Hirohito – Wikipédia, a enciclopédia livre

Shōwa
Hirohito
Imperador do Japão
Reinado 25 de dezembro de 1926
a 7 de janeiro de 1989
Entronamento 10 de novembro de 1928
Predecessor Taishō
Sucessor Akihito
Príncipe Regente do Japão
Período 29 de novembro de 1921
a 25 de dezembro de 1926
Monarca Taishō
 
Nascimento 29 de abril de 1901
  Palácio Tōgū, Tóquio, Tóquio, Japão
Morte 7 de janeiro de 1989 (87 anos)
  Palácio Fukiage, Quioto, Quioto, Japão
Sepultado em 24 de fevereiro de 1989
Cemitério Imperial Musashi, Tóquio, Japão
Nome de nascimento Hirohito (裕仁?)
Esposa Nagako Kuni
Descendência Shigeko, Princesa Teru
Sachiko, Princesa Hisa
Kazuko, Princesa Taka
Atsuko, Princesa Yori
Akihito, Imperador Emérito
Masahito, Príncipe Hitachi
Takako, Princesa Suga
Casa Casa Imperial do Japão
Pai Taishō
Mãe Teimei
Religião Xintoísmo

Shōwa (昭和? Tóquio, 29 de abril de 1901Quioto, 7 de janeiro de 1989) foi o 124º imperador do Japão, de acordo com a ordem tradicional de sucessão, reinando de 25 de dezembro de 1926 até sua morte, em 1989. Apesar de ser muito conhecido fora do Japão por seu nome pessoal, Hirohito (裕仁?), no Japão ele é atualmente referido pelo seu nome póstumo, Imperador Shōwa.

No seu reinado, o Japão era uma das maiores potências mundiais - a nona maior economia mundial, o terceiro maior país naval e um dos cinco países permanentes do conselho da Liga das Nações. Ele foi o chefe de Estado sob a limitação da Constituição do Império do Japão, durante a militarização japonesa. Esteve sobre o trono do Crisântemo durante o envolvimento, e subsequente derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial. Ele foi o símbolo do novo estado.[1]

Seu reinado foi o mais longo de todos os imperadores japoneses, e coincidiu com um período em que ocorreram grandes mudanças na sociedade japonesa. Foi sucedido por seu filho, o imperador Akihito.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascido no Palácio Aoyama em Tóquio, Príncipe Hirohito foi o primeiro filho do Príncipe Herdeiro Yoshihito (o futuro Imperador Taishō) e a Princesa Herdeira Sadako (a futura Imperatriz Teimei).[2] Na sua infância, ele recebeu o título de Príncipe Michi (迪の宮, Michi no miya). Em 1908, ele foi estudar em Gakushuin, na Escola de Pares do Império.

Hirohito em 1902.

Após a morte de seu avô, Imperador Meiji, em 30 de julho de 1912, ele foi nomeado herdeiro aparente do trono. Ao mesmo tempo, ele foi formalmente alistado no exército e marinha, como Segundo Tenente e também foi condecorado com o Grande Cordão da Ordem de Chrysanthemum. Em 1914, ele foi promovido para o posto de Tenente do Exército e Sub-Tenente da Marinha, em seguida Capitão e Tenente, respectivamente em 1916. Ele foi oficialmente proclamado Príncipe Herdeiro em 2 de novembro de 1916.[3]

O príncipe ingressou no ginásio da Gakushuin de 1908 a 1914 e em um instituto especial para príncipes herdeiros, de 1914 a 1921.

Em 1920, o príncipe Hirohito foi promovido ao cargo de Major no exército e marinha. Em 1921, o príncipe Hirohito passou seis meses na Europa, em uma turnê, que incluiu visitas ao Reino Unido, França, Itália, Países Baixos e Bélgica, tornando-se o primeiro Príncipe a viajar ao exterior. Após sua volta ao Japão, ele tornou-se Regente do Japão em 29 de novembro de 1921, no lugar de seu pai que estava incapacitado.

Durante a ópera de regência do príncipe, um número de eventos importantes aconteceram: O Tratado das Quatro Potências, assinado em 13 de dezembro de 1921, com Japão, Estados Unidos, Grã-Bretanha e França. O Tratado Naval de Washington assinado em 6 de fevereiro de 1922. O Japão retirou suas tropas da Intervenção Siberiana, em 28 de agosto de 1922. O Grande sismo de Kantō devastou Tóquio em 1 de setembro de 1923. A Lei de Eleição Geral foi feita em 5 de maio de 1925, dando direto a todos os homens com mais de 25 a votar.

