Incêndio do Reichstag – Wikipédia, a enciclopédia livre

Incêndio do Reichstag
Incêndio do Reichstag
O Reichstag queimando enquanto os bombeiros tentam apagar o fogo.
Participantes Marinus van der Lubbe (acusado pelos nazistas; contestado posteriormente)
Localização Palácio do Reichstag, Berlim
Data 27 de fevereiro de 1933 (91 anos)
Resultado Van der Lubbe foi executado

O Incêndio do Reichstag (em alemão: Reichstagsbrand) foi um incêndio criminoso que engolfou o Palácio do Reichstag, a sede do Parlamento alemão em Berlim, numa segunda-feira, 27 de fevereiro de 1933, precisamente quatro semanas após Adolf Hitler ascender a posição de Chanceler da Alemanha.[1] Este incidente é considerado o ponto crucial na transformação da República Weimar na Alemanha Nazista. Às 21h25 (UTC+1), um posto de bombeiros da cidade recebeu uma chamada pois o alarme do Palácio do Reichstag, o local de encontro do parlamento alemão, anunciava que o prédio estava em chamas. O incêndio começou na câmara de sessão,[2] e quando a polícia e os bombeiros haviam chegado, a Câmara dos Deputados já tinha sido engolida pelas chamas. No interior do edifício, uma minuciosa pesquisa conduzida pela polícia resultou na culpa de Marinus van der Lubbe. Van der Lubbe foi um ativista neerlandês comunista de conselho e pedreiro desempregado que tinha chegado recentemente na Alemanha, ostensivamente para realizar suas atividades políticas. O incêndio foi utilizado pelos nazistas como prova de que os comunistas estavam começando uma "conspiração" contra o governo alemão. Van der Lubbe e quatro líderes comunistas seriam presos posteriormente. Adolf Hitler, que foi empossado como chanceler da Alemanha quatro semanas antes, em 30 de janeiro, incitou o Presidente Paul von Hindenburg a passar um decreto de emergência a fim de contrariar o "impiedoso confronto do Partido Comunista da Alemanha".[3]

Entretanto, o inquérito do incêndio do Reichstag continuou, com os nazistas ansiosos para descobrir a cumplicidade do Comintern no fato. No início de março de 1933, foram presos três búlgaros que estavam desempenhando funções cruciais durante a triagem de Leipzig, também conhecida como o "Inquérito do Incêndio do Reichstag": Georgi Dimitrov, Vasil Tanev e Blagoi Popov. Os búlgaros eram conhecidos da polícia da Prússia como ativistas seniores do Comintern, mas ela não tinha ideia do nível de liderança de cada um: Dimitrov era chefe de operações em todos os Comintern da Europa Ocidental.

Historiadores divergem quanto a saber se Van der Lubbe agiu sozinho ou se os nazistas estavam envolvidos (numa operação de bandeira falsa).[4] A responsabilidade pelo incêndio do Reichstag permanece um tema de debate em curso e de investigação. Em 2008, o governo alemão perdoou Van der Lubbe postumamente sob uma lei introduzida em 1998 para suspender veredictos injustos datados da era nazista.[5]

Referências

  1. Holborn, Hajo (1972). Republic to Reich: The Making of the Nazi Revolution; Ten Essays (em inglês). [S.l.]: Pantheon Books. p. 182. ISBN 978-0394471228 
  2. Tobias, Fritz,The Reichstag Fire. Nova York: Putnam, 1964, páginas 26-28.
  3. «Decree of the Reich President for the Protection of the People and State ("Reichstag Fire Decree") (February 28, 1933)». germanhistorydocs.ghi-dc.org. Consultado em 27 de fevereiro de 2021 
  4. Paterson, Tony (15 de abril de 2001). «Historians find 'proof' that Nazis burnt Reichstag». The Sunday Telegraph. Consultado em 5 de abril de 2018. Cópia arquivada em 9 de março de 2018 
  5. Connolly, Kate (12 de janeiro de 2008). «75 years on, executed Reichstag arsonist finally wins pardon». The Guardian. London. Consultado em 1 de maio de 2008. Cópia arquivada em 11 de janeiro de 2021 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bahar, Alexander; Kugel, Wilfried (2001). Der Reichstagbrand (em alemão) q ed. [S.l.: s.n.] 
  • Evans, Richard J. (2004). The Coming of the Third Reich. New York: Penguin. ISBN 1594200041 
  • Hett, Benjamin Carter (2014). Burning the Reichstag: An Investigation into the Third Reich's Enduring Mystery. Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0199322329 
  • Hett, Benjamin Carter (2015). «This Story Is about Something Fundamental: Nazi Criminals, History, Memory, and the Reichstag Fire». Central European History. 48 (2): 199–224. JSTOR 43965146. doi:10.1017/S0008938915000345 
  • Kershaw, Ian (1998). Hitler, 1889–1936: Hubris. Londres: Allen Lane 
  • Koonz, Claudia (2003). The Nazi Conscience. [S.l.]: Belknap Press. p. 33. ISBN 0674011724 
  • Mommsen, Hans (1972). «The Reichstag Fire and Its Political Consequences». In: Holborn, Hajo. Republic to Reich The Making of the Nazi Revolution. New York: Pantheon Books. pp. 129–222  Originalmente publicado como: Mommsen, Hans (1964). «Der Reichstagsbrand und seine politischen Folgen» [O incêndio do Reichstag e suas consequências políticas]. Vierteljahrshefte für Zeitgeschichte (em alemão). 12 (4): 351–413. JSTOR 30197002 
  • Nathans, Eli (2017). «The Reichstag Fire and the Politics of History». Histoire sociale/Social history. 50 (101): 171–176. doi:10.1353/his.2017.0009 
  • Snyder, Louis (1976). Encyclopedia of the Third Reich. New York: McGraw-Hill 
  • Taylor, A. J. P. (Agosto de 1960). «Who Burned the Reichstag?: The Story of a Legend». History Today. 10 (8): 515–522