichas, patês, e carnes defumadas e curadas, além de pães, sopas e queijos, utilizando ainda ingredientes como batata, aveia, milho, trigo e outras sementes e grãos.[19][20][21]

A cerveja é uma bebida bem tradicional entre os descendentes, visto que a República Tcheca possui cervejarias desde o ano de 933 e possui um dos maiores consumo de cerveja per capita do mundo.[18][22] Vários doces e sobremesas são encontrados na cultura tcheca, como bolos, tortas, natas, chocolates e crepes.[23] No Brasil os hábitos gastronômicos desses imigrantes foram assimilados a culinária germânica ou eslava, como a polonesa. Um dos pratos muito apreciado pela comunidade é a carne de porco assada acompanhada com repolho (chucrute).[19]

Associações Culturais Tchecas no Brasil[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Modernell, Renato - O Vale dos Imigrantes Arquivado em 27 de outubro de 2009, no Wayback Machine.. Revista Terra, São Paulo, v. 63, p. 26 - 33, 01 jul. 1997
  2. Ruiz, João H. W. - Warta "nasceu" antes mesmo de Londrina Arquivado em 9 de outubro de 2007, no Wayback Machine., Jornal Comtexto, Londrina, Ano III. Edição nº 072, 16 mar. 2006
  3. Alexandre Moschella (24 de junho de 2002). «Um atalho para a Europa - Edição 214». Editora Globo. Consultado em 7 de outubro de 2021. Arquivado do original em 3 de julho de 2013 
  4. Embaixada da República Checa no Brasil - Relações bilaterais
  5. a b «História da União Cultural Tcheco Brasileira em São Paulo». União Cultural Tcheco Brasileira. 20 de outubro de 2016. Consultado em 7 de outubro de 2021 
  6. Brož, Ivan - Brazilský prezident českého původu
  7. Consulado Geral da República Tcheca em São Paulo - Curiosidades
  8. Fňukal, Miloš RNDr. Ph.D. - Regionální geografie Ameriky: Brazílie
  9. Referido pelos historiadores tchecos Ivo Barteček e Jan Klíma durante o programa Historie.cs entitulado Směr: pampa, exibido na TV aberta da República Tcheca em 18 de novembro de 2017 no canal Česká televize
  10. Editora Letras Brasileiras - Caminho dos príncipes Arquivado em 15 de maio de 2007, no Wayback Machine.
  11. Prefeitura de São Bento do Sul (SC) História de São Bento do Sul
  12. Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-SC) Turismo em Santa Catarina Arquivado em 4 de julho de 2007, no Wayback Machine.
  13. Prefeitura de Nova Petrópolis - Etnia tcheca é homenageada na Assembleia Legislativa[ligação inativa]
  14. Haiske, André. «AUSTRIAN IMMIGRANTS IN THE MUNICIPALITY OF IJUÍ: A REPORT ON THE IMMIGRATION BY LUDWIG STREICHER». Consultado em 28 de agosto de 2021 
  15. Ruiz, Glacy Weber - Londrina
  16. Prefeitura de Rolândia (PR)História do município Arquivado em 25 de maio de 2007, no Wayback Machine.
  17. Batista, L.C.; Martins Jr.. C. - Resgate e construção da memória e da história da colonização do sudeste de Mato Grosso do Sul
  18. a b Márcio Diniz (7 de maio de 2020). «República Tcheca respira história, cultura e cerveja». Catraca Livre. Consultado em 7 de outubro de 2021 
  19. a b «Uma visão simples da culinária tcheca e seus costumes». União Cultural Tcheco Brasileira. Consultado em 7 de outubro de 2021 
  20. «Czech eating habits take a turn for the better» (em inglês). Czech. 15 de março de 2009. Consultado em 7 de outubro de 2021 
  21. «Czech Foodie Map - Everything You Need to Know About Czech Cuisine» (em inglês). 20 de outubro de 2016. Consultado em 7 de outubro de 2021 
  22. Czech News Agency (5 de dezembro de 2013). «ČSÚ: Czechs eat less meat, drink more alcohol». The Prague Post. Consultado em 7 de outubro de 2021. Arquivado do original em 3 de janeiro de 2014 
  23. «"Bábovka" - un dulce con larga tradición» (em espanhol). Czech. 27 de julho de 2005. Consultado em 7 de outubro de 2021