Sultanato Gúrida – Wikipédia, a enciclopédia livre

Sultanato Gúrida

Império Gúrida

Império

Antes de 809 — 1215 

Sultanato Gúrida ca. 1200
Continente Ásia
Capitais
Países atuais

Línguas oficiais Persa (corte)[4]
Religião

Maleque/Sultão
• século IX  Amir Suri[7]
• 1214–1215  Aladim Ali[8]

Período histórico Idade Média
• Antes de 809  Fundação
• 1215  Dissolução

Sultanato Gúrida ou Império Gúrida foi um Estado persianizado fundado em torno da região de Gur, no atual Afeganistão, cuja origem étnica é presumida ser tajique.[9][10][11] Foi fundado pelos gúridas ou góridas, uma dinastia oriunda da família Xansabani que tinha Gur como sua base de poder local.[12] Converteram-se do budismo[5] ao islamismo sunita[6] depois da conquista de Gur pelo sultão Mamude (r. 998–1030) no ano 1011.[12] Os gúridas eventualmente destruíram o Império Gasnévida em 1186 quando o sultão Muizadim Maomé (r. 1173–1206) conquistou Laore do sultão Cosroes Maleque (r. 1160–1186).[13]

Em seu apogeu, o Sultanato Gúrida abrangia o Grande Coração no oeste e alcançou o norte da Índia até Bengala, no leste.[14] A sua primeira capital foi Firoscu em Mandes,[1] que mais tarde foi substituída por Herate,[2] e finalmente Gásni.[3] Os gúridas eram patronos da cultura e herança persa.[15] Foram sucedidos no Coração e Pérsia pelo Império Corásmio da Corásmia, e no norte da Índia pela dinastia mameluca do Sultanato de Déli.[16]

Origens[editar | editar código-fonte]

No século XIX, alguns estudiosos europeus como Mountstuart Elphinstone favoreciam a ideia de que os gúridas eram os pastós de hoje,[17][18][19] mas isso é geralmente rejeitado por estudos modernos e, conforme dito por G. Morgenstierne na Enciclopédia do Islã, é por "várias razões muito improvável".[20] Em vez disso, os estudiosos presumem que a dinastia era de origem tajique. C. E. Bosworth ainda aponta que o nome real dos gúridas, Al e Xansabe (persianizado como Xansababi), que é uma pronúncia árabe do nome originalmente em persa médio Uisnaspe.[7] Seja como for, a região do Guristão permaneceu habitada sobretudo por budistas até o século XI, quando foi islamizada com as invasões realizadas pelo Império Gasnévida.[5]

Língua[editar | editar código-fonte]

A língua nativa dos gúridas era aparentemente diferente da língua da corte, o persa. Abu Alfadle Baiaqui, o famoso historiador da era gasnévida, escreveu na página 117 em seu livro História de Baiaqui: "O sultão Maçude I de Gásni partiu para o Guristão e enviou o seu culto companheiro com duas pessoas de Gur como intérpretes entre esta pessoa e as pessoas daquela região." Porém, como os samânidas e os gasnévidas, os gúridas foram grandes patrocinadores da literatura, poesia e cultura persas e as promoveram em suas cortes como se fossem suas. Escritores de livros coetâneos referem-se a eles como "gúridas persianizados".[15] Não há nada que confirme a recente suposição de que os habitantes de Gur eram originalmente falantes de pastó, e as alegações da existência de poesia pastó (como em Pata Cazana) do período gúrida são infundadas.[8][20]

Lista de sultões[editar | editar código-fonte]

Segue a lista de sultões:[21]

Referências

  1. a b Universidade de Colúmbia 2004.
  2. a b Thomas 2007, p. 117.
  3. a b Bloom 2009, p. 108.
  4. Bosworth 1968, p. 35.
  5. a b c Chandra 2006, p. 22.
  6. a b Nizami 1998, p. 178.
  7. a b Bosworth 2001, p. 586.
  8. a b Bosworth 2001, p. 589.
  9. Flood, Finbarr Barry. Objects of translation : material culture and medieval "Hindu-Muslim" encounter. Princeton: Princeton University Press. p. 92. ISBN 978-0-691-18074-8. OCLC 276340690 
  10. Avari, Burjor (2013). Islamic civilization in South Asia : a history of Muslim power and presence in the Indian subcontinent. London: Routledge. p. 41. ISBN 978-0-415-58061-8. OCLC 731925014 
  11. Bosworth 2001, p. 586-587.
  12. a b Bosworth 2001, p. 587.
  13. Bosworth 2001, p. 587-588.
  14. Bosworth 2001, p. 588.
  15. a b Flood 2009, p. 13.
  16. Bosworth 2001, p. 588-589.
  17. Elphinstone 1841, p. 598-599.
  18. Balfour 1885, p. 392.
  19. Wheeler 1884, p. 77.
  20. a b Morgenstierne 1986, p. 217.
  21. Baumer 2018, p. 316-317.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Balfour, Edward (1885). The Cyclopædia of India and of Eastern and Southern Asia: Commercial, Industrial and Scientific, Products of the Mineral, Vegetable, and Animal Kingdoms, Useful Arts and Manufactures. Londres: B. Quaritch 
  • Baumer, Christoph (2018). History of Central Asia, The: 4-volume set. Nova Iorque: I.B.Tauris 
  • Bloom, Jonathan M.; Blair, Sheila S. (2009). Grove Encyclopedia of Islamic Art & Architecture: Three-Volume Set. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia 
  • Bosworth, C. E. (1968). «The Development of Persian Culture under the Early Ghaznavids». Abingdon: Taylor & Francis, Ltd. Iran. 6: 33-44 
  • Bosworth, C. E. (2001). «GHURIDS». Enciclopédia Irânica Vol. X, Fasc. 6. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 586–590 
  • Chandra, Satish (2006). Medieval India:From Sultanat to the Mughals-Delhi Sultanat (1206-1526). Nova Déli: Har-Anand 
  • Elphinstone, Mountstuart (1841). The History of India, Volume 1. Londres: John Murray 
  • Flood, Finbarr Barry (2009). Objects of Translation: Material Culture and Medieval "Hindu-Muslim" Encounter. Princeton: Imprensa da Universidad de Princeton 
  • Morgenstierne, G. (1986). «AFGHĀN». In: Gibb, H. A. R.; Kramers, J. H.; Lévi-Provençal, E.; Schacht, J. Encyclopaedia of Islam Vol. I A-B. Leida e Nova Iorque: Brill 
  • Nizami, K. A. (1998). Asimov, M. S.; Bosworth, C. E., ed. History of Civilizations of Central Asia Vol. IV - The Age of achievement: A.D. 750 to the end of the fifteenth century. Part One - The historical, social and economic setting. Paris: UNESCO 
  • Thomas, David (2007). «Firuzkuh: the summer capital of the Ghurids». In: Bennison, Amira K.; Gascoigne, Alison L. Cities in the Pre-modern Islamic World: The Urban Impact of Religion, State and Society. Londres e Nova Iorque: Routledge. pp. 115–144 
  • Wheeler, J. Talboys (1884). A Short History Of India. Londres: MacMillan