Em 1923 ele foi promovido ao posto de Tenente-Coronel do exército e marinha e Coronel em 1925.

Casamento e filhos[editar | editar código-fonte]

Hirohito e Nagako (ainda príncipes) em 26 de janeiro de 1924 logo após o casamento.

O príncipe Hirohito casou-se com sua prima distante Princesa Nagako Kuni (a futura Imperatriz Kōjun), a filha mais velha do príncipe Kuni Kuniyoshi, em 26 de janeiro de 1924. Eles tiveram dois filhos e cinco filhas:

Ascensão[editar | editar código-fonte]

Em 25 de dezembro de 1926, Hirohito assumiu o trono, após a morte de seu pai, o Imperador Taishō. Em novembro de 1928, a ascensão do agora Imperador Showa foi confirmada em cerimônias (sokui), sendo convencionalmente identificada como "entronamento" ou "coroação".[4][5]

Reinado[editar | editar código-fonte]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Showa e seu cavalo Shirayuki[6] (jp: neve branca).
"Bons amigos em três países ":
Propaganda política japonesa de 1938, celebrando a participação da Itália no Pacto Anti-Comintern em 6 de novembro de 1937. No topo, Adolf Hitler, Fumimaro Konoe e Benito Mussolini.

A primeira parte do reinado do Imperador Showa foi abalada por crises financeiras e o aumento do poder militar dentro do governo, através de meios legais e extra-legais. O exército e a marinha mantiveram o poder do veto sobre a formação de gabinetes desde 1900 e entre 1921 e 1944 não houve menos de 64 incidentes de violência política.

Showa quase foi assassinado por uma granada lançada por um ativista pela independência da Coreia, Lee Bong-chang em Tóquio, em 9 de janeiro de 1932, no Incidente Sakuradamon. O responsável foi preso e enforcado.[7]

Outro caso notável foi o assassinato do primeiro-ministro Inukai Tsuyoshi em 1932, que marcou o fim do controle civil dos militares. Este foi seguido por uma tentativa de golpe militar em fevereiro de 1936, o famoso Incidente de 26 de fevereiro, montado por jovens oficiais do Exército, que ganhou a simpatia do Príncipe Yasuhito, o irmão do Imperador. O golpe resultou no assassinato de um número elevado de funcionários do governo e oficiais do exército.

Quando o chefe ajudante de campo Shigeru Honjō foi informado sobre as revoltas, o Imperador imediatamente ordenou que os oficiais fossem referidos como "rebeldes" (bōto). Pouco tempo depois, o Imperador ordenou ao Ministro do Exército Yoshiyuki Kawashima a reprimir a rebelião dentro de uma hora. Ao ter notícias que a repressão não surtiu resultados, ele mesmo tomou a direção e no dia 29 de fevereiro, ela foi controlada.[8]

Segunda Guerra Mundial[editar | editar código-fonte]

Antes da Segunda Guerra Mundial, o Japão invadiu a Manchúria em 1931 e o resto da China em 1937 (sendo a Segunda Guerra Sino-Japonesa). As fontes primárias revelam que o Imperador Showa realmente nunca teve objeção à invasão da China em 1937. Sua principal preocupação parece ter sido a possibilidade de um ataque Soviético, ao norte. Suas perguntas aos chefes de gabinete, Príncipe Kan'in Kotohito e o Ministro do Exército, Hajime Sugiyama, era principalmente sobre o tempo que eles levariam para esmagar a resistência chinesa.

O professor Yoshiaki Yoshimi publicou uma série de obras importantes onde estudou os crimes de guerra japoneses perpetrados pelo Exército e pela Marinha durante a parte inicial do Período Showa, tal como o uso pelo exército de armas químicas por ordem do próprio Showa.

De acordo com o historiador Akira Fujiwara, Showa teria ratificado pessoalmente a decisão de remover as restrições do direito internacional (Convenção da Haia) no tratamento de prisioneiros de guerra chineses pela diretriz de 5 de agosto de 1937. Esta notificação também alertava aos oficiais do estado-maior para que parassem de usar a expressão "prisioneiros de guerra".[9]

O governo do primeiro-ministro e general Hideki Tojo era dominado pelos militares, que travaram a guerra em nome do imperador, mas só com o seu consentimento tácito. Showa tentou usar de sua influência para evitar a guerra, mas, finalmente, deu seu consentimento para os ataques que desembocaram na Guerra do Pacífico.

