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Ismael Nery
Ismael Nery
Autorretrato (1930)
Nome completo Ismael Nery
Nascimento 9 de outubro de 1900
Belém do Pará
Morte 6 de abril de 1934 (33 anos)
Campo Grande
Nacionalidade brasileiro
Ocupação pintor, cenógrafo
Movimento estético surrealismo

Ismael Nery (Belém, 9 de outubro de 1900 - Rio de Janeiro, 6 de abril de 1934) foi um pintor, desenhista, arquiteto, filósofo e poeta brasileiro de influência surrealista. Sua obra icônica é Autorretrato, 1927 (Autorretrato Rio/Paris). Esta obra participou da exposição Brazil: Body & Soul, no Museu Solomon R. Guggenheim em 2001,[1].

Biografia[editar | editar código-fonte]

Ismael Nery - "Namorados" - óleo sobre tela - 58,5 x 58,5 cm - circa 1927

Descendente de indígenas, africanos e neerlandeses (holandeses) e da família de Clara Joaquina Simões Lopes, proprietária de diversas terras em Madureira,[2] em 1909 mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Em 1917, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes. Viajou pela Europa em 1920, tendo frequentado a Academia Julian, em Paris. De volta ao Brasil, trabalha como desenhista na seção de Arquitetura e Topografia da Diretoria do Patrimônio Nacional, órgão ligado ao Ministério da Fazenda. Lá conhece o poeta Murilo Mendes que se tornaria seu grande amigo e incentivador de sua obra.[3]

Em 1922, casou-se com a poetisa Adalgisa Ferreira. Nessa época realizou obras de tendência expressionista. Em 1926, deu início ao seu sistema filosófico de fundamentação católica e neotomista, denominado de Essencialismo. Em 1927 fez nova viagem a Europa, onde entrou em contato com Marc Chagall, André Breton e Marcel Noll, dentre outros surrealistas. Sua obra sofreu, também, a influência metafísica de Giorgio de Chirico e do cubismo de Picasso. Seus temas remetem-se sempre à figura humana: retratos, auto-retratos e nus. Não se interessou pelos temas nacionais, indígenas e afro-brasileiros, que considerava regionalistas e limitados. Dedicou-se a várias técnicas aplicadas em desenhos e ilustrações de livros. Foi, também, cenógrafo. Em 1929, depois de uma viagem à Argentina e Uruguai, um diagnóstico revelou que ele era portador de tuberculose, o que o levou a internar-se no Sanatório de Correas, em Petrópolis (RJ), por dois anos. Saiu de lá aparentemente curado. No entanto, em 1933, a doença voltou de forma irreversível.

A partir daí, suas figuras tornaram-se mais viscerais e mutiladas. Morreu em 1934, aos trinta e três anos de idade, no Rio de Janeiro. Foi enterrado vestindo um hábito dos franciscanos, numa homenagem dos frades à sua ardorosa católica.

A obra de Nery permaneceu ignorada do público e da crítica até 1965, quando teve seu nome inscrito na 8ª Bienal de São Paulo, na Sala Especial de Surrealismo e Arte Fantástica. Suas obras foram expostas também na 10ª Bienal de São Paulo. Foram feitas retrospectivas em 1966, no Rio de Janeiro, e em 1984, no MAC-USP

Fases da obra de Ismael Nery[editar | editar código-fonte]

"Figura", 1927. Acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP.

Costuma-se dividir a obra de Ismael Nery em três fases:

  • de 1922 a 1923, a fase Expressionista;
  • de 1924 a 1927, a fase Cubista, com evidente influência da fase azul de Pablo Picasso;
  • de 1927 a 1934, fase do Surrealismo, sua fase mais importante e promissora.

Referências

  1. «Brazil: Body & Soul». The Guggenheim Museums and Foundation (em inglês). Consultado em 3 de outubro de 2021 
  2. «Artistas da Arte Moderna». Brasilescola.com. Consultado em 3 de novembro de 2007 
  3. «Enciclopédia Itaú Cultural». Itaucultural.org.br. Consultado em 5 de setembro de 2012 

Ver também[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Ismael Nery

Ligações externas[editar | editar código-fonte]