Incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz – Wikipédia, a enciclopédia livre

Incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz
Incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz
Fotografia do incêndio que destruiu parte da estação em 2012
Data 25 de fevereiro de 2012 (2012-02-25)
Local Estação Antártica Comandante Ferraz, Ilha do Rei George, Antártida
Coordenadas 62° 05′ 11″ S, 58° 23′ 36″ O
Tipo Incêndio
Causa Desconhecida
Resultado 70% da estação foi destruída
Baixas 2
Lesões não-fatais 1

O incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz, na Antártida, ocorreu em 25 de fevereiro de 2012 e causou a morte de duas pessoas, além de ter feirdo outra. O incêndio destruiu aproximadamente 70% da estação de pesquisa.

Incêndio[editar | editar código-fonte]

O incêndio começou na casa de máquinas que abriga os geradores de energia aproximadamente às 2h (horário de Brasília ) do dia 25 de fevereiro de 2012.[1]

Danos[editar | editar código-fonte]

Em 26 de fevereiro de 2012, a Marinha do Brasil emitiu um comunicado afirmando que, embora cerca de 70% da estação tenha sido destruída pelo incêndio.[1] O prédio principal, que incluía os alojamentos e alguns laboratórios, foi completamente destruído. As unidades que ficavam isoladas da instalação central salvaram-se: laboratórios de meteorologia, química e estudo da alta atmosfera, além de contêineres com material de pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais[2] e o heliporto, que estavam isolados do edifício principal.[1]

Evacuação[editar | editar código-fonte]

Cinquenta e nove pessoas estavam na estação quando o incêndio começou. Quarenta e quatro pessoas (30 cientistas, um alpinista, um representante do Ministério do Meio Ambiente e 12 soldados do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro) foram evacuadas de helicóptero para a vizinha estação chilena Base Presidente Eduardo Frei Montalva, enquanto 12 soldados da Marinha Brasileira permaneceram na base tentando combater o incêndio.[3]

Os evacuados foram posteriormente embarcados em um voo da Força Aérea Argentina para Punta Arenas, no Chile.[4] A Força Aérea Brasileira enviou uma aeronave C-130 Hércules para resgatar os 44 evacuados e transportá-los de volta ao Brasil.[5]

Esforço internacional[editar | editar código-fonte]

Reportagem da TV Nacional do Brasil sobre o incêndio na estação de pesquisa
  •  Chile - A estação chilena Frei Montalva foi a primeira base a receber o sinal de socorro enviado pela estação brasileira às 02h40 (horário local). A Marinha do Chile acionou um plano de emergência, enviando ao local duas embarcações com tripulação de combate a incêndios, além de equipamentos e suprimentos, como bombas, mangueiras e extintores. A ajuda chilena chegou às 3h46 (horário local) após navegar por 1 hora. Um terceiro navio, o rebocador Lautaro, chegou às 05h00 (horário local). Ao amanhecer, a Marinha do Chile enviou dois helicópteros Bolkow para evacuar os brasileiros de volta à base de Frei Montalva.[6]
  •  Argentina - O governo chileno respondeu enviando o navio Puerto Deseado da Marinha Argentina. A Força Aérea Argentina também transportou brasileiros da base chilena para Punta Arenas.[7]
  •  Polónia - A Estação Arctowski também enviou uma equipe para apoiar os esforços de combate a incêndios. Médicos poloneses prestaram primeiros socorros ao soldado brasileiro ferido no incêndio.[6]
  •  Reino Unido - O navio britânico HMS Protector recebeu o pedido de socorro da estação brasileira e navegou até a Ilha Rei George para prestar assistência à estação de pesquisa. 23 de seus marinheiros foram desembarcados com equipamento de combate a incêndio para combater o grande incêndio.[8]

Vítimas e lesões[editar | editar código-fonte]

Funeral militar realizado na Base Aérea do Galeão

Dois soldados, o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e o sargento Roberto Lopes dos Santos, inicialmente dados como desaparecidos pela Marinha do Brasil, foram encontrados mortos nos escombros da estação após o incêndio. Seus restos mortais foram levados de volta para casa em 28 de fevereiro de 2012 e receberam homenagens em um funeral militar realizado na Base Aérea do Galeão.[9]

Os militares mortos no incêndio também receberam postumamente o grau de comendador da Ordem do Mérito da Defesa e a Medalha Naval de Serviços Distintos da Marinha.[10] Em dezembro de 2014 foi publicada a lei 13 065/14 que concedeu auxílio especial e bolsa especial de educação aos dependentes dos militares da Marinha falecidos neste acidente.[11]