Participou do Eixo durante a Segunda Guerra Mundial (Pacto Tripartite, 1940), inicialmente ratificando com a Alemanha Nazista um pacto anticomunista (Pacto Anticomintern), e depois foi realizada uma visita de oficiais japoneses ao novo aliado. Em um discurso do próprio Führer, Hitler, os japoneses são definidos como "tendo grande capacidade"; neste momento o Japão também criaria seu próprio partido nazista.[10] (ver: Fascismo japonês).

Na Segunda Guerra, os japoneses atacam a base norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí, em 1941, o que faz os Estados Unidos entrarem no conflito. Showa apoiou a guerra num grau mais alto ou mais baixo (os historiadores divergem nesse ponto). O Japão na realidade, já havia perdido a guerra antes dos ataques com bombas atômicas ao Japão em agosto de 1945, porém se recusava a aceitar a rendição, então os Aliados fizeram os bombardeamentos com bombas atômicas, primeiro a Hiroshima; mesmo assim o Japão insistia em não aceitar a rendição. Três dias depois, ocorreu o bombardeio a Nagasaki. O Japão viu-se obrigado a render-se e Showa anuncia-o em cadeia nacional de rádio, através do Gyokuon-hōsō. Neste discurso radiofônico ao povo japonês, em nenhum momento ele usa a palavra "rendição", optando pela expressão "cessar fogo".[10]

Muitos consideravam Showa um criminoso de guerra, um oficial dos Aliados chegou à discursar dizendo que Showa "havia levado o Japão à Guerra de forma ainda mais ditatorial que o próprio Hitler", porém o povo apelou, uma vez que consideravam o imperador um deus, seria inadmissível para eles que o Imperador Showa fosse julgado por crimes de guerra, chegando até em mencionarem uma revolta caso isso ocorresse, então, os governos aliados permitiram que ele permanecesse no trono após a guerra.[10]

Aliados[editar | editar código-fonte]

Por imposição dos Aliados, que ficam no Japão até 1950, toma medidas democratizantes, entre elas a negação do caráter divino de seu cargo, que transforma em monarquia constitucional. Economicamente destruída pela guerra, a nação se transforma em potência industrial no período seguinte. Showa abandona os rituais da corte,[10] deixa de usar o quimono, permite a publicação de fotos da família imperial e assume publicamente sofrer de câncer. Morre em Tóquio, depois de reinar por 63 anos. É sucedido por seu filho Akihito.

Reinado Pós-Guerra[editar | editar código-fonte]

Como o Imperador escolheu seu tio, Príncipe Higashikuni Naruhiko como Primeiro Ministro para assistir a ocupação, houve tentativas por numerosos líderes de vê-los em julgamento por crimes de guerra. Muitos membros da família imperial pressionaram o Imperador a abdicar ao trono, de modo que um dos Príncipes poderia servir como regente, até que o Príncipe Herdeiro Akihito tivesse idade para assumir o trono.[11] Em 27 de fevereiro de 1946, o irmão mais novo do Imperador, Príncipe Takahito levantou-se no Conselho Privado e, indiretamente, pediu ao Imperador para renunciar e aceitar a responsabilidade pela derrota do Japão.

O General dos Estados Unidos, Douglas MacArthur insistiu que o Imperador Showa se mantivesse no trono. MacArthur viu o Imperador Showa como um símbolo da continuidade e coesão do povo japonês. Muitos historiadores criticam a decisão de exonerar o Imperador e todos os membros da família imperial que estavam diretamente ligados a guerra, como o Príncipe Asaka Yasuhiko e Príncipe Yasuhito, pelos crimes.[12]

Desculpas Rejeitadas[editar | editar código-fonte]

Perto do fim da ocupação, Showa estava preparado para se desculpar formalmente aos Estados Unidos, na figura do General MacArthur, pelas ações do Japão na Segunda Guerra Mundial, incluindo desculpas pelo ataque de 7 de dezembro, a Pearl Harbor.[13]

De acordo com Patrick Lennox Tierney, no dia em que o Imperador chegou a oferecer seus pedidos de desculpas, MacArthur recusou-se a admiti-las ou reconhecê-las. Desculpas são uma coisa muito importante no Japão.[13]

Morte e Funeral[editar | editar código-fonte]

No dia 22 de setembro de 1987, o Imperador foi submetido a uma cirurgia no pâncreas, após ter problemas digestivos por vários meses. Os médicos descobriram que ele tinha um câncer. O Imperador parecia estar fazendo uma boa recuperação completa por vários meses, após a cirurgia. Cerca de um ano depois, em 19 de setembro de 1988, ele entrou em um colapso em seu palácio e sua saúde piorou nos meses seguintes, enquanto ele sofria de hemorragia interna contínua. Faleceu em 7 de janeiro de 1989, às 7h55 da manhã. O Imperador foi sucedido por seu filho mais velho, Akihito.

No dia 24 de fevereiro, foi realizado o funeral do Imperador. Um grande número de chefes de estados estavam na cerimônia, incluindo o Presidente dos Estados Unidos, George H. W. Bush, o Presidente da França François Mitterrand, e Filipe, Duque de Edimburgo (marido da rainha Elizabeth II do Reino Unido). O Imperador foi enterrado ao lado de seu pai, Imperador Taishō.

Títulos[editar | editar código-fonte]

  • 29 de abril de 1901 - 30 de julho de 1912: Sua Alteza Imperial o Príncipe Michi
  • 30 de julho de 1912 - 25 de dezembro de 1926: Sua Alteza Imperial o Príncipe Herdeiro do Japão
    • 29 de novembro de 1921 - 25 de dezembro de 1926: Sua Alteza Imperial o Príncipe Regente do Japão
  • 25 de dezembro de 1926 - 7 de janeiro de 1989: Sua Majestade Imperial, o Imperador

Honras[editar | editar código-fonte]

Honras Japonesas[editar | editar código-fonte]

Outras Honras[editar | editar código-fonte]

  • Reino Unido Cavaleiro da Ordem da Jarreteira, conferido em 1929, revogado em 1942 e restaurado em 1971
  • Reino Unido Cavaleiro da Ordem do Banho
  • Reino Unido Cavaleiro da Real Ordem Vitoriana
  • Reino Unido General Honorário do Exército Britânico, conferido em maio de 1921
  • Reino Unido Marechal de Campo Honorário do Exército Britânico, conferido em 1930, revogado 1942.
  • Reino Unido Membro da Sociedade Real de Londres
  • Espanha Cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro
  • Noruega Grande Cruz da Ordem de Santo Olavo
  • Brasil Ordem do Cruzeiro do Sul[14]

Galeria de fotografias[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Commons
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Referências

  1. In Japanese the reigning Emperor is referred to without a personal name as "his Majesty the Emperor" (天皇陛下 Tennō Heika?) or "his current Majesty" (今上陛下 Kinjō Heika?)
  2. Ponsonby-Fane, Richard. (1959). The Imperial House of Japan, p. 337.
  3. Ponsonby-Fane, p. 338; 'see File:Crowd awaiting Crown Prince Tokyo Dec1916.jpg, New York Times. December 3, 1916.
  4. Ponsonby-Fane, pp. 136–137.
  5. Ponsonby-Fane, p. 349.
  6. a b Ordinary life in Japan during WWII[ligação inativa]
  7. Kim Ju-yeong (김주영) (10 de junho de 2014). «이봉창 의사 의거 76주년 기념식» (em coreano). Tongilnews 
  8. Mikiso Hane, Emperor Hirohito and His Chief Aide-de-camp, The Honjō Diary, 1983; Honjō Nikki, Hara Shobō, 1975
  9. Fujiwara, Nitchû sensô ni okeru horyo gyakusatsu, 1995
  10. a b c d As Cores do Japão, Série de documentários da TV Escola sob a participação do Japão na II Guerra Mundial, 2008.
  11. Bix, ibid, pp. 571–573.
  12. John Dower, Embracing defeat, 1999, Bix, ibid.
  13. a b "MacArthur aide: U.S. must learn from errors," Arquivado em 27 de dezembro de 2010, no Wayback Machine. Salt Lake Tribune. December 7, 2006.
  14. "Uma visita de bilhões" Arquivado em 7 de fevereiro de 2009, no Wayback Machine., Veja, 22 de setembro de 1976

Precedido por
Taishō
Imperador do Japão
1926 - 1989
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