O sargento Luciano Gomes Medeiros sofreu ferimentos sem risco de morte e recebeu atendimento de primeiros socorros na Estação Antártica Arctowski.[12]

Reações[editar | editar código-fonte]

Resposta governamental[editar | editar código-fonte]

A presidente Dilma Rousseff emitiu um comunicado onde expressou sua consternação pelo acidente e pela morte dos dois militares da Marinha do Brasil e reiterou seu “forte compromisso com a reconstrução integral da Estação Antártica Comandante Ferraz”.[13] O Ministério da Defesa anunciou que os planos de reconstrução começariam em 27 de fevereiro de 2012.[14] O governo brasileiro estimou que levará cerca de dois anos para reconstruir a estação.[15]

Mídia internacional[editar | editar código-fonte]

O acidente recebeu considerável cobertura da mídia internacional. Na América do Sul, os jornais chilenos e argentinos destacaram a ajuda dos seus respectivos países no esforço de evacuação. O jornal chileno La Nación citou o apelo feito pela presidente Dilma Rousseff ao presidente do Chile, Sebastián Piñera, para que reconhecesse o apoio “no socorro e resgate” dos atingidos pelo incêndio. O diário La Prensa Austral dedicou uma primeira página inteira ao desastre. Na Argentina, o La Nación publicou uma extensa reportagem explicando a localização da estação brasileira e como as forças armadas argentinas participaram do resgate. O Clarín também destacou a ajuda do país ao Brasil. A reconstrução da estação e a solidariedade com o Brasil também foram citadas pelo espanhol El País, pelo português Público e pelo estadunidense The Washington Post.[16]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c (em português) Nota à Imprensa 3 – Incêndio na Estação Antártica Comandante Ferraz ("Press Release 3 - Fire at Comandante Ferraz Antarctic Station") Arquivado em 2012-04-17 no Wayback Machine Marinha do Brasil. Acessado em 26 de fevereiro de 2012.
  2. Roberto maltchik (27 de fevereiro de 2012). «Reconstruir base brasileira na Antártida deve levar dois anos». O Globo. Consultado em 28 de fevereiro de 2012 
  3. (em português) Fogo em base brasileira na Antártida deixa dois mortos ("Fire at Brazilian base in Antarctica leaves two dead Diario do Grande ABC. Acessado em 27 de fevereiro de 2012.
  4. Fire at Brazil's Antarctic Base Kills 2, Injures 1 ABC News. Acessado em 2012-03-06.
  5. Loss of Antarctic base deals Brazil a major blow AFP. Acessado em 26 de fevereiro de 2012.
  6. a b Armada combate incendio en base antártica brasileña Arquivado em 2013-01-15 na Archive.today Chilean Navy. Acessado em 2012-03-07. (em castelhano).
  7. Apoyo argentino tras el incendio en la base antártica brasileña Comandante Ferraz Arquivado em 2012-03-09 no Wayback Machine Ministry of Defense of Argentina. Acessado em 2012-03-07. (em castelhano).
  8. Protector sailors tackle killer blaze at Antarctic base Arquivado em 2014-11-29 no Wayback Machine, navynews.co.uk. Acessado em 22 de novembro de 2014.
  9. Bodies of 2 killed in Antarctica flown home Arquivado em 2012-03-03 no Wayback Machine Arabnews. Acessado em 2012-03-06.
  10. «ISTOÉ: Militares mortos em base na Antártida são condecorados no Rio». istoe.com.br. 2012. Consultado em 3 de maio de 2012 
  11. «LEI Nº 13.065, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2014.». Presidência da República. 30 de dezembro de 2014 
  12. Two die in fire at Brazil's Antarctic research station BBC. Acessado em 26 de fevereiro de 2012.
  13. (em português) Nota à imprensa sobre o acidente na Estação Antártica Comandante Ferraz Arquivado em 2012-08-05 na Archive.today Presidência do Brasil. Acessado em 26 de fevereiro de 2012
  14. (em português) Ministro diz que planos de reconstrução da estação na Antártida começarão na segunda-feira ("Minister states that reconstruction plans of the Antarctic station start on Monday") UOL. Acessado em 26 de fevereiro de 2012.
  15. (em português) Base da Marinha na Antártida será reconstruída em 2 anos, diz Amorim ("Navy base in Antarctica will be rebuilt in 2 years, says Amorim") G1. Acessado em 26 de fevereiro de 2012
  16. Imprensa estrangeira destaca caso ("International features the accident") Arquivado em 2012-06-27 no Wayback Machine Ministério da Defesa (Brasil). Acessado em 26 de fevereiro de 2012 2012-03-06. (em